Capítulo 10

-Finalmente sós – falou Elijah e abraçou-me ternamente. – Onde estiveste este tempo todo?

Retribuí o abraço e desfi-lo logo de seguida.

-Por aí – respondi. – Bridget ficou muito magoada contigo e passei muito tempo com ela. E depois reencontrei Katerina.

-Oh, Bridget e Katerina. Isso explica tudo.

-Ela ficou com ciúmes. Teve medo de te perder.

-Bridget nunca me perdeu – falou, muito sério e continuámos a caminhar para dentro de casa. – Vocês num dia estavam lá, e no outro tinham desaparecido. (N.B: Tãooo fofo!)

Os meus olhos encheram-se de lágrimas, lembrando-me aquele último dia.

-Vocês estavam tão vidrados nela… nós tivemos que partir. Eu queria avisar-te, mas ela não me deixou, e por um lado ainda bem.

-Ter-vos-ia impedido – completou ele e colocou um braço por cima dos meus ombros.

-Desculpa – falei.

-Não faz mal. Eu compreendo. E… quanto a Bridget, tens alguma notícia dela?

-Não. O último contacto que tive com ela, não me disse nada.

-Espero que não esteja em apuros – disse ele.

-Também eu – suspirei e entrámos em casa. – Como está Rebekah?

Ele estacou no meio da sala e eu olhei-o atentamente.

-Klaus empalou-a.

-Não – disse e sentei-me em choque. – Porquê?

-Não sei bem o motivo. Acho que ela se quis ir embora, e sabes como Klaus é.

Acenei com a cabeça.

-É a primeira coisa que vou fazer, assim que me encontrar com ela. Há quanto tempo é que ela está… inconsciente?

Elena entrou, quebrando a nossa conversa. Elijah sorriu.

-Bem vinda de novo.

Elena não retribuiu o sorriso e sentou-se ao meu lado.

-Diz-me, qual é a maldição do Klaus?

-Minha família era muito próxima, mas Klaus e o meu pai não se entendiam muito bem – Elijah sentou-se de frente para nós. – Quando nos tornámos vampiros, descobriu-se a verdade: Klaus não era filho do meu pai. A minha mãe tinha sido infiel à anos atrás, isto era o seu segredo mais sombrio. Klaus é de uma linhagem de sangue diferente. Claro que quando o meu pai descobriu ele, ele perseguiu e matou o amante da minha mãe, e a sua família inteira. Não percebendo claro que teria iniciado uma guerra entre as espécies até aos dias hoje.

-Uma guerra entre as espécies? – perguntou Elena.

-Entre vampiros e lobisomens – respondeu Elijah.

-Então o pai de Klaus é de uma linhagem de sangue de lobisomem? O que faz de Klaus? Um lobisomem? Ou um vampiro?

-Ele é os dois – falei e levantei-me, sentindo-me um pouco desconfortável por estar tão perto de Elena. Precisava de me alimentar em breve. (N.B: Cuidado! )

-Um híbrido seria fatal para qualquer lobisomem ou vampiro. A Natureza nunca admitiria tal desequilíbrio de poder. Por isso as bruxas, servas da Natureza fizeram com que o lado lobisomem do meu irmão ficasse dormente.

-Essa é a maldição que ele quer quebrar?

-Ele quer despertar essa parte que é lobisomem – respondeu Elijah. – Se isso acontecer, Klaus terá a sua própria linhagem, criar a sua própria espécie. Ameaçando não só vampiros, mas todos.

-Mas tu ajudaste-o – disse Elena.

-Ajudei-o porque o amava. Isso mudou, ele tem que mudar.

-Nós temos a adaga! Nós podemos pará-lo!

-Não estás a perceber, Elena, quando um lobisomem é atingido por prata ele cicatriza – intervi. – Um Original não pode ser morto sem a adaga e as cinzas do carvalho branco.

-Entendes o dilema? A adaga não funciona – completou Elijah.

-Então estão a dizer que Klaus não pode morrer?

-Só há uma maneira de matar qualquer espécie sobrenatural: pelas mãos dos servos da Natureza.

-Uma bruxa – concluiu Elena. – Se ela conseguir canalizar esse poder. E isso irá matá-lo.

-A maldição deve ser quebrada durante a lua cheia, quando Klau estiver em transição. Essa é a altura em que ele estará mais vulnerável. Uma bruxa com poder suficiente pode matar Klaus.

-E se eu te disser que conheço uma bruxa que pode canalizar esse poder?

-Então há mais uma coisa que tenho que te dizer – disse Elijah. – Falei com alguns bruxos e juntos tentámos encontrar uma maneira de salvar Katerina.

-Encontraste a maneira de salvar a vida da doppelganger? – indagou Elena, surpreendida, mas acreditando na palavra de Elijah.

