Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 36
Capítulo XXXVI




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Stéffanie só parou de correr quando a trilha pela floresta finalmente chegou ao fim. Ofegante, ela sentia o lado das suas costelas protestar, e seu coração batia tão acelerado que era como se ela tivesse corrido uma maratona inteira. Só ao parar para recuperar o fôlego, ela percebeu que ainda tinha a mão de Nagihiko bem segura na sua, e soltou-o como se ele fosse aquele que tivesse a agarrado e arrastado trilha afora sem prestar atenção no caminho.

— E agora?? Você deixou a lanterna cair, eu não faço ideia de onde estamos… e nem de onde está você… - ele franziu os olhos, tentando enxergar no meio da escuridão o vulto de Stéffanie – Fale alguma coisa para eu saber onde você está… - pediu, olhando para o escuro a esmo, e tateando com as mãos estendidas.

Hey, dónde pensas que estás tocando? – ela protestou, com voz aguda, dando um tapa sonoro na mão de Nagihiko e recuando um passo. Foi o suficiente para ele encontra-la, e voltou a segurá-la pelo pulso – Solte minha mão! – ela tentou se desvencilhar.

— Não. Se você se perdesse, sem uma lanterna, eu não ia conseguir achá-la – Ele segurou o pulso dela com mais força, prendendo-a como uma algema – Então, não saia do meu lado. E continue gritando, se quiser, apenas como garantia, assim eu saberei que está aqui…

— Estúpido – ela bufou, virando o rosto. Era bom que Nagihiko não pudesse enxergá-la direito, pois ela não queria que ele visse o quanto seu rosto tinha ficado corado… e nem aquele sorriso idiota que teimou em aparecer no seu rosto quando ela ouviu aquelas palavras ditas por ele. Então, disfarçando tudo isso, ela resolveu assumir a liderança - Mira, yo creo que hay algo ahí delante...

— Ah, sim… - Nagihiko se adiantou, e os dois começaram a andar – Parece uma casa… acho que tem luzes ali…

E-esta no es la casa que Shunsuke dijo que estaba assombrada? – a voz da espanhola estremeceu, e ela deslizou a mão até segurar com força a de Nagihiko, colocando-se um passo atrás dele. - Quiero decir, no es que yo creo en fantasmas y esas cosas, pero...

— Apenas fique perto de mim… vamos checar… - Nagihiko sussurrou e lentamente eles se aproximaram da construção, que não podia ser distinguida no escuro, mas parecia ser antiga e tinha no mínimo dois andares. A sombra que cortava o céu logo acima indicava que provavelmente era uma casa no estilo tradicional japonês, talvez um templo, ou algo assim. Nagihiko escalou a varanda de madeira, que estalava quando ele se mexia, e ajudou Stéffanie a subir também. Ela não soltou sua mão em nenhum momento.

Y-yo ouvi vozes! – Stéffanie alarmou-se, sussurrando enquanto escondia o rosto nas costas de Nagihiko – Vamos sair logo de aquí!

— Eu não ouvi nada. Vamos continuar, afinal, essa é a casa onde nós supostamente deveríamos chegar, então… moshikashite… nós tenhamos ganhado o Teste de coragem! Você não quer ir a um encontro comigo?

O q-qué? – Stéffanie se afastou como um raio, mantendo apenas a mão ainda segura na de Nagihiko – Do que estás hablando, insolente?

Assim que Nagihiko abriu a boca para responder, ele ouviu também os ruídos, que ficavam mais altos. Pareciam passos apressados, e algumas vozes sussurradas, mas, de repente, um barulho mais alto se sobressaiu, como se fosse algo caindo.

— Você está bem, Lewis-san? – uma voz assustada cortou o escuro, e ao reconhecê-la, tanto Nagihiko quanto Stéffanie respiraram aliviados. – Eu disse para não sair correndo sozinha…

B-but… E-eu ouvi voices… acho que é o morcego de antes… - Anna soou preocupada, mas logo soltou uma exclamação – Maybe he has become a vampire! Ah! A Vampire like Zero and Kaname in Vampire Knight, I want to see him! Heeeyy, Mr. Vampire!!! Apareça…!

