Depois de retornarem ao acampamento todos foram direto até onde estava o kit de primeiros-socorros, sem conversar muito entre si, apenas preocupados em cuidar de seus próprios ferimentos, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Depois que já tinha sido devidamente cuidado, Tadase pôs-se a tratar dos ferimentos de Anna, passando remédio no joelho ferido dela. A inglesa tentou protestar no começo, dizendo que podia fazer isso sozinha e que não queria dar trabalho ao garoto, e sobre como aquele remédio ardia, mas logo ficou tão inebriada pela presença do Rei que se esqueceu de tudo isso rapidamente.

– Quer ajuda com isso? - Nagihiko perguntou ao ver a Rainha estrangeira vasculhando a caixa de remédios e, sem esperar por uma resposta, pegou o frasco de remédio que estava mais próximo dele e que ela estava procurando, sentando-se ao lado dela
– Dê-me o frasco, yo puedo hacer esto sozinha - ela reclamou, mas o garoto apenas a ignorou, destampando o frasco em suas mãos. E, depois de ponderar sobre isso por alguns instantes, levantou um pouco a blusa dela, deixando a mostra o ferimento no abdômen. Não era profundo, mas era bem comprido
– Q-Q-Q-Qué piensa que está haciendo, seu...?! - ela gaguejou sem terminar a frase, numa estranha exclamação rouca, dividida entre a irritação e o constrangimento, e um tanto chocada com o atrevimento dele
– Esse corte se prolonga até as costas, você não vai alcançar ele todo, não é? - Nagihiko respondeu como se isso fosse um excelente motivo pra se sair por aí levantando a roupa dos outros sem pedir permissão. Começou a espalhar o remédio pelo corpo da espanhola, que mordeu os lábios, decidida a não reclamar de dor nenhuma única vez
– Aquél bastardo cretino... ele tinha que golpearme luego aquí. Yo adorava essa blusa, y ahora está completamente arruinada - ela reclamou, tentando desviar o assunto para algo menos constrangedor, embora não estivesse tão preocupada assim com sua blusa rasgada nesse momento. Sentiu Nagihiko pressionar seu abdômen com mais força, afim de fazer o remédio penetrar bem na pele, e soltou um ruído estranho, se contorcendo incomodada no mesmo lugar
– Ei, você está bem mesmo? Ou o remédio arde tanto assim? - o Valete indagou, começando a achar que aquela reação exagerada dela não era só por causa da ardência do remédio
– N-No es por causa do medicamento... es só que... u-usted... - ela voltou a encará-lo, e Nagihiko percebeu que o rosto dela estava meio corado - Usted... está me fazendo cócegas! - ela completou a frase, se levantando tão rápido que o garoto quase caiu pra trás, e bufando de raiva. Ela tornou a ajeitar a blusa rasgada, indicando que seu breve momento de fraqueza tinha acabado - Y otra cosa: Usted debería preocuparse menos con las otras personas e mais consigo mesmo. Usted... también está machucado, não está?
– Ah... bem, foram só alguns arranhões, e eu já cuidei disso, não se preocupe - ele respondeu, um tanto surpreso com a pergunta dela
– Tonto! N-No es como se yo estivesse... p-preocupada con usted.... yo solamente... ahh, esquece! - ela saiu andando a passos rápidos para longe do Valete, que não pôde deixar de sorrir.

