-O que vai fazer? –Vince perguntou. Eu estava com um short curto e uma camiseta velha e uma daquelas máscaras que médicos usam no rosto, e segurava um pano na mão direita. Eram por volta de quatro da tarde.

-Vou arrumar meu quarto. –Falei decidida. Vince me olhou, como se ele não acreditasse no que ouvia.

-Onde está a câmera? Eu TENHO que filmar isso. –Ele murmurou, levantando do sofá.

-Você é tão engraçado. –Falei, colocando um bom tom de ironia na voz.

-Eu sei. –Ele respondeu, me ignorando completamente.

-E burro também né?

-Tão burro, coitado de mim. Vamos lá, antes que você desista. –Ele falou, começando a me empurrar pra escada.

-Se subir comigo, vai ter que ajudar. –Claro que eu ia aproveitar uma oportunidade dessas.

-Vamos logo.

Confesso que o meu quarto é a minha maior bagunça.  Tinham vários livros, tanto da escola, quando os meus livros, espalhados pela bancada, junto com duas bolsas, uma quantidade enorme de roupas espalhadas, cintos, um pacote de bala, um creme facial, e mais um monte de coisas.

Entrei, seguida pelo Vince.

-Por onde começamos? –Ele perguntou animado. Vincent estava louco para limpar o meu quarto desde que a gente se mudou.

-Vamos esvaziar tudo, as prateleiras, o armário, e o balcão e colocar em cima da cama.

-Tem um balcão ai? –Ele perguntou, apontando para a pilha de bagunça.

-Você fica com as prateleiras. –Falei, começando a separar as coisas que estavam no monte da bagunça. Depois de 45 minutos, a gente tinha esvaziado tudo. Minha cama estava encoberta por livros e cadernos e papéis e tinha duas pilhas enormes de roupa num canto.

Começamos a passar um pano por todos os lados, já que tudo estava enfestado de poeira, depois, momento tenção.

-Onde vai isso aqui? –Vince perguntou, puxando uma blusa. –Apontei para a pilha de blusas sem manga. –Posso não mexer nas suas roupas?

-Por que? Não quer mais ajudar? –Ele pegou um lápis e levantou uma calcinha minha. –Tá bom. Começa a separar os livros por saga.

Longas horas se passaram. Quando terminamos já eram 7 da noite. Estava exausta.

-EU TO VENDO O BALCÃO. –Vince falou animado. Meu celular estava apitando em cima da minha cama. Ele atendendo, colocando no viva voz.

-Oi Natacha. –Ele falou. De novo, a mania de NÃO CHAMAR PELO APELIDO.

-Oi Vincent. Tudo bem? Por que você... –Mas ele a cortou, gritando no telefone.

-TÁ ARRUMADO O QUARTO DA EMY. EU TO VENDO O BALCÃO.

-COMO ASSIM? Pera ai, o quarto dela tem um balcão.

-A pilha de tralha. –Ele respondeu, e ela levou um segundo para responder.

-AQUILO É UM BALCÃO? EU PRECISO VER ISSO.

-Vou tirar uma foto, postar no Instagran, só um minuto.- Ele falou, saindo correndo atrás do celular.

-Como foi arrumar essa tralha? –Ela perguntou.

-Cansativo. To morta. –Murmurei.

-Agora é só manter arrumado. –Ela respondeu, me fazendo rir.

-Vamos ver por quanto tempo. –Vince voltou correndo, tirando uma foto do meu quarto arrumado.

-Postei. –Ele falou. As vezes me perguntou quem de nós três (eu, Vince e Jia) é mais velho. Tem momentos que ele age como uma criança de 6 anos. Tá bom, tá bom. Não posso falar nada, eu também sou assim.

-MEU DEUS. Vincent, fala a verdade, foi você que arrumou né?

-EI! –Falei insultada.

-Só pode ser. Você não tem capacidade de arrumar nada. –Ela falou, e tive certeza que ela estava dando ombros do outro lado da linha.

-Tchau Magrela. –Falei, pegando o celular na mão.

-Tchauzinho Amoiu. –Ela respondeu, desligando.

-Vocês se merecem. –Falei para o Vince, que me olhava rindo.