Ayesha Loveless escrita por Lua


Capítulo 22
Capítulo 19 Tudo é Consequência


Notas iniciais do capítulo

Então povo, nesse capítulo a Ayesha retoma a narração e fica com ela até o fim.
Fiquei chateada por ter recebido nenhum comentário? Fiquei. Mas prometi que postaria no dia seguinte e está aqui (eu sei que um dia é pouco, mas ainda to boladinha).
Se alguém ainda estiver aqui, aproveita a capítulo.



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Estava dentro de um quarto vazio completamente nua, acompanhada de mais três meninas  aparentemente da minha idade, todas sem um pano sobre o corpo. Uma delas, a mais bonita e  provavelmente a mais nova, chegou perto de mim, sentando-se ao meu lado. Eu estava em posição fetal, não acostumada com a nudez.

— Where are you from? - perguntou, num sotaque visível.

— Brasil. - sussurrei, mas alto o suficiente pra a menina ao meu lado ouvir.

— Que coincidência! E eu sou de Portugal! - a menina sorriu. - Que bom poder conversar depois de tanto tempo. - seu sotaque lusitano era um charme.

— Onde estou?

— A pergunta certa, minha cara, é o que você fez pra estar aqui. - sorriu de lado, de jeito malandro.

— Como assim? - perguntei.

— Eu estuprei meu próprio irmão casula. - ela começou a rir como uma doida. - E gostei. Tinha só 14 anos na época. Mas agora, a vida vai cobrar. Por isso estou aqui.

Tá, to começando a ter medo dela. Observei as outras meninas: uma mais moreninha,  de pele escura e cabelos caracolados, dormindo num canto do quarto; outra loira, sentada olhando pro teto, no canto oposto. A portuguesa percebeu que eu as observava.

— Francesa. - apontou pra moreninha. – Sul-africana. - apontou a loirinha. 

Okay, confesso que fiquei surpresa, até senti uma ironia feita sem querer.

— Agora me diz, qual foi o bordel que tu aprontaste para merecer esse castigo?

— Desculpa, não entendi. - eu estava realmente confusa.

— Fala qual foi a pior coisa que você já fez na vida.

Fechei os olhos e, por algum motivo que desconheço, comecei a contar tudo pra estupradora portuguesa, ambas sem roupa. Contei sobre o dia que minha mãe dirigia, eu sentada no banco de trás. Ela pedia pra eu colocar o cinto de novo, mas eu era muito desobediente e sai da cadeirinha. Queria ficar mais perto da minha mãe, então pulei do banco de trás pra frente, assustando Zuzana. Ela se desconcentrou da estrada e tentava me tirar dali, mas minha roupinha se prendera na marcha-ré. Depois foi tudo muito rápido, minha mente infantil não conseguia processar. Mas no final, não estávamos mais na estrada.

— O carro capotara e bateu num tronco ali perto, ficando de cabeça pra baixo. Minha mãe morreu na hora. Assim que os bombeiros chegaram e conseguiram me achar no meio de tudo isso, eu só tinha quebrado uma perna. Foi para todos os jornais da cidade. É impossível uma criança de 3 anos, naquelas condições, sobreviver. - completei. Fiz uma pausa. - Todos os familiares me culpam por sua morte.

A portuguesa tinha um sorriso no rosto que não conseguia decifrar.

— Vem cá, quantos anos você tem? - perguntei, tentando ignorar tudo que revelara a ela.

— 15. - ela fez com a cabeça para que eu também dissesse a minha idade.

— 16.

— Você não está sendo castigada. - ela disse, e antes que eu pudesse soltar um "what the fuck?", ela continuou. - Isso que você fez não é motivo pra isso. Você deve estar aqui por outra coisa. Talvez não como um castigo, mas por que é necessário para ser recompensada depois.

— Recompensada? - a verdade era que eu até entendia (ou achava que entendia) o que ela queria dizer, mas aquele papo era muito suspeito.

A portuguesa deitou-se ao meu lado, com as duas mãos sob a cabeça, olhos fechados.

— Tudo é consequência. - ela apontou para seu seio nu. - Quem fez o mal, recebe o mal. - apontou para mim. - Quem recebeu o mal injustamente, é recompensada depois. - voltou a posição inicial, com aquele sorriso que não compreendia no rosto. - Como se a vida pedisse desculpas.