– Nee minna-san... vocês também trouxeram alguns objetos do acampamento daquele garoto Matthew, não foi? - Tadase perguntou, caminhando até o centro da roda desconjuntada que o grupo formava, depois que tinha acabado de cuidar dos ferimentos de Anna e dos seus próprios, e os demais assentiram
– Yaya tirou váááááárias fotos de todas as coisas que o Matt-chan tinha no acampamento dele! - Yaya exclamou, erguendo a mão no ar, orgulhosa
– É ótimo que a sua mania de fotografar e stalkear os outros finalmente esteja servindo pra alguma coisa, mas... não dê apelidos ao inimigo, Yaya - Kukai pediu com uma gota na cabeça
– Isso não importa agora, essas fotos podem ser realmente úteis. Não acredito que vou dizer isso, mas... bom trabalho, Yuiki-san - Tadase falou, e a Às riu ainda mais, convencida - Bem, alguém mais?
– Eu... trouxe um medalhão que tinha entre as coisas dele. Acredito que tenha uma foto ou coisa parecida aqui dentro, mas... eu não estar a conseguir abrir - o outro Rei anunciou, mostrando o medalhão velho e emperrado que ele ainda segurava bem firme em suas mãos
– Tudo bem, depois tentaremos abrí-lo com calma. E também precisamos analisar com cuidado o caso daquele Batsu Tama enfraquecido que nós encontramos - o loiro lembrou - E, depois desse ataque, creio que ele não vá mais ficar por aqui, ainda mais depois de ver que estão faltando alguns pertences dele... e nós também não estamos lá nas melhores condições... então sugiro que arrumemos nossas coisas e voltemos logo pra casa
– Ahhhh mas jáááááá??? - Yaya choramingou, fazendo um biquinho nada maduro
– Sim, já. Nós vamos ter provas em breve, então realmente precisamos voltar e estudar... sem falar que precisaremos conversar com os outros sobre tudo o que aconteceu aqui pra analisar com cuidado a situação, e eu preciso relatar ao Tsukasa-san sobre aquele Batsu Tama enfraquecido - Tadase falou com seriedade - Mas, principalmente, estou preocupado com nossas provas, elas estão bem próximas, não é?
– Oh my God, the tests! - Anna exclamou de repente, levando as mãos à cabeça de preocupação - E-Eu não estudei nem um pouquinho...
– Nem me lembre disso... vai ser dureza fazer as provas bimestrais em um idioma estrangeiro - Miguel resmungou, tremendo só de pensar em ter que fazer provas sobre uma matéria na qual ele não prestara atenção e em um idioma que ele mal dominava ainda por cima
– Ahh é verdade... deve ser pior pra vocês três mesmo - Kukai concordou, só reparando nisso agora - Se é assim, então talvez seja melhor mesmo a gente voltar...
– Ahh sinto tanta pena de vocês pirralhos nessas horas... tendo que estudar pras provas, que coisa mais chata - Ikuto comentou, como se ele mesmo não tivesse que fazer provas também
– Mas Ikuto-niisan, você ainda não terminou o ensino médio, não é? Não vai ter provas também? - Tadase perguntou
– Como se eu me importasse com isso - o neko respondeu simplesmente - Bom, já que vocês pirralhos precisam voltar, por mim tudo bem, mas... não acha melhor darmos um jeito nessas roupas antes? Quero dizer, estamos cobertos de sujeira e lama dos pés á cabeça por causa daquela luta com o pirralho dos Batsu Tamas
– Ahh o Ikuto tem razão!! A Yaya não quer ir pra casa toda suja de lama, não mesmo!! - a ruiva exclamou - Mas... como faremos pra tomar banho? Vamos no mesmo lago de ontem?
– Não acho uma boa idéia, o lago que estávamos usando era bem perto do acampamento daquele garoto Matthew, não era? - Kukai lembrou - Pode ser perigoso ir lá agora, então vamos ter que achar outro lugar
– Eu acho que vi uma cachoeira aqui perto ontem... sabe, perto daquele lago onde o onde o Nagihiko e a Stéffanie se... q-quero dizer...! - Miguel interrompeu abrupdamente sua frase antes que acabasse levando uma surra pior do que a da luta contra Matthew - Err... p-perto do lago que tem atrás daquelas árvores. É isso, tenho certeza de que tinha uma cachoeira lá
– Tudo bem, podemos ir até lá então! - Kukai concordou, sem nem mesmo perceber o que o português quase tinha deixado escapar - Podemos revesar entre os garotos e as garotas, do mesmo jeito que fizemos antes... quem vai primeiro?
– As meninas vão primeiro, é claro! - Yaya exclamou antes que qualquer um pudesse responder - As damas sempre vão primeiro afinal!
– Você está longe de ser uma dama, pirralha - Ikuto jogou na cara dela - Vamos decidir no jan-ken-po e tirar a sorte.

Os outros acabaram concordando com a idéia de Ikuto, e os garotos acabaram vencendo. Sendo assim, eles foram primeiro para a tal cachoeira enquanto as meninas arrumavam as coisas delas e desfaziam sua parte do acampamento.

Na cachoeira...

