- Quem são vocês? Por que fui trazido para cá?

A mulher que o abraçara tinha uma lágrima solitária a escorrer-lhe pelo rosto. Por algum motivo, Tom não se incomodava com seu toque suave, permitindo que ela penteasse seu cabelo com os dedos ao olhá-lo com tanto carinho.

- Calma, querido – disse ela. – Está tudo bem agora. Thor nos contou de como você estava com medo dele. Não precisa se preocupar agora. Você está em casa. Nós lhe explicaremos tudo, está bem?

Ele não podia fazer mais nada além de assentir. Sentia-se tonto. Olhou ao redor. Estava num quarto muito bem decorado de verde, ouro e negro. Estranho como essas cores, juntas, agradavam-lhe os olhos. Uma janela permitia que ele visse, além de um belo céu muito azul, a extensão do que só podia ser uma cidade, mas que, ao contrário de Londres, tinha os prédios dourados e que formavam ângulos diferentes. Além deles, uma floresta verdejante se estendia como um tapete nas montanhas que se elevavam.

- Eu não entendo – Tom começou. A mulher ao seu lado, sua presença, o acalmava. Agora ela lhe segurava a mão. – Num dia eu desperto sem qualquer resposta sobre quem eu sou ou o porquê não sei nada sobre mim, no outro, Thor aparece chamando-me de irmão, dizendo-me um nome que até meus amigos conhecem... mas não eu. O nome de um homem que, pelo pouco que sei, não passa de um assassino.

Ele viu os olhares que os três trocaram entre si quando ele disse essas coisas.

- E agora estou novamente em um lugar desconhecido, com pessoas que não conheço...

Foi a vez do homem de um olho só falar. Sua voz era autoritária, mas ele se dirigia com calma a ele.

- Seu nome é Loki. Thor nos contou que lhe deram o nome de Tom. Você é nosso filho, de Frigga – ele apontou para a mulher – e meu também; não de sangue, mas de coração. E Thor, por isso é seu irmão.

O moreno permaneceu em silêncio. Sabia que o homem ainda tinha mais a falar que somente isso.

- E você é um assassino, Loki. Por isso sua memória lhe foi tirada e você foi deixado em Midgard, para assim você entender o verdadeiro valor de uma vida humana.

- O quê? – A pergunta não foi mais que um suspiro.

Ainda não conseguia acreditar. Mas se era assim, então porque o estavam contando a verdade? O homem de um olho só compreendeu sua confusão e explicou:

- Thor o trouxe de volta para que eu lhe devolvesse sua memória, Loki. Ele disse que você já conseguiu até alguma amizade nesse tempo que ficou nem lembranças do seu passado. Mas quer que eu faça isso para que você não se esqueça de que são irmãos e que devem sempre permanecer unidos. No entanto, não se você concorda com isso.

- C-como assim?

- Por favor, irmão, apenas aceite! – Thor disse, falando pela primeira vez desde que ele acordara naquele quarto.

O mais velho o ignorou.

- Loki, você quer se lembrar? Quer ter de volta as lembranças que eu, como regente de Asgard, tirei de você como punição? Quer saber o que aconteceu com você?

Por um momento. Ele realmente ficou em dúvida quanto a qual resposta seria a melhor, a mais sensata. Contudo, como ele poderia saber isso? Tudo o que queria era lembrar, saber quem era, conhecer seu próprio passado... dar algum sentido a essa loucura que era o que ele estava vivendo.

Abriu a boca para falar e voz não quis sair. Limpou a garganta.

- Sim.

O alívio de Thor era quase palpável.

O homem de um olho só assentiu, depois pediu para que Frigga saísse da cama ao lado dele.

Ele sentiu medo. Muito medo. Talvez não quisesse se lembrar de verdade... Quis pedir um tempo. Por favor, por favor, somente alguns minutos para que pudesse se recuperar do choque que a situação estava sendo para si. Mas não disse nada.

Apenas esperou.

A próxima coisa que viu foi o homem de um olho só a se aproximar, parar diante de si. Ele estendeu a mão, deixando-a pairar sobre a cabeça do moreno.

Tom, de repente, sentiu a necessidade de fechar os olhos, pois estava ficando tonto.

Em algum lugar em sua mente, alguém gritou.