No tiene ningún vampiro aquí, niña! Somos nosotros! – Stéffanie protestou, irritada.

— Hotori-kun, Lewis-san… são vocês? Está tudo bem? – Nagihiko se apressou em perguntar. Conseguiu ver as sombras que se aproximavam, e seus olhos se ofuscaram diante da luz da lanterna...

Oh, are you guys… so… so there's no vampires here ...? – Anna arriscou mais uma vez, mas ao sentir o olhar penetrante de Stéffanie repreendendo-a, parou de falar no mesmo instante. Tadase vasculhava com a lanterna a casa, tentando entender como era o lugar, até que a luz iluminou Nagihiko e Stéffanie, deixando bem evidente que eles ainda estavam com as mãos dadas. A espanhola soltou-o mais do que imediatamente, cruzando os braços para garantir que não voltaria a acontecer.

— Então… Vocês chegaram aqui antes de nós? – Nagihiko indagou para Tadase, tentando disfarçar o momento constrangedor.

— Mais ou menos… acho que chegamos ao mesmo tempo, já que nós viemos pelo outro caminho… Nós vimos luzes desse lado, então deve haver mais alguém com lanternas por aqui… - Tadase continuou a verificar.

— Kyaaaaaa~ the vampires!!! – Anna gritou de repente, segurando o garoto pelo braço e deixando cair a lanterna. Stéffanie gritou em conjunto com ela, sem nem saber do que estava falando, escondendo-se atrás de Nagihiko em um pulo.

Duas sombras se assomavam pelo lado oposto, emergindo da escuridão na direção do grupo. Stéffanie e Anna gritaram com mais vontade, a segunda um pouco mais empolgada com a perspectiva de conhecer criaturas misteriosas, mas logo que Tadase recuperou a sua lanterna, as duas perderam o motivo para gritar. Isso por que quem se aproximava era Shunsuke e Miguel.

— Que escandalosas essas raparigas… podiam gritar mais baixo… eu estou com dor de cabeça… - Miguel reclamou, suspirando. Não parecia muito animado, nem mesmo nervoso com o fato de ter atravessado a floresta à noite na companhia de outro garoto. Era mais como se ele estivesse… desmotivado. Ou, sem energias…

— Nós íamos procurar pelos outros, mas eu achei melhor esperar aqui… o Miguel-kun parece estar precisando de descanso… - Shunsuke explicou, parecendo preocupado.

— Hey, vocês já estão aqui? Que sem graça… - Utau apareceu pela estradinha por onde Stéffanie e Nagihiko haviam vindo. – Nosso plano era chegar aqui antes, e assustar vocês…

— Alguém me ajuda a subir… - Rima, inutilmente, se debatia na varanda, com suas pernas curtas demais para escalar. Shunsuke a ajudou, colocando-a no chão como um saco de batata, com aquele vestido branco.

— Vocês acham que nós devíamos agora… sabe, procurar a entrada da casa? – Nagihiko indicou a casa, não muito seguro de como proceder.

Absolutamente no! – Stéffanie foi a primeira a se pronunciar – Y no, Anna, no hay vampiros allí! Ni los elfos, ni duentes, o hadas, o cualquier cosa! Ni siquiera los fantasmas, es lo que digo. Apenas vamos regressar al hotel y acabar logo con esto! – ela bradava, nervosamente.

— O que foi? Está com medo, Onee-chan? – uma voz sussurrou no ouvido de Stéffanie. Ela gritou alto, atirando-se logo depois no pescoço de Nagihiko enquanto resmungava coisas em espanhol. Yaya, que fora quem a chamara, riu do resultado das suas ações, satisfeita.

— Nós chegamos aqui faz um tempinho – Kukai contou, enquanto Stéffanie se desvencilhava de Nagihiko, dizendo para ele não ficar agarrando-se nela tão de repente. – Mas a Yaya insistiu em ficar espiando, para ver o que ia acontecer com vocês.

— Falta só o grupo do Ikuto…

— Não falta mais, olha lá! – Nagihiko apontou para o trio, que vinha pela estrada. Ikuto vinha na frente, com a lanterna, e Amu o segurava pela barra da camisa, enquanto Kairi vinha mais atrás, com um semblante indecifrável como sempre.

