– O que...? – Comecei a perguntar, mas antes que eu terminasse, minha amiga me empurrou, me pegando desprevenida. Ela convocou um raio bem em cima da criatura escamosa. O mostro virou pó.

Aqui tinha acabado, mas lá no fundo, as coisas ainda estavam agitadas. Os barulhos não paravam. Eu estava muito preocupada....

Percy's POV

Ordenei para que a corrente me levasse o mais rápido possível e, quando cheguei ao reino de meu pai, percebi que o caos tinha dominado.

Lutas, combates, discussões, explosões... Pude ver Neleu e Pélias, eles batalhavam e gritavam ordens para seus seguidores. Só por isso sabia que eram os dois... Os líderes da "guerra". Eles pareciam mortais comuns, mas tinham um brilho verde ao seu redor, cabelos incrustrados de conchas, armaduras de pérola, eram tão parecidos que eu não fazia ideia de quem era quem.

No meio da confusão, monstros apareciam de "lugar nenhum" e entravam na briga, eles surgiam do nada e atacavam qualquer um, tanto fazia o lado. Eu tinha que levar Clóris e Anaxíbia até seus maridos, para que o mal entendido fosse desfeito. Mas a batalha estava intensa. O reino de meu pai estava arcando com as consequências, construções sendo destruídas. Eu não podia deixar aquilo continuar.

Destampei Anaklusmos.

– Vocês ficam atrás de mim - Disse para as esposas.

Elas só concordaram, estavam assombradas com a luta, e ao mesmo tempo gostando. A todo o momento eu escutava: "Pélias vai ganhar" ou "Olha como Neleu é incrível", aquilo estava me irritando demais.

Ataquei. Os monstros, é claro. Não queria ir contra os habitantes dos domínios de meu pai.

Só posso dizer uma coisa sobre lutar no oceano: Uau.

Eu usava minha habilidade em esgrima em conjunto com meus poderes sobre as águas, uma combinação destrutiva... E como eu tinha a Maldição de Aquiles nada me atingia. Eu lutava com minha espada, convocava correntes, explodia monstros... Até estaria me divertindo, não fosse a preocupação com o reino de Poseidon.

Finalmente chegamos perto de Neleu e Pélias, eles não pararam de brigar, então supus que não nos tivessem visto.

– Ei! Vocês dois! - Gritei

Eles me olharam com desgosto por eu estar interrompendo. Quando avistaram as esposas seus olhos se arregalaram. Eu não esperava o viria:

– VIU? SEU GRANDE IDIOTA, EU DISSE QUE NÃO TINHA ROUBADO SUA ESPOSA! - Um dos dois gritou, eu não sabia dizer qual era.

– AH, PÉLIAS, VOCÊ TAMBÉM ME ACUSOU, E EU NÃO FIZ NADA! - Aparentemente esse era Neleu.

Eles largaram suas armas e começaram a discutir, os exércitos pararam para assistir.

– Vocês dois, parem com isso - Falei com o máximo de autoridade que pude reunir.

Eles me olharam assustados.

– Não veem que foram enganados? Tétis os enganou para que destruíssem o reino de nosso pai. - continuei

– Sabe, Pélias, o garoto tem razão... Fomos ludibriados! Por... Tétis, você disse?

– Sim

– Vamos canalizar nossa raiva nela então - Respondