Sesshomaru - Luz E Escuridão escrita por Mirytie


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Enquanto os guardas da mãe procuravam por eles dia e noite, eles estavam a preparar-se para acampar, num pequeno espaço rodeado por árvores. Assim, mesmo que não sentissem o inimigo a aproximar-se, podiam sempre ouvi-los.

– Sesshomaru-sama, também devia estar a descansar. - disse Rin, vendo que ele estava a preparar-se para ficar acordado toda a noite - Se o inimigo vier, algum de nós há-de ouvi-lo. Mesmo que estejamos a dormir.

– Eu não estou cansado. - disse Sesshomaru, simplesmente - Mas tu devias descansar, Rin. Amanhã continuamos o treino.

Tinham começado o "treinamento" no dia anterior, pensou Rin. A verdade é que ela não valia nada contra Sesshomaru, apesar de terem até dito que ela poderia enfrentar daiyoukais. Ela achava aquilo ridículo. Ela nunca conseguiria derrotar alguém como o Sesshomaru.

No entanto, com pensamentos positivos, fechou os olhos e adormeceu, sob protecção constante de Sesshomaru.

Quando o sol nasceu, com um pouco de pena, Sesshomaru acordou Rin silenciosamente, para que mais ninguém acordasse. Tal como tinham feito no dia anterior, afastaram-se um pouco do acampamento, Sesshomaru pegou na sua espada e esperou que Rin pegasse na dela.

– Ontem foi um falhanço. - disse Sesshomaru, ferindo um pouco o orgulho de Rin - Estás a dar muita atenção à técnica e isso não é mau. No entanto, como vimos até agora, o teu poder manifesta-se inconscientemente. Portanto, temos de encontrar uma maneira de mudar isso mas, por enquanto, vamos explorar o que podes fazer inconscientemente.

– Mas os meus poderes só se manifestam quando tenho de proteger alguém de quem gosto, como aconteceu com a Hikari ou para me proteger a mim própria, como aconteceu com a Hana Hime. - lembrou Rin - Como é que eu vou fazer isto agora?

– Boa pergunta. - disse Sesshomaru, parandopara pensar um bocado - Nunca me atacarias porque achas que é impossível que te faça mal e eu não preciso de ser protegido. Só há uma opção que resta.

– Opção? - perguntou Rin, curiosa.

– A poção que eu vos dei disfarça o vosso cheiro, mas não o facto de tu seres uma miko. - explicou Sesshomaru - Isso quer dizer que os demónios ainda podem sentir que há uma miko poderosa por perto e só não se aproximam porque também há um daiyoukai por perto.

– Está a pensar deixar-me andar pela floresta sozinha? - perguntou Rin, assustada.

– Tens a tua espada, o arco e as flechas. - disse Sesshomaru, respondendo à pergunta de Rin - Mas eu não posso estar ao teu lado. Vais estar na floresta, sozinha, durante uma hora.

– Sozinha. - perguntou Rin, só para confirmar.

– Sozinha. - mentiu Sesshomaru.

Era óbvio que ele nunca deixaria Rin enfrentar youkais sozinha. Ia estar a observá-la ao longe, caso ela precisasse de intervenção. No entanto, se esse não fosse o caso, Sesshomaru não faria absolutamente nada.

Rin tinha de aprender a lutar sozinha o mais depressa possível, pois não sabia quanto tempo conseguiria esconde-los dos caçadores que a mãe tinha mandado. Com uma miko tão poderosa como ela podia ser ao seu lado, não precisariam de temê-los. Pelo contrário, os caçadores teriam de temê-los.

Por isso, contra todos os seus instintos, deixou Rin sozinha.

...

Rin voltou ao acampamento, coberta de sangue. Sesshomaru voltou alguns seguindo atrás dela, com a desculpa de que tinha ido caçar alguns animais para o almoço.

Estafada, tirou a armadura manchada de vermelho, juntamente com a espada, o arco e as flechas. Quando a Hikari perguntou o que é que lhe tinha acontecido, num tom preocupado, Rin olhou rapidamente para Sesshomaru e depois para Hikari outra vez.

– É óbvio que ela esteve a lutar contra youkais. - interrompeu Yoru antes de Rin ter tempo de inventar uma desculpa - Aquilo é sangue de youkais. Não consegues cheirar? E, pelos vistos, correu bem.

Rin olhou para o lado. Não sabia se tinha corrido "bem" para ela. Não estava habituada a matar seres vivos, mesmo que sejam youkais que a estivessem a tentar matar.

Tinha-se habituado a ver o Sesshomaru-sama a matar pessoas, mas nunca se tinha habituado a matar. Aliás, tinha morrido mais vezes do que tinha matado, até àquele dia.

– Então, serviu de alguma coisa? - perguntou Yoru, friamente - Os teus poderes já aumentaram ou já consegues controlá-los?

