Ironias da Vida escrita por Cahxx


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo 5

– Espere aqui. Acho melhor eu ir sozinho e qualquer coisa te chamo. – disse Gordon ordenando que Dean permanecesse no carro. Estavam de volta a loja da vidente: o veículo estacionado dessa vez dentro do beco deserto. O rapaz de cabelos claros permaneceu encostado no Impala. Sam havia ficado em casa, para o caso de alguém do clã aparecer dando novas ordens.

Dean, no entanto, estava ansioso e impaciente por estar ali, inutilmente, sem poder fazer nada enquanto sua garota, e sim, ele já a chamava de sua, corria perigo. Pensou que talvez não fosse fazer mal se desse uma volta, para movimentar as pernas e beber um refresco. Se Gordon voltasse e encontrasse o carro vazio, seria esta a desculpa.

Desencostou-se e saiu caminhando, em direção a não se sabe onde. Pensou em muitas coisas no caminho. Em tantas coisas que quando se deu conta, estava em frente à casa de Hermione. Agora de dia ele pode visualizar melhor o imóvel, todo branco, a fachada ao estilo britânico e com um pequeno jardim muito bem cuidado.

Tocou a campainha e logo alguém veio atender. A pessoa ainda demorou um pouco para abrir, indicando que estava inspecionando-o pelo olho mágico. Dean tateou os bolsos a procura de seu distintivo para caso fosse um dos pais de Hermione, e tentou pensar numa desculpa. Para sua surpresa, foi a garota quem atendeu.

– Dean? – ela perguntou surpresa – O que faz aqui? – seu rosto ruborizou e ela abaixou a cabeça, timidamente.

– Preciso falar com você. Posso entrar?

– É que meus pais não estão em casa... E eu...

– Tudo bem, não vou demorar – e ele foi entrando sem esperar convite. A entrada dava para um pequenino hall com uma escada e nos fundos do corredor uma porta indicava a cozinha. Havia ainda uma passagem a sua esquerda, para a sala de estar. Um lustre balançava ameaçadoramente em cima de sua cabeça.

– Vamos a cozinha. Acabei de fazer café... – ela disse baixinho. Dean a seguiu até o cômodo: uma cozinha bastante clássica, clara como o resto da casa, com muitas janelas e plantas. Hermione estava de costas, virada para a pia, servindo o café. Dean preferiu não sentar-se.

A garota finalmente virou-se, entregando-lhe uma xícara com a bebida quente. Ele experimentou e sentiu que estava doce demais. Mas obviamente engoliu o comentário: “pelo menos combina com a personalidade dela...”, pensou rindo por dentro.

– Então? – ela finalmente perguntou.

– Ah, bem... Não sei por onde começar... Aconteceram muitas coisas nos últimos dias e muitas delas envolvem você e seus amigos. – ele foi soltando tudo aos poucos. Ela simplesmente permanecia em silencio. Dean procurou um jeito de chegar ao ponto até finalmente encontrar a melhor pergunta – Por que você e seus amigos foram naquela vidente, ontem?

– Eu, ah... Bem, Harry é órfão, perdeu os pais quando ainda era bebê... Num acidente! E bem, apesar de não sermos muito supersticiosos, pensamos que talvez fosse interessante tentar, hm, algo, lá.

“Droga! Ela escapou dessa”, pensou. Começou a planejar uma nova pergunta e a perfeita chegou ao seu cérebro.

– Então por que correram quando viram meu amigo?

“Bingo!”. Aquela era a certa. A menina calou-se. Ficou pálida. Não disse mais nada. Não havia resposta. Dean então decidiu que era hora de por as cartas na mesa:

– Hermione, Sam e eu sabemos o que vocês são... Sabemos o que fazem... E bem, se vocês nos contarem tudo, poderemos ajuda-los... O que acha?

– E-eu... N-não sei do que o senhor está falando... E-eu...

– Não precisa esconder mais... Só nos conte e talvez...

– Aquele homem! Gordon, né? É esse o nome dele? Aquele monstro...! Ele... – e então Hermione se desesperou ao notar que estava falando o que não devia. Sem pensar em mais nada, ela simplesmente surtou: SAIA DAQUI!

– Mas o que?

– JÁ DISSE PRA SAIR DAQUI! AGORA! NÃO QUERO VÊ-LO NUNCA MAIS!

– Hermione! Eu...

– SAIA! – e ela ficou ereta, seu rosto congelou numa expressão séria, um vento entrou pela janela balançando seus cabelos claros e uma única palavra foi dita por ela – Opugno.

