Diário De Uma Garota Meio Bipolar escrita por Cici


Capítulo 34
Exaustão


Notas iniciais do capítulo

Oi genteeee!! Voltei!!
O último cap teve pouca review, fiquei tristinhaa!
Mas vamos lá, esse cap... Ele é menos engraçado e mais dramático. Muitas tretas por vir.
Para aqueles com saudades do Dan, ai...
Cap dedicado pra minha Tree que lê a fic, me diz se tá bom e me ajuda a continuar. Beijo tree.
Bom, deixem Reviews pra me deixar feliz genteee!
Boa leitura, mil beijocas e até lá em baixo.



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O resto daquele dia passou num borrão. Eu não me lembro de muita coisa a não ser passar horas no hospital junto com a Nat e o Vince e depois quando a Tia saiu de cirurgia (Eu já não fazia mais ideia de que horas eram) a gente passou um tempo no quarto dela, até o médico mandar a gente pra casa por que o horário de visitas tinha acabado.

A Nat ficou no hospital com a mãe dela e prometeu que ia mandar uma mensagem assim que a Tia acordasse. O Vince ficou mais de meia hora no chuveiro, saiu reclamando que ele não tinha conseguido tirar o maldito cheiro de hospital dele, se jogou na cama e apagou no minuto seguinte.

Eu não dormi naquela noite.

Eu fiquei sentada no sofá no escuro, segurando meu celular com tanta força que eu achei que ele ia quebrar. Eu queria ligar pra Nat, conversar com ela, tranquilizar ela, descobrir se tinha alguma novidade que me tranquilizasse. Eu queria ligar pro Dan, pedir pra que ele me dissesse que tudo não passava de um sonho. Queria que ele me dissesse que ia ficar tudo bem e que não tinha com que se preocupar e que ele dissesse que ele me amava. Eu queria morrer por querer isso.

Quando eu olhei pra janela, o sol estava nascendo. E a Nat não tinha mandando nenhuma mensagem. E eu continuava sentada no sofá, segurando meu celular.

A minha cabeça estava rodando quando eu finalmente levantei, e lentamente me encaminhei a cozinha para me forçar a comer alguma coisa. Eu não estava com fome e nem com sono. Meus olhos estavam implorando para se fecharem, mas eles não queriam fechar de jeito nenhum.

Então eu sentei na cozinha com uma caneca de chá de camomila bem quente, encarando a parede.

–Emy...? –O Vince chamou. O cabelo dele estava bagunçado e ele parecia ter dormido bem mal. Mas ele com certeza tinha dormido bem mais que eu. Eu levei um minuto para tirar os olhos da parede e olhar pra ele. –O que você tá fazendo?

–Bebendo chá. –Murmurei baixinho, sem me mexer. Ele parou do meu lado, me encarando e encostou a mão na caneca.

–Tá gelado Emy. –Ele respondeu.

–Que? –Perguntei um momento depois.

–O chá. –Ele comentou, tirando a caneca da minha mão. –Tá completamente gelado.

–Ah... –Murmurei. Ele colocou a caneca de novo na minha mão, e ela agora estava quente.

–Por quanto tempo você dormiu? –Ele perguntou, olhando paras minhas roupas, que eram as mesmas de ontem. Eu simplesmente balancei a cabeça. Ele suspirou. –A Nat mandou alguma coisa pra você? –Balancei a cabeça de novo. –Vai dormir Emy. Você tá parecendo um panda, de tanta olheira.

Eu abri a boca para falar alguma coisa, depois fechei e somente balancei a cabeça de novo. Ele sentou do meu lado e eu apoiei a cabeça no ombro dele, segurando firme a caneca agora quente e expulsando a vontade de chorar que estava tentando me dominar.

Eu não lembro muito bem de ter chegado no meu quarto. Ou de ter tomado banho. Ou trocado de roupa. Mas eu sei que eu acabei deitada na minha cama olhando para o teto, com o celular na mão. Eu só consegui dormir quando a Nat mandou uma mensagem de que a mãe dela tinha acordado e estava relativamente bem. Mas eu não dormi muito, e nem dormi bem.

O Vince me acordou eram quatro horas. Eu não sei muito bem por quanto tempo eu estava dormindo, mas parecia que não tinha sido nada por que eu continuava completamente exausta. Ele disse também que eu tinha pedido pra ele me acordar por que hoje tinha a festa de aniversário da Liza, uma amiga minha do teatro, as sete horas e que eu disse que eu tinha que ir.

