Ao chegar a Alfheim, Nina e Loki foram apresentados ao rei Freyr. Um rei muito simpático e engraçado que deu todas as orientações, Loki ficaria encarregado de trabalhar como seu criado em seu castelo, fazendo de tudo um pouco. Ele a jovem vanir forma instalados em uma casa arvore nos arredores do castelo.

As primeiras duas semanas foram desconfortáveis para o deus da trapaça, que agora era um mero mortal, acordava cedo todos os dias, ficava praticamente o dia todo fora, quando voltava para casa sentia-se tão exausto que mal comia e ia apenas para o quarto dormir. No inicio reclamava, mas com o tempo passou a se focar em fazer os serviços e ir embora para casa.

Durante esse meio tempo Nina conseguiu um trabalho em uma loja de porções e loções de ervas para pele e cabelos, curiosamente, ela e Loki não havia trocado uma palavra desde que se instalaram na casa arvore. Não que Loki tenha deixado a moça passar por ele desapercebida, ele nunca tinha visto uma jovem tão bela desde que havia se apaixonado por Amora há alguns anos. As duas eram muito parecidas, porém Amora fazia parte de um momento doloroso de sua juventude.

Era noite, e Nina estava sentada perto da lareira lendo um livro de porções, quando percebeu que estava sendo observada, mirou seus olhos azuis e encontrou dois orbes verdes que lhe encaravam, de certa forma, curiosas.

– Que tipo de crime você cometeu para estar aqui comigo? – ele perguntou enquanto estava bem arreado numa espécie de sofá divã.

– Nenhum senhor – Nina respondeu de forma calma, embora internamente ela estivesse começando há ficar um pouco nervosa – só estou aqui cumprindo as ordens de Odin e de uma promessa que eu fiz há muito tempo.

Loki estreitou os olhos, aquela menina tinha algo misterioso, e como ele estava entediado e atrás de algo para se distrair, imaginou que a menina seria um atrativo interessante, sem querer deu um fraco sorriso para Nina que automaticamente corou.

– É realmente estranho – ele falou – estamos juntos há duas semanas, mas em nenhum momento houve algum dialogo entre nossas pessoas. Não costumo ser grosseiro com donzelas ainda mais com uma bela jovem como a senhorita. Peço humildemente minhas desculpas.

A voz dele era suave, mansa e deliciosa aos ouvidos, Nina teve um pouco de dificuldade em esconder o seu rubor. Ela se lembrava dos alertas que Odin havia lhe dado acerca da habilidade que Loki tinha para seduzir as pessoas.

– Desculpas aceitas – ela lhe falou com um pequeno sorriso – bom, acho que eu preciso ir – Nina se levantou e caminhou em direção ao quarto.

Porem Loki a segurou pelo braço, o que assustou a menina.

– Espere um pouco – ele falou amistosamente – tem certeza de que está realmente sentindo sono?

– Preciso ir dormir, tenho coisas a fazer e senhor também – ela disse um pouco nervosa.

Loki a soltou, parecia ter se irritado.

– Se me teme como os demais, então por que está aqui?

– Não o temo senhor, só estou indo dormir.

– Está mentido – e depois olhou para o lado com um olhar desgostoso – assim como todos os outros.

Nina não resistiu, e sem querer encostou sua mão no braço dele, o ato da jovem acabou por deixar o asgardiano surpreso, ela o olhava com um olhar doce, sem malicia alguma.

– Eu não sou como os outros, Loki – ela disse suavemente – estou aqui para ajudá-lo – porem ela disse um pouco firme – mas não da forma com estás a pensar.

– Quem é você? – ele perguntou curioso.

– Sou apenas uma órfã, que teve tudo o que mais amava lhe tirado – Nina sentiu os olhos queimarem – agora se não se importa, eu preciso ir, boa noite.

