Sesshomaru - Luz E Escuridão escrita por Mirytie


Capítulo 30
Capítulo 29 - Tempo e Espaço


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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O nome dela era Kanya e era Miko/Vidente do clã há milénios...o que Hanna desconhecia completamente. O que a surpreendia mais naquele momento era o aspecto dela, que já devia ter envelhecido, se não mesmo morrido.
– O que é que ela está aqui a fazer? – perguntou Hanna – Ela sabe o que vai acontecer à minha neta?
– De todo. – respondeu Kanya – Vim ajudá-la a atravessar a fina linha do tempo e espaço para ir ter com o seu filho. Eu não sou vidente a não ser que a Madame do clã tenha filhos. Fora isso, sou simplesmente uma miko.
– Simplesmente uma miko? – Hanna levantou-se – Diz-me então, miko, como é que não envelheceste um dia desde que te vi e, o meu filho, um yokai, já amadureceu e se tornou um daiyokai?
– Ele tornou-se um daiyokai. – Kanya sorriu – Fico contente por ouvir que o pequeno Sesshomaru não morreu na luta entre irmãos e até ouvi dizer que ele tem filhos. Pensei que ele ia ficar sozinho para sempre.
– Bem, ele não está sozinho e não está obcecado por poder. – disse Hana, um pouco chateada – Impressionantemente, ele encontrou uma menina que começou a proteger com a própria vida.
– E essa menina inspirou-o a relacionar-se com os outros? – perguntou Kanya, sorrindo quando viu a expressão de Kanya – Estou a ver. A menina é a mãe dos seus filhos. Não deve ter sido reconfortante quando o seu clã soube que o herdeiro ia ser um hanyou.
– Pare de falar. – ordenou Hana – Diga-me simplesmente como é que posso atravessar essa tal “linha”. Já atrevessou alguma vez?
– Oh, não. – respondeu Kanya, surpreendendo Hana – Nunca foi feito antes.
– Como “nunca foi feito antes”!? – gritou Hana – Como é que acha que o meu filho está lá? A miko que está a viver com o hanyou que o meu marido teve com outra mulher atravessava a toda a hora!? – ela olhou para os guardas – Porque é que a trouxeram se ela não sabe como atravessar?
– Mas eu sei como atravessar. O meu método é complicado e longo. – justificou-se Kanya – Mas a Kagome fazia-o regularmente?
– Como é que conheces a Kagome? – perguntou Hana.
– Eu conheço todas as mikos que existem. – respondeu Kanya – E, se uma miko como a Kagome consegue atravessar tão facilmente, imagino que também o consiga fazer se falar com ela...
– Ela provávelmente já está do outro lado! – gritou Hana, mais uma vez, vendo um certo desdém na cara de Kanya – O que é que se passa?
– Oh, nada. – respondeu Kanya, voltando a sorrir – Estava a pensar numa maneira de quebrar a linha do espaço e tempo.
– Quer dizer “atravessar”. – corrigiu Hana.
– Certo. – continuou Kanya – Existem dois daiyokais que controlam o tempo e o espaço. Esses dois daiyokais vivem numa dimensão completamente diferente da nossa. Mas chegar a outras dimensões é uma coisa que eu consigo fazer. O problema vai ser conseguir com que os daiyokais concordem em cooperar connosco.
– Nós somos um dos clãs mais poderosos desta terra. – lembrou-lhe Hana – Não acha que eles vão querer confrontar-nos.
– Oh, esses dois daiyokais estão muito acima do vosso nível. – disse Kanya, casualmente – Em todo o caso, porque é que não se limita a esperar que eles voltem?
– Eles sabem que nós os estamos a perseguir. – disse Hana, apreensivamente – Tenho medo que eles considerem nunca mais voltarem...tenho medo do que os meus netos possam fazer naquele tempo. Aqui é normal ver um yokai descontrolado. Mas no tempo da Kagome raramente se vêm yokais e os mortais não acreditam neles.
– Estou a ver. – concordou Kanya – Vou fazer os possiveis para contactar os daiyokais.
– Obrigada, mas... – continuou Hana antes de Kanya ter tempo de ir embora – Como é que continua tão jovem? As mikos não têm permissão para estender a idade delas.
– Não ficava com inveja da imortalidade dos yokais se fosse uma mortal constantemente a conviver com eles? – perguntou Kanya, apontando para os olhos quando estes se tornaram vermelhos – Eu matei um youkai que sugava a juventude e a energia de outros mortais e arranquei os olhos dele. Quanto aos que proíbem tal acção....são desses que eu extraio a juventude e energia, até eles não passarem de ossos.
Como é que ela conseguia dizer aquilo com tanta calma?, perguntou-se Hana. Mas não disse nada. Deixou-a apenas partir e rezou para que ela encontrasse os daiyokais rapidamente.
...
Uma vez fora do território do clã, Kanya sentou-se confortávelmente no chão e começou a dispôr alguns objectos há sua volta. Fechou os olhos, suspirou e ainda ficou ali durante umas duas horas até estar finalmente em paz consigo mesma e conseguir que a sua mente atravessasse aquela dimensão para a próxima.
A dimensão onde os dois daiyokais viviam estava completamente destruída. Para além deles, que voam infinitamente pelos céus, não havia vida presente naquela dimensão.
No momento em que os daiyokais a viram, dirigiram-se até ela.
– O que queres da nossa dimensão, mortal? – perguntou um deles.
– Implorovos que venham comigo. – pediu Kanya – Na minha dimensão, um dos clãs mais poderosos na nossa terra precisa da vossa ajuda.
– E porque é que haveriamos de ajudar? – perguntou o outro – Eles não têm nada para nos oferecer.
– Mas também não têm mais nada para fazer nesta dimensão enquanto que, na nossa, são os humanos que prevalecem. – negociou Kanya – Não seria mágnifico se a nossa dimensão ficasse como a vossa?
Os daiyokais olharam um para o outro e ficaram em silêncio durante algum tempo.
– O que é que esse clã quer? – perguntou o primeiro.
– A Madame desse clã precisa de viajar no tempo e no espaço para ver o seu filho. – explicou Kanya – Temos acordo?
– Estás consciente que, uma vez na vossa dimensão, nem tu estarás salva de nós, mortal, não tens? – perguntou o segundo.
– Com certeza. – respondeu Kanya, sorrindo – Ninguém vai estar a salvo.
– Muito bem. – concordou o primeiro – Guia-nos até à vossa dimensão.
Kanya anuiu e, com a sua mente, guiou-os até à sua dimensão. Quando abriu os olhos, inspirou fundo e olhou em volta. Tinha feito bem em erguer uma barreira antes de viajar entre dimensões, pensou Kanya vendo alguns demónios a tentarem chegar até a ela.
Ela levantou-se, um pouco fraca e instável e olhou em frente, onde os dois daiyokais em forma humana estavam, um ao lado do outro,
– Mostra-nos o caminho, humana. – disseram os dois ao mesmo tempo.
...
Kanya voltou ao castelo de Hana, rodeada de guardas e acompanhada pelos daiyokais. Quando se ajoelhou em frente a Hana, os seus dois acompanhantes olharam para ela, mas continuaram em pé.
– São estes os dois daiyokais de que me falaste, Kanya? – perguntou Hana, olhando para eles desconfiadamente.
– S...
– Não! – interrompeu um deles – Nesta dimensão, aonde existem tantos yokais e daiyokais, nós queremos ser referidos como deuses.
– Nós somos os deuses do tempo e do espaço. – concordou o segundo – Chronos e Aion. Diga o que quer, para que nós possamos começar o nosso trabalho nesta dimensão.
Hana olhou para eles com um pouco de terror. Apesar de estarem em forma humana, emitiam uma aura que até um humano conseguiria ver. Só tinha visto isso no seu filho e quando Yoru era bebé.
– Eu quero que me levem para onde o meu filho está. – pediu Hana, levantando-se seguida de Kanya – Não para uma dimensão diferente. Para um tempo e espaço diferente.
– Consegues descrever esse tempo e o espaço para onde queres ser transportada. – perguntou Chronos, o deus do tempo, vendo-a abanar a cabeça – Como é que queres que te levemos até lá?
– Talvez se nos descrever o filho. – disse Aion, o deus do espaço, para Chronos.
Chronos anuiu e olhou para Hana, à espera de uma discrição.
– Bem...o meu filho tem longos cabelos brancos, marcas na cara e uma meia-lua na testa. – começou Hana – A minha neta tem longos cabelos pretos, duas orelhas, parecidas com as de um cãozinho e o meu neto...o Yoru é muito parecido com o pai.
– O seu filho está numa sala estranha, sentado ao lado de uma humana. – disse Aion, com os olhos abertos e desfonados – Vai comê-la?
– N-não. – gaguejou Hana – Essa humana, provávelmente é a parceira dele, Rin.
Os olhos de Aion focaram-se imediatamente e olhou para Hana.
– Parceira? – perguntou Aion, sem perceber muito bem – Uma humana não serve de ajuda alguma a um yokai, a não ser para servir de comida.
– Ela...é a mãe dos filhos dele. – disse Hana, vendo-os a empalidecer.
– Um yokai com uma humana!? – perguntou Chronos, sem compreender – Porque é que ele faria isso!?
