Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 11
Capítulo 10 – Embate


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem?
Leitoras novas na área, que bom! ^^ Mas quero as antigas comentando também!!
Hoje vou aproveitar pra recomendar a fic de uma amiga minha, a Manu. É de Luan Santana, e até eu que não sou fã dele gostei ;)
Confiram:
http://www.fanfiction.com.br/historia/219030/Incondicional



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– Não podemos deixar que um semideus qualquer assuma o controle por aqui. Vocês estão vendo, ele até trouxe a namoradinha para apresentar ao pai. Está querendo herdar tudo que é meu... digo, nosso por direito!

A voz de Tritão ecoava por todos os cantos como se ele estivesse segurando um megafone ao falar. Todos os seres vivos e criaturas a sua volta o olhavam e alguns pareciam concordar com o que dizia lançando a nós o mesmo olhar de desdém que Tritão e Cassandra haviam usado. Aquilo não podia estar acontecendo! Por um momento tinha achado que eu estava enganada e que nossa visita ao reino de Poseidon havia terminado bem. Mas não, não havia terminado ainda.

– Do que é que você está falando, Tritão? – Tomando a frente como bom líder que era, Percy encarou o meio-irmão e foi se aproximando dele.

– Do que estou falando? Você chega ao Palácio de Poseidon, vai entrando sem nem pedir licença, já se sentindo dono de tudo! Porque não fala de uma vez o que quer? Por não assume que está de olho no meu trono?

– Ok, é alguma pegadinha não é? Onde estão as câmeras? – falou Percy olhando em volta fazendo piada do assunto.

– Não tente disfarçar, Percy Jackson. Você pode enganar a Poseidon, mas não a mim!

– Tá bom. Então vou ser bem claro para que até mesmo você entenda: Eu não estou interessado em tomar o trono de ninguém. E para sua informação, não se pode herdar nada de um deus porque eles são imortais. Então nem eu nem você nunca iremos chegar ao lugar que é e sempre será de Poseidon.

Nesse momento Tritão hesitou. Algumas das criaturas marinhas que estavam apoiando-o começaram a murmurar alguma coisa em voz baixa, como se começassem a perder a fé em seu líder. Tritão então assumiu uma expressão sombria. Se possuísse aquelas visões de raio laser com certeza teria fulminado Percy, eu e Tyson da fase da Terra, apenas com um olhar. Entretanto acho que ele precisava que seu exército continuasse de seu lado, para não ter que enfrentar-nos sozinho. Então ele recobrou a calma e voltou a disparar suas acusações contra Percy.

– Claro que ninguém nunca irá tomar o lugar de meu pai! Mas os semideuses andam com o ego tão inflado por causa da ajudinha que deram na última guerra, que não me surpreenderia nada que estejam querendo acabar com o poder dos deuses também. E você acha que pode chegar aqui e ganhar a simpatia de todo como fez no Olimpo, não é?

– Não, eu ainda sou bem odiado no Olimpo se quer saber. E quer parar de dizer bobagens! Nunca fiz nada pra que você me odiasse dessa forma!

Percebi que a tensão começava a subir entre os dois irmãos. O tom de voz de Percy deixava transparecer que estava começando a ficar irritado. Ele poderia aturar muita coisa sem esquentar a cabeça, mas aquilo já era demais! Tritão o estava difamando bem em frente ao palácio de seu pai. Acusando-o de estar ali só pra tentar ganhar algum poder sobre o império de Poseidon e com isso conseguir destroná-lo mais tarde. Até eu já estava perdendo minha paciência com o meio-irmão mais velho de Percy. Mas resolvi que era melhor manter a calma e tentar tranquilizar Percy, para que as coisas não piorassem. Cheguei mais perto dele e segurei seu braço. Aproximei a boca de seu ouvido e disse em voz baixa para que só ele ouvisse.

– Não vale a pena comprar essa briga com Tritão, Percy. Ele está com toda a cidade ao seu lado e Poseidon não ia gostar de saber que nossa visita aqui causou um confronto – Ele continuou olhando fixamente para o meio-irmão, enquanto sua respiração ia voltando a normalidade.

– Tem razão, melhor sairmos daqui antes que eu perca a cabeça, ou antes que eu faça alguém perder.

