Revenge escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 22
Capítulo XXII




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Era noite de festa no castelo. O Rei e a Rainha tinham dado um baile, reunindo todas as moças solteiras do reino, para escolherem uma noiva para o seu único filho e herdeiro do trono, Hotori Tadase. Todas as damas convidadas pareciam muito empolgadas com a idéia, é claro, mas o Príncipe não. Ele era terminantemente contra a idéia de casamentos arranjados, e disse várias vezes aos seus pais que podia muito bem arranjar uma noiva sozinho, sem a intromissão deles, mas seus pais insistiram que, como ele já estava para completar a maior idade e não tinha se interessado por ninguém ainda, ele teria que escolher uma noiva durante esse baile. Ou isso, ou seus pais lhe privariam até do direito à escolha e decidiriam por eles mesmos com quem Tadase iria se casar.


Várias moças convidaram o jovem herdeiro para dançar, algumas mais tímidas, outras mais ousadas, mas ele recusava o convite de todas. Apenas para fugir da pressão dos seus pais, dançou uma ou duas vezes com algumas amigas de loga data, que também tinham ido ao baile, como Hinamori Amu e Yuiki Yaya. Suas outras amigas, Mashiro Rima e Stéffanie de la Blanca, recusaram-se terminantemente a dançar com ele, ambas dizendo que não queriam correr o risco de acabarem sendo escolhidas como suas noivas apenas por causa de uma dança.


Foi quando ele a viu. A única garota que não era uma amiga de infância, e que ao mesmo tempo, não se atrevia a se aproximar dele, como o resto daquela corja fazia. Tadase levantou-se lentamente do lugar onde esteve sentado por quase meia hora, e caminhou lentamente, abrindo caminho pelo salão até ela. Do outro lado, uma garota com cabelos castanhos curtos, olhos brilhantes como esmeraldas, e trajando um lindo vestido de festa lilás e com várias rendas e fitas, olhou-o incrédula, como se não acreditasse que tão desejado Príncipe estava diante dela. Antes mesmo que Tadase a convidasse para uma dança, ouviu-se a música animada de antes ser substituída pela melodia lenta e calma de um violino, que Tadase logo percebeu que estava sendo tocado pelo seu irmão mais velho Ikuto. Ele estendeu a mão para a jovem dama diante dele e falou:


– Me concede o prazer dessa dança, senhorita?
– Ahn.... m-mas eu... - a garota olhou em volta, hesitante, e notando os olhares furiosos de suas rivais, que pareciam querer fuzilá-la com os olhos, acrescentou - E-Eu realmente posso...?
– É claro que pode. Eu estou te convidando, não estou? - ele respondeu e, antes que a garota pudesse protestar, Tadase a puxou para mais perto, apoiando a mão direita em sua cintura, enquanto segurava uma das mãos dela com a esquerda. Muito lentamente, a garota também se deixou levar pela melodia da música, e apoiou a mão livre ao redor do pescoço dele, abraçando-o. Os dois começaram a dançar e rodopiar pelo salão, atraindo a atenção de todos. E quanto mais giravam, quanto mais dançavam, mais Tadase tinha certeza de que era ela a sua escolhida. Como não notou aquela garota maravilhosa antes?! A única que não parecia estar interessada apenas em se tornar Rainha, a única que o tratava com uma pessoa com sentimentos, como qualquer outro ser humano, e não apenas um passaporte para ingressar no governo deste reino.
Quanto mais dançavam, mais os dois se apaixonavam um pelo outro, e maior ficava o desejo de ficarem assim juntos para sempre. Quando a música terminou e eles foram obrigados a parar de dançar, Tadase afrouxou um pouco o abraço, de modo a poder encará-la nos olhos. E antes que pudesse se conter, antes que sua mente inebriada por aquela melodia e pelo perfume da garota à sua frente, começou a aproximar seu rosto do dela lentamente. Viu a garota corar furiosamente e a sentiu arfar, mas não recuou. Tadase continuou se aproximando, aos poucos diminuindo a pouca distância que havia entre eles, seus lábios cada vez mais próximos. E quando estavam a apenas dois centímetros de distância...


