Nina, ou a doce punição de Loki escrita por Puella


Capítulo 17
Interrupção – parte 2


Notas iniciais do capítulo

Idem do aviso do capítulo anterior...

Boa leitura!



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– Já posso abrir? – Nina perguntava pela terceira vez, ela estava de olhos fechados.

Durante o percurso a jovem já desconfiava de algo. Principalmente quando Loki havia lhe mandado fechar os olhos, mas Nina preferiu fazer de conta que não sabia de nada, como se ela estivesse apenas brincando.

Enquanto isso, Loki dava o sinal para Alvim chamar as outras crianças que estavam escondidas – alguns amiguinhos do menino elfo -, todos ficaram em suas posições.

– Abra os olhos – ele disse.

Nina abriu e ouviu um corinho de “surpresa”, a jovem olhou maravilhada para aquelas crianças e a mesa adornada com doces, frutas e um belo ensopado de salmão rosado.

– Isso tudo... é pra mim... – a jovem falou levemente corada.

– Feliz aniversário – disse Loki colocando uma mão atrás do pescoço – bem se eu estivesse em melhores condições teria feito algo mais apropriado...

A jovem sorriu radiante e pulou no marido que lhe envolveu num forte abraço.

– Eu prefiro assim! – ela dando-lhe um beijo estalado.

– Nina! – Alvim puxou a barra do seu vestido – Feliz aniversário!

A garota se soltou de Loki e se abaixou para abraçar o menino.

– Seu fofinho! – ela deu um beijinho em sua bochecha – Obrigada!

– Na verdade, eu ajudei o Loki a preparar tudo isso pra você – o menino disse orgulhoso, a jovem fitou o marido que apenas lhe sorriu, meio sem jeito.

– Mas eu fiz a maior parte é claro – Loki falou com um meio sorriso e Alvim apenas lhe mostrou a língua.

– Sem mais delongas – disse o deus da trapaça – vamos comer!

Ouviam-se muitos risos na casa árvore em certo momento as crianças ficaram quietinhas enquanto Loki contava algumas de suas historias. Ele era realmente bom nisso, sua voz grave prendia a atenção de tal forma que era possível visualizar o que ele narrava. Mais tarde ao escurecer, Alvim e seus amiguinhos se despediram deixando o jovem casal a sós.

Loki terminava de guardar a louça limpa quando notou que a esposa o fitava de forma serena com as duas mãos apoiadas sobre o queixo apoiada na mesa.

– O que foi? – ele preguntou.

– Nada – ela falou com um pequeno sorriso – só estou orgulhosa de você, só isso. Fez tudo isso só para me agradar, fiquei muito feliz por isso.

Ele se aproximou da esposa e segurou uma mecha de seus longos cabelos ruivos.

– Você consegue extrair o melhor de mim – ele falou acariciando de leve o rosto da jovem e em seguida lhe depositando um beijo.

Os dois se afastaram para se olhar, Loki então lhe cochichou no ouvido, travesso.

– Ainda tem a parte dois do seu aniversário.

– Ah é – Nina riu maliciosa para ele – seu atrevidinho – ela apertou o nariz dele.

Os dois ficaram rindo como duas crianças. Nina lhe deu um beliscão e saiu em disparada para o quarto, Loki foi ao seu encalço. Ele a abraçou por trás, os dois se desequilibraram caindo na cama, ele por cima dela.

– Milady tem algo a pedir? – ele perguntou sedutoramente.

– Me leve até ás estrelas – ela lhe respondeu completamente entregue.

– O seu desejo é uma ordem, milady...

E o jovem casal tornou a se beijar apaixonadamente.

No dia seguinte Loki já estava no palácio do rei Freyr, auxiliando Skinir em alguns assuntos burocráticos do castelo, pois não havia muito que fazer na biblioteca.

– Está de muito bom hoje, asgardiano – o elfo falou enquanto separava alguns pergaminhos que separava para ele carregar.

Loki não falou nada, tinha apenas um sorriso discreto no rosto. Ele não percebeu, mas havia alguém ali próximo que lhe observava atentamente. Durante boa parte do dia o deus ficou ocupado, no fim do tarde ele havia sido liberado. Encontrou com Nina na frente da saída da cidade e então os dois caminharam de volta para a casa-árvore.

