Ironias da Vida escrita por Cahxx


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/253710/chapter/4

Capítulo 4

– Sam! Olha só quem passou pra nos fazer uma visitinha! – exclamou Dean aparecendo na porta com um baita sorrisão. Ao lado dele estava Gordon.

– Gordon! – Sam levantou-se e foi abraçar o amigo – Quanto tempo!

– Pois é! Recebi uma missão aqui perto e soube que estavam aqui – disse apertando a mão de Dean e batendo em suas costas.

– Senta aí.

Gordon puxou uma cadeira e sentou-se a mesa de madeira.

– Tem pegado muita missão difícil? – perguntou Dean rindo.

– Eh, mais ou menos. Essa de agora é particularmente fácil, mas ando tendo umas poucas dificuldades. Dessa vez me mandaram vir atrás de uns bruxos, adolescentes, que andam pela cidade. Em especial uma garota aí de nome estranho... Melhor vocês dois ficarem de olho, esse grupo chegou a dar muito trabalho ao clã, uns tempos atrás. Mas é uma longa história, envolvendo um bruxo poderoso que não podia ser nomeado e blá, blá, blá... não vou encher vocês com toda essa chatice.

Os dois riram.

– Mas e vocês?

– Nada demais – Sam fez uma careta de indiferença – Alguns serviços aqui... Outros ali... Coisas pequenas. A última tinha a ver com uma vidente aí, que diz prever acontecimentos “mágicos” em certos lugares... mas sei não, nada do que ela disse se comprovou até agora.

– Vidente é? – perguntou Gordon parecendo interessado – Cecília Malfoy?

– É! – admirou-se Sam, sorrindo e olhando para Dean – Ela mesma! Conhece?

– Ah, bem... Tô atrás dela também... E vocês não viram nada de anormal durante as previsões?

– Não... – disse Dean – Por quê?

– Bem – e Gordon foi se levantando da cadeira – porque ela não costuma errar. Bom meninos, vou indo nessa. Se souberem de algo me avisem, e vice versa. Vamos manter contato e quem sabe tomar umas cervejas algum dia desses...?

– É isso aí! – riu Dean cumprimentando o amigo, mais uma vez.

– Bem, até mais! – acenou Gordon, se despedindo na porta e saindo. Os rapazes entraram sorridentes, felizes por encontrarem o amigo. Ficaram com sorrisos bobos nos rostos, absorvendo toda a conversa da manhã: missão... vidente... lugares... magia... adolescentes... menina... de nome estranho...

E foi como um baque em suas mentes quando ambos associaram tudo. Ergueram os olhos e se encararam estupefatos.

– Merda! – exclamaram e uníssono. Deram meia volta e saíram as pressas, correndo atrás de Gordon e chamando-o.

– Gordon! Gordon!

Este se virou surpreso.

– O que foi meninos?

– A gente vai com você! Talvez as nossas missões sejam as mesmas...

O homem concordou feliz por ter companhia. Entraram no carro de Dean e seguiram para o centro da cidade. A “casa” da mulher ficava num beco sem saída, numa avenida bastante movimentada. Os dois irmãos não puderam trocar nenhuma palavra sequer, nenhum comentário, nenhuma ideia. Simplesmente torciam para que ambos estivessem pensando a mesma coisa.

Seus temores se concretizaram quando Dean parou o carro na guia e os três olharam em direção ao beco, uns cem metros de distância, do outro lado da avenida: lá estavam eles, Hermione e Harry, encostados a parede de uma loja. Pareciam tensos, ambos. Hermione andava de um lado para outro e Harry estava com uma perna dobrada, apoiada no muro de concreto.

– Bem, vamos lá – disse Gordon tranquilamente, se preparando para sair do carro.

– NÃO! – gritaram Dean e Sam juntos. Gordon se espantou – É que, bem – Sam tentou consertar – É melhor aguardarmos um pouco, para não atrairmos seguidores...

Gordon pareceu concordar, apesar de relutante. Ele observava a avenida, desinteressado, enquanto os irmãos Winchester olhavam apreensivos para os adolescentes. Poucos minutos depois, mais três do grupo chegaram, cumprimentando-os. Abraçavam-se fortemente e longamente, como se estivessem num velório. Conversaram rapidamente e entraram no beco.

– Xii cara – comentou Dean – Entraram umas pessoas na loja da vidente... Vamos ter que esperar os clientes saírem...

– Tudo bem – respondeu o homem – Tô sem pressa – e se recostou no carro, passando as mãos por trás da cabeça. Os rapazes trocaram olhares significativos e apreensivos. Meia hora depois de muita conversa, música e cantadas de Gordon para as moças que passavam, o grupo saiu do beco.

Cumprimentaram-se mais uma vez e foram saindo, um a um, até sobrarem apenas Harry e Hermione novamente. Os dois se encararam e se abraçaram. Dean sentiu uma forte pontada de ciúme, acompanhada de uma raiva e uma louca vontade de socar alguém. Mas conteve-se.

– Ah, tão saindo! – exclamou Gordon apontando – Já saíram da loja.