No mesmo instante, uma das gavetas se abriu e um grupo de facas saiu levitando de dentro. As facas giraram em volta de Hermione e então dispararam contra Dean.

– JESUS!!! – ele correu e abaixou-se desviando de uma delas, que enterrou na parede ao lado de sua cabeça. Ele olhou incrédulo para Hermione tentando entender o que estava acontecendo, mas esta continuava determinada àquela violência toda. As demais facas vieram em seguida. Dean saiu em disparada pela porta da cozinha e mais adiante pela porta da casa. Correu mais cerca de duzentos metros até certificar-se de que estava bem longe da casa.

Curvou-se, apoiando as mãos nos joelhos, ofegante, tentando recuperar o ar. Não deu outra: tudo estava confirmado. Hermione de fato era uma bruxa, tinha poderes, estava metida em encrencas, conhecia Gordon e por fim, tentara assassina-lo. Sam precisava saber disso para começar a se proteger.

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Voltou correndo para o beco, encontrando Gordon de braços erguidos, parecendo irritado.

– Onde é que cê tava, cara?! Fiquei te esperando horas aqui!

– Malz. Fui caminhar por aí. Conseguiu descobrir alguma coisa com a velha?

– Sim.

– O que?

– Muita coisa.

Entraram no carro e seguiram de volta pra casa. Chegando lá, viram uma viatura policial na entrada da casa. Sam despedia-se de um guarda que entrou na viatura e partiu. Dean esperou algum tempo para só então estacionar o carro na frente do imóvel.

– Quem era? – perguntou ao irmão.

– Jorge Slugorn. Policial daqui. Ele veio investigar certos rumores sobre dois caras se fingirem de policial e interrogar pessoas por ai, sem mais nem menos.

Gordon olhou de um rapaz para outro.

– Cês tem algo haver com isso? – perguntou balançando o indicador no ar. Sam riu.

– Ter temos, cara, mas sou bom na persuasão. Consegui desmentir tudo. Mas e aí? Descobriram algo?

– Sim, sim. Bastante coisa até.

– Acho bom mesmo, porque veio um pessoal do clã aí e eles nos mandaram agir logo.

– Como assim?! – perguntou Dean temeroso.

– Querem que demos um basta nisso tudo e entreguemos os bruxos à eles o mais cedo possível.

– É, belo problema temos agora – resmungou.

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Gordon contou tudo sobre as guildas, como elas funcionavam, que tipo de magia os bruxos conjuravam, que tipo de seres mágicos tinha contato, e etc. Contou também que o grupo dos adolescentes não era o único atrás de reviver o tal bruxo das trevas: outros grupos também estavam numa espécie de disputa por esse tesouro.

– Quer dizer que teremos que perseguir outros como eles? – perguntou Dean fingindo estar interessado. Aquela notícia poderia ter um ponto positivo: desviaria a atenção do clã de Hermione para outras pessoas. Por mais que Dean se lembrasse do incidente da manhã, sob forma alguma conseguia sentir raiva da garota. Pelo contrário: temia que algo ruim pudesse acontecer a ela.

– É, mas antes quero tirar o máximo de proveito desses garotos. E a menina do grupo deles é extremamente importante, afinal, foi ela quem descobriu esse “tesouro”.

– E o que pretende fazer?

– EU não sei, mas VOCÊ, eu sei exatamente o que fará – disse Gordon sorrindo maliciosamente para Dean.

– Do que cê tá falando? – perguntou apavorado.

– Dean, me caro, eu não sou de ligar para homens, mas Sam e eu concordamos que muitas mulheres caem em seus braços sem muita dificuldade. Pois bem. Simples: você irá atrai-la até nós. Será a isca! Como uma loba indo até o alimento. E então a pegaremos!

Dean engoliu seco e olhou para o irmão.

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Dean acordou no meio da madrugada com um pesadelo. Sonhara com Hermione sendo cercada por vampiros e sendo morta. E Dean segurava seu corpo ensanguentado numa rua escura, no meio da chuva.

Sentiu um tremendo alívio ao acordar e ver que era apenas um sonho. Vendo que perdera o sono, decidiu descer e tomar água. Chegou na sala e ouviu o barulho de bicadas em madeira. Olhou para a porta e viu algo prateado no chão. Ao aproximar-se pode ver que era uma carta. Pegou o envelope lacrado com cera vermelha e abriu, achando graça que alguém pudesse mandar uma carta daquele tipo no século dos e-mails.