– Volta aqui! Não fuja Micchaaan!!
– Não! Já disse que não vou usar esse vestido de novo! Não mesmo!
– Ahh mas por que não?! Ficou tão bonito em você! Volte aqui, Micchaaan!!


Do lado de fora da barraca do acampamento, os gritos de Yaya e Miguel ecoavam por toda a área descampada da floresta. Aparentemente, a ruivinha estava tentando obrigar o Rei estrangeiro a se travestir de novo. Os gritos dos dois acordaram Tadase de supetão, que também deixou escapar um berro, sentando-se bruscamente ao perceber o que ele tinha sonhado. A parte de ser um Príncipe como nos Contos de Fada ainda vai, não era a primeira vez que ele sonhava com algo assim afinal, e nem seria a última... mas como raios foi sonhar aquilo com uma amiga?! Ainda mais com Anna Lewis!! Se tivesse continuado a sonhar um pouco mais, ele teria acabado... beijando ela!!! Ahh ele era um indecente, com certeza, não passava de um completo pervertido por sonhar essas obcenidades com suas amigas! Principalmente com uma menina tão pura e inocente quanto Anna.


– Ahh Kami-sama, eu sou um imoral... - Tadase resmungou para si mesmo, ainda sonolento, e chocado consigo mesmo - Como fui fazer isso logo com a Lewis-san... se ela souber disso, vai me odiar, e nunca mais vai querer falar comigo se descobrir como sou tão indecente... ahhh eu sou pior que o Ikuto-niisan!!
– Pior que o Ikuto? Como é possível? Você engravidou alguém ou coisa assim? - uma voz rouca e sonolenta falou ao seu lado, e Tadase pulou para o canto, assustado, quando viu um embaranhado de cabelos roxos bagunçados, e lembrou-se de que tinha dividido a barraca com Nagihiko
– Fujisaki-kun... ohayou - Tadase cumprimentou, ainda que sentisse que aquele estava longe de ser um dia bom - Desculpe, eu te acordei?
– Que nada, eu não consegui dormir mesmo - o Valete respondeu, parecendo terrivelmente cansado. Finalmente desistiu de pegar no sono, visto que já tinha amanhecido e os outros já estavam acordando também, e puxou para perto uma escova de cabelos de sua mochila para tentar dar um jeito no que parecia ser um ninho de ratos arroxeado em sua cabeça - E então? O que você fez com a Anna-chan pra conseguir ser pior do que o Ikuto? - ele perguntou vagamente curioso, e Tadase lhe contou seu sonho, ainda vívido e claro demais em sua memória.

– Humm... então quer dizer que o nosso estimado Rei também sonha com essas coisas, não é...? - Nagihiko comentou, reprimindo um bocejo, após ouvir o relato de Tadase - Bom, eu não acho que isso te faz pior do que o Ikuto. Você não chegou a fazer, e foi só um sonho afinal
– Sim, mas... se eu tivesse demorado um pouco mais pra acordar, eu teria...!
– Mas você não chegou a fazer, não é? - o maior interrompeu - Se eu fosse você, levaria essa história pro túmulo, mas se essa história de culpa e desonestidade está te incomdoando tanto, talvez você devesse contar pra ela
– Não! Não mesmo, a Lewis-san não pode saber disso, ela vai me odiar se souber!! - Tadase gritou, um tanto desesperado - Fujisaki-kun, o que eu faço?? Como... como fui sonhar uma coisa dessas?!
– "Como"...? - Nagi repetiu - Só falta agora você dizer que foi influenciado pela cena que eu provoquei ontem à noite e que a culpa é minha por você ter sonhado que beijou nossa amiga estrangeira
– Ah, sim... você e a Blanca-san ontem... - Tadase corou levemente ao se lembrar dos acontecimentos da noite anterior, sem terminar a frase - Etto... v-você já decidiu o que vai fazer?
– Não há muito o que fazer agora, eu já fiz o estrago todo ontem, não foi? - Nagi falou meio sarcástico - Não consigo pensar em nada melhor do que pedir desculpas, mas... eu duvido que ela queira me ouvir
– Não se preocupe tanto. Blanca-san é meio teimo... err... q-quero dizer, ela parece ser do tipo que se irrita fácil, mas... no fundo eu acho que ela se afeiçoou à você. E ela deve estar mais calma agora, você só precisa escolher as palavras com cuidado e pensar bem no que vai falar - o loiro falou, tentando animar o amigo, ainda que ele mesmo não se sentisse muito apto a dar conselhos sobre garotas nesse momento.


