Ayesha Loveless escrita por Lua


Capítulo 15
Capítulo 14 Falling on the ground and in sorrow


Notas iniciais do capítulo

Olha esse, capítulo foi rápido, wiiii o/
Acho que minha escrita de Ayesha ta melhorando, to mais envolvida na história agora que abandonei a minha outra fic :)
Enfim, tão gostando da história?
Não consegui pensar num título melhor, então, vai ser isso mesmo.

À história....



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– Cuidado! - ele gritou e eu cai de cara no asfalto molhado.

– Isso já tá ficando ridículo! -bufei e me levantei.

– Como você consegue cair três vezes de cara no chão num mesmo dia? - pergunta Reddon descendo da maldita escada e rindo de mim.

Ficamos 3 horas em completo silêncio depois que a Sophie foi embora deixando para trás um rastro de ameaça e "Patricice", então, quando finalmente pude mostrar meu lindo dedo do meio pra uma Rosa cara-de-filhote-bastardo-de-um-elefante-com-macaco, sai correndo da escola, pois eu iria voltar de ônibus até em casa, que por ser muito longe, tinha poucos ônibus disponíveis, e já estava no horário do último passar no ponto ali perto. Mas a minha vovozinha pegou o primeiro coturno que achou para substituir meu Clóvis, por sinal um que ganhei no ultimo natal de uma amiga da minha avó, mas o maldito coturno era 35, muito folgado no meu pé de formiga 33/34, então era a primeira vez que o usava, e para estrear, tropecei no meu próprio pé desengonçado pelo coturno-giga e cai de fuça no chão.

– Parabéns, Loveless. - um Reddon sorridente me ajudou (contra a minha vontade) a me levantar. - Seu ônibus já chegou.

Aí baixou uma de Flash em mim e quando dei por mim, já estava dentro do ônibus.

– 3,20 por favor. - uma cobradora com cara de fuinha pediu com um tom "Me dê seu fígado para andar nessa lata-velha e seja feliz" enquanto sorria.

Procurei nos meus bolsos, na minha mochila, na minha meia e no meu sutiã. Nada.

– Eu pago. - e Reddon (Ele deu uma de Flash também?) entregou uma nota de dez para mulher.

Me sentei numa cadeira do ônibus completamente vazio. Essa era provavelmente a última rota do ônibus, ela iria até a rua "Da Cruz", como eu e minha avó denominamos, e voltaria. Infelizmente minha casa é tão no interior que a maldita rua Da Cruz ainda era longe lá de casa. Observava a chuva que começou a cair do nada, sem aviso prévio e então Reddon sentou no meu lado e eu o encarei.

– Sabia que quando eu paguei pra você, o correto era você me agradecer com um beijo? - disse um Reddon sorridente.

– Você não precisava pagar por mim.

– Quando eu vi que você já estava apelando para os seus pandas, percebi que precisava sim.

Bufei e comentei calmamente que tinha muitos lugares vagos, e que ele poderia sentar-se em muitos outros lugares, que não eram perto de mim e eu assim não vomitaria com seu cheiro repugnante de babaca-mor.

– Repugnante, não. É nesse feromônio que as minas piram. - metido, sim ou claro?
Revirando os olhos, me levanto e tento sair para poder me sentar em outro assento, porém um retardado de cabelos tingidamente vermelhos coloca seu pé gigante na minha frente e pela segunda vez no dia, dou um beijo no chão.

– Segunda vez, que lindo. - resmungo passando a mão em meu nariz provavelmente entortado depois de duas quedas seguidas.

Me levanto, e com o resto da minha dignidade me dirijo a uma cadeira a frente, porém o motorista da uma guinada cabulosa e, que surpresa!, me desequilibro e quase caio de cara no chão pela terceira vez.

– Que mania é essa de socializar seu nariz com o chão? - o Reddon pergunta, me abraçando desengonçadamente pelas costas, prevenindo uma outra queda minha.

– Ele tem muitos poucos amigos. - sorrio debochadamente, me soltando dele.

– Ei, casal! Esse é o último ponto, são obrigados a descer aqui. - avisa a cara de fuinha.

***

Olhei em volta, sentindo a chuva grudar meu rabo de cavalo torto no meu ouvido esquerdo, fazendo um esforço para não gritar que nem uma doida e sair por aí chutando cada lagartixa que atravessava a estrada.

– Aqui é mesmo bem deserto, né? - perguntou Reddon sentado no ponto de ônibus, protegido da chuva.

– E o que você está fazendo aqui, projeto de narcisista vermelho? - tentei esconder a raiva que crescia em mim da voz. - Pelo que eu saiba, sua casa é do outro lado da cidade.