– Até quando vai ficar com essa cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, hein Tadase? - Ikuto perguntou pela terceira vez, começando a ficar seriamente incomodado com o estado de depressão do loiro - Nada do que aconteceu durante a luta foi culpa sua, aquele pirralho que trapaceou usando os Batsu Tamas mesmo!
– Eu sei... sei que aquilo foi golpe sujo, mas... ainda assim, eu sou o líder! - o loiro exclamou, sem coragem para encarar os demais - Eu deveria saber o que fazer, assim ninguém teria se ferido! Assim "ela"... não teria se machucado sem necessidade
– "Ela"? Ahh, então no fundo você só estava preocupado é com aquela inglesinha - Ikuto suspirou e deu de ombros, aliviado em saber porque raios o garoto estava fazendo aquela cara
– C-Claro que não! Q-Quero dizer... - o Rei gaguejou, sem saber o que dizer - C-Claro que me preocupo com a Lewis-san, mas... e-eu também me preocupo com todos vocês!
– Aham, claro, a gente finge que acredita, tá? - riu-se Kukai
– Mas é verdade Souma-kun!
– Nee Hotori-kun... você é realmente um péssimo mentiroso, sabia disso? E isso realmente me irrita - Nagihiko falou - Está mais do que na cara que você só estava preocupado com a Anna-chan!
– M-M-Mas isso não é verdade... q-quero dizer, é claro que eu também estava p-preocupado com ela, mas... e-eu também me preocupo com todos vocês! - o loiro exclamou, começando a se desesperar em ver tanta gente tirando sarro dele de repente. Olhou para os lados, à procura de apoio, e viu Miguel sozinho, em um canto mais afastado dos outros. Era o único que não estava tirando sarro dele. Sem pensar duas vezes, Tadase chamou - N-Nee, Gonçalves-kun! Diga à eles! Diga à eles que eu não estava preocupado com uma só pessoa, não é?
– O q-que?! - Miguel sobressaltou-se, surpreso em ouvir alguém chamando seu nome. Tinha decidido por si mesmo que, para manter a amizade com os outros garotos e não criar nenhuma cena constrangedora posterior, era melhor que ele ficasse mais afastado do grupo e não visse nada do que não devia, e nesse momento estava completamente absorto sobre o que poderia ter dentro do medalhão que ele surrupiou do acampamento do inimigo. Tanto que quase se esqueceu de que agora tanto ele quanto os outros garotos estavam dentro de um lago com apenas míseras toalhas enroladas ao redor da cintura, e nada mais do que isso - Ahh... e-eu não sei... d-desculpe Tadase, eu não estava prestando atenção na conversa - ele tornou a virar o rosto para o lado, corando um pouco
– Tem alguma coisa errada Miguel? Você está meio quieto desde que viemos pro lago... - Kukai perguntou, se aproximando do português e se esquecendo completamente sobre o tipo de situação delicada em que eles se encontravam agora
– N-N-Não tem n-nada de errado c-comigo... e-e-eu estou b-bem... - o português se encolheu, enrubescendo ainda mais, e tentando por tudo no mundo resistir à vontade de olhar para o peitoral exposto dos demais
– Ei, não vá lá, seu idiota! - Ikuto sibilou em voz baixa, apoiando uma mão no ombro do Valete vagal e o detendo - Por acaso esqueceu o que esse garoto é?!
– Hein? Como assi... ahhhhh... - Kukai deixou escapar uma exclamação de compreensão ao se lembrar desse "detalhe", e de repente sentiu um estranho desconforto, desviando os olhos do amigo e corando um pouco também. Tadase, que, devido à provocação dos colegas, também tinha se esquecido disso, teve a mesma reação e virou-se de costas para o outro Rei
– Qual é, gente, o que vocês estão fazendo... independente das circunstâncias, Gonçalves-kun ainda é um garoto afinal, não é? - Nagihiko lembrou, entre embaraçado e incomodado com aquela situação. Eles estavam tratando Miguel como uma menina agora, e ele mesmo já tinha sido tratado assim por vários anos consecutivos, então aquilo realmente lhe incomodava
– Bem, suponho que ele seja - Ikuto coçou a cabeça, parecendo estar em dúvida quanto à isso - Apesar de que, mesmo não sendo uma garota, eu duvido que ele resista por muito tempo à esse corpo escultural aqui bem diante dele hehehehe - ele provocou, caminhando a passos lentos na direção do português
– O q-q-que vo-você estar a f-fazer...? - Miguel recuou, prevendo o pior
– Ahh, você quer mesmo saber? Realmente quer saber o que eu pretendo fazer... "Micchan"? - o neko provocou, exibindo um sorriso pervertido no rosto. O português corou, sentindo seu coração disparar ao ouvir aquela imitação do apelido dado por Yaya na voz de Ikuto
– Ahh não, lá vai ele de novo - Tadase deu um tapa na própria cabeça, já prevendo o pior - Pare com isso Nii-san, não provoque ele assim!
– Ahh mas eu só quero me divertir um pouco, qual o problema? - Ikuto sorriu como o Gato de Cheshire, passando deliberadamente um dos braços ao redor do pescoço de Miguel
– Ei, é sério Ikuto, melhor parar com isso! - Kukai avisou, com um estranho pressentimento - Pare com isso e solte ele logo antes que...
– Kyaaaa!! Eu sabia que você me amava, eu sempre soube!!! Eu também te amo Iku-chaaaan!!! - Miguel gritou com voz aguda, pulando em cima de Ikuto e se pendurando no pescoço dele, quase fazendo com que os dois caíssem na água. A máscara chamativa em seu rosto evidenciava que o português tinha entrado no Chara Change
– Ele se transformou...? Mas como?! Nossos Charas ficaram no acampamento - Nagi lembrou
– Grande coisa, aquela Chara pervertida dele deve estar espiando de algum lugar dessa floresta, com certeza - Ikuto resmungou, empurrando o garoto escandaloso para longe de si. Mal sabia ele que estava coberto de razão... e que Grace não era a única a espiar.

Há alguns metros dali, três pessoas estavam escondidas entre as árvores, seriamente divididas entre sair correndo pra longe ou ficar mais um pouco e observar o que não deviam.

– Estoy diciendo, vamos luego, antes que nos encontrem e seja tarde demais! - Stéffanie exclamava em voz baixa, sentindo a apreensão, irritação, e alguma outra coisa que ela não sabia definir misturar-se em seu peito
– Ahh let's go now, pleae, Japanese Ace! Nós não devíamos estar aqui!! - Anna choramingou do outro lado da garota, o rosto inteiramente rubro, e sentindo uma mistura de ansiedade e culpa misturar-se dentro de si
– Não mesmo! Já que estamos aqui, vamos espiar até o final! - Yaya insistiu, e as outras duas soltaram um muxoxo ao mesmo tempo - Justo agora que está ficando interessante, a Yaya não vai embora nem que... ahhh!! O Micchan está agarrando o Ikuto de novo! isso aí, vai lá Micchan!! - ela gritava com entusiasmo, tirando foto de tudo e de todos com a câmera que trouxera
– Fale baixo, tonta, ou vão nos descobrir aqui! - Stéffanie sibilou nervosamente - Francamente... y pensar que sólo vino a recoger verduras para hacer una última refeição antes de partirmos
– Was a bad idea to collect vegetables tão perto da cachoeira - Anna comentou, um tanto temerosa sobre o que Tadase poderia pensar se soubesse que ela o estava observando secretamente de tão perto enquanto ele tomava banho.