Tadase se penteou também, demorando bem menos do que o outro por sinal, os dois trocaram seus pijamas por roupas normais, e finalmente saíram da barraca. Do lado de fora, Anna, Yaya, Kukai e Ikuto tentavam assar o que parecia ser mashmallows deformados no que tinha restado da fogueira, obviamente sem sucesso.


Ah! Good Morning Prince Charming! – Anna cumprimentou sorridente, se atrapalhando um pouco e quase derrubando seu mashmallow
– H-Hai... ohayou, Lewis-san - o Rei respondeu sem sequer conseguir encará-la nos olhos de tanta culpa e vergonha que sentia. Se Anna soubesse as coisas que ele andou sonhando com ela... será que ainda lhe desejaria bom dia? Provavelmente não
– Ahh finalmente você acordou, Fujisaki! Estamos famintos aqui! - Kukai exclamou assim que os avistou - Puxa, eu estava quase deixando a Yaya invadir a barraca de vocês para acordá-los de tanta fome que estou, viu...
– Ohayou - Nagihiko falou, ainda que ninguém tivesse lhe desejado bom dia - Ano... aonde estão a Blanca-san e o Gonçalves-kun? Quero dizer, eles também sabem cozinhar, não sabem?
– Aquele moleque se escondeu em algum lugar depois que a tampinha aqui tentou obrigá-lo a usar roupas de menina de novo - Ikuto informou, apontando para Yaya
– A Onee-chan também fugiu pra algum canto da floresta logo depois que acordou - Yaya acrescentou, menos sorridente do que de costume, provavelmente por causa da fome - Puxa vida, Yaya não pensou que ela ficaria assim tão abalada por causa de ontem...
– Ahh puxa, e de quem será que é a culpa por ela estar assim, hein? - Nagihiko falou azedo, encarando a criadora do jogo que causou toda aquela confusão com os olhos estreitos
– Ei, não culpe a Yaya! Não fui eu que roubei o primeiro beijo da Onee-chan! - a Às falou, fingindo indignação
– Ahh é verdade, você não apenas beijou aquela garota à força, como também roubou o primeiro beijo dela né... hehehe parece que alguém aqui está mesmo encrencado - Ikuto riu, adorando a sensação de não ser o culpado dessa vez pelo fato de uma garota estar tão abalada
– Não foi o primeiro... ela mesma já disse que já fez isso antes afinal - Nagihiko resmungou tão baixo que ninguém conseguiu ouví-lo por completo
– Err... eu não ouvi o que you say... – Anna falou incerta, perguntando-se se mais alguém ali tinha entendido o que ele falou
– Perguntei pra que lado a Blanca-san foi - Nagihiko mentiu, e a inglesa apontou a direção com a mão livre. O Valete agradeceu e saiu correndo na direção indicada pela garota, desaparecendo entre as árvores. Tadase suspirou e sentou-se ao redor da fogueira também, ao lado de Kukai, que reclamava de que Yaya não devia ter afugentado Miguel antes do café da manhã, e tomando o cuidado de não ficar muito perto da Às estrangeira. Não podia encará-la depois daquele sonho indecente que teve com a garota, pelo menos não enquanto não pensasse em alguma forma de se desculpar corretamente com ela. Estava tão preocupado com esse assunto que não percebeu quando Kiseki saiu do seu lado e se juntou aos outros Charas, que pareciam muito entrertidos em algum outro assunto, todos sentados em cima da preciosa kombi de Ikuto.