Ficamos um tempo em silêncio. Uma brasileira, uma portuguesa, uma francesa e uma sul-africana, todas peladas no mesmo lugar, todas entre 15 e 17 anos.

— Onde estamos? Por que estamos sem roupa, por que cada uma vem de um país? - perguntei rápido demais, estava muito estranha a situação que me encontrava. Mas a portuguesa entendeu.

— Aqui é uma das salas "teens". Você deve ter reparado que nenhuma aqui é maior de 18. - ela mexeu a mão como se essa informação fosse óbvia. - Não sei da nudez e eles tentam não deixar duas pessoas de um mesmo país juntas, acho que para evitar conversas.

Ela não respondera tudo que eu queria, mas percebi que ela não estava disposta a dizer mais nada.

— Loveless? - uma voz grossa, máscula e assustadora repercutiu o salão vazio.

Virei o rosto para a fonte daquela voz, encontrando um rosto carrancudo num corpo de armário. Quando ele botou os olhos cinzas em mim, me pegara pelo braço e me arrastou para fora da sala, trancando-a logo em seguida.

Seguimos pelos corredores sujos e cheios de portas. Ele me arrastava pelo braço, que devia estar ficando roxo devido a força que ele fazia. Chegamos numa sala e ele abriu, revelando outro cara lá dentro sozinho. Ele era loiro, tinha um sorriso perverso.

Eles começaram a conversar em inglês. Não sou muito boa em inglês e nunca me importara em aprender (não sei se você lembram, mas chamei a minha professora de puta - em inglês), mas eu conseguira entender partes da conversa.

O que segurava meu braço disse algo sobre ser a mais recente, 16 anos e virgem. O loiro respondeu algo sobre dinheiro. O outro perguntou se "agradava". O loiro disse que o seio pequeno deveria caber inteiro na boca.

Tá, esse papo tava muito estranho.

O que me segurava pediu o dinheiro, estendendo a mão, me deixando fora de alcance do loiro. Com o dinheiro em mãos, fui lançada ao chão. Ouvi o baque de uma porta e o som de uma tranca.Levantei o olhar e o loiro sorria, tirando o cinto.

Ai, Jesus.

Ele subia em cima de mim, mãos me espalmando, tocando e apertando. Eu me contorcia tentando sair de baixo do peso de seu corpo, mas ele apenas parecia gostar da minha reluta. Prendendo minhas duas mãos ao lado do meu rosto, ele desceu a boca até o meu pescoço, não, mais abaixo... Senti uma lágrima correr enquanto ele mordia minha pele sensível. Virei o rosto pro lado contrario do seio que estava sendo violado, como se eu não visse, não acontecesse. Mas estava acontecendo. Então, no meio as lágrimas, observei uma cadeira quebrada a poucos metros dali.

Me contorcia para ficar mais perto da cadeira, ele não percebendo os centímetros que andávamos a cada vez que ele colocava a sua boca nojenta em uma nova posição, e sua mão mais dentro possível de mim. Quando minha mão finalmente encostou em uma parte solta de metal da cadeira, senti que ele tentava descer as calças sem sair em cima de mim. Num impulso, puxei o que quer que eu tenha pegado e bati com força nas costas do homem em cima de mim, que soltara um grito de dor, ficando logo depois paralisado. Repeti o movimento mais umas três vezes, por impulso.

Com dificuldade, sai de baixo dele. Ficando de pé, olhei para as costas dele que sangravam e para meu próprio corpo, babado e com sangue alheio. A parte da cadeira, identifiquei, era um dos pés de metal, uma parte afiada fincada no homem jogado a minha frente. Não sabia se ele estava vivo, mas não tinha coragem de chegar perto do homem para descobrir. Corri para a parte da sala mais longe possível do corpo, ficando em posição fetal.

Deus, o que acabara de acontecer?

Passou nem dois minutos, e a porta foi arrombada. Me encolhi mais ainda, escondendo o rosto nos joelhos, não vendo quem entrara pela porta.

— Ayesha?

Era a voz do Sun.


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Notas finais do capítulo

Aí está.
Eu quero muito postar o próximo capítulo sábado que vem. Confesso que se receber um só Oi, fico animada e posto no sábado. Mas também, se nada acontecer, acredito que ainda posto. Posso está desanimada por ninguém ter dado um sinal de vida, mas eu vou terminar essa fanfiction, nem que ninguém mais leia ela.

É uma promessa comigo mesma.