Jessica POV

Se passou um mês, e nada da Pamela vir falar comigo, ou dar sinal de vida. Até das redes sociais ela me excluiu. Quando eu ligo no celular dela, ela rejeita a ligação. Acho que pior do que você mesmo sofrer, é ver a sua melhor amiga sofrendo, por você, e você não pode fazer nada.

Faltava 1 mês para o meu aniversário. Eu iria fazer 17 anos, estou ficando velha. O que significava que: eu tenho que arrumar um emprego. Afinal, não posso ficar debaixo da asa da minha mãe até completar 40 anos. Conversei com a minha mãe sobre o assunto, e em vez dela me impedir falando que ela podia muito bem me sustentar até os 40 anos, não, ela me deu coragem pra procurar um emprego. Que beleza, não? - gente eu to brincando! - Ela ainda me deu um telefone de um escritorio, que tinha acabado de ser inaugurado e tava precisando de pessoas que servissem o cafézinho. Tudo que eu queria, obrigada mãe.

No mesmo dia liguei para o ta escritorio, e o emprego até que era bom. Eu só entrava 14h00 - depois que eu já tinha saido da escola, almoçado e tirado um cochilo até se duvidar - e saia 20h00, junto com todo mundo. Eles pagavam R$300,00. No começo eu achei pouco, mas o que eu queria? Um emprego de entregar cafézinho que me desse mil reais? Aham, ta. Senta lá.

[...]

Pronto, eu já estava empregada. Daqui um mês teria R$300,00 no meu bolso e poderia gastar R$200,00. Pois R$100,00 eu vou dar para a minha mãe. Ajudar na casa sabe. Sou uma ótima filha, só que não.

Pamela POV

A Jessica ainda não tinha desistido de mim, será que ela não se toca que eu não quero mais falar com ela, olhar para ela? Ela me liga no mínimo 6 vezes ao dia, e isso não é exagero. Uma vez eu até atendi, mas eu só fiquei ouvindo ela falar "Alô, Pam? Alô...?" Quem disse que eu tive coragem de falar alô também? 

Bem, eu já tinha quase 17 anos. Iria fazer daqui a alguns meses. Aconteceu oque eu nunca pensei que aconteceria na minha vida: eu perdi a Jessica e o Guilherme. Bom, já que é assim, vamos deixar a vida antiga para trás e começar uma nova. Talvez viajar, sair um pouco da cidade, ver cara nova, conhecer gente nova. E quem sabe, conhecer até um garoto novo? Gostei da ideia.

[...]

- Mãe, o que tu acha de nós irmos viajar? Sei lá, ir para a praia, sair do país, renovar tudo! - eu falo, como se tivessemos dinheiro para tudo isso, assim do nada.

- Ta ficando louca Pamela? - ela ri.

- Não mãe. Essas coisas com a Jessica e com o Guilherme... Me fez perceber que eu tenho que renovar minha vida. Começar tudo de novo, sair, ver cara nova. Conhecer gente nova. Ah mãe, vamos, por favor!

- Ai Pamela... Ta, vou ver. Mas não te prometo nada.

- Ai!! Obrigada mãe, te amo te amo te amo!

- Mas te sugiro que você vá atrás e tire seu passaporte, talvez possamos ir visitar sua tia Claudia.

- Ah... A tia Claudia? - eu falo com desanimo. Cara, a minha tia era mega insuportavel. Falava com uma voz de bebê irritante e apertava a minha bochecha. Mas em compensação, o filho dela era um gato. Ian, 19 anos, fazia academia mas não tinha o corpo escultural, todo definido, ele era apenas normal. Lindo, olhos e cabelo castanhos, boca carnuda... Quer algo mais? Mas infelismente.... Ele é meu primo. Isso é pecado, ficar com um parente, eu acho, sei lá. 

Subi para o meu quarto e entrei no google para pesquisar como se tira o passaporte. - gente, uma observação: essa parte eu to inventando, não sei si é assim mesmo, então se não for, não liguem - Eu teria que ir levar meus documentos em um escritório, e em no máximo 5 dias ele sai, e depois tem que passar por todo aquele negócio do visto e bla bla. Minha sorte era que o tal escritorio era no centro, umas quadras depois da escola, poderia ir amanhã depois da aula. Talvez 15h00, não sei.

Guilherme POV

Minha vida estava literalmente um lixo. Tinha perdido as duas pessoas que eu mais amava. Jessica e Pamela. A Pamela, não queria me ver nem pintado de ouro. Nunca atendia as minhas ligações, não abriu a porta nas 4 vezes que eu fui na casa dela... E a Jessica, realmente mudou comigo. E eu com ela. Ela passa a maior parte do tempo dela com o idiota do Mateus, e de vez e nunca que ela me liga pedindo para mim ir ver um filme qualquer com ela, apenas conversar.

- Porque nós estamos assim Gui? - ela me pergunta com uma carinha de cachorro que acabou de cair da mudança, enquanto eu acaricio o cabelo dela no meu colo.

- Assim...? - eu finjo não saber, mas eu sei exatamente o que nós temos.

- Assim. Distantes. Você não me liga mais, quem tem que te ligar agora sou eu. Você nunca vem aqui, só si eu te chamar. Antes, você vinha aqui até quando eu não queria. O que aconteceu? Eu já perdi a Pamela, agora vou perder você também?

Acho que isso foi a pior parte do dia. Ouvir aquilo da Jessica. Era verdade, eu sei. Mas eu nao queria admitir que eu estava abandonando minha melhor amiga por uma besteira. 

- Ei Je - eu sento ela no sofá - tu nunca vai me perder, entendeu? Nunca. - eu a abraço e sinto que ela ta meio que tremendo. O que significa: ela esta quase chorando. Quando ela esta quase chorando ela começa a tremer tentando segurar as lágrimas. - você passa a maior parte do tempo com o Mateus, tu quer que eu te ligue quando você ta com um garoto que eu odeio? Aham, ta. 

- Ta... Eu sei que passei muito tempo com ele ultimamente. Mas isso não significa que você não pode ligar para mim Gui. É sério. Eu sinto muito a sua falta, muito mesmo.

- Depende. Tu sente falta de mim ou de tacar comida em mim?

- Filho da puta! - ela me puxa para um abraço - Por favor, volta a me ligar todo dia agora? Por favor?!

- Ta, vadia.

- Gay. 

- Te amo.

- Eu também. - os olhos dela estavam brilhando, a coisa mais linda de se ver.