Ele então segurou minha mão e simplesmente deu as costas para Tritão fazendo um gesto de cabeça para que Tyson nos seguisse. Entretanto, como eu já imaginava, Tritão não ficou calado enquanto íamos embora, ignorando-o.

– O que foi que a sua namorada/conselheira disse para convencê-lo a se retirar, Percy? Ahhh não precisa dizer, eu já sei! Ela deve ter dito que você não é páreo para mim e que poderia acabar com alguns ossos quebrados se continuasse aqui dando uma de machão, não é isso?

Percy parou de andar. Eu tentei, sutilmente, fazê-lo voltar prosseguir para sairmos do alcance das provocações do homem-peixe. Porém ele continuou estático, como se medisse seus instintos e controlasse sua raiva. Tritão, não satisfeito com o enfrentamento verbal, desceu da fonte onde estava e começou a flutuar em direção a Percy. Enquanto ele se aproximava um tridente dourado apareceu em sua mão. Se ele estava querendo arrumar confusão, estava a ponto de conseguir. Percy, ainda de costas para o irmão, tirou sua caneta do bolso, deixando a sua espada, Contracorrente, a postos.

– Se pensa que vai me deixar falando sozinho está muito enganado, herói! Não vou permitir que venha aqui e se comporte como o filho mais importante de Poseidon. Vou lhe dar uma lição por tentar roubar meu lugar...

Tritão já estava a poucos passos de nos alcançar eu já havia me virado para olhá-lo e Tyson também. Mas Percy continuava de costas. Só se virou no último momento quando repeliu um ataque do irmão com Contracorrente, que agora estava em formato de espada. Tritão havia se movimentado tão rápido que nem tive tempo de sacar minha faca e fazer alguma coisa. Mas para Percy pareceu fácil prever o movimento do inimigo. O fato de estarmos debaixo d’água fazia com que seus instintos e reflexos ficassem muito mais aguçados.

Tritão cambaleou com o golpe de Percy, mas logo se recompôs e voltou a investir. Percy conseguiu desviar-se no último segundo do golpe certeiro de Tritão. Era a magia do Estige entrando em ação, nada poderia tocá-lo. Infelizmente eu e Tyson não teríamos a mesma sorte. Ao perceberem que os dois filhos de Poseidon começavam uma batalha, todas as criaturas que estavam apoiando Tritão partiram em sua defesa. E sobrou para nós mantê-los afastados enquanto Percy ‘acertava as contas’ com o irmão.

Uma onda de Ninfas do Mar veio ao meu encontro com sorrisos nada amigáveis. Era difícil me desviar de seus golpes já que aquelas criaturas eram muito ágeis e se moviam como se fossem a própria água do fundo do oceano. Deferi alguns golpes com a minha faca e algumas delas se transformaram em poeira. Tyson enfrentava um bando de mulheres-lula, iguais a Cassandra, que partiram pra cima dele quase que o encobrindo. Porém, o Ciclope também mostrou que tinha suas habilidades marinhas e afastou uma grande quantidade das criaturas com alguns chutes e socos potentes.

Quando estava quase conseguindo me livrar das Ninfas dei uma olhada para Percy e Tritão. A luta parecia equilibrada, até que uma espécie de ‘peixe-espada’ passou-lhe uma rasteira e o semideus caiu de costas no chão. O irmão mais velho aproveitou a vantagem e colocou seu tridente no pescoço de Percy que ficou acuado sem poder se mover. Eu afastei algumas criaturas que tentavam ficar em meu caminho e fui em sua direção pra ajudá-lo.

– E agora heróizinho, quem é que é o maioral por aqui? – Dizia Tritão enquanto ainda segurava o tridente bem rente ao pescoço do oponente. Antes que eu os alcançasse, Percy segurou nas hastes da arma dourada e conseguiu empurrá-la na direção de Tritão, fazendo retrocedes e dar algumas cambalhotas pra trás. Enquanto ele ainda estava desorientado com o golpe, Percy se aproximou e foi a vez dele de colocar uma arma contra o pescoço do irmão e acuá-lo contra uma imensa pedra que estava as suas costas.

Nesse momento todos os seres marinhos pararam de lutar e um silêncio tenebroso se estendeu pelo fundo do oceano. Acompanhei o olhar das criaturas a minha volta e me deparei com um Poseidon nada parecido com o que eu havia visto há pouco. Ele carregava uma expressão furiosa no rosto e dirigia seu olhar para onde estavam Percy e Tritão. Os dois meios-irmãos demoraram um pouco mais para perceber quem estava ali. Mas quando perceberam fizeram a mesma cara de espanto e constrangimento dos demais.