– Daiyokai. – corrigiu Kanya, humildemente – O filho da Hana-sama é um daiyokai.
Fez-se silêncio durante alguns segundos.
– Se um daiyokai reproduzir com uma humana, os filhos dos dois não serão sequer yokais. – disse Chronos, a tentar perceber.
– Seria um hanyou. – disse Kanya, irritando um pouco Hana – Meio humano, meio demónio.
– Aberração! – exclamou Aion – Que tipo de dimensão é esta!?
– Tem calma irmão. – pediu Chronos, pondo-lhe uma mão no ombro – Não tarda nada, eliminaremos todas as aberrações desta dimensão.
Hana tentou ignorar aquele comentário, uma vez que sabia que Hikari estava a salvo deles na outra dimensão, tal como o meio-irmão do seu filho e o bebé deles – que nem chegava a ser meio demónio.
– Então, podem levar-me até lá? – perguntou Hana, vendo-os anuir para sua alegria – Mas preciso de levar um par de guardas.
– Escolha-os depressa. – disse Aion, impacientemente.
Quando finalmente os tinha enviado, os dois deuses olharam para Kanya que tinha ficado para trás.
– Mortal, nós deixamos-te viver com uma condição. – disse Chronos.
– Qual? – perguntou Kanya, imediatamente.
– Quando a mulher que acabou de partir estava a descrever o neto, pareceu hesitar. – disse Aion – Explica-nos o porquê.
– Bem, a menina foi a primeira a nascer, ela é um hanyou, metade humana, metade demónio. – explicou Kanya – No entanto, quando descobriu que estava grávida de um segundo filho, decidiu que este devia ser completamente demónio e procurou uma bruxa para que esta tirasse todo o sangue humano do corpo dele, mesmo antes de ele nascer.
– A humana parece ser esperta. – comentou Chronos – Mas porquê hesitar?
– Nenhum dos filhos é normal. – continuou Kanya – Yoru nasceu com o único propósito de comer a mãe, matar a irmã e herdar o lugar como o líder do clã. A criança ainda devía ter três anos. A menina não consegue controlar o sangue yokai quando se descontrola, ao ponto de quase já ter matado o pai numa luta frente-a-frente.
– Interessante. – disse Aion – Mesmo assim, ela é meia humana.
– Isso era o que todos pensavam até há alguns dias, quando descobriram que a parceira do filho da Hana-sama é descendente da miko mais poderosa que alguma vez existiu e herdou os seus poderes. A Hana-sama não vai apenas por estar preocupada com a Hikari. Ela vai para matar a miko.
– Porquê matar alguém tão forte? – perguntou Chronos.
– Porque o clã não a aceita como a parceira do próximo herdeiro. – continuou Kanya – E também não aceitam a hanyou.
– Consegues ver? – perguntou Chronos a Aion, vendo-o a desfocar os olhos – Devemos visitá-los?
Passados alguns minutos, Aion piscou os olhos e olhou para Chronos.
– É uma família realmente impressionante. – disse Aion – São todos poderosos, mas o filho mais novo tem algo de malvado escondido nos poderes dele. Talvez por causa da poção da bruxa.
– Devemos visitá-los? – perguntou Chronos.
– Porque não? – disse Aion, encolhendo os ombros – Sabes que gosto sempre de boas lutas e os melhores yokais parecem todos ter fugido para aquele tempo.
– Então... – Chronos olhou para Kanya – Obrigado pela explicação. Infelizmente, não vamos ficar na vossa dimensão.
Antes de conseguir a boca, Chronos e Aion desapareceram e apareceram à porta do hospital, ao contrário de Hana, que tinha aparecido em frente ao templo da casa de Kagome.
Dentro do hospital, Sesshomaru, que estava sentado ao lado da cama da inconsciente Rin, levantou-se quando sentiu os dois “deuses”.
Hikari estava a dormir no outro quarto, ainda a recuperar da operação, por isso olhou para Yoru, que estava em pé, à beira da porta. Sesshomaru levantou-se e, com os olhos, disse ao filho para ir com ele.
Quando saíram do quarto, Hikari abriu os olhos, tirou a máscara de oxigénio que tinha na cara, sentou-se, tirou as agulhas dos braços e descolou os fios que tinha presos ao peito. Levantou-se, vestiu-se lentamente e foi até à janela do seu quarto, onde olhou para Chronos e Aion.
Ao aperceberem-se, o dois também olharam para Hikari em silêncio.
Naquele momento, ao sentir o desejo de luta de Chronos e Aion, Hikari não era a Hikari. Não se lembrou da mãe, nem de chamar o pai.
Naquele momento, os olhos dela só estavam focados dos dois deuses.


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Notas finais do capítulo

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