– Eu...eles... - Rin olhou para o chão - Eu não me lembro de nada do que aconteceu. Apaguei quando o primeiro youkai veio contra mim. Quando voltei a mim, estava coberta de sangue, com corpos de youkais à minha volta.

– Isso quer dizer que o treino não funcionou. - Yoru suspirou - Inútil.

– Cuidado com as palavras. - avisou Sesshomaru, calando o filho mais novo - O exercito da minha mãe deve estar à nossa procura neste preciso momento.

– E não é assim tão mau. - continuou Hikari - Se algum deles atacar a mãe, ela fica inconsciente e vai contra eles.

– É um facto que os poderes dela estão a aumentar e ela provavelmente seria capaz de enfrentar os homens da minha mãe sozinha. - murmurou Sesshomaru, olhando depois para a filha - Mas...

Hikari olhou para o pai e apercebeu-se.

– Está preocupado comigo. - disse Hikari, com um aperto na garganta - Tens medo que eu perca a consciência e vos ataque.

– Hikari, tenho a certeza que o Sesshomaru-sama não queria dizer isso. - disse Rin, aproximando-se da filha.

– Era exactamente isso que ele queria dizer. - interrompeu de novo Yoru - Ela é um hanyou que não consegue controlar o seu lado youkai. Devia conseguir fazê-lo, sem ter de depender da ajuda do pai.

Yoru disse aquilo com desprezo porque, afinal de contas, o pai era a pessoa que ele mais respeitava e idolatrava. Não via razão para que ele tivesse de dar um canino só porque a estúpida hanyou não se conseguia controlar.

Estúpida hanyou.

Hikari ficou calada, aceitando toda a culpa que Yoru estava a atirar contra ela. Afinal, nos últimos dias, tinha começado a aceitar Yoru como seu irmão mais novo. Um irmão que tinha de proteger mas, o máximo que podia fazer era afastar-se para não magoá-lo.

– Precisamos da espada forjada com o meu canino. - disse Sesshomaru - Mas só depois da batalha.

Olharam todos para ele, sem perceberem.

– Sesshomaru-sama. - chamou Jaken - Será que tem algum plano?

Sesshomaru anuiu com a cabeça.

– A Hikari é forte. Afinal, fui eu que a treinei. Ela pode ajudar na batalha. - disse Sesshomaru confiante nas habilidades da filha - No entanto, um hanyou descontrolado seria de mais ajuda.

– Está a dizer que seria melhor? - perguntou Rin, um pouco chocada - Ela é só uma criança. Se ela se fere ou se magoa algum de nós...

– E é aí que tu entras, Rin. - continuou Sesshomaru - Da última vez que a Hikari se descontrolou e tentou matar o Yoru, tu paraste-a.

– E magoei-a. - lembrou Rin - A miko da Hana Hime disse claramente que a Hikari devia estar com imensa dor.

– Eu posso aguentar a dor. - interveio Hikari - Mãe, confie em mim.

– Esse será o plano. - decidiu Sesshomaru - Em todo o caso, a Hikari só se descontrola se estiver quase a morrer. Entretanto, lutamos normalmente, sabendo que a Rin ficará inconsciente logo que um deles for contra ela. Temos de ter cuidado.

– Têm de ter cuidado...?

– Sim. - respondeu Yoru - Uma vez que és uma miko, vais contra o exercito deles no entanto...

– Vocês também podem estar em perigo. - completou Rin - Tanto trabalho, só por minha causa.

– Concordo. - disse Yoru.

Sesshomaru olhou de lado para ele.

– Preciso avisar outra vez? - perguntou Sesshomaru.

Yoru limitou-se a desviar o olhar.

– Muito bem, vamos com este plano. - resolveu Sesshomaru - Estou cansado e não estou habituado a esconder-me. As hipóteses são de que nem tenhamos de lutar.

– Acha que eles vão parar para conversar? - perguntou Jaken - Eles vieram por ordem da sua mãe.

– Eu sou o próximo herdeiro. - lembrou Sesshomaru - Mesmo sendo mandados pela minha mãe, eles não se atreveriam a matar-me, sabendo que, se o fizessem, a próxima herdeira seria a Hikari.

– Acho que eles não querem matá-lo. - disse Rin - Eles vêm atrás de mim.

– E se eu me puser entre eles...

– Pode ser uma das minhas vítimas. - interrompeu Rin - Por favor, se eu já estiver inconsciente, não quero que nenhum de vocês se aproxime de mim. Por favor.

– Não nos vais fazer mal. - garantiu Sesshomaru.

Enquanto a seguia, tinha reparado que Rin só tinha matado os youkais que se tinham oposto a ela e deixado os que se esconderam de lado. Tinha a certeza que, se nenhum deles a atacasse, não seria atacado, morto ou purificado.