Ainda que soubesse que aquilo era tremendamente errado, ela não conseguiu resistir à um estanho impulso e, antes que se desse conta, olhou diretamente para o Rei. Viu as gotículas de água escorrendo do pescoço dele, passando pelo tórax liso, indo para o abdômen magro e pálido, e desaparecendo ao entrar em contato com o resto da água do lago. Sem se dar conta, imaginou por onde aquela gota d'agua estaria passando agora se não tivesse voltado a entrar em contato com o resto do lago, e corou furiosamente ao perceber no rumo que seus pensamentos estavam tomando.

– Ehh... o que é isso Anna-tan, por que está tão vermelha, hein? - Yaya perguntou, reparando no embaraço óbvio da garota - Ficou assim em ver o Tadase semi-nu ou andou pensando alguma besteira mesmo, hein?
– I-I-I-I'm don't... err... q-q-quero dizer... w-well, I'm... - Anna gaguejou incoerente, sem ter idéia do que dizer
– Yo no creo que até esta niña está tendo piensamentos impuros, francamente... - Stéffanie resmungou, reparando no quando a outra estrangeira estava vermelha agora
– Francamento digo eu, Onee-chan... vai me dizer que você não estava olhando pro Nagi também?! - Yaya alfinetou, fazendo a garota se engasgar com nada.

Claro que ela não queria confessar, jamais admitiria isso nem pra si mesma, mas ela estava. Antes que se desse conta, seus olhos estavam pregados no Valete, e ela não conseguia deixar de observar a água que escorria dos cabelos dele, passando pelo pescoço, e dali para o peito pálido do garoto. Provavelmente não teria se dado conta de que o olhava com tanta atenção se Yaya não tivesse apontado esse fato.

– Y-Y-Yo no e-estaba mirando... y-yo... p-por que yo o miraría afinal?! – a espanhola gaguejou incoerente, seu rosto tão quente que daria pra fritar um ovo na testa dela
– Huhuhuhu... quer mesmo que eu responda, Onee-chan...? - a ruiva cantarolou
– Ahh look!– Anna exclamou, apontando escandalosamente para o lago - Micchan... e-ele tirou the towel do Cat-boy!!
– Cállate ou ellos vão nos descobrir!! - Stéffanie sussurrou nervosa, tampando a boca da inglesa com as mãos
– Mas é verdade... kyaaaa o Micchan despiu o Ikutooooo!! - Yaya berrou, ainda mais escandalosa do que a outra Às, e apertando freneticamente o botão da câmera em suas mãos. Felizmente percebeu à tempo que os garotos pareceram ter finalmente notado que não estavam mais sozinhos, e tinham começado a procurar a origem daqueles sons, e acrescentou - M-Meninas, acho que é hora de uma retirada estratégica... corram!!! - ela gritou, saindo correndo na frente em seguida e largando as duas ali
– Yaya.... Vuelve aquí niña trapaceira! Não fuja sozinha!! - Stéffanie berrou, correndo atrás dela, e arrastando a inglesa junto, segurando-a firme pelo braço

– Nee... agora mesmo... vocês não ouviram um barulho? - Nagi perguntou, olhando para os lados, como se procurasse por algum animal silvestre escondido entre as árvores ou algo assim
– Ahh, não esquenta Nagi-chan, deve ter sido algum bicho da floresta! - Miguel deu de ombros, ainda no Chara Change, e Nagihiko soltou uma reclamação de desagrado com o novo apelido - Mas, voltando ao que eu estava dizendo antes... vocês estão mesmo bem com tudo isso?
– Como assim? - o Valete Vagal indagou
– Estou falando e vocês, Kuu-chan e Nagi-chan! - o português exclamou, gesticulando em excesso, e o ruivo se juntou ao outro Valete, soltando uma exclamação de desagrado em coro com a do mais novo - Quero dizer, nosso outro estimado Rei aqui invadiu a barraca feminina ontem... e, bem, todos sabemos que ele estava atrás era da nossa amiga inglesa, mas... haviam outras pessoas lá, certo? Nossa prezada Rainha espanhola, e também a nossa querida Às, Yaya-chi... elas também estavam na barraca durante o ataque afinal. Não passou pela cabeça de vocês que o Tada-chan pode ter feito algo com elas também enquanto todos dormiam?

Depois que todos compreenderam o que o garoto queria insinuar, os demais caíram na gargalhada, com exceção do próprio Tadase, é claro. Ikuto foi o que mais riu, e apoiou fervorosamente as insinuações do português, ainda que não acreditasse em nada daquilo, mas queria realmente ver o circo pegar fogo. Kukai e Nagihiko também riram, embora não tanto quanto o neko, mas completamente descrentes que algo assim fosse possível. Tadase, por outro lado, atingiu mil tons de vermelho, sem nem saber por onde começar a falar, embora isso realmente não fosse importante já que ele não conseguia gaguejar nem um "a" de tanta vergonha e choque que sentia diante daquela hipótese absurda.