-Sim, Elena, encontrei. Mas infelizmente, Katerina tratou do problema com as suas próprias mãos – disse ele e pegou nos nossos casacos. – O resto da história acho que já sabes.

-Importavas-te com ela, não era?

-Um erro comum, segundo me disseram – respondeu ele e fitou-me. – Um que não vou cometer outra vez.

Peguei no meu casaco e olhei para o chão.

-Devemos ir – falei para Elena e seguimos Elijah.

Caminhámos até ao carro e depois seguimos para casa dos Salvatore

-Eu irei ajudar-te, Elena – disse Elijah, quando já estávamos a chegar a casa. – Mas em troca preciso que Stefan e Damon concordem com a minha ajuda. E isso deve começar com um pedido de desculpas.

-Claro que sim – concordou Elena.

Ela estacionou o carro e eu saí do carro. Elijah pegou-me no braço, obrigando-me a parar.

-Ele atirou Rebekah ao oceano, assim como Kol e Finn. Não há nada que possamos fazer – disse ele gentilmente e as lágrimas assolaram-me os olhos.

Eu, Bridget e Rebekah éramos melhores amigas. Eu adorava-as, mas desde que Rebekah se tinha juntado a Klaus e ele não me queria nem perto, separámo-nos. Isso custou-me muito, mas tinha que ser. Jamais conseguiria estar perto de Klaus sabendo que ele não me queria, para além disso, ele repudiava-me publicamente e isso eu não admitia.

-Pensei que soubesses – murmurou ele, vendo a minha expressão.

-Depois de todos estes séculos, ele continua a surpreender-me. Pela negativa.

-Ele tem que morrer, Samantha – disse, muito sério.

Acenei com a cabeça.

-Agora percebo que sim. Não se pode ter alguém tão malvado a andar pela terra.

Elijah acenou com a cabeça, concordando comigo.

-Vamos proteger Elena, afinal, ela é uma simples humana, que entrou nisto tudo sem ter tido voto na matéria.

Anuí com a cabeça.

-Sim, vamos manter Elena longe de Klaus.

Entrámos os dois em casa, seguidos de Elena, e os dois estavam a lutar. (N.B: Já ia haver porcaria! )

-Parem! – gritou ela e os dois separaram-se.

-Agora convidas ele a entrar? – perguntou Damon, furioso.

-Elijah e eu renovámos os termos do nosso acordo.

-Não irei magoar-vos, em troca quero apenas uma coisa: um pedido de desculpas.

-Um quê? – indagou Damon e vi que ele estava furioso, porém, não era nada contra Elijah, era contra o seu irmão e contra os seus sentimentos. Ele amava Elena, mas jamais poderia assumir isso, porque era da personalidade dele.

Stefan chegou-se á frente:

-Desculpa pela minha parte no planeamento da tua morte. Eu estava a proteger Elena. Eu irei sempre proteger Elena.

-Compreendo – disse Elijah.

Virámo-nos todos para Damon, que estava calado, com um olhar furioso de descrença.

-O sacrifício irá acontecer, Damon – disse Elena. – Bonnie será capaz de matar Klaus sem se magoar e Elijah sabe como salvar a minha vida. Eu disse que encontraria uma outra maneira, e encontrei.

-Isso é verdade? – indagou Damon.

-Sim – confirmou Elijah.

-E confias nele?

-Confio – afirmou Elena.

-Podem ir todos para o Inferno – falou ele e passou por nós. Parou perto de mim. – Tu ainda és mais burra por amares um Original, e confiares noutro. (N.B: Essa foi baixa…)

Saiu da sala, e eu respirei fundo. Aquelas palavras magoaram mais do que pensava.

-Ele está zangado comigo agora – justificou Stefan. – Mas ele voltará atrás.

-Talvez – disse Elijah e fitou-me com atenção.

-Eu estou bem – falei, sabendo o que ele estava a pensar.

-Irei ficar por Mystic Falls – disse ele. – Darei notícias.

Saiu da sala, e ficámos só nós os três.

-Vou lá abaixo. Já volto – disse e corri até à cave, onde tinha uma arca frigorífica cheia de bolsas de sangue.

Precisava de me alimentar, estava um pouco fraca. Aquelas memórias que hoje Elijah tinha-me trazido custavam muito e eu lembrei-me de Bridget e Rebekah. Principalmente Rebekah: ela tinha sido atirada ao oceano e jamais poderia salvá-la. E o que Elijah queria dizer com “um erro que não cometerei novamente”? Será que ele queria dizer que nunca mais se iria aproximar de uma doppelganger romanticamente, ou será que queria dizer que nunca mais se iria apaixonar ou ter algum romance?

©AnaTheresaC