Assim que eles chegaram, com todos reunidos, eles começaram a deliberar sobre o que deviam fazer. Stéffanie ainda mantinha a opinião de que era hora de voltar para casa, e Amu e Kairi concordavam com ela. Shunsuke disse que poderia levar Miguel para o hotel antes, já que ele estava tão cansado. Anna queria ir ver as fadas na floresta. Nagihiko, Kukai e Utau queriam entrar na casa de qualquer jeito, Ikuto sugeriu ir tomar um banho de mar durante a noite, Rima queria comer alguma coisa e Yaya concordava com qualquer um, desde que fizessem alguma coisa animada. Tadase acabou decidindo pela maioria… de forma que acabaram mesmo tendo que ir todos explorar a casa abandonada.

A porta de madeira já era velha, e só foi preciso arrastá-la um pouco, para que abrisse. Ikuto entrou primeiro, com a lanterna, e sua primeira descoberta acabou com todos os planos de exploração. Um interruptor, que ainda funcionava, e imediatamente, toda a casa estava iluminada. Yaya soltou um muxoxo de decepção, afinal, seus planos no escuro estavam acabados.

O cômodo onde entraram não tinha muita coisa. Os tatames cobriam toda a extensão, havia alguns pergaminhos com pinturas antigas nas paredes, algumas caídas, outras meio puídas pelo tempo, e mais um pequeno altar, de madeira escura. Os outros móveis, como sofás e estantes, pareciam mais contemporâneos, e estavam cobertos por lençóis, indicando que a casa já estava abandonada por bastante tempo.

Yaya entrou na frente, seguida por alguns outros, começando a mexer em tudo o que pudesse, com sua curiosidade sobrepujando o bom senso de não revirar casas abandonadas à noite. Estavam todos tão atentos ao local, olhando para todos os lados com interesse, que não perceberam quando Miguel começou a ficar estranho. Ele sentiu sua visão embaçar, e de repente, caiu de joelhos no chão.

— Ei, Miguel, você está bem? – Shunsuke, que estava mais perto, foi o primeiro a ampará-lo, ajudando-o a se erguer novamente.

— E-eu não sei… eu só… - Miguel sentiu seu corpo pesar, e só não havia ido para o chão de novo por que Shunsuke o segurava firmemente. Apoiou-se nos braços de Shunsuke, com os olhos semicerrados e perdidos. Não conseguia raciocinar, nem encontrar a sua voz.

Repentinamente, algo se mexeu em seu bolso. O ovo negro, que Miguel carregava consigo todo o tempo escapou antes que qualquer um reparasse, já que estavam todos com a atenção fixa em Miguel agora. E, no exato momento em que se viu livre, uma onda de energia negativa cercou todos os guardiões. Por um breve, muito breve segundo, eles pararam da maneira exata em que se encontravam, estáticos.

 E então, ocorreu tudo ao mesmo tempo, como uma explosão.

— Uaaau, Naaagi! Eu não tinha reparado na roupa suuuper na moda que você está usaaando! – Miguel soltou um grito estridente, sobressaltando Shunsuke. Saiu de seus braços, saltitando até Nagihiko, ao mesmo tempo em que ele materializava fones de ouvido, e sorria de uma maneira convencida. Stéffanie, ao seu lado, puxou um bloco de anotações, e começou a escrever como se sua vida dependesse disso, recitando as frases em voz alta para ouvir como soavam.

Do outro lado, Yaya começou a chorar estridentemente, e Utau tentou cantar uma música, para acalmá-la. Kukai fazia embaixadinhas com uma bola também retirada do nada, e Kairi analisava os pergaminhos das paredes com interesse. Rima ria com vontade, fazendo o bala-balance na frente de Yaya para fazê-la parar de chorar.

— Todos vocês, plebeus!! – Tadase subiu em cima de uma mesa de centro, berrando mais alto que toda a bagunça do choro de Yaya, dos gritos de Miguel, da risada de Rima, e da cantoria de Utau – Parem de tagarelar e curvem-se diante de mim, seu único e amado Rei!