– Primeiro: não sou narcisista, apenas sei que sou o centro do universo, apesar de nenhum outro ser vivo, só meu hamster, ter percebido ainda. Segundo: Alguém tinha que pagar para a desastrada aqui, né? - ele se levantou e foi até meu encontro, na borda da estrada cercada de mato - Terceiro: Fiz certo em vir, visto que você fica muito nervosa nessa rua. - ele arqueia a sobrancelha desenhada demais para um garoto.

– Sempre fico nessa rua sozinha. - cruzo os braços tentando disfarçar a tremedeira, que não era do frio da chuva.

– E você não tem medo de ficar nesse pedaço de selva? Vai que aparece algum serial killer por aqui? - pergunta ele, com um sorriso suspeito no rosto.

– Não se preocupe, se algum serial killer resolver aparecer nas redondezas, é bem mas fácil eu o ser.

Sento no chão molhado ignorando a cara de nojo do Reddon.

– Quer ligar para a sua avó de novo? - ele pergunta, conferindo seu relógio a prova d'água.

–Não. Provavelmente aquela velha deve está roncando em cima de alguma revista de homens de tanquinho. - reclamo, sem desviar o olhar.

"Não chora, não chora, não chora... Droga", senti uma lágrima descer apesar dos meus apelos mentais. Sorte minha que estava na chuva, logo o Reddon não perceberia nada.

– Que cruz é essa que você tanto olha? - ele pergunta a pior pergunta que ele podia fazer.

– Odeio esse lugar. - resmungo e deito no chão, me lembrando que foi nessa mesma estrada e nessa mesma posição que eu conversava com Sun, dois dias atrás. "Acho que aquela foi a primeira vez que fiquei tanto tempo na estrada Da Cruz e não olhei para ela, nem chorei. Diferente de agora." Fechei os olhos sentindo outra lagrima quente escorregar pela minha bochecha em meio a tantas gotas frias, que juntas caiam no chão.

– Isso eu percebi. -Reddon me deu a mão e me puxou para que eu pudesse ficar de pé.- Vem, te levo para casa.

Foi uma caminhada demorada e gelada, apesar de estarmos abraçados esse tempo todo. O silêncio era perturbador, pois tinha medo que assim ele pudesse ouvir meus pensamentos confusos. Quando chegamos na porta de casa, convidei-o para entrar, senão ele poderia se resfriar. Ele nem pensou uma única vez e já foi entrando.

Encontramos meu pai furioso gritando com alguém no celular.

– Problemas na empresa, provavelmente. - expliquei enquanto subia as escadas até o sótão.

– Seu pai não liga de você trazer um garoto, em pleno dia letivo, quase 9 horas da noite, pro seu quarto? - um Reddon desconfiado sentava na minha cama.

– Ele não é lá um bom pai. - dou de ombros. - Mas pelo jeito um ótimo empresário. - jogo uma toalha para ele junto de uma camiseta minha do Arctic Monkeys.

– Uma blusa sua caberia em mim?

– Comprei na ala masculina. - dou de ombros novamente.

Sento-me na ponta da escrivaninha, solto meu cabelo e seco ele devagar com uma toalha, o quarto completamente em silêncio.

– Você fica linda de cabelo solto. - comenta Reddon, paralisado na mesma posição em minha cama, só que vestindo uma camiseta que ficara justa nos braços e uma toalha no pescoço.

– Odeio ficar de cabelo solto. - comento, olhando para meu rosto com varias mechas de cabelo castanho liso caindo como uma cachoeira ao redor dele no espelho.

– Não vejo motivos.

– Ah, você sabe. Motivos depreciativos. - comento, procurando uma blusa seca para mim na minha gaveta.

– Que nem aquela cruz da estrada.

Suspiro.

– Aquela cruz... é a marcação de onde morreu minha mãe.

***

– WAA! - Reddon, assustado grita (no meu ouvido) após o susto de ser acordado pelo som alto de meu despertador que tocava Attack, do SOAD.

– Poxa, tenta não me deixar surda. - sussurrei, desligando meu celular. - Era só o despertador. - Tento me levantar da cama, mas os braços de Reddon, ainda me envolvendo, me proíbem.

– Sabia que é a primeira vez que durmo com uma garota numa mesma cama e não fizemos coisas pervertidas? - Reddon comenta, finalmente me soltando.

– Na verdade, eu, você e seu primo já dormimos nessa mesma cama, há mais ou menos 8 anos. - disse me dirigindo para o banheiro.

– Ah, mas naquela época não tinha a mente... como agora. - um sorriso malicioso brincava nos seus lábios.

Tomei um banho e sai já vestida. Descemos as escadas eu e Reddon e fomos até a casa da minha avó.

– E aquela outra casa ali? - pergunta apontando para a menorzinha.

– Sem moradores. Lá onde escondo meus tesouros. - falei. Depois gritei para a porta a minha frente, enquanto batia o ante-braço nesta. - Vamos vó! Temos companhia e hoje quero pizza de café-da-manhã.

– Pizza? - questiona Reddon ao meu lado.

