Era fim de semana, o dia estava lindo, Leonardo deveria estar feliz, mas não estava.

 Brigara com Alex no dia anterior. Essa não era a primeira vez que isso acontecia. Nem a segunda, ou a terceira e muito menos seria a última, mesmo assim, Leonardo nunca deixava de se sentir horrível ao final de cada briga. Por que ele tinha dito aquelas coisas? Aquele foi um motivo tão idiota para ficar bravo... E se dessa vez ela não quiser mais voltar a brincar com ele? Nunca mais?!

Pouco provável. Eles sempre voltavam a se falar no dia seguinte. Sabe como são as crianças, nenhuma briga é motivo o bastante para deixar de se divertir com os amigos. O que não mudava o fato de que Leonardo sempre se sentia péssimo com elas.  

Enquanto todas as outras crianças se divertiam na rua ele estava sentado, sozinho na sala de leitura, brincando com um kit de lego. Estava tão concentrado se autoflagelando que nem percebeu a criança que se sentou ao seu lado. A criança não deu um oi, um olhar, nem um aceno, apenas se ajeitou no chão e ficou lá, calado. Era Abel. Ele tinha o costume de fazer isso quando percebia que Leonardo não estava bem. Uma pessoa qualquer estranharia aquele comportamento, até o acharia incômodo, mas Leonardo conhecia Abel e sabia que aquela era apenas a sua maneira de dizer “estou aqui do seu lado se você precisar”. Ele só...  não sabia como dizer isso em voz alta... Então ficava lá, calado.

E por mais estranho que isso pareça aquilo sempre fazia Leonardo se sentir melhor.

Porque aquilo era exatamente o que ele mais precisava quando se sentia triste. Alguém que nunca ficaria bravo com ele, alguém que nunca brigaria com ele, alguém que nunca deixaria de estar ao seu lado. Essa era outra das coisas só o Abel sabia fazer.