Woow, amazing! – Anna soltou uma exclamação entusiasmada, com os olhos brilhando, e começou a captar todas as poses majestosas de Tadase para desenhá-las. Rima riu da cena, apontando enquanto gargalhava.

— Yeeey!!! Vai, vai, Kukai! – Amu torcia, chacoalhando ponpons com sua coreografia ensaiada – Não deixe a bola cair, Kuuuuukai!

— Nyaaaaaaann…. – Ikuto deitou-se no sofá, enrolando-se ao redor de sua cauda, e bocejando alto – Que sooono ~nya

— O que deu nessa gente…? – Shunsuke piscou, atordoado com as súbitas mudanças de personalidade. Os Shugo charas nem estavam ali, então… como?

— Fui eu, Matt... – uma vozinha fraca chamou, e Shunsuke notou o ovo, que agora flutuava a poucos centímetros do chão. Ajoelhou-se, para pegá-los nas mãos. Apesar de tudo, ele ainda estava fraco, e exalava a energia negativa como uma tênue fumaça ao seu redor. – Eu alterei as personalidades de todos, e também, selei as saídas. Ninguém pode sair daqui, até que eu permita…

— Mas como? Você está tão fraco…

— Eu peguei energia do coração daquele garoto… - o ovo disse, e Shunsuke olhou para Miguel, que nesse momento, fazia carinho nas orelhas de Ikuto, soltando gritinhos de entusiasmo – Ele estava sempre comigo, e era descuidado, então foi bem fácil… Mas agora… eu acho que tenho que dormir… não tenho tanta energia assim para manter isso por muito tempo…

— Espera! Por que você fez isso? – Shunsuke chamou, antes que o ovo repousasse de novo. O Shugo-tama soltou um ruído abafado, que podia ser uma risada fraca.

— Não foram as suas ordens? Mandaram você causar o caos, e criar desavenças… e eu sei que você não ia conseguir sozinho. Eu ainda sou o ovo do seu coração, sabia? Então, dei um jeitinho…

— Realmente… é muito mais fácil de criar confusão se eles estiverem assim, mas… o que você espera que eu faça?

— Eu não sei. Eu criei a situação, então você se vira a partir daqui. Deixo tudo com você, Matt… Só… só mais uma coisa…

— O que?

— Você pode… me deixar com aquele garoto por mais um tempinho?  - o ovo pediu, baixando a voz – Eu sei que parece estranho, mas eu quero ficar com ele mais um tempo.

— Você vai roubar a energia dele…?

— Não… eu só gosto… da companhia dele, acho que me faz bem. Talvez… eu possa me recuperar, não é? – o ovo soou um pouco mais otimista, mas logo, sua voz foi perdendo a força – Acho que não consigo mais… ficar acordado… Matt… espere… eu vou… eu com certeza vou… voltar… para você…

Assim que a voz se calou, e a energia ao redor do ovo se dissipou, Shunsuke o repousou em cima da mesa, perto das lanternas. Olhou ao redor, tentando entender tudo o que acontecia ao seu redor.

Tadase ainda estava em cima da mesa, discursando com vigor, e Anna batia palmas para tudo o que ele dizia, mesmo que não entendesse metade, enquanto Stéffanie transcrevia tudo, pensando em usar aquilo em seu futuro livro. Nagihiko, ao lado dela, tentava conseguir sua atenção, rodando uma bola de basquete em um só dedo. Kukai quebrara uma das portas de papel, e agora Amu torcia com seus pompons para Miguel, que dançava em cima do sofá, ao lado de Ikuto, que dormia. Rima fazia piadas para Kairi, mas ele só sabia ficar lendo os pergaminhos velhos das paredes. Yaya finalmente parara de chorar, mas agora, queria brincar de cavalinho com alguém. Utau cantava uma musica recém-inventada, sobre o “cheiro do amor” que estava no ar.

— Todos aqui são meio loucos, certo… - Shunsuke tentou não rir, enquanto via Miguel pular do sofá como uma bailarina, e pousar ao lado de Kairi.

— Você é tão fofinho, samurai… Nem me deixe começar a fazer piadas sobre espadas… - ele cantarolou, rindo de um jeito estranho. – Miguel provocou, sorrindo maliciosamente.