– Pizza? - uma velha de cabelos vermelhos, vestindo uma de suas botas pretas de bico fino, abre a porta com uma interrogação desenhada na testa. Literalmente. - Mas semana passada foi pizza.

–Aquela foi de presunto. Hoje quero de marguerita. - respondi. Passei a mão na língua e esfreguei-a na testa de minha avó, tirando a interrogação ali desenhada. - Pra que a interrogação?

– Ah, você sabe. Estava estudando um dos meus torturados. - ela abre passagem e entro com um Reddon confuso atrás.

– O que te "fascina", "conquista" e sei lá mais o que? - me jogo no sofá cheio de folhas e livros psicológicos. - Nossa, é tão sério assim? - comento pegando um livro grosso embaixo da minha bunda. - Então por que não levar ele para um psicólogo de verdade, em vez de uma orientadora de escola?

– Essa é a companhia? - minha avó ignora minha pergunta e observa o ser paralisado na entrada. - Reddon Jhonson, por acaso está assustado ao descobrir como é o nosso dia-a-dia aqui em casa?

– Confesso que é bem diferente, senhora. - ele responde meio desconcertado.

– O que? Existe um mundo triste que não se come pizza no café-da-manhã?

Depois do meu grito após descobrir o mundo cruel em que vivemos, passamos numa pizzaria, que por algum motivo não se encontra fechada ás 6 da matina e seguimos o caminho até a escola.

– Ayesha, sua gulosa filha de um cavalo, eu queria mais um pedaço. E o Reddon só comeu dois também. - minha avó aproveitou o sinal fechado e muxoxou ao meu lado.

– Eu já estou cheio, senhora. Pizza é meio forte para se comer de manhã. - responde Reddon do banco traseiro.

– Viu? Se contente em comer dois pedaços hoje e eu me contento em comer só quatro. - reclamo jogando a caixa vazia na minha mão para trás, caindo na cara de Reddon.

Minha avó estaciona o carro e quando estamos todos descendo dele, minha barriga ronca.

– Meu Deus, quatro pedaços de pizza em plena manhã já não é suficiente pra você? - Reddon pergunta estupefato, enquanto nós dois nos dirigíamos até nossa sala.

– Não. - respondi simplesmente e me sentei numa cadeira ao fundo. Reddon se sentou numa na frente e a sala ficou silenciosa. Éramos os primeiros a chegar.

Quando as pessoas foram chegando, claro que estranharam o fato de Reddon ter chegado antes do Sun, mas ninguém nunca suspeitaria que ele voltara com a orientadora da escola e sua neta, que continuava com o estômago clamando por pizza, a qual dormira numa mesma cama que ele.

A aula passou rapidamente, passei o recreio com Danry e Reddon e, sim, ele contou tudo para ela durante a aula. E ela aceitou numa boa, o que me assusta um pouco. Depois eu e a minha avó formos almoçar numa casa japonesa ali perto. Tudo muito normal e rápido. Saudades de dias assim. (Tirando a parte de acordar com Reddon na minha cama, lógico).

Mas em compensação a manhã calma, tive uma tarde mais agitada.

– Nessas férias de julho viajarei a trabalho para Itália. - avisa meu pai.

– Tudo bem, eu gosto de massas. - disse procurando uma banana na cesta no centro da mesa.

– Não. Filha, dessa vez eu vou sozinho. - meu pai avisa com um tom autoritário na voz.

– Na viajem a China... Você fez muita arruaça.

Achei a banana e quando percebi que pela primeira vez teria férias sem viajar, derrubo a banana na mesa. Eu estava surpresa. Não foi uma arruaça! Apenas não aprovo regimes autoritários e escravistas. E eu também não aprovo censura, logo falo tudo o que vier a mente.

– Nem deu problema pra você. Você disse pros xingue-lingues que eu nem era conhecida sua. - sim, ele fingiu que não me conhecia. Igual na França, quando arranquei um osso das paredes das catacumbas e derrubei muitos outros. - É só fingir que sou uma doente mental desconhecida e que você me dará apoio, aumentando seu status na Itália, caso eu faça alguma outra coisa.

– Os outros podem não saber, mas a sede da empresa aqui e lá na Inglaterra sabem que você é a minha filha. - coitado, não poderá fingir pra sempre que não tem uma filha problemática.

– Tá, tanto faz. Vou ver se posso ir para República Tcheca com minha avó e...

– Você sabe que é melhor não. - cortou meu pai. Assenti, e agora que o assunto "filha" acabou, ele volta a trabalhar.

Nunca poderei ir para República Tcheca. Não com a minha avó. Não com a família de minha mãe lá.


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Notas finais do capítulo

Chega de Reddon, né? Vamos buscar outros personagens para acompanhar Ayesha na proxima, hã, "aventura" dela? Hehehe *ideias fervilhando em minha mente*

Até!