Seu coração acelerou ao ler o remetente: Hermione Jane Granger. Leu o conteúdo na velocidade da luz e resumidamente, eis o conteúdo: a garota pedia desculpas pela grosseria e dizendo que se ele quisesse e pudesse, que se encontrasse com ela num bar em um endereço anotado.

Dean dobrou a carta e guardou-a no bolso, planejando um esconderijo melhor. Ali estava sua missão: se Hermione queria de fato contar-lhe tudo, significava que confiava nele. Caso estivesse mentindo, Dean pediria cobertura a Sam. Mas Gordon é que não iria saber de nada.

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– Dean! Dean! – gritava Gordon descendo as escadas as pressas – O pessoal do clã contatou hoje de manhã e daremos início ao plano! Quero que arrume um jeito de seduzir a garota e leva-la até o lugar marcado.

– Onde?

– Um ferro velho no começo da estrada principal. Vamos estar te esperando lá. Ah, e tente leva-la sozinha, sem nenhum dos outros bruxos. Ainda não temos suporte para conter a todos. Vamos usa-la mais tarde como isca para atrair os demais. Entendido?

– Sim...

Sam olhou para o irmão: pode notar que muitas coisas se passavam pela cabeça do mais velho. Ele também nutria sentimentos pela garota, diferentes, sim, mas gostava dela como uma irmã. No entanto, todas as afirmações do clã e a história sobre bruxo das trevas tentando dominar o mundo o perturbavam demais para que ele decidisse tomar partido de um lado e jogar tudo para o alto.

Ambos eram extremamente diferentes: Dean sempre fora mais impulsivo e explosivo. Já Sam, agia mais cautelosamente e media as opções. E era o que estava fazendo no momento. Sabia que na hora certa iria falar com o irmão e juntos decidiriam qual lado estava certo. Até lá, procuraria agir conforme a dança de Gordon.

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Ok. Agora Dean tinha duas tarefas a cumprir: encontrar-se com Hermione para resolver as coisas entre eles e arrumar um jeito de enrolar Gordon.

À sete da noite Gordon já estava se encontrando com dois homens do clã, que carregavam maletas, armas, itens de captura e tortura. Dean sentiu arrepios vendo tudo aquilo, mas reparou que Sam parecia estar totalmente tranquilo e indiferente. Desejou poder fingir assim, como o irmão.

– Aonde você irá encontra-la? – perguntou Gordon terminando os últimos preparativos.

– Numa praça no centro.

– Certo então. Arrume um jeito de trazê-la pra cá. Tome, fique com este comunicador e esconda-o dentro da roupa. Se for se comunicar por ele, procure lugares afastados para que ninguém o veja. Estaremos passando instruções a todo o momento.

– Entendido.

– Agora vá.

Dean se retirou. O coração acelerado. Batia tão forte que chegou a sentir medo de que Gordon pudesse escutar. Chegando ao bar, encontrou Hermione em pé, na entrada:

– Você demorou...

– É melhor entrarmos logo. – apressou-se, puxando ela pelo braço. O rapaz estava sofrendo um dilema dentro de si: confiar em Hermione e salvá-la, ou desconfiar dela e deixar que Gordon a capture. Indiferente de qual escolhesse, tinha que fazer o impossível para que nenhum dos lados desconfiasse da presença do outro, e muito menos que Dean possuía laços tão fortes com ambos.

Sentaram-se em uma mesa, a um canto mais afastado. Uma banda tocava country no palco e garçonetes serviam pessoas pra lá e pra cá.

– Bem... Por onde quer começar? – perguntou Dean. Hermione sorriu, nervosa.

– Não pensei que fosse ser tão direto... Eu estou nervosa! Não sei se vou conseguir falar tudo assim, do nada...

– Vou tentar ajuda-la então. Precisamos terminar isso logo. – Dean foi curto e grosso. O sorriso se apagou no rosto da garota, que o encarou assustada. Dean se martirizou por estar tratando-a tão mal, mas seu medo o conduzia a isso. Ele olhava para todos os cantos, temendo encontrar algum capanga de Gordon.

– Por que está tão estranho? Está agindo diferente... Olhando pros lados toda hora... – Hermione soltava tudo assustada. Dean sorriu por dentro, reparando que as reclamações da garota faziam ele se sentir como se já namorassem. No entanto, por fora, continuou frio.

– Nada não. Só diga tudo de uma vez...

– Bem, então lá vai...

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Notas finais do capítulo

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