— Nyaaannn~ Boys love! – Anna comemorou, ajeitando os óculos para enxergar melhor. Stéffanie ia fazer o mesmo, mas Nagihiko se colocou na sua frente.

— Não olhe para eles… olhe para mim… - ele segurou o seu queixo, piscando um olho, e sorrindo de canto – Eu serei uma ótima inspiração para o seu livro, não é?

Penso qué… no seria malo como protagonista… - ela balbuciou, confusa, recuando um passo. No chara change, sua personalidade difícil ficava um pouco mais controlada.

— Aaaaaahh~ que bela cena… vou cantar uma música de amor para vocêees~ - Utau empurrou Tadase de cima da mesa, e começou a cantar, como se estivesse em um palco.

— Saia de perto do meu samurai,  nya… - Ikuto finalmente acordara, e ainda em cima do sofá, deu um tapa em Miguel, com suas patinhas de gato, e logo depois, agarrou Kairi, trazendo-o para o sofá como se fosse um brinquedinho.

— Kyaaaaaaaaaaa~- Anna gritou, tento um hanaji – It’s so amaaaazing!!! Oh, my god, i caaaan’t!!!!!! – ela começou a pular no mesmo lugar, com as mãos nas bochechas coradas. Gritou mais ainda, ao ver que Miguel, desistindo de Kairi, havia ido parar no colo de Kukai.

— Pare de ficar animada com isso! Você deve olhar somente para o seu Rei! – Tadase bradou, segurando-a pelos ombros, e forçando-a a parar de pular. – Você não é a minha Princesa em apuros?

P-prince Charming… - os olhos de fangirl de Anna brilharam, e ela parecia animada demais para dizer qualquer outra coisa. Tadase nem pareceu se preocupar com o fato de que era Rei, e não príncipe.

— Ei…. Miguel… - Shunsuke chamava, no meio de toda bagunça. Não havia formulado um plano para fazer todos brigarem, mas sabia que Miguel provavelmente era quem mais se arrependeria daquilo no dia seguinte, então, pensou que poderia usá-lo de alguma forma.

— Me chamou, lindinho? – o garoto pareceu surgir do nada, com um sorriso matreiro no rosto. Shunsuke ofegou, surpreso quando sentiu as mãos ágeis do garoto deslizando pelo seu peito. Pensando bem… era a primeira vez que ficava tão perto de Miguel no Chara Change. E, pensando melhor ainda… isso não parecia uma boa ideia no final das contas.

— E-eu… fiquei preocupado… - Shunsuke disse a primeira coisa em que pensou, mesmo que não fizesse muito sentido, e começou a andar para trás, tentando se livrar de Miguel, que apenas continuava indo em frente, o acompanhando.

— Sabe… eu sempre pensei que você ficava melhor sem esses óculos enormes… - Miguel dizia, sem prestar atenção na evidente relutância do loiro – Vamos tirá-los, está certo? – começou a deslizar os óculos lentamente pelo rosto dele, jogando-os para trás logo depois – Seus olhos são tão bonitos, não tem por que escondê-los…

— Ah, eu tenho sim, muitos motivos… mas, não importa. Apenas… ahn,… vamos procurar a saída… - Shunsuke estava visivelmente nervoso com toda a situação, mesmo que ninguém (além de Utau, Anna e possivelmente Stéffanie) fosse notar isso. Ele se viu então encurralado, pois a parede havia chegado ao fim, e Miguel, perigosamente perto, ainda obstruía sua passagem, ainda que fosse mais baixo do que ele.

— Está tão cedo, não precisamos ir embora agora… - Miguel sussurrou, provocantemente. Ergueu-se na ponta dos pés, para encarar Shunsuke nos olhos, e abraçou-o pelo pescoço, ficando ainda mais perto. Shunsuke engoliu em seco – Sabe… Shun… eu acho… que eu… que eu… eu am…

— Não! – Shunsuke o interrompeu, cerrando a boca do menor com a mão, impedindo-o de terminar aquela frase. Ele sabia muito bem o que Miguel pretendia dizer, e não estava disposto a ouvir aquilo, nem que fosse em um surto de personalidade. Não, ele não precisava ouvir aquilo de Miguel, estava além das suas capacidades – Não diga isso para mim!