– O que está acontecendo aqui? – Por alguns segundos ninguém respondeu. Todos estávamos ainda paralisados com a chegada do deus. Percy havia sido pego num momento muito comprometedor enquanto que Tritão ficou parecendo a vítima da história. Não fosse pelo bando de criaturas que estavam lutando comigo e com Tyson, ia parecer que Percy é que tinha arrumado a confusão.

– Você não sabe o que está acontecendo, papai? O que eu tentei te alertar tantas vezes. Percy está querendo tomar meu lugar por aqui. Acha que se duelarmos e ele ganhar, terá o direito de sentar-se ao seu lado na sala do trono! Eu me recusei a lutar com ele, mas não adiantou!

– Mas isso é mentira!

– Cale-se filha de Atena! Você não tem o direito de se meter nesse assunto!

– Não fale assim com Annabeth, Tritão! E ela tem sim o direito de opinar, afinal já é parte da família. - Disse o deus.

– Parte da família? Então quer dizer que Percy também está conseguindo convencê-lo? Logo irão começar a organizar excursões para cá e os semideuses vão dominar esse reino papai, será que você não percebe?

– Já basta, Tritão! Como ousa mentir na minha cara? Sei que foi você que começou essa luta! Sei que foi você que colocou todos os meus súditos contra Percy. Acho que eu não estou a par do que acontece em meus domínios? – Conforme Poseidon levantava a voz todos os seres marinhos ali presentes começaram a se dispersar até que ficamos só eu, Percy, Tyson e Tritão, encarando o deus.

– E... e... eu não quis dizer isso, vossa majestade! Eu só...

– Eu disse basta, Tritão! Já estou farto de suas rebeldias! Vou ter que te dar um castigo para aprender a não atacar seu irmão pelas costas de novo!

O tridente de Poseidon apareceu em sua mão e ele o apontou para o filho mais velho. Um raio azul saiu da arma e atingiu Tritão no peito. Uma leve fumaça branca surgiu no local, e quando a mesma se dissipou, já não havia mais ninguém ali.

– O que fez com ele? – Perguntei espantada. Não que eu me importasse com o que poderia ter acontecido aquele ser insuportável. Ele não parecia grande ameaça, teríamos nos livrado dele logo se Poseidon não tivesse interferido. Mas na verdade, eu estava curiosa para saber qual tinha sido o castigo de Tritão.

– Não se preocupe heroína. Alguns anos visitando os campos de punição do Mundo Inferior não farão mal a um imortal – então ele sorriu voltando a assumir aquela expressão serena e gentil de antes – Peço desculpas a vocês três pelo comportamento de meu filho. Sei que nada do que ele disse é verdade. Percy, ainda que eu acredite que você seria de grande ajuda por aqui, seu lugar é em terra firme, liderando os semideuses do acampamento.

Percy não disse nada, apenas concordou com a cabeça e deu um leve sorriso envergonhado. Poseidon então voltou a se despedir de todos nós e voltou ao seu Palácio. Nós três seguimos novamente até a entrada da caverna que levava às forjas e nos despedimos de Tyson também. Depois aproveitei que estava sozinha com Percy e lhe dei um forte abraço, seguido de um leve beijo no pescoço.

– Obrigada!

– Pelo quê mesmo?

–Por hoje! Por me trazer aqui, por me levar pra conhecer seu pai e principalmente por ter a oportunidade de lutar ao seu lado de novo.

– Ok, isso não estava nos meus planos, mas até que eu gostei também! Mas eu ainda acho que eu é que tenho que agradecer!

– Tá, eu fiz um pouco de drama no começo, mas afinal acabou sendo divertido e interessante. Fora que adorei o seu pai, ele é muito simpático.

– É, acho que eu devo ter puxado meu charme de Poseidon! – disse Percy levantando uma das sobrancelhas.

– Cale a boca, cabeça de alga! – Ri tirando sarro da cara dele. Segundos depois meu riso estava sendo interrompido por seus lábios que me beijavam e me faziam sentir novamente as vantagens de poder respirar debaixo d’água. Aliás, quanto tempo mesmo durava o efeito daquele peixe-filtro?



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Notas finais do capítulo

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