O casal conversava de forma descontraída, já estavam próximos da casa quando viram uma pessoa parada em frente ao frondoso tronco, não dava para ver quem era, pois usava um capuz cinzento.

Loki desfez o sorriso e fitou a figura, desconfiado segurou Nina para mais perto dele.

– Quem você? Posso saber o que quer?

– Quero apenas conversar com você, Loki. – a pessoa em questão retirou capuz revelando sua identidade, Odin.

Loki deu um passo para trás.

– O que faz aqui? – ele perguntou com frieza.

– Não vai me convidar para entrar? – o velho perguntou ignorando a frieza de seu filho caçula.

Loki apenas o fitou com raiva, Por que ele tinha que está ali? Logo agora? Um clima tenso tomou conta do lugar, Nina sentiu que o marido apertava uma das mãos com muita força.

– Não vamos ficar aqui fora não é mesmo! – Nina se pronunciou chamando a atenção dos dois – Vamos entrando!

Em alguns minutos os três se encontravam dentro da casa.

– Eu vou preparar um chá! – disse a jovem deixando pai e filho a sós na sala.

Odin observou o filho, ele percebeu que Loki havia mudado, não só porque agora usava roupas simples e com a aparência de um camponês, mas por ele realmente tinha algo novo dentro de si. O pai de todos ficou satisfeito em constatar que havia sido uma boa ideia ter permitido a companhia da jovem ao filho. Porem, ele viu que o rancor que Loki sentia por ele e por Thor ainda estava intacto. O que talvez tornasse seu objetivo mais difícil.

– Diga logo o que quer? – foi a pergunta seca que Loki deu ao notar que Odin o estudava.

– Não precisa ser tão hostil Loki – disse Odin para o filho – eu vim apenas conversar com você.

– Não minta para mim Odin – tinha acidez em suas palavras – não estaria aqui se não estivesse precisando de mim!

– Não é o que está pensando – Odin tentou falar com calma, mas falhou um pouco.

– Mentiroso – disse Loki com um riso frio – as pessoas só me procuram para alguma utilidade, e, geralmente em último caso – ele terminou com leve tom de sarcasmo.

Nina apenas ouvia tudo da cozinha, mas não se ateve a sair de lá.

– Se está aqui é porque está realmente desesperado – Loki continuou.

Odin se sentiu desconfortável, Loki era muito inteligente e o velho sabia que em parte ele tinha razão, seu filho caçula não era bobo, há muito que sua ingenuidade havia sido destruída.

– Não darei rodeios Loki – disse Odin – Nós precisamos que você volte para Asgard. Estamos correndo perigo, algo muito perigoso se aproxima.

Nina por pouco não deixou a caneca escapulir ao ouvir aquilo.

– Nós quem? – Loki indagou.

– Sua família – disse Odin.

– Eu não tenho família – respondeu com certo amargor – eu não tenho nada haver com isto.

– O que está dizendo? – disse Odin com uma raiva contida – Está insinuando que não irá nos ajudar?

– Não – ele respondeu com todas as letras – Vocês tem um poderoso exército, o senhor tem Thor ao seu lado, pode dar conta do recado.

– Esse é o seu problema! – disse Odin furioso – Até quando vai ficar se inferiorizando em relação ao seu irmão!

– O senhor sempre o favoreceu! Nunca deu crédito para mim! – Loki levantou a voz.

– Você não se deu a oportunidade!

– Mentira! Ele sempre foi o seu favorito! – Loki tentou, mas, não conseguiu evitar que uma lagrima solitária rolasse de seu olho – Além do que... você mentiu pra mim, você escondeu de mim a verdade a vida toda, eu cresci sendo alguém que não existia, e aqueles de quem eu vim você sempre falou deles com desprezo... e eu era um deles!! EU SOU UM DELES, UM MISERO E MALDITO JOTUN!!!

– Não é verdade... – disse o velho com pesar – você é meu filho.

– Eu não sou o seu filho! Nunca o fui!