– Como é que tem a certeza, pai? - perguntou Yoru, recebendo silêncio.

– Vamos ficar aqui até eles chegarem. - disse Sesshomaru - Jaken, tu ficas atento ao Yoru, para que ele não morra.

– Comigo? - perguntou Yoru, ofendido.

– Sim. - respondeu Sesshomaru - Porque a Rin e a Hikari podem ficar descontroladas mas, quando o ficam, são dez vezes mais fortes do que tu.

Yoru abriu a boca.

– Agora comam. - disse Sesshomaru - Têm de descansar até o exercito chegar.

Preocupada por Sesshomaru continuar sem comer até que só restos do que eles tinham comido ficassem, Rin olhou para ele sentindo-se mal por estar-lhe a dar tanto trabalho.

– Vais fugir outra vez? - perguntou Sesshomaru, que nem sequer estava a olhar para ela - Não olhes para mim assim. A culpa não é tua. Ninguém pode escolher a sua família. Acredita em mim.

Rin desviou o olhar e começou a comer.

– Também devia alimentar-se. - murmurou Rin - Afinal, também vai ter de lutar.

Sesshomaru olhou para a cara de Rin e começou a comer juntamente com o resto da sua família. Ela estava preocupada, apercebeu-se Sesshomaru. Não queria ser um fardo. No entanto, quando ouviram barulho vindo da floresta, Sesshomaru colocou-se imediatamente em frente a Rin. Quando viu que era o bastardo, suspirou e voltou para o seu lugar.

– Como é que nos encontraste? - perguntou Sesshomaru.

– Não foi muito difícil. - respondeu Inuyasha - Bastou seguir o cheiro.

Sesshomaru franziu as sobrancelhas. Parecia que a poção estava a desvanecer-se mais rapidamente do que ele pensara. Não importava. Agora estavam preparados.

– O que é que queres? - perguntou Sesshomaru.

– A Kagome foi recentemente ao hospital para fazer alguns exames ao nosso bebé e o médico disse que já tinha um coração para a Rin. - respondeu Inuyasha - Normalmente eu não diria isto, mas era melhor ela aceitar.

– Porquê? - perguntou Sesshomaru. A Rin parecia perfeitamente bem. Porque é que ela precisaria de um novo coração.

– Por causa dos poderes. - explicou Inuyasha - O coração da Rin está danificado por causa das complicações pós-parto do Yoru. A Kagome disse-me que, se ela continuar a forçar o corpo com os treinos, o coração pode parar.

– Parar? - perguntou Yoru - Ela pode morrer enquanto luta mesmo que não seja atingida?

– Exactamente. - respondeu Inuyasha - O próprio corpo não aguentaria o esforço.

Yoru queria sorrir mas, por alguma razão, não conseguia. Sabia que Rin quase morrera depois de ele nascer, mas nunca soubera os detalhes.

– Rin, aposto que sentes-te terrivelmente cansada depois de treinares. - disse Inuyasha, fazendo com que Sesshomaru olhasse atentamente para Rin - Por vezes até sentes uma pontada no peito?

Rin ficou em silêncio.

– Isso quer dizer que o teu corpo já não te está a conseguir acompanhar. - disse Inuyasha - Precisas do coração ou as probabilidades estão contra ti. O mais provável é que morras durante a batalha contra o exercito do nosso clã.

– Vamos para lá amanhã. - disse Sesshomaru, antes de Rin ter tempo de recusar - Pela manhã. Vamos antes de o exercito ter tempo de nos encontrar.

– Sabes que o tempo de recuperação...

– Não importa se for muito. - interrompeu Sesshomaru - Se não estivermos lá, o exercito não nos pode seguir. O Yoru pode vir connosco e o Jaken e o Ah-Hu podem ficar convosco.

– Vou avisar a Kagome. - disse Inuyasha, anuindo com a cabeça.

Depois de se ir, Sesshomaru olhou para Rin.

– Não digas que não. - disse Sesshomaru, chateado - Para começar, devias ter-me dito como te sentias.

Rin não disse nada, mas não estava desejosa por voltar para aquele hospital.

...

De alguma maneira, Sesshomaru tinha adormecido naquela noite. No entanto, os seus instintos ainda eram afiados o suficiente para se aperceber dos barulhos por entre as folhas e acordar, acordando de seguida Jaken.

Os restantes não demoraram muito mais a acordar. Eles iriam para o hospital dali a uma hora mas...

– Eles estão aqui. - murmurou Sesshomaru, referindo-se ao exercito.

O plano deles tinha ido por água abaixo. Não podia usar Rin, como inicialmente pensado.

A prioridade agora não era falar ou derrotar o exercito. A prioridade era proteger Rin.

Proteger Rin, recuar até ao poço e esperar que ninguém morresse pelo caminho.


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Notas finais do capítulo

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