– Não, não, isso é completamente impossível, Micchan! - até Kukai acabou aderindo ao novo apelido do colega - O Tadase não é do tipo que sai atacando garotas na calada da noite, ainda mais se forem garotas das quais ele não gosta!
– O Souma-kun tem razão. Todo mundo sabe que a preferida dele é a Anna-chan afinal, então por que ele atacaria outras meninas? - Nagihiko acrescentou
– Será mesmo? - Miguel indagou, ainda em dúvida - Mas o caso é que, até ontem, ninguém também acreditava que ele invadiria a barraca das garotas na calada da noite pra fazer sabe-se lá o que... mas, mesmo assim, ele invadiu a barraca feminina, contrariando todas as nossas crenças, não foi? Então não vejo porque ele não seria capaz de querer variar e atacar outras pessoas também
– O Micchan tem razão! - Ikuto exclamou após se recuperar do seu ataque de riso - E, mesmo que ele não tenha atacado a Yu... Yey... e a Bra... Brin... bom, a tampinha ruiva e a tsundere-chan - ele prosseguiu, escolhendo chamá-las pelos costumeiros apelidos, já que levaria horas pra se lembrar dos nomes corretos das meninas - Ainda assim, ele as viu, não foi? Ele viu aquelas duas enquanto dormiam, e muito provavelmente em posições constrangedoras... vocês sabem, quando uma garota está dormindo, muitas vezes a manga da roupa escorrega pelo ombro, deixando o decote maior do que o normal e o busto à mostra... e também a saia da camisola, ela quase sempre levanta enquanto a pessoa dorme, então nada garante...
– Você viu - Nagi interrompeu a explicação do mais velho, caindo completamente na conversa fiada dele - Você viu, não é Hotori-kun?
– Ah, eu aposto que viu... ele viu o que não devia e ficou bem quieto na dele! - Kukai acrescentou, também com uma cara de poucos amigos
– E-Esperem aí vocês dois... é sério que acreditaram nessa baboseira?! - Tadase finalmente recuperou a fala, com um péssimo pressentimento assolando sua mente - E-Eu não vi nada disso que eles falaram, é sério!!
– Mas se você está dizendo que não viu nada do que eles disseram, então é porque você realmente olhou pra elas, não é? - Nagihiko indagou, andando ameaçadoramente na direção do loiro
– Eu... a-apenas registrei o fato de que elas também estavam na barraca, mas não fiquei o-olhando...
– Se você viu que elas estavam na barraca, então você realmente olhou pra elas! - Kukai exclamou - Ahh Tadase, seu safado... quem te viu, quem te vê, hein?! Jamais esperaria isso logo de você...
– M-Mas não é nada disso... p-por que eu olharia pra outras garotas se eu estava ocupado demais com a Lewis-san?! - o loiro deixou escapar em meio ao desespero, só percebendo depois o que tinha dito
– Então ele finalmente confessou... quer dizer que você fez mesmo coisas inadequadas com a Lewis, né seu safado?! - Kukai exclamou, dando um tapa um pouco forte demais nas costas do loiro
– Esse Reizinho precoce nunca me enganou - concluiu Nagi.

Os dois estavam tão entrertidos em pertubar Tadase que não viram quando Miguel andou até o lado de Ikuto, e bateu na mão que o neko lhe estendia, ambos satisfeitos que o plano tivesse dado certo e apreciando ao espetáculo. Miguel queria de alguma forma registrar esse momento cômico e pegou uma máquina fotográfica caída à beira do lago, começando a fotografar os três, tão empolgado com a cena que nem sequer se perguntou daonde aquela máquina tinha vindo.

– Nee Micchan... daonde foi que você tirou isso? - o mais velho perguntou
– Hein? Ah, eu achei caída ali na margem do rio... veio realmente a calhar não acha? - o português comentou, sem dar a devida importância ao assunto. Erro que Ikuto não cometeu. Ele tirou a máquina das mãos do mais novo e começou a examinar as fotos já tiradas, vendo que as mais recentes continham fotos deles mesmo no lago
– Mas isso... somos nós! - ele exclamou espantado - Aposto que isso é coisa daquela tampinha... ela que adora tirar fotos afinal
– Quer dizer que a Yaya-chi andou nos fotografando como viemos ao mundo?! - Miguel exclamou, levando as mãos ao rosto, horrorizado - Kyaaa isso é terrível! Agora não vou mais poder me casar!!!
– Ah, tá bom, como se você pretendesse mesmo se casar com alguma mulher - Ikuto ironizou, revirando os olhos - Mas isso é muita ousadia, mesmo da parte dela.... isso não pode ficar assim. Merecemos uma vingança!

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Mais tarde, era a vez das meninas tomarem banho no lago. Assim como os garotos, elas estavam apenas enroladas em toalhas, ainda sendo consumidas por uma certa parcela de culpa por andarem espiando o que não deviam, e distraídas demais enquanto lavavam o cabelo ou cuidavam dos ferimentos da luta recente para perceberem que estavam sendo observadas.