– Ei, plebeus! - Kiseki chamou autoritário, atraindo a atenção dos outros Charas - O que estão fofocando aí? Não vão me dizer que estão tramando a dominação mundial sem mim?!
– Ah, olá Majestade.... antes fosse isso - Daichi respondeu ao avistá-lo
– São essas tontas que ficam nos arrastando pra assuntos melosos e sem importância ~nya! - Yoru exclamou, parecendo incomodado e constrangido ao mesmo tempo - Eu sou uma alma livre, um ser da noite, não tenho tempo pra essas baboseiras ~nya!
– Você é um insensível, isso sim! - Pepe repreendeu - Apesar de que isso também não me interessa muito, sou um bebê afinal...
– Mas o que raios vocês estavam falando, hein...? - Kiseki indagou novamente, começando a ficar curioso
– Isso, contem as idéias de vocês ao Kiseki, ele vai adorar saber disso! Contem tudo pra ele, mas nos deixem fora dessa, ok?? - Daichi falou, aparentemente usando o Reizinho como desculpa para fugir de um assunto contrangedor - Você vem, Rhythm?
– Eu iria, mas meu dono também está envolvido, então vou ficar mais um pouco - o Chara respondeu, sorrindo como quem pede desculpas
– Você quem sabe... até mais ~nya - Yoru despediu-se, voando para junto de seu dono, e sendo seguido por Daichi e Pepe
– E então, que assunto tão importante é esse afinal? Se for só uma banalidade qualquer, vou me juntar à eles - Kiseki falou, entre curioso e arrependido por ter ido conferir do que eles falavam
– Ahh não, you can't go! – Peach exclamou, puxando o Reizinho pela capa e tentando trazê-lo para mais perto - Isso tem a ver com seu dono também, então você realmente precisa ficar!!
– O Tadase? O que ele tem a ver com isso? Vamos, contem tudo, plebeus! - Kiseki exclamou, começando a ficar preocupado
– Calma, calma, é muito simples, Alteza - Rhythm falou, tentando acalmá-lo
– É Majestade!
– Que seja - ele deu de ombros - Você não sentiu nenhuma mudança no coração do seu dono ultimamente?
– Algo como uma espécie de novo sentimento nascendo, algo novo e desconhecido, que parece ser bom, e sufocante ao mesmo tempo... como uma mistura de várias emoções surgindo todas ao mesmo tempo - Temari acrescentou
– Agora que vocês falaram.... o coração dele tem mesmo apresentado mudanças ultimamente - Kiseki confirmou - Essa manhã por exemplo, havia um sentimento forte no coração dele, como um aperto no peito... mas isso não é de hoje, há tempos que ele está assim. Na verdade acho que começou quando aqueles estrangeiros vieram pra cá
– Sim, exatamente! - Setsuna exclamou escandalosa, como se ele tivesse chegado ao ponto principal da conversa - Nosotros también sentimos essas mudanças en los corazones de nuestros donos
– Ah, é mesmo? - Kiseki perguntou retoricamente, sem se importar muito com a mudança dos corações dos demais Guardiões - Bem, e o que tem isso?
Do not you see? Essas mudanças estão conectadas! - Peach exclamou impaciente, e os outros balançaram suas cabecinhas veementemente, confirmando - Na verdade, as mudanças do coração do seu dono está relacionada com a do coração da Anna, para ser mais preciso
Sí, sí – Setuna continuou - E a mudança de él corazón da Stéffanie...
