Tom ainda estava encolhido no tronco da grande árvore, tremendo de medo, olhando com os grandes olhos verdes cheios de medo para o louro que o observava, paciente.

Ele havia tentado fugir assim que eles chegaram ao chão, mas Thor o alcançara e seu aperto de aço quase sufocou o moreno, que agora se encolhia numa inútil tentativa de se defender. Fechou os olhos com força quando o outro colocou as mãos ásperas a segurarem seu rosto.

- Por favor, Loki, tente se lembrar de mim. Não tenha medo. Eu jamais permitiria que o Pai tirasse sua memória se soubesse que seria assim. Sinto muito por isso.

Ele abriu os olhos e encontrou os azuis que o fitavam com uma intensidade esmagadora, muito próximos do seu rosto. Se ele realmente era esse Loki, então como assim sua memória havia sido tirada? Isso não ajudava a afastar o medo. Aquele homem, alienígena ou não, herói ou não, o tinha sequestrado. Andrew deveria estar preocupado, Rose também ficaria assim que ela soubesse. Será que chamariam a polícia? Ele duvidava que isso fosse funcionar de alguma forma.

- Por que fica dizendo essas coisas? – questionou. – Eu estava tentado me ajustar, e então você aparece e estraga tudo. Já não era bastante difícil para mim, não saber sobre mim mesmo, para que você tivesse que vir e fazer tudo ficar ainda mais estranho?

Thor arqueou as sobrancelhas douradas com a pergunta que o outro fizera. Tom viu a dor naqueles olhos azuis tão profundos. Quando as mãos soltaram seu rosto e o grandalhão se afastou apenas o suficiente para que ambos pudessem ter uma visão melhor um do outro, nesse momento Tom também viu a frustração dele.

- O que eu preciso fazer para que acredite em mim, Loki? – Era quase uma súplica.

- Pare de me chamar assim...

- Não! – Ele se aproximou mais uma vez, agora sua expressão assustava o menor, que voltou a se encolher quando o louro segurou-lhe o braço, fazendo-o levantar-se. – Vou levá-lo para Asgard. Sua memória precisa ser recuperada.

Tom tentou fazê-lo soltar-lhe, mas era a mesma coisa que lutar contra uma parede. O pânico que até então não havia se apresentado, começava a tomar forma. As lágrimas corriam de forma incontida. Um grito se formou em sua garganta, e quando emergiu, o som era tão alto que lhe doeu os seus próprios ouvidos, mas logo a mão de Thor tapou-lhe a boca.

- Shhhh... – Thor chiou enquanto segurava o menor, que se debatia em seus braços. Então ele passou um braço em volta do pescoço dele, da forma que os lutadores fazem para sufocar o adversário e apertou. – Eu não vou machucá-lo, Loki. É só para eu poder levar você em segurança – explicou enquanto tom perdia a consciência em seus braços.

Ele fitou a figura inerte do irmão mais novo. Ele parecia tão tranquilo assim... mas Thor não podia suportar a ideia de ter o irmão longe de si, sem ao menos recordar-se dos momentos que tiveram juntos. Loki – ou Tom, como ele insistia em ser chamado – era precioso demais para ser perdido assim, tão facilmente.

Quando o mais novo acordou novamente, confuso e com a cabeça doendo. Viu-se num local muito bonito e decorado. Algumas pessoas o encaravam, entre eles, Thor, um homem de idade com um olho só e uma mulher muito bonita de ar bondoso.

Ela se aproximou e o abraçou, de forma que ele sentiu seu perfume suave e reconfortante, a textura macia de seus cabelos enrolados e claros.

- Meu filho – disse ela. – Que bom que está em casa.