Sam fechou os olhos e fez uma careta de preocupação. Havia torcido para que o homem não percebesse, mas fora em vão.

– Espere aí... – cochichou Gordon – Aqueles dois... Ei... São eles!!! Os bruxos! São eles que tenho que capturar! Dean! Sam! Rápido!

Os dois apressaram-se para entrar em ação, enquanto Gordon disparava atrás dos dois. Ao perceberem a movimentação, Harry e Hermione começaram a correr. O sujeito disparou atrás da dupla, empurrando pessoas e gritando. Os garotos corriam assustados, como se fossem coelhos fugindo de lobos, e os irmãos tentavam se aproximar de Gordon e pensar num jeito de distraí-lo.

Não foi necessário: Harry e Hermione entraram numa rua estreita e simplesmente desapareceram, fazendo o homem perde-los de vista.

– Droga! – exclamou irritado. Os Winchester chegaram em seguida, parando, cansados e ofegantes.

– Porcaria... Perdemos eles... – disse Dean fingindo estar decepcionado, o que passou despercebido por Gordon.

– Bom, pelo menos agora vocês sabem quem são. Vamos ficar no encalço desses dois! Irei pega-los, rapazes, acabarei com a vida desses moleques! Criaturas nojentas eles são!

– Não entendo porque tanto ódio por eles... – comentou Dean.

– Longa história meu caro – disse dando as costas – Vamos pra casa de vocês e explico tudo no caminho.

XxxxXxxxX

– Bem – começou Gordon, sentado no banco de trás do carro – Esses garotos fazem parte da comunidade bruxa deste mundo.

– Trouxas? – perguntou Dean confuso.

– Eh, é como eles chamam quem não é bruxo. As pessoas comuns.

– Ah...

– Bem, como eu ia dizendo... Antigamente eles conseguiam conviver entre nós e até frequentavam escolas gigantes onde aprendiam sobre magia e tudo relacionado. Mas depois que os seres sobrenaturais fugiram do controle e começaram a atacar os civis, as escolas foram abandonadas e a comunidade foi obrigada a viver em pequenas guildas, localizadas em lugares muito afastados.

– Entendo... – comentou Sam imaginando como seria viver escondido.

– Agora, surgiram novos rumores de que possa haver uma forma de reviver o tal bruxo das trevas e esses garotos estão metidos nessa história até o talo! Especialmente a garota que foi quem descobriu essa possibilidade.

– Espera aí! – gritou Sam – Você tá querendo dizer que ELES estão tentando reviver o tal vilão?

– Mas é claro, garoto! Que mais poderia ser?! E temos que acabar com essa brincadeira logo, antes que seja tarde demais, pois a humanidade não pode sofrer novamente com isso...

XxxxXxxxX

Os rapazes arrumaram um dos quartos para que Gordon pudesse se hospedar. Deixaram o amigo no quarto, se preparando para dormir e desceram para a cozinha, a fim de procurar um mísero tempo pra conversarem.

– Dean, cara – começou Sam cochichando e olhando para todos os lados – Acha que tudo que ele disse é verdade?

– Não Sam... Não pode ser. Hermione não tem cara nem jeito de ser alguém que pudesse fazer isso... Acredito que esteja havendo um mal entendido nisso tudo e os garotos estejam sendo perseguidos injustamente.

– Sei não Dean... Não podemos simplesmente escolher um lado e combater o outro. Temos que investigar isso direito antes de tomar partido.

– Sim, é o que farei amanhã. Vou procura-la e tentar entender tudo.

– Certo. Ah, e só por curiosidade: alguma vez, além daquele dia do lobisomem, você notou algo diferente vindo dela? Quero dizer, algo que pudesse indicar que ela realmente seja uma feiticeira?

Dean pensou por um tempo. Lembrou-se do clarão de raios e luzes no estacionamento e o corpo da criatura morta no chão logo em seguida, também se lembrou de ter visto o mesmo clarão quando viu Hermione a primeira vez. Mas foi recordar do dia do jogo, no estádio, quando os grifinórios ganharam o último ponto no mesmo instante em que a menina parecia aprontar algo. Mas não. Não podia contar nada disso a ninguém. Dean não sabia exatamente o porquê, apenas sentia que deveria guardar essas “informações” pra si mesmo.

– Fora esse dia não consigo me lembrar de mais nada. – encerrou.

– Bom, tudo bem – disse Sam, não acreditando muito no irmão – To indo dormir. Amanhã será um dia longo.

– Tá...

Sam se retirou e Dean permaneceu no cômodo, ainda pensando, tentando encontrar um meio de resolver ou simplesmente entender tudo. Virou uma garrafa de cerveja gelada e se dirigiu para a janela. O céu estava estrelado.

Ele pensou em Hermione. Pensou que ela deveria estar em sua casa, descansando. Mas a ideia dela sendo perseguida e torturada passou por sua cabeça, lhe causando revolta e calafrios. Afastou o pensamento negativo e concentrou-se em imaginar que ela deveria estar vendo aquele mesmo céu que ele conseguia enxergar... independente de onde ela estivesse. Pelo menos era o que ele desejava que fosse verdade.

XxxxxxXxxxxxX



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

xx