Ela se retirou do recinto deixando o trapaceiro sozinho com suas reflexões. Nina entrou em seu quarto e respirou fundo, segurou o amuleto que estava dentro da roupa, e foi se preparar para dormir. Loki foi para o seu quarto dormir, mas apesar de estar cansado não sentia sono, ficou com a expressão suave de Nina em sua cabeça. Desde que chegaram a Alfheim, a garota o chamara atenção, o cabelo farto, a pele rosada, os lábios... Loki cortou sua corrente de pensamentos que estavam indo para um caminho não muito favorável naquele momento.

Durante a madrugada Nina acordou com a garganta seca, sentia sede, levantou-se e foi até a cozinha tomar um copo d’água, estava escuro, ela caminhou pelo percurso de volta quando se assustou ao ver uma vela acessa no corredor, e Loki.

– Você me assustou – ela falou colocando a mão sobre o peito.

– Me surpreende você assim no escuro – Loki falou colocando a vela próxima à garota, fato do qual ele se arrependeria depois – o que estava... – parou sua fala no meio ao ver que Nina estava apenas de camisola, a jovem corou.

A camisola era fina e marcava as belas curvas da moça, ele se perdeu em meio aquela visão, olhando a de uma maneira que fez Nina se arrepender de ter saído do quarto sem o roupão.

– Com licença - ela pediu, mas Loki barrou a passagem - por favor, eu realmente preciso ir agora – ela falou visivelmente constrangida. Ela viu que ele não parecia ouvi-la, seus olhos estavam cravados nela, Loki colocou a vela num apoiador e devagar ele foi colocando o seu polegar no queixo da moça, roçando-o levemente, Nina sentiu mil arrepios em sua espinha. Depois ele passou o dedo pelos lábios macios da moça que fechou os olhos com o toque.

Ele se aproximou de seu rosto, ficando bem perto, sem reserva ele a beijou. O beijo foi delicado, Nina a principio se assustou mais começou a se deixar levar pelas sensações que estavam se desencadeando em seu corpo, mas ela não sabia bem o que fazer, e Loki notou a sua inexperiência. Ele a trouxe para mais perto dele segurando sua cintura e sentindo a textura da pele sob a roupa. O beijo que parecia delicado tornou-se possessivo e exigente, Nina estava começando a se sentir desconfortável, as mãos de Loki andavam por suas costas, ora pegando em seus cabelos até parar em seu quadril, dando-lhe uma leve apertada. Foi o suficiente para Nina se afastar assustada, escorada na parede a jovem respirava com dificuldade, ela o fitou ele estava tão ofegante quanto ela, e seus olhos estavam escurecidos e cravados nela.

Loki não sabia bem o que estava fazendo, só sabia que queria a jovem vanir, e ficou um pouco irritado por ela ter interrompido o beijo.

Ele se aproximou novamente.

– Não – ela teve seus lábios silenciados por outro beijo, prensando a jovem contra a parede – por fav... hunf – ela tentava empurra-lo mas ele era mais alto e mais forte, até que o acertou no joelho, conseguindo se afastar dele, mas Loki rapidamente a puxou pela perna, Nina caiu no chão, ele ficou por cima dela. A garota se debatia como podia, começou a chorar, e ele parou.

Nina abriu os olhos e viu que ele olhava para algo perplexo, e, ela percebeu que ele fitava o medalhão em seu pescoço. Loki se afastou rapidamente dela, aturdido.

– Você... –ele se aproximou agora para ajudá-la, mas ela se encolheu olhou para ele, com medo e depois virou o rosto.

– Me deixe em paz – ela falou se levantando e correndo para o seu quarto.

Nina deitou em sua cama e chorou copiosamente, chorou porque naquele momento ela sabia que o jovem que ela tinha em sua cabeça, Loki meigo e gentil daquele dia não existia mais.

Loki se sentia terrivelmente culpado, era um monstro por quase ter feito mal a uma das poucas pessoas que, tinham sido tão singela com ele. Ele a havia reconhecido, a menininha das valquirias, a criança que ele havia salvado daquele troll, a garotinha que sorria para ele com tanta inocência. Inocência que ele quase destruiu por causa de um mero desejo instintivo.

Sentia ódio de si mesmo.