– Nós realmente não devíamos estar aqui... vamos embora Ikuto-niisan! - Tadase pediu pela quinta vez desde qe eles chegaram, mas Ikuto apenas o mandou se calar, como das outras vezes anteriores
– Mas o Tadase tem razão. Até concordo que merecemos uma vingança pelo que elas fizeram... mas isso?! – Kukai exclamou, dividido entre a vergonha, a curiosidade e a culpa de estar ali
– Sim, isso! - Ikuto reafirmou - Elas nos espiaram primeiro, então temos todo o direito de espiar também! É olho por olho e dente por dente!
– M-Mas eu não quero espiar ninguém... v-você deixou o Gonçalves-kun fugir, então me deixe ir embora também, onegai! - o loiro pediu
– Eu o deixei ir porque aquele garoto não tinha nenhum interesse no assunto, então não faria sentido ele espiar afinal... isso sem falar que ele estava naquele estado depressivo pós-Chara Change, arruinaria completamente o clima - Ikuto explicou - Mas o nosso amigo português também foi espiado. Então nós precisamos observar com atenção em dobro, pra vingarmos ele também!
– Mas isso está errado...
– Ah é? Tudo bem, vai embora então - Ikuto interrompeu sua espionagem por um momento para encarar o loiro
– M-Mesmo? - o Rei indagou, surpreso com a mudança de atitude do mais velho
– É sério, pode ir embora - ele confirmou - Vai lá e nos deixe aqui sozinhos espiando as garotas... inclusive a sua adorada inglesinha...
– C-Como é que é?! - Tadase arquejou, mal ousando acreditar no que ouvia
– Não se preocupe, Hotori-kun, ninguém está olhando pra sua querida "Lewis-san", pode ficar tranquilo - Nagihiko se intrometeu, imitando o modo como o Rei chamava Anna. Tadase já ia abrir a boca pra dizer que não era com isso que ele estava preocupado quando foi interrompido novamente
– Fale por si mesmo, garoto... aquela inglesinha até que não é nada mal huhuhuhu... - Ikuto comentou, dando uma risadinha pervertida
– Ikuto-niisan! - Tadase exclamou, o vermelho de seu rosto, antes de vergonha, se intensificando ainda mais e se misturando com raiva - Não se atreva a olhar pra Lewis-san, ouviu bem?! Tire os olhos dela!!
– Ehh... - o neko deu uma risadinha debochada - E por que você não quer que eu espie a Le... La... L-Leviosa... ahh, como é mesmo o nome dela?!
– Lewis - Kukai lembrou
– Isso, isso mesmo! - ele apontou para o ruivo - Por que você não quer que eu espie a Lewis, hein Tadase??
– Porque... p-porque isso é errado... q-quero dizer... - o Rei gaguejou incoente, sem nem mesmo saber o motivo pelo qual se incomodava tanto com isso - É porque isso não está certo, não devíamos estar aqui espiando a Lewis-san, nem nenhuma delas!!
– Ahh, isso é verdade... se ela descobrir que espiamos, ela arranca nosso couro fora, com toda certeza - Nagihiko comentou, meio agourento, se referindo á uma só pessoa em particular
– Azar o seu ter escolhido a "Sté-sei-lá-das-quantas"... ah, aquela mexicana lá - Ikuto comentou
– Ela é espanhola - Nagi corrigiu, só então se dando conta da insinuação do mais velho - P-Peraí, como assim "escolher"?! Eu não escolhi ninguém!!
– Aham, claro que não... o "tsunderismo" dela tá te contaminando, cuidado hein Fujisaki - Kukai debochou, dando uma risadinha - E Ikuto, aprenda os nomes das pessoas com quem você convive, já tá mais do que na hora! - ele acrescentou, com uma gota na cabeça
– E vocês pirralhos aprendam a admitir que estão loucos de ciúmes só porque eu estou aqui espiando as queridinhas de vocês... inclusive você, Valete Vagal - Ikuto alfinetou
– Ahh, esse apelido estúpido você aprende, né, seu... p-peraí, quem disse que eu tô com ciúme?! - Kukai exclamou tardiamente, corando um pouco
– Ora, por favor, Souma-kun, todos sabemos que você está louco de ciúmes por causa da Yaya-chan - Nagihiko comentou
– Ahh que bom, então eu não fui o único que pensei isso! - acrescentou Tadase
– Ora, seus... eu vou mostrar quem está com ciúmes, seus... seus aliciadores de estrangeiras!

Sem pensar duas vezes, Kukai partiu pra cima dos dois mais novos, pronto pra começar uma briga. Eles tentaram se defender, mas acabaram sendo derrubados pelo mais velho, caindo e rolando no chão ladeira abaixo, enquanto Ikuto observava a briga de perto, se acabando de rir da cena. Quando os três saíram rolando em uma espécie de massa disforme, o neko correu atrás, querendo acompanhar o desenrolar da confusão, e não perceberam que tinham ido parar na margem do lago onde as meninas estavam agora.

As três interromperam o que estavam fazendo ao notar a presença deles: Stéffanie estava com a metade inferior do corpo submersa na água do lago, com os longos cabelos jogados para frente e torcendo-os. Paralizou imedatamente ao notar a presença deles, sem conseguir dizer nada, apenas arregalando os olhos em choque e sentindo uma queimação terrível se apoderar de seu rosto; Anna estava com praticamente o corpo inteiro submerso, apenas com a cabeça, os ombros e uma parte da toalha branca que escondia seu busto visíveis. Como estava sem os óculos, demorou um pouco pra perceber o que estava acontecendo. Perguntou às amigas o que tinha ocorrido, mas como ninguém lhe respondeu, ela tateou à procura dos óculos e, quando os recolocou de volta no rosto, soltou um grito agudo ao ver os meninos, escondendo a face rubra entre as mãos logo em seguida; E Yaya estava sentada do outro lado da margem do rio, com apenas parte das pernas submersas, balançando-as e jogando água para todo lado, brincando com um filhote de macaco que só Deus sabe como tinha ido parar ali. Ela foi a primeira a reagir, gritando e apontando escandalosamente para os garotos. O filhote de macaco fugiu rapidamente, já prevendo o pior, e desaparecendo entre as árvores.