Eu não me lembro de dizer isso pra ele e eu não queria ir. Mas eu levantei, entrei no chuveiro de novo, tomei outro banho demorado, e sete horas eu estava saindo de casa para a casa da Liz.

A casa dela estava toda colorida e tinha música tocando. Tinha gente carregando copos que pareciam ser algum tipo de bebida.

–Emy! Você veio! –Liza veio correndo em minha direção, quase me esmagando num abraço. Ela era bem alta, com a pele morena e cabelos bem negros e bem lisos. –Sua roupa tá linda, mas sua cara tá péssima.

–Você é um amor Liz. –Falei com um risinho. Eu mal sabia que roupa eu estava usando.

–É sério. –Ela deu ombros. –Tá tudo bem?

–Bem mal. –Resmunguei. –Mas é seu aniversário, isso não é conversa pra hoje.

–Eu vou te apresentar para uns amigos meus da faculdade! –Ela falou me puxando pelo braço.

–Ain Liz, pelo amor de Deus, não. –Reclamei enquanto ela me puxava pelo braço.

–Mal humorada. Eles são legais. –Ela fez bico e me ofereceu uma garrafa de liquido suspeito. Eu levantei uma sobrancelha pra ela, mas aceitei. –Eu vou ali, não morra enquanto eu estou longe.

Me apoiei na parede me sentindo péssima e exausta. A bebida que a Liza tinha me entregado tinha um gosto estranho e agradável ao mesmo tempo e meus olhos estavam vagando sem rumo pela sala meio iluminada e barulhenta.

–Emy, não dorme em pé, pelo amor de Deus. –A Liz falou, correndo até mim.

–Eu não tava dormindo. –Respondi.

–Tá sei. –Ela me encarou. –Quem bom, perdi meu amigo.

Ela olhou em volta e eu olhei também só para encontrar provavelmente uma das últimas pessoas que eu estava com vontade de ver.

–Ai meu Deus, me esconde. –Falei, puxando ela para me cobrir.

–Que foi, mulher?! –Ela perguntou, olhando pra direção que eu estava olhando. Que ele não tenha me visto, que ele não tenha me visto... –Ah, você achou ele! Daniel!

–Eu te odeio tanto, Liza. –Rosnei pra ela quando o Daniel começou a se aproximar de nós duas.

–Você que saiu correndo, eu não fiz nada! –Ele falou, jogando os braços pra cima.

–Desculpa, a minha amiga dava quase dormindo em pé e caindo no chão, eu tive que socorrer. –Ela falou, apontando pra mim. Meu deus, por que?! –Essa é...

–Emy. Eu não sabia que... é.... –Ele falou, passando a mão pelo cabelo.

–É. –Concordei, desviando os olhos. Que ótimo jeito de terminar meu dia.

–Pera, vocês se conhecem? –Liza perguntou, olhando do Daniel pra mim e pra ele depois.

–A gente... –Falei, mas parei a frase no meio.

–A gente namorou um tempo. –O Daniel terminou. Eu finalmente levantei os olhos para olhar para ele. O cabelo continuava a mesma zona de sempre, como se ele tivesse levantado da cama e saído direto sem passar uma escova. Ele estava usando uma camisa polo escura de manga cumprida e calças jeans estava um pouco mais pálido do que eu lembrava e tinha um machucado roxo na bochecha.

–De onde vocês se conheceram? –Ela perguntou.

–Ele estuda com o meu irmão. –Ele balançou a cabeça concordando.

–De onde vocês se conhecem? –Dan perguntou para Liz. Eu fiz questão de não olhar pra ele. O machucado no rosto dele estava me deixando incomodada.

–A gente faz teatro juntas faz uns dois ou três anos. –Liz deu ombros, depois virou pra mim e pro Daniel e puxou ele pra um canto, falando baixo com ele.

Eu aproveitei para sair andando da vista deles. Achei um canto vazio e relativamente silencioso perto do jardim e me sentei lá. Apoiei a cabeça na parede, bebendo o último gole da bebida que a Liz tinha me entregado.

O Daniel estava com um machucado no rosto, como se alguma coisa tivesse acertado ele... Balancei a cabeça. Eu não ia pensar nele.