– ... está conectada com a do Nagihiko - Rhythm completou, deixando escapar um sorrisinho estranho
– Não estou entendendo aonde vocês querem chegar... - o Reizinho murmurou com um ponto de interrogação na cabeça
– Kiseki, como você pode ser tão burro?! - Temari exclamou impaciente, dando um tapa na própria testa - Droga, fiquei com vontade de te bater pra ver se assim esse seu cérebro minúsculo consegue pensar em alguma coisa que não seja a dominação mundial...
– Cuidado, essa daí é um perigo quando fica zangada - Rhythm cochichou para o Reizinho, que sentiu um calafrio na espinha
– O que estamos tentando dizer aqui, Majesty... é que o seu dono e a minha dona are passionate!– Peach exclamou, também perdendo de vez a paciência
– Passi... passion... quer dizer que eles vão fazer uma passeata?! - Kiseki indagou, confuso com o rumo da conversa e com o inglês que ele não entendia e, ao notar que a irritação de Temari havia aumentado, percebeu que tinha traduzido errado a última parte da frase - Ok, ok, entendi, não é passeata! Então, isso é... etto... ah! Q-Quer dizer que eles estão... a-a-a-ap-apaixonados?! - ele indagou incrédulo, corando ao dizer a última palavra e pronunciando-a mais baixo do que o resto da frase, como se estivesse dizendo algo indecente. Os outros confirmaram, dando graças aos céus que ele finalmente tivesse entendido
Esto mismo. E o mesmo vale para nuestros donos, creio eu - Setsuna acrescentou, apontando para si mesma e para os Charas de Nagihiko
– Ah, vocês não me interessam! - Kiseki abanou a mão em sinal de pouca importância, e Rhythm, Temari e Setsuna soltaram uma exclamação de indignação ao mesmo tempo - Você tem certeza disso, Peach??
– Bem, tenho certeza de que a Anna gosta do seu dono, mas não sei dizer com certeza o que ele sente pela minha dona... você é o Chara dele afinal, só você pode saber como anda o coração do Tadase - ela respondeu, sorrindo meio sem graça
– Olhe aqui, Alteza, mesmo que você não se importe com o que acontece com o Nagi e a Stéffanie, o fato é que estamos todos na mesma situação aqui, por isso decidimos conversar e cooperar uns com os outros, para ajudar nossos donos! - Rhythm exclamou, fazendo uma cara séria que não combinava com ele
– Primeiro, já falei que é Majestade - Kiseki corrigiu novamente, começando a achar que ele estava errando de propósito - E segundo, não acho ruim a idéia de colaborar uns com os outros, mas acho que é muito óbvio o que devemos fazer: Eu vou falar com aquela plebéia inglesa e descobrir quais são as verdadeiras intenções dela, pra saber se aquela garota realmente merece gostar do Tadase! Peach, pode falar com o Tadase também se quiser, eu te dou permissão dessa vez - ele falou como se isso fosse uma grande honra - E se eu fosse vocês, faria o mesmo. Setsuna, você devia mesmo falar com o Valete pra tentar descobrir o que ele está querendo com a sua dona, e vocês dois também, eu falaria com aquela Rainha espanhola no lugar de vocês. Isto é, isso se vocês a encontrarem, porque aquela garota parece que evaporou da face da Terra.







