Agora eu e o Markin estávamos mais próximos. Minha mãe havia combinado que iríamos para a casa de praia dela, em Miami, na verdade ficava afastada do centro. Era um lugar deserto que ela e meu pai escolheram pra ficar em paz quando estavam com muitos problemas ou queriam ficar sozinhos. Depois que eu nasci só fui lá algumas vezes e depois ninguém mais foi lá. Agora íamos todos, eu, a Taylor, o Markin e minha irmã. Só faltava o papai lá, mas tinha certeza que onde ele estivesse estaria olhando por nós.

-Filha vai logo, vamos chegar tarde!

Havíamos saído cedo pra caramba, umas 6:00 e minha mãe lá enchendo meu saco, dizendo que iríamos chegar tarde. Eu estava com um biquíni vermelho na parte de baixo e branco com florzinhas coloridas na parte de cima e usava uma saída de praia branca por cima do biquíni. Estava com uns óculos de sol e um rabo de cavalo alto. Eu, exagerada como sempre, levava duas malas. Já estávamos no meio do caminho quando eu comecei a reclamar.

-Pensando melhor mãe, lá não vai ter nada pra fazer!
-Claro que vai. Lá tem um vídeo game, tem uma praia inteirinha pra vocês, uma cozinha inteira pra fazer bagunça e tudo mais.
-Eu não vou fazer nada sozinha.
-Faça com sua irmã.
-Ela vai ficar brincando com a Barbie dela, eu sabia que não deveria ter vindo.
-Sim, ainda temos o Markin!
-I daí, Le não vai querer ficar comigo.

Ele não disse nada a respeito do que eu falei e logo depois nós chegamos em casa. Minha irmã e minha mãe desceram do carro e quando eu estava prestes a descer, o Markin, ainda dentro do carro, segurou o meu braço e disse:

-Eu realmente quero ficar perto de você. É tudo que eu mais quero agora!

Eu o contemplei em silêncio, escutando suas palavras, mas incerta porém, se ele queria dizer aquilo mesmo, ou era só pra me impressionar. Meus dedos tocaram suavemente a sua bochecha, acariciando-as. Eu dei um beijinho na bochecha dele puxei-o para um abraço confortável. Ainda era cedo para dizer que eu gostava dele, mas talvez isso viesse com o tempo. Nós saímos do carro juntos e entramos em casa.

-Filha, vou dar uma saidinha com a Taylor pra ela conhecer as redondezas. Quer ir?
-Não, obrigada.
-Quer ir Markin?!
-Não, prefiro ficar aqui, depois eu saio.
-Ok, se cuidem!

Minha mãe saiu e estávamos completamente só. Eu e o Markin. Ai que desagradável, eu ficava meio que com vergonha quando tava perto dele e eu acho que ele ficava assim também, não sei. Fui até a cozinha e peguei algumas coisas pra fazer um bolo de chocolate e ele me surpreendeu, chegando de fininho.

-Então quer dizer que você sabe fazer bolo?
-Claro que sim. Todo mundo gosta!
-Nem todo mundo. Eu ainda não provei.
-Então você será o primeiro a provar, hoje.
-Que bom.

Peguei a farinha de trigo, os ovos, o chocolate em pó, o fermento, tudinho e estava fazendo o bolo, quando inesperadamente o Markin falou uma besteira.

-Sabia que você ficaria linda de cabelo branco?
-Surtou, garoto?
-Olha só!

Ele abriu o pacote de farinha de trigo e derramou mais da metade na minha abeca, me deixando totalmente coberta por uma camada de pó branco.

-Ah, é assim?! Toma isso.

Joguei dois ovos nele, um em sua blusa e o outro em sua cabeça. Foi uma verdadeira guerra de comida. Ovos, Nescau, fermento, farinha de trigo, estávamos imundos e rindo muito. Eu corria pela cozinha e ele corria atrás de mim. Subia as escadas, tropeçando em meus próprios pés e fui para o meu quarto. Ia empurrar a porta quando o Markin colocou o braço, segurando-a. Ele entrou com um punhado de açúcar na mão e eu pulei em cima da cama.

-Não Markin, para com isso!
-Você me paga...

Ele me derrubou em cima da cama e caiu em cima de mim e começou a jogar o açúcar no meu cabelo. De repente a gente parou de sorrir e eu me dei conta de que estava deitada na cama, com o Markin em cima de mim. Foi impensável, nossos rostos se aproximaram e eu fechei os olhos quando nossos lábios se tocaram. Os dele eram macios e seu beijo era delicado, o tipo de beijo que quanto mais você beija, mas quer beijar. Era incrível. Rinha um gosto levemente adocicado mesmo nossos rostos estando todo sujo. Naquele momento tudo que passou na minha cabeça foi “Markin você não sabe o quanto eu te desejo”. Eu realmente queria gritar aquilo, mas não tinha certeza. Envolvi-o em meus braços e colei os nossos corpos, fechando todo o espaço que restava entre nós. Inesperadamente tudo aquilo se foi, porque ele se afastou e sorriu. Eu retribui o mesmo sorriso, aparentemente “inocente”.

-Acabou com os ingredientes do bolo.
-Tenho certeza que isso aqui foi melhor do que o bolo de chocolate.
-Você nem provou o bolo.
-Ah, pelo amor de Deus, não vai me dizer que não gostou.
-Claro que não.
-Não é isso que você demonstra.
-Ah ta bom, vai. Gostei, mas foi só um beijo.
-Não, foi o primeiro beijo de muitos outros!

Ele se levantou e eu fiquei deitada na cama.

-Ei, vou tomar um banho antes que sua mãe chegue.
-Eu vou ter que arrumar a bagunça lá em baixo e vou mudar o coberto daqui.

Ele saiu e eu me levantei, dois segundos depois, ele abriu a porta novamente, chegou perto de mim e me deu um selinho rápido.

-Agora eu vou tomar banho.

Ele saiu com um sorriso no rosto e me deixou lá parada, com um sorriso bobo. Eu nem acreditava que aquilo tinha acontecido, era capaz de alguém me beliscar e eu nem sentir. Mas aí eu “despertei do transe” e fui arrumar as coisas. Tomei banho e imediatamente minha mãe chegou com a Taylor. Nós ficamos conversando e então minha mãe colocou as coisas do jantar na mesa pra gente comer.

-Ué Leslie, cadê o bolo?!
-É bem... Aconteceu um imprevisto.

Passei pelo Markin e me sentei ao lado dele, quando ninguém percebeu, ele me puxou mais para perto e sussurrou em meu ouvido.

-O melhor imprevisto de todos, acredite!

Apertei a mão dele debaixo da mesa e sorri. Depois todos nós começamos a comer normalmente.