Capítulo 11

Acordei no dia seguinte e mudei de roupa. Hoje iria encontrar Elijah. Há dois dias que ele não dava notícias e eu estava a ficar preocupada. Saí de casa sem dizer nada a Damon, Stefan ou Elena. Andei pelas ruas de Mystic Falls, procurando indícios de ele estar ali, mas nada. Ele sempre tinha sido muito subtil nas suas caçadas e ao contrário do que se pode pensar, não é fácil encontrar outros vampiros, principalmente se eles tiverem mil anos e passaram a vida a fugir.

Voltei para casa dos Salvatore e todos já estavam acordados.

-Stefan, posso usar o teu carro?

Stefan pareceu surpreendido com o meu pedido, mas não demorou muito a sua resposta:

-Claro que sim. As chaves estão na ignição.

-Obrigada. Prometo que to devolvo.

Sorri para eles e retirei-me da casa com o carro de Stefan, que era um Porshe antigo, mas que ainda tinha potência. Afastei-me um pouco do centro de Mystic Falls e fiquei a vaguear pelas casas para vender. Havia uma mansão branca, muito bonita, com a placa deitada no chão. Parei o carro mesmo na entrada e apurei a minha audição. Sim, alguém estava lá dentro, notava-se pelo som de sapatos a andar de um lado para o outro.

Bati á porta, como qualquer outra pessoa educada faria. Os passos pararam por segundos e depois andaram rapidamente até à porta. Sim, era Elijah que ali estava. Sorri.

-Pensei que nunca mais irias aparecer!

-Estou a preparar-me para a noite de lua cheia. É daqui a dois dias.

-Oh – disse.

-Entra – falou ele e deixou-me entrar.

-Obrigada.

A casa estava mobiliada, com artigos e mobília moderna e minimalista.

-Queres alguma coisa? Chá? Café? Vinho? Sangue?

-Não, obrigada – disse e sentei-me no sofá da sala de estar. – Estou bem assim.

-A que devo a tua visita, Samantha?

-Vim só ver onde moravas, em caso de pensares fugir.

Ele riu e sentou-se ao meu lado.

-Não é essa a minha ideia.

-Porque não?

Ele ficou sério subitamente.

-Há séculos que não vejo Niklaus. Ele matou a minha família e atirou-a ao oceano. Ele merece morrer.

-Então é só por isso?

-Eu e Niklaus temos pontos de vista diferentes. Ele matou pessoas, ainda mata, aterroriza inocentes e é egoísta. A única coisa que eu mais prezava, que era a família, ele destruiu-a, atirou-a para o fundo do mar sem pensar duas vezes.

A dor era evidente em Elijah. Ele amava a sua família, mais do que qualquer coisa, e Niklaus tinha-os caçado e tinha-os atirado aos peixes, tornando-se assim impossível a sua recuperação.

-Elijah, lamento imenso – falei e coloquei uma mão no seu ombro. – Eu nem consigo imaginar o quão difícil deve ser para ti.

Ele forçou um sorriso e pegou na minha mão.

-Obrigado Samantha. Trazes-me boas memórias. Memórias que são necessárias para eu continuar a fazer prevalecer os meus valores. (N.B: Sempre o Elijah de sempre *.* )

Sorri.

-Também me trazes boas memórias, Elijah – suspirei. – A vida há mil anos atrás era tão mais fácil.

Flashback ON

-Meninas, venham! Elijah e Niklaus estão a lutar outra vez! – exclamou Rebekah para mim e Bridget.

Corremos até ao lugar onde eles costumavam treinar, e lá estavam eles, com as suas espadas.

-Vê, as nossas meninas chegaram – disse Elijah para Klaus, e Bridget lançou o seu melhor sorriso – para ver a minha eminente vitória.

-Pelo contrário, Elijah – falou Niklaus e trocaram mais alguns golpes, até Nik cortar o cinto de armas de Elijah. – Elas vieram rir-se de ti.

Começámos todos a gargalhar e eu aproximei-me de Niklaus para o congratular sobre a sua vitória, mas Elijah esticou o braço, impedindo-me. Então percebi: Mikael, o pai deles, tinha aparecido e não estava com cara para brincadeiras.

Pediu a espada de Elijah e ele deu-lha, relutante.

-Então… - disse Mikael, colocando-se de frente para Niklaus e o meu coração deu um pulo de medo. – Porque não me ensinas esse truque, jovem guerreiro?

Desferiu um golpe contra Niklaus, que ele apenas aparou.

-Pai, estávamos apenas a divertir-nos.

-Lutamos pela nossa sobrevivência e tu encontras tempo para diversão? Eu quero ter diversão! Ensina-me! – gritou Mikael e começou a lutar com Niklaus.

-Pai, não foi nada…

Ele apenas se defendia, e Mikael era um guerreiro muito bom. Conseguiu tirar a espada a Niklaus com meia dúzia de golpes e deitou-o ao chão com uma rasteira. Dei um passo em frente, mas Elijah parou-me, agarrando-me nos ombros e puxando-me para si. Lágrimas corriam pelo meu rosto, com medo que ele se magoasse e com a violência daquilo.

Mikael colocou-se em cima de Niklaus e encostou a ponta da espada a centímetros do pescoço do meu amado.

-És um tolo e impulsivo, meu rapaz. O quê? Não há mais gargalhadas?

-Já mostraste o teu ponto de vista, Mikael – interveio Esther, a mãe deles. Mikael levantou a espada e cravou-a com violência e rapidez no solo, ao lado da face de Niklaus.

-Há dias em que é milagre estares vivo, rapaz – disse ele e saiu da nossa visão, passando por nós furioso.

Elijah afrouxou a sua força e eu corri para o encalço de Niklaus, que estava sentado, ofegante.

-Estás bem? – perguntei, colocando as minhas mãos em volta do seu rosto, verificando se ele tinha alguma ferida.

-Estou bem, Samantha – respondeu ele sério e afastou a minhas mãos do seu rosto com delicadeza, apertando-as contra as suas. – Não te preocupes comigo, minha linda. (N.B: Como é que ele foi capaz de mudar para algo parecido a um monstro?!)

Flashback OFF

-Ás vezes pergunto-me de onde ele tirou toda aquela frieza, ganância e azedume – pensei alto e fitei Elijah.

-Eu também gostaria de saber. O que ele te fez…

Empalideci e fiquei muito hirta.

-Desculpa, não queria trazer o assunto para a conversa. Deve custar-te muito.

-Dói, Elijah – admiti e olhei para as minhas mãos. – Ele foi muito injusto e deu-me falsas esperanças ao longo dos anos.

-Eu odeio-o, Samantha – falou Elijah. – Odeio-o pelo que ele fez com a minha família, pelo que ele te fez, pelo que ele me fez fazer…

Cerrou as mãos em dois punhos ao lado do corpo e eu toquei no seu antebraço.

-Ei, não fiques assim, Elijah. Em breve teremos a nossa vingança.

Ele descontraiu e forçou um sorriso para mim, que eu retribuí.

©AnaTheresaC