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Enquanto isso, longe dali, do outro lado da margem do lago além das árvores, Nagihiko havia finalmente encerrado sua busca ao avistar uma garota de cabelos compridos e azulados, abaixada em frente ao lago, observando os peixes que lá viviam, sem realmente vê-los.


– Finalmente te encontrei... você é mesmo boa em fugas, hein?! - ele comentou como quem não quer nada, arfando de tanto correr, e sem saber como proceder. Viu-a se levantar lentamente, e contornou a margem do lago, se aproximando dela, para detê-la caso ela resolvesse fugir de novo - Etto... a-acho que precisamos conversar sobre ontem
– Ah, você "acha"? - Stéffanie repetiu, sarcástica - Pois yo pienso que no há mais nada para conversar, nosotros já conversamos tudo o que tínhamos para conversar ayer. Ou melhor, não conversamos nada, usted apenas fez, sem se dar ao trabajo de dizer nada antes
– É... bom... sobre aquilo... - Nagi coçou a cabeça sem graça, tentando escolher as palavras com cuidado - E-Eu quero dizer que... sinto muito. Me deixei levar pelo jogo, e não devia ter feito o que eu fiz, então... bem... me desculpe - ele inclinou a cabeça, fazendo uma reverência, de modo que várias mechas de seu longo cabelo penderam para a frente
– É meio tarde para pedir desculpas - ela respondeu, forçando-se a não encará-lo
– Eu tentei pedir desculpas ontem, mas... Yaya-chan e Anna-chan estavam criando uma algazarra, e o Gonçalves-kun também não para de gritar e fazer todo aquele escândalo por causa do Chara Change, então eu não consegui! - ele exasperou-se, levantando a cabeça de novo - Além do mais, você também... não estava com cara de quem iria me ouvir ontem
– Ahh quer dizer que a culpa agora eres minha?! Usted fez aquilo comigo! Fue usted que me... m-me b-b-b-be... u-usted sabe!! E ainda fica jogando a culpa em mim?! - ela finalmente o encarou nos olhos, o rosto vermelho de vergonha e raiva misturadas
– Ora, e qual o problema afinal?! - Nagi se irritou também - Não é a primeira vez que você faz isso mesmo, não é?! Não precisa fazer todo esse drama! Eu me lembro muito bem... quando você se reuniu com as outras meninas e o Gonçalves-kun na casa da Utau, e ficaram falando de suas vidas antes de vir pra cá... você disse que já tinha feito isso antes, não foi?! - ele lembrou, sentindo um nó na garganta ao dizer essas palavras - Por que está fazendo todo esse escândalo afinal? Deixou algum namorado te esperando lá na Espanha ou coisa assim? - ele perguntou, sentindo um aperto no peito misturar-se ao nó em sua garganta, que parecia apertar cada vez mais
– Aquilo era mentira - ela falou, sua voz estranhamente baixa, e também abaixando a cabeça, de modo que a franja lhe cobrisse os olhos
– Como é...?
– Era mentira. Aquilo que yo hablei en la casa de Utau... yo estaba mentido. É que... y-yo soy mais velha que Yaya e las otras niñas, entonces... n-no queria parecer uma tola inexperiente na frente delas... por isso eu menti. Eu nunca tinha feito isso antes. Y ayer fue.... la primeira vez que yo... f-fiz aquilo - ela levou os dedos aos lábios inconscientemente, o rubor de sua face se intensificando - Usted... fue usted quem roubou meu... m-meu primeiro b-beijo.


Nagihiko sentiu o aperto em seu coração e em sua garganta se dissolver como se fosse mágica. Não sabia explicar o porquê, mas sentiu um imenso alívio ao saber disso, misturado com um sentimento muito mais agradável e cálido se espalhar por todo seu corpo diante dessa informação. Felizmente, logo se lembrou de que isso também tornava a situação ainda mais delicada do que antes, e achou melhor falar alguma coisa para acabar com aquela situação constrangedora.


