No dia seguinte, pela manhã, Felipe chega a minha casa desesperado, bate na porta, toca a buzina do carro. Como meus pais não estão em casa prefiro não atender para não nos por em perigo:

  -MIRELAA. – grita ele em tom de suplica. – Eu preciso conversar com você! Abra a porta para mim! É sobre o seu namorado. –Namorado? – MIRELA, EU TE AMO. – Será que ele não entende que eu também estou sofrendo?

       Desço as escadas e abro a porta, seus olhos estão marejados e ele está com olheiras:

  -Oi – Digo segurando o choro.

  -Oi.

  -O que faz aqui?

  -Vim conversar com você.

  -Felipe, não tem volta.

  -Eu imagino, mas eu quero esclarecer umas coisas antes de você me expulsar.

  -Entre. – Ele entrou e se sentou no sofá. Eu me sentei ao seu lado e fitei o chão.

  -Por que você terminou comigo?

  -Eu não te amo mais. – Ele sorriu debochado.

  -Não me ama mais? – Aqueles lindos olhos enfim encontraram os meus. – E o que te levou a essa conclusão? – Ele disse calmamente.

  -Felipe, - Uma lágrima escorreu sobre as minhas bochechas. – Eu só quero o seu bem.

  -E o David? – O rosto dele se fechou.

  -O que tem ele?

  -Eu vi vocês se beijando ontem, estão namorando?

  -Não. Eu não te trocaria assim.

  -Então ainda me ama?

  -Não torne as coisas mais complicadas do que já são.

  -Qual é a complicação? Eu juro que não entendo.

  -Eu só te quero a salvo, só isso.

  - A salvo do que? De quem?

 -Você não me conhece! Pessoas perigosas querem o meu mal e querem conseguir esse mal por você.

  -Por mim?

  -Querem me atingir pelas pessoas que eu amo.

  -E você ama o David?

  -Sim, mas é um amor diferente do seu.

  -Melhor ou pior?

  -Essa é uma pergunta que eu não sei responder ainda. – Ele abaixou a cabeça.

  -Não importa se vão me fazer mal, Eu quero estar com você.

       Neste momento meu celular toca... Xmor:

“Se ele não sair da sua casa agora, você vai sofrer as consequências”

  -Felipe, você jura que nunca vai me abandonar?

  -Nunca! – Pulo em seus braços e o beijo com fervor.

       É nesse segundo que ouço um barulho vindo da cozinha. Me separo de Felipe e vou até a cozinha. Sinto alguém me puxar e colocar algo em meu pescoço. Ele sussurra no meu ouvido: “Fala para ele ir embora ou os dois morrem.” :

  -Felipe, -Minha voz sai tremula- vá embora!-Percebo que ele levantou do sofá rapidamente e correu até a cozinha.

  -O que está aconte... Pedro, solta ela!

  -Ou o que? Você vai me matar? – Responde Pedro sarcasticamente. Apontando para alguém que sai das sombras e segura Felipe com facilidade.

      Me debato tentando sair do braço de Pedro, mas ele pressiona ainda mais a faca em minha garganta.

  -Não faça isso... Você quer que os seus dois queridinhos vão para o hospital?

  -Dois? Do que você está falando?

  -Mais cedo o David sofreu um acidente, tadinho, ele foi atropelado!

  -Como pôde? Seu assunto sempre foi comigo, nunca com eles.

  -Quando eles decidiram ficar próximos de você apesar das ameaças que você recebia virou deles também.

   -Esse assunto já estava encerrado! Por que voltar nele agora?

  -Porque você mexeu com a minha família! – disse Pedro num tom sombrio.

  -Como assim? Me solte, quero olhar nos seus olhos. Juro que não vou fugir. – Pedro me soltou e me virei de frente para ele.

  -Me diga tudo o que aconteceu naquela noite!

  -Com Felipe aqui não.

  -Nossa, como você é mimada! Nico, leve-o daqui.

  -Mirela, o que você quer esconder de mim? – Disse Felipe enquanto era arrastado por Nico para longe.

Flashback on

   Já era tarde da noite quando escuto um barulho na minha janela. Naquela época eu morava em uma casa de três andares e meu quarto era no terceiro. Abri a janela e o avistei, lindo como sempre lá embaixo. Desci as escadas voando e fui de encontro ao meu amado tomando cuidado para não fazer barulho. Saí de casa e pulei em seus braços:

  -Nico, meu amor, o que faz aqui?

  -Vim te buscar.

  -Me buscar?

  -Vamos a uma festa!

       Fui até a garagem, peguei um dos vestidos que eu mantinha escondido, me troquei e segui Nico até sua moto. Em alguns minutos nós estávamos lá. Assim que descemos da moto uma garota se aproximou de Nico e começou a sussurrar em seu ouvido. Eu fiquei com muita raiva. Segundos depois ela não sussurrava, mas beijava seu pescoço:

  -Querida, por que não sai de perto do meu namorado? – Disse dando ênfase no “meu”.

       Ela bufou e se retirou. Ele virou pra mim:

  -Vai dar crise de ciúmes agora?

  -A infeliz estava quase te beijando!

  -E se beijasse? Você sabe que odeio garota ciumenta.

  -Você está namorando com quem?

  -Com você. – Ele me deu um tapa no rosto. – Você é a fixa.

  -Ahh, tchau... - Disse indo em direção a festa. – Vou entrar no seu joguinho!

  -Você não vai a lugar algum sem mim! – Disse segurando meu braço.

  -Desculpe meu amor, eu sei que sou ciumenta e não sirvo pra namorar  você. É que eu te amo e não quero te perder. – Disse mexendo em sua nuca o que o enlouquecia.

  -Certo, você sabe que eu nunca te trairia... Sou louco por você. – Ele me puxou e me beijou ferozmente.

       Entramos na festa e dançamos um pouco... Ele me trouxe diversas bebidas e fui ficando mole com o tempo. Ele desapareceu e fui procurá-lo. Quando cheguei ao jardim ele estava beijando a garota que se aproximou dele quando chegamos. Voltei a festa e percebi alguém se aproximar. Era alguém que eu não conhecia.

  -Oi.

  -Oi.

  -Meu nome é Nate.

  -Mirela.

       Conversamos por um tempo e nos afastamos da multidão. Ele me beijou e eu correspondi. Ficamos juntos por um tempo até que Nico surgiu embreagado e começou a espancar Nate. Nico era bem mais forte e nocauteou o coitado em alguns segundos.

       Depois disso eu só lembro da garota, que se chamava Raquel, de uma faca, o Nico me batendo e o hospital.

       Na manha seguinte a noticia da morte dela estava nos jornais.

Flashback off

   -Eu a matei, eu matei Raquel por Nico! Como pude ficar tão cega de amor?

   -Diriamos que esse tal de Nate te drogou, por isso não lembra de muita coisa depois que se afastou dele e por isso atos sem motivo. Mas sim, você a matou. E ninguém foi mais culpado que você pelo meu sofrimento.

  -O que você tinha a ver com a Raquel?

  -Ela era minha irmã.

  -Pedro, mas se eu estava drogada, como diz, por que quer me fazer sofrer?

  -Porque você a matou, não está claro? E pelo que Nico disse o garoto te dava uma injeção enquanto te beijava, você já estava parcialmente bêbada de qualquer forma. Ele está preso!Mas você tem que sofrer da mesma forma que a minha irmã. 

  -Você vai me matar?

  -Nossa, como você conclui as coisas rápido.

  -SOCORRO! –Gritei com a maios força que pude.

  -Foi nesse momento que ele tirou uma arma e apontou para minha cabeça.

Continua...