— Mas, Shuuuun…

— Chega! – Shunsuke empurrou Miguel, até ele cair sentado no sofá, levantando uma nuvem de poeira – Eu tenho que fazer o meu trabalho, foi para isso que eu vim. – fechou os olhos, tentando regularizar sua respiração ofegante, e seus pensamentos desordenados. Pegou seus óculos do chão, e negou-se a olhar novamente para Miguel, que agora fazia um beicinho contrariado e cruzava os braços. Fitou o seu redor, pensando em uma maneira de “semear a discórdia” entre os guardiões.

Yaya estava agora escalando Ikuto, e brincava com suas orelhas, enquanto cantava “atirei o pau no gato”. Utau e Rima faziam um dueto, mas Rima fazia mais cambalhotas do que qualquer coisa, e Utau tentava dançar no seu palco de mesa de centro.

— Hm… Nagihiko… - ele chamou quem estava mais perto, tentando pensar de maneira rápida. Nagihiko, que estava picando a sua bola de basquete azul, virou apenas o rosto, prestando pouca atenção. – Você e a Blanca-san, estão se dando bem, não é? – Shunsuke o cutucou na costela, tentando parecer amigável.

— Acho que “se dando bem” não é a expressão certa… - Nagihiko respondeu maquinalmente, sem parar de quicar a bola, e olhando de relance para Stéffanie, que vagava logo à frente com o lápis no queixo.

— … e então, ele balançou os longos cabelos, refletindo a luz da lua… reluzindo à luz da lua… não… iluminados pela luz da lua… - ela dizia, andando de um lado para o outro.

— Então você não fez nada? – Shunsuke voltou a indagar, seguindo-a com os olhos.

— E o que eu deveria fazer?

— Ora… depois de tudo o que aconteceu com vocês, era de se esperar algum avanço, não é? – Shunsuke deu de ombros. Nagihiko finalmente parou de bater na bola, virando-se para ele, sem tentar entender como raios Shunsuke poderia saber o que acontecia entre eles – Será que… o seu beijo não foi satisfatório o suficiente?

— Você está brincando comigo, não é? – Nagihiko pareceu se irritar.

— Claro que não, estou tentando ajudar, apenas. Veja bem… Blanca-san é uma garota… então, depois de tudo, ela devia estar caidinha por você! Cá entre nós, Nagihiko, você não é feio… nem para um garoto. E vocês estão sempre perto um do outro. Ela não demonstra muitos sinais de estar apaixonada, não é? Então, provavelmente, você não conseguiu fazê-la sentir nada por você. Vai ver… ela colocou você na Friend Zone. E uma vez na Zona de Amigo, você não irá sair de lá nunca. É como o limbo.

— O que eu deveria fazer? – Nagihiko parecia realmente assustado com aquela perspectiva. Em uma situação normal, ele nem teria dado ouvidos á Shunsuke, mas no chara change, as coisas eram diferentes, e ele se tornava muito mais impaciente e impulsivo.

— Vá até lá! – Shunsuke o empurrou na direção de Stéffanie, sem ficar para ver o que acontecia.

— Blanca-san…! - Nagihiko chamou. Sem pensar duas vezes, encurralou-a contra a parede, acariciando de leve uma mecha de cabelo azul dela. – Você não pode fugir de mim.

Estás loco? Estaba creando .... usted me hizo perder la concentración! – Ela reclamou, tentando empurrar Nagihiko, sem muito sucesso.

— Não tente escapar… eu não vou ficar na zona de amigo… - ele balbuciou indistintamente, tirando a caneta e o bloco de anotações das mãos da garota, para segurá-las.

Qué estás hablando, estás loco?! – ela arqueou uma sobrancelha, indignada e ainda tentando se livrar - Déjame ir ...

— Não…

Estás asustando a mí, Nagihiko ... – ela murmurou, enfim se libertando. Mas, Nagihiko era persistente, e voltou a segui-la.

Enquanto isso, Shunsuke olhava ao seu redor, tentando encontrar mais uma brecha nas relações entre os guardiões. Kairi, que havia conseguido se desvencilhar de Ikuto, treinava com sua espada, mas acabara de acertar Kukai por acidente. Amu gritava “ganbare” aos quatro cantos, mesmo embora não houvesse nada no que se esforçar ali. Yaya obrigara Ikuto a ser o seu cavalinho, e agora ele andava de quatro pelo chão, com Rima gargalhando alto ao vê-lo.

Ainda pensativo, Shunsuke andou até Anna, tendo uma repentina ideia ao olhar para Kairi. Ela estava ocupada, desenhando Tadase, que fazia pose para ela, sentado em uma cadeira quebrada como se esta fosse um trono.

— Ei, Lewis-chan… - Shunsuke a chamou, interrompendo a sua concentração. Anna levou um susto, e quebrou a ponta do lápis bem quando desenhava o brilho dos olhos de Tadase.

Can I help you? – ela indagou, já que havia perdido a atenção.

— Olhe lá… - ele apontou para o outro lado. Kairi agora tentava ajudar Kukai, pois havia o acertado com a espada. Mas, do ângulo em que estavam, parecia que ele e Kukai estavam, de alguma forma, se abraçando no chão.

— Kyaaaaaaaaa~ - Anna gritou, e deu um pulo com os olhos em chamas, pegando outra folha em branco para começar a desenhar aquela cena. – It’s so cuuuute!!! – ela bradou com entusiasmo, com uma voz que não parecia sua de tão alta.

— Oh… Little King… q-quero dizer, Hotori-san! – Shunsuke chamou, em um canto, enquanto Tadase percebia Anna se afastar e a fitava com indignação – Parece que a sua Princesa artista encontrou outra inspiração.

— Como assim?? Eu sou inspiração suficiente para um reino inteiro! Não tem como ela me trocar… - Tadase a encarava com incredulidade, parecendo dividido entre a confusão e a irritação.

— Talvez… ela goste de meganes…Sabe, tipo o samurai… Quatro-olhos têm um charme especial, você não entenderia… - ele ajeitou os óculos no rosto – e eu ouvi a Lewis-san falando um dia sobre o “fator moe” e o quanto ela gostava de personagens que usavam óculos… talvez ela prefira o samurai, no fim das contas…

— Como alguém pode preferir um reles samurai plebeu, a um Rei! Coroas também têm “fator moe”, seja lá o que isso seja, não têm? Eu vou ensinar a esses camponeses como um verdadeiro Rei se porta… Samurai! Eu o desafio para um duelo!! – Tadase berrou, estufando o peito, e materializando a sua espada do Chara Nari em uma das mãos, enquanto andava a passos duros na direção deles.

— Agora… só mais um pouco disso… - Shunsuke sorriu de canto, com um brilho passando pelas lentes dos seus óculos subitamente. Olhou para Amu e para Ikuto e Yaya em um canto, e rapidamente imaginou alguma maneira de fazê-los desentenderem-se.

Enfim, aquela tarefa não parecia tão difícil quanto a princípio, depois da ajuda do seu Batsu-tama. Shunsuke podia fazer isso, ele sabia arrumar confusões como ninguém. Porém, enquanto pensava nisso, não ousou olhar para Miguel, nem por um segundo. Ele não era seu ponto fraco, é claro que não. Matthew não tinha pontos fracos. Mas… às vezes… alguma coisa naqueles olhos castanhos fazia com que ele esquecesse qual era a sua verdadeira missão junto aos guardiões.

E, mais do que todos, inclusive qualquer um ali naquele cômodo, Matthew queria… não, ele precisava...  encontrar o Embryo.


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Notas finais do capítulo

Yeey~ Shiroyuki-san dechuu~

Capítulo cheio de confusões, até eu fiquei confusa escrevendo @-@ espero que tenha ficado bom kkkkkkkkkkkkkk mas ée, os guardiões ficam ainda melhores no chara change nãaao é??? Como será que tudo vai se resolver então, e sobre os objetivos obscuros do Shun~ alguém tem palpites? Adoraria saber~ ! aah, deixem revieewws e nos façam felizes, okaaayy?? ~

Bye bye~



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