– Ahhh!! Mas o que vocês estão fazendo aqui, seus stalkers??? - Yaya berrou, apontando escandalosamente para eles
– Ahh... isso... n-não é o que estão pensando, eu juro!! - Tadase exclamou de volta, tentando inutilmente se explicar - Isto é... n-nós não vimos nada realmente importante... q-quero dizer, nós... n-não vimos vocês se b-b-ba-banhando, nem... nem s-sem r-r-r-ro-roupa, n-nem nada assim...
– Cala a boca Hotori-kun, você só está piorando as coisas!! - Nagihiko gritou, o medo se misturando com raiva
– Ahh... v-vocês viram mesmo... t-t-tudo o que estávamos f-fazendo...?! Oh God, it's so embarrassing!! – Anna gritou com a voz abafada, ainda escondendo o rosto corado com as mãos - Now I will not be able to get married!– curiosamente ela seguiu a mesma linha de raciocínio de Miguel, mas, felizmente para a inglesa, sua voz abafada entre as mãos e seu inglês rápido demais para ser acompanhado não permitiram que os demais entendessem o que ela falou. Ficou tão desesperada em tentar se esconder deles que afundou no lago, escondendo seu corpo embaixo d'agua
– Ahhh!! Anna-tan, não faça isso! Você vai se afogar desse jeito!! - Yaya gritou, puxando a inglesa de volta para a superfície, que agora tossia e cuspia água para todo o lado - Olha só o que vocês fizeram! Vocês quase fizeram a Anna-tan se afogar, seus marginais pervertidos!! - a ruiva exclamou em um tom de repreensão que não combinava com ela
– Yo no creo... como se atreveram... a n-nos m-m-m-mirar d-dessa forma?! - Stéffanie exclamou indignada, colocando os braços na frente do busto de forma protetora, dividida entre a vergonha e a vontade de matar todos eles
– Isso não foi idéia nossa! É que... bem... o Ikuto queria espiar, e acabou nos arrastando junto, então... bem... isto é... - Nagihiko murmurou incoerente, sem conseguir encontrar uma desculpa razoável que melhorasse sua situação
– Isso, isso mesmo! Nós... n-nós não queríamos espiar, sabe... isto é... f-foi o Ikuto que nos obrigou, a culpa é dele!! - Kukai gritou, apontando nervosamente para o mais velho, e os outros confirmaram
– Ahhh seus traidores, vão me entregar agora, é?! - o neko resmungou - Pois quer saber, a idéia foi minha sim! Não é justo que vocês tenham nos espiado, nós achamos a câmera da ruivinha ali, e sei que você tiraram fotos nossas, suas stalkers! Então, se vocês vão nos espiar, nada mais justo do que deixar a gente espiar também!
– E-E-esto no es motivo para ustedes nos e-e-espionar dessa maneira!! - a espanhola rebateu com o rosto em chamas
– It's true!! Além do mais... w-we did not want e-e-e-es-espionar v-vocês... but the Japanese Ace nos obrigou! - Anna exclamou, apontando escandalosamente para Yaya, no que ela pretendia ser uma forma de apenas se defender, e não de acusar a amiga
– Sim, isso mesmo! Yaya nos obrigou a espionar ustedes, no es justo que nos espiem por causa de esto!– a Rainha estrangeira apoiou, esta sim querendo acusar a garota. Yaya soltou uma exclamação de indignação, fingindo-se de ofendida, sem convencer ninguém
– Não interessa se ela obrigou ou deixou de obrigar, o fato é que vocês também nos espiaram, então nem podem falar nada! - Nagi rebateu - Mas... que coincidência, a Yaya-chan obrigou vocês a espiarem, e o Ikuto nos obrigou a espiar... resumindo, a culpa disso tudo é desses dois. Então eu proponho que nos vinguemos apenas desses dois, que nos meteram nessa situação, dando o castigo que eles merecerem, e poupemos os demais
– Estoy de acuerdo! – Stéffanie ergueu uma mão no ar como se respondesse a uma pergunta em sala de aula
– Ehhh?! Que injusto Onee-chan, você nunca concorda com o Nagi em nada, mas nisso vocês concordam né?! - Yaya exclamou escandalosa, tentando pensar numa forma de escapar dessa situação
– A ruivinha tem razão, é uma péssima hora pra vocês concordarem em alguma coisa - apoiou Ikuto
– B-But I think the Long hair Boy and the Spanish Girl is right... – Anna falou timidamente
– B-Bom, se olhar assim, a culpa é deles mesmo, então... a-acho que não faz sentido descontar nos outros que foram apenas arrastados pro meio disso... - Tadase manifestou-se, ainda meio incerto
– É, a culpa é só desses dois mesmo.... desculpe Yaya - Kukai deu a aprovação final
– NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!– Ikuto e Yaya gritaram ao mesmo tempo, ambos sabendo que não conseguiriam escapar ilesos dessa vez.

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Depois de uma longa discussão e de muitos pedidos de desculpas, o grupo acabou entrando em um novo acordo mútuo, já que, de livre e espontânea vontade ou não, todos acabaram espiando uns aos outros, então concordaram que o melhor era considerar que estavam quites e não realizar nenhuma vingança futura, em troca de nunca mais se falar sobre esse assunto de novo.