– Bom... se serve de consolo, aquele também foi meu... m-meu primeiro beijo - ele contou, desviando os olhos dela e coçando a cabeça sem graça
– Não, não serve - Stéffanie mentiu novamente, já que por algum motivo também tinha ficado feliz em saber disso - Este tipo de cosa es... muy mais importante para las niñas, não tem como usted entender una cosa dessas
– Eu sei disso. Sei muito bem o quanto isso é importante para as garotas - ele respondeu com uma convicção impressionante, lembrando-se da época em que ouvia suas amigas falando disso quando ele ainda era Nadeshiko
– Como usted puede saber?! Usted es un hombre!
– Ahn... é que... e-eu ouvia muito a minha irmã falar disso, por isso eu sei - ele respondeu, sendo incrivelmente convincente
– Ah, certo - ela deu de ombros - Pero parece que não conviveu tiempo suficiente con tua hermana para entender que no se deve roubar así o p-primeiro b-b-beijo de una niña, não é?! - ela acrescentou, amarrando a cara, e desviando os olhos dele novamente
– Olhe aqui, aquilo não foi culpa minha, foi a Yaya-chan que sugeriu aquele jogo estúpido! - Nagi exclamou, começando a se cansar daquela discussão - Será que não pode simplesmente esquecer que aquilo aconteceu?!
– Como puedo esquecer la primera persona que me beijou?! - a Rainha estrangeira gritou indignada, voltando a encará-lo - Mismo se yo quisesse... mismo querendo fingir que nada disso aconteceu, eu... jamais vou conseguir esquecer!
– Ahn.... e-então, já que você não pode esquecer, apenas me desculpe logo, não torne tudo ainda mais difícil! - Nagihiko exclamou de volta, tentando ignorar o salto que seu coração deu ao ouvir aquilo
No! Yo jamais vou te perdoar, Fujisaki Nagihiko! Jamais, ouviu bem?! - ela apontou um dedo acusador para ele e, num acesso de raiva, avançou contra o garoto, distribuindo golpes aleatoriamente em seu tórax e braços
– Itaaaaii!! Pare com isso, sua louca, isso dói!! - Nagi exclamou, colocando os braços na frente do próprio corpo de modo defensivo, mas, vendo que ela não parava, segurou-a com firmeza pelos dois braços, impedindo-a de se mover.
Qué... qué estás haciendo, estúpido! Solta-me! – ela sibilou, furiosa, sentindo sua face queimar como se estivesse em chamas, quando notou o quanto estavam próximos
– Pra você me bater de novo?! Não mesmo! - ele rebateu, segurando-a com ainda mais firmeza
– Tonto... sólta-me luego, vamos! - ela começou a se debater numa tola tentativa de se soltar, fazendo com que seus corpos se chocassem de vez em quando
– Nee... sabia que você fica muito fofa quando está assim indefesa? - ele perguntou aleatoriamente, fazendo a estrangeira arfar e parar de se mover bruscamente. Seu plano havia funcionado, ela paralizava e ficava sem reação quando ficava verdadeiramente envergonhada. Mas, no fundo, até que ficava... realmente fofa - Eu devo estar maluco mesmo... o que raios pode ter em uma garota com uma personalidade tão complicada quanto a sua... que me atrai tanto, hein?! - antes que alguém pudesse encontrar a resposta para essa pergunta, Nagihiko cedeu a um impulso que só Deus sabe daonde vinha, e terminou com a distância entre eles, selando seus lábios nos dela outra vez.


A sensação parecia ser milhares de vezes melhor dessa vez, talvez pelo simples fato de que agora eles estavam sozinhos, sem ninguém para servir de platéia, fotografar, filmar, ou dar gritinhos histéricos como trilha sonora de fundo. Stéffanie soltou um meio resmungo aleatório, que poderia ser tanto um protesto quanto um gemido, e fechou os olhos com força, como se isso pudesse anular as sensações que o garoto provocava nela. Nagihiko finalmente soltou os braços dela, e a abraçou com uma das mãos, movendo-a lentamente ao redor do seu corpo. A Rainha estrangeira sentiu os braços tremerem, como se estivesse indecisa entre empurrá-lo para longe e matar ele de pancadas, ou simplesmente retribuir ao gesto e abraçá-lo de volta. Por fim, resolveu apenas agarrar a gola da camisa dele com força, apertando-a entre as mãos trêmulas.


Nagihiko subiu a outra mão até o ombro dela, enroscando distraidamente os dedos nas mechas soltas do cabelo da estrangeira, e aprofundou um pouco mais o beijo, tendo agora uma idéia de como proceder graças ao que aconteceu na noite anterior, e a ouviu arfar, surpresa. Ela sentiu como se estivesse sendo embriagada pela mistura daquele delicioso cheiro e do gosto em sua boca ao mesmo tempo, provando de sensações ainda mais intensas do que as da primeira vez. Seu coração acelerou absurdamente rápido, talvez mais até do que ontem e, em um ato impensado, ela soltou a gola da camisa do Valete e moveu as mãos até atirá-las ao redor do pescoço de Nagi, enroscando os dedos nos cabelos longos dele.
Ele apertou o abraço, aproximando ainda mais seus corpos, e aprofundando mais ainda o beijo. Até que a necessidade de repor o oxigênio em seus pulmões se tornou maior do que a vontade de continuarem perto um do outro, e Stéffanie forçou-se a interromper o beijo, empurrando Nagihiko para longe, e acertando uma bofetada na cara do garoto. Ela apoiou uma das mãos em seu peito, que subia e descia rapidamente devido à respiração descompassada, e escondendo os lábios com as costas da outra.