–A Liz está desesperada atrás de você. –Ouvi uma voz familiar falar. Levantei os olhos para encontrar ele parado em pé do meu lado. As sombras cobriam partes do rosto dele, e deixavam ele ainda mais bonito. Dei ombros sem olhar pra ele, voltando a encarar o escuro do jardim. Ele encarou isso como um ok para sentar do meu lado. Ainda não olhei pra ele. –Ela acha que tem alguma coisa errada com você. Eu também. Você tá bem?

–BEM?! –Gritei, subitamente muito irritada. –NÃO! OBVIAMENTE EU NÃO ESTOU BEM! TUDO TÁ ACONTECENDO ERRADO! –Levantei num pulo, me sentindo completamente tonta e sentei de novo. –Primeiro você, fazendo o que você fez. –Ele ficou em silencio. – Eu sou o assunto mais comentado da escola! Depois a Valentina está quase insuportável de tão irritada que ela está! O Vince está sendo todo misterioso e não me fala as coisas. Depois tem essa coisa com a mãe da Nat e ...

–Que coisa com a mãe da Nat? –Ele perguntou.

–Ninguém falou pra você? –Perguntei, coçando os olhos.

–Quem? O Vince não olha nem mais na minha cara. Nem a Valentina. A Valentina faz questão de se tiver que estar no mesmo cômodo que eu, nem olhar na minha direção e fingir que eu não existo. –Ele deu ombros, como se não incomodasse, mas dava para ouvir na voz dele o quanto isso incomodava ele. –O que aconteceu com a mãe da Nat?

–Ela foi internada e teve que ir às pressas para cirurgia. –Suspirei. –Eu não sei o que aconteceu direito. Mas eu estou preocupada. A mãe da Nat, ela sempre foi muito legal comigo e ... –Quando eu percebi, eu estava chorando. E quando começou, eu não consegui parar. –Eu não dormi hoje, meus olhos não querem fechar, eu não comi nada, eu to passando mal, eu quero me encolher na minha cama e eu quero que me abracem e que digam que vai ficar tudo bem, mas não tem quem me diga isso e não vai ficar tudo bem!

Eu parei de falar, repentinamente sem ar e o silencio perdurou.

–Emy... –ele começou, mas eu falei antes.

–Esse machucado... –Falei, estendendo a mão, meus dedos pairando sobre o roxo no rosto dele. Ele fechou os olhos, antecipando o contato, mas eu puxei a mão de volta antes que eu encostasse nele. Ele soltou um suspiro, meio decepcionado, meio que já esperava por isso. –Foi o Vince, não foi?

Dan ficou em silencio por um minuto, antes de responder.

–Eu mereci. –Ele respondeu, focando os olhos para onde eu estava olhando antes.

–Eu sei. –Concordei. –Eu só... Eu falei pra ele não se meter!

–Ele tava só te defendendo. –Dan respondeu.

–Eu sei! Mas ele não tem que me defender! Eu falei pra ninguém se meter, isso era coisa minha, eu ia me virar, mas não! O Vince te dá um soco e não comenta nada comigo. A Valentina para de falar com você e isso não tem nada a ver com ela!

–Ela é sua amiga, Emy. –Ele falou, suavemente.

–E ela é sua prima!

–Mas quem fez merda fui eu, não você. –Ele respondeu friamente. Eu virei para olhar pra ele e ele não estava olhando pra mim. –Ela está só te apoiando, te defendendo. Todos eles estão.

–Mas eu sei me defender sozinha! Ninguém mais tem que sair machucado. –Sussurrei e ficou silêncio de novo.

–Emy, eu.... O que eu fiz... –Ele falou, encostando no meu braço. Dei um pulo pra trás, o contato meio que me acordando.

–Não. –Murmurei, levantando. –Eu nem devia estar falando com você. Eu não quero falar com você. –Balancei a cabeça. –Meu Deus, o que eu to fazendo?!

–Emy... –Ele falou, levantando também.

–Não Daniel. –Falei. –Eu não quero ficar perto de você! Eu não quero falar com você, eu não quero olhar pra você! –Murmurei, me afastando. –Eu não devia ter falado com você hoje.

Virei de costas e sai correndo antes que ele pudesse falar alguma coisa. Passei pela Liz no caminho da saída. Ela tentou me parar, falar comigo, mas eu continuei correndo e só parei quando eu cheguei em casa com os olhos vermelhos e inchados. Subi direto para o meu quarto, e me joguei na cama.

Apaguei logo depois e sonhei com o escuro e com o nada.


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Notas finais do capítulo

E ae? Tá bom, tá ruim? Como tá?
Me digammmm!!
Até o próximo cap!
Beijocas da Cici