O jovem trapaceiro respirava com dificuldade, nervoso, logo não teve com não deixar as lagrimas caírem, as quais ele limpou de forma brusca com a manga da blusa.

– Saia daqui – ele disse com a voz baixa.

Odin apenas suspirou e caminhou até a porta, mas parou e fitou o filho caçula.

– Eu ainda não desisti, Loki. Não desisti de você.

– Está perdendo seu tempo – foi à resposta seca dele.

– Eu sei que você tem seu valor e que mostrar isso a todos, principalmente para si mesmo. Então, pare e pense. Vou lhe dar um dia para se decidir.

– Você já sabe a resposta.

O velho soberano de Asgard fechou a porta e saiu. Loki se escorou na parede, deslizando até o chão. Ele olhou para o lado e viu Nina com uma expressão triste em seu rosto.

– É isso que acha que é? Um mísero e maldito Jotun? – foi o que ela disse – Pois eu lhe digo que não foi com esse homem que eu me casei.

Ele não falou nada, apenas olhou para o chão.

– Esqueça essa sua mágoa, Loki – ela disse se aproximando dele e se agachando – ela só te destrói! Não percebe? Enquanto não se libertar dela você não nunca vai se sentir plenamente feliz!

– Acha que isso é fácil? – ele respondeu com a voz baixa.

– Eu sei que não é - ela disse acariciando o seu rosto – mas você tem que tentar. Você não pode negar, mas... eles são a única família que você tem, mesmo com todos esses problemas. Você tem uma família... eu... eu não tenho, eu perdi a minha – Nina falou agora com lágrima nos olhos – não despreze isso...

Ele a fitou por um segundo, e então a abraçou com força. A jovem ficou um pouco surpresa.

– Eu não quero brigar com você – foi o que ele disse, depois de afastou e levantou indo em direção à porta.

– Aonde você vai? – ela perguntou.

– Vou pensar – foi o que ele disse – não espere por mim para o jantar – e fechou a porta.

Ele caminhou até chegar próximo a uma frondosa arvore não muito longe dali e sentou. O deus fechou os olhos e sentiu vento bater contra o seu rosto, não podia negar que sua esposa tinha razão, mas seu orgulho não lhe dava o braço a torcer. O jovem ficou por horas ali, pensando e remoendo muitas das cenas de seu passado. Ele realmente queria mostrar seu valor, que todos o respeitassem, afinal ele havia feito também muitas coisas pelo reino no passado, mesmo com suas trapaças, mas por pensar um pouco diferente dos demais sempre se sentiu a margem.

Sentia-se incomodado por ele mesmo, o seu eu, a pele verdadeira. No fundo, Loki nunca havia se aceitado de verdade.

– Loki?

Ele se virou viu Nina com uma lamparina, Loki não havia se dado conta, mas já era noite.

– Vamos pra casa – foi o que ela disse – está escurecendo.

A jovem caminhou até ele e o puxou delicadamente pela mão, ele levantou e a acompanhou.

– Sabe – Nina falou enquanto segurava a sua mão – eu acho que você deveria ir, não se acanhe, pense nisso como um desafio, como uma charada, como se sua inteligência e astúcia estivessem à prova. Mostre para você mesmo o seu valor, esqueça os outros. O que você tem que fazer é exatamente aqui – ela terminou apontando para o coração do trapaceiro.

Loki apenas segurou a mão dela.

– Não se preocupe, eu sei o que fazer – ele lhe sorriu, ainda de que maneira fraca.

– Então tá – ela falou acariciando seu rosto – só quero que saiba que independente do que você decidir, eu estarei ao seu lado.

Os dois voltaram para casa.

Pela madrugada Loki acordou, não tinha sono, preferiu ficar sentado na cama, fitou a esposa que dormia ao seu lado, ficou pensando nas palavras dela.

– Então ele recusou ajudar – disse Freyr pensativo.

– Ele está muito amargurado ainda – disse Odin.

– Mas, não é para menos – disse o rei de Alfheim – eu sei que ele não um santo nem nada, mas ele passou por coisas terríveis também!

Os dois estavam na sala do rei conversavam quando a porta se abriu. Os dois olharam e viram Loki parado com sua expressão fria.

– Eu irei para Asgard com você.


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