Usted... u-u-usted hecho de nuevo!! – ela falou, meio rouca, apontando um dedo acusador para Nagi - Como se não bastasse ter feito una... pero duas vezes, seu... s-s-seu maníaco!! O que usted es, un pervertido violador de estrangeiras ou coisa parecida?!
– O que?! Eu não sou nada disso! - ele gritou, entre confuso e indignado com a acusação, com a mão na bochecha onde recebera o tapa - Vai me dizer que você também não gost....
– Não termine essa frase!!! - a Rainha estrangeira berrou, interrompendo-o - Escuches bién, esto nunca sucedeu, compreendeste?!
– O que?! - Nagihiko começou a se irritar coma reação dela - Como assim nunca aconteceu... o que nós fizemos entã...
– Não fizemos nada!! - Stéffanie interrompeu de novo - Esto nunca aconteceu, fuste solamente una ilusión, una pesadilla, fruto de su imaginación, cualquier cosa, pero não aconteceu!! E escuche bién, Fujisaki Nagihiko - Stéffanie falou tudo muito depressa, atropelando as palavras e se esquecendo de traduzir ao menos parte da frase do espanhol para o idioma dele. Ela o puxou pela gola da camisa, encarando-o nos olhos ameaçadoramente, ainda que seu rosto corado não metesse tanto medo agora - Se usted ousar contar sobre essa.... "ilusión" para alguém, yo juro que acabo com você, compreendeste?! Ahora vamos luego, não tomei café da manhã, e estoy com hambre!– ela o soltou e saiu andando na frente, ainda resmungando ofensas em espanhol. Sem outra opção, Nagihiko a seguiu, sem saber se tinha conseguido consertar as coisas ou se tinha complicado ainda mais a situação.



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Notas finais do capítulo

Vocabulário:
Inglês:
Good Morning Prince Charming! - Bom dia Príncipe Encantado!
You say - você disse
You can't go! - você não pode ir!
Do not you see? - Você não vê?
Majesty - Majestade
Are passionate - estão apaixonados
----------------------------------------------------------------------------------------
Espanhol:
Nosotros también - nós também
En los corazones de nuestros donos - nos corações de nossos donos
Sí - sim
Esto mismo - isso mesmo
Yo pienso - eu penso
Ayer - ontem
Trabajo - trabalho
Fue usted - foi você
Yo hablei - eu falei
Yo estaba - eu estava
Niñas - meninas
Yo soy - eu sou
Entonces - então
Este tipo de cosa es - esse tipo de coisa é
Usted puede - você pode
Usted es un hombre! - você é um homem!
Pero - porém
Tiempo - tempo
Tua hermana - sua irmã
La primera persona - a primeira pessoa
Mismo se yo - Mesmos e eu
No - não
Qué estás haciendo, estúpido! Solta-me! - O que pensa que está facendo idiota?! Me solte!
Usted hecho de nuevo! - você fez de novo!
Escuches bién, esto nunca sucedeu, compreendeste?! - Escute bem, isso nunca aconteceu, entendeu?!
Fuste solamente una ilusión, una pesadilla, fruto de su imaginación, cualquier cosa - Foi apenas uma ilusão, um pesadelo, fruto da sua imaginação, qualquer coisa
Ahora - agora
luego - logo
Estoy com hambre - estou com fome
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Yoo minna! Teffy-chan falando!! /o/
Nyahaha... aposto que por essa vocês não esperavam! Será que a situaçãos e resolveu ou se complicou mais ainda? Sinceramente, eu tbm não sei '-' Vai depender do que a Shiroyuki-chan vai escrever agora XD E pra completar, até o Tadase se meteu numa furada por causa dos sonhos comprometedores dele... quem diria hein, nosso Reizinho está crescendo rsrsrsrsrsrsrsrs
Deixem reviews onegai e façam duas autoras muito felizes!!! *o*