Após voltarem para o acampamento e gastarem mais alguns minutos desfazendo as barracas e guardando seus pertences no porta-malas da kombi, eles adentraram o veículo, todos exaustos demais para puxar conversas paralelas e ainda constrangidos demais com o incidente do lago, enquanto Ikuto dirigia pelo caminho de volta. Situação que logo se inverteu quando todos finalmente deixaram o assunto sobre a espionagem de lado e perceberam o quanto Ikuto estava dirigindo rápido.

— E-Ei, Ikuto… - Miguel chamou, timidamente. A depressão pós-chara change havia dado lugar ao pânico rapidamente – Você não acha que está indo rápido demais?
— Ahn? O que?
— Rápido... rápido demais...
— Você quer que eu vá mais rápido? Tudo bem! – ele gritou, acelerando ainda mais, e Miguel deixou escapar um grito agudo, agarrando o braço de Kukai num ato reflexo, e o soltando logo depois, ao perceber o que fizera. Kukai nada percebeu, soltando urros de empolgação a cada vez que Ikuto aumentava a velocidade
– Ahh, Ikuto! Cuidado com aquele veado! Você vai atropelar o parente do Micchan!! - Yaya berrou, apontando escandalosamente para um veado à centímetrpos de distância. Miguel estava tão apavorado com a alta velocidade do veículo que nem sequer percebeu a comparação feita pela Às
– Tá, eu sei, eu sei! - o neko resmungou, por pouco não atropelando o pobre animal
– Ufa, essa foi por pouco... quase que o bambi foi... ahh, cuidado, Ikuto! Ali na frente!! - a ruiva tornou a gritar
– Hein? O que foi agora??
– Os filhotes de coelho, Nii-san! - Tadase berrou
– Ohh the poor bunnies vão... kyaaaa não posso olhar!! - Anna tampou os olhos com as mãos, apavorada. Ikuto fez uma difícil manobra e o carro passou a milímetro dos coelhos
– Está tudo bem, Lewis-san, os coelhos estão... ahh Nii-san, cuidado com aquela árvore!
– Qual é, até com as árvores vocês estão preocupados é?! - o mais velho resmungou
– Estamos preocupados é em você bater o carro!! - Miguel berrou
– É só criticas pra todo lado, assim não dá! Quero ver vocês fazerem melhor! - o neko virou a cabeça pra trás pra reclamar
– Olha pra frente pelamor de Deus!! - o português gritou apavorado
– Coloque as mãos no volante seu hijo de una perra!! – Steffanie berrou, entre irritada e apavorada
– Isso está errado Blanca-chan... ele é um gato,e não um cachor...
– Pouco me importa o que ele é!! - a espanhola interrompeu o que Nagihiko ia dizer com outro berro agudo
– Ai, assim não dá... como foi que nos acalmamos na primeira viagem mesmo? - Nagihiko tentou lembrar
– Ahh a Yaya lembra! Liga o som aí Kukai!! - a Às pediu, e o Valete Vagal apertou o botão que ligava o rádio. A música começou a tocar animada, e ele cantou junto.

Hikaru kaze kara tsuduiteru hapii sasotte
Convide a alegria trazida pelo vento brilhante

Kimi no moto he LOVE doraibu ikou!
Rumo a fonte de seu fluxo de amor eu vou!

Ikuto se juntou a ele, dançando enquanto dirigia. Com a cantoria desafinada da dupla, logo a atmosfera tensa se dissipou.

Tokimeki ga mekimeki to kasoku shite yuku yo
Meu coração visivelmente começa a bater mais rápido

Hannarito kogareteku? sonnano matenai
Gradualmente estou ficando mais frustrada? Não posso mais esperar

Yaya começou a fazer coro lá atrás.

Akuseru ha sono egao otome moodo zenkai!
Seu sorriso é o acelerador, modo donzela ativado!

Nankamou wakannai kimi ni muchuu desu
Eu já nem sei mais... porque estou atraída por você

Anna se juntou, com sua voz aguda e cheia de sotaque.

Dakara kareshi kanojo sore ijou? guuzen datte hitsuzen ni
Então somos apenas namorado e namorada? Há uma chance, é inevitável

Mirakuru wo maki makiokose zettai tanoshiku naru yo
Dê chance aos milagres, e você com certeza será feliz

Hikaru kaze kara tsuduitere hapii sasotte
Convide a alegria trazida pelo vento brilhante

Dokomademo tomannai LOVE pawaa mahou ni nare
Não importa o lugar, o poder do amor não pode ser parado, deixe-o virar magia

Logo, Stéffanie, Nagihiko e Tadase também não puderam resistir, e então, todos começaram a cantar, fazendo a Kombi chacoalhar com ainda mais vontade.

Daisuki ga panku shitara ai ni kawaru kara
Sentimentos de profunda atração explodem e se tornam amor

Suki na noonnonon kakugo kimenasai
Você o ama ou não? Se apresse e decida

Doki doki to LOVE doraibu ikou!
Coração batendo! Ao fluxo de amor eu vou!

http://www.youtube.com/watch?v=U-i0k_msLxs

E assim, continuaram, logo deixando aquele matagal que parecia interminável e alcançando a estrada de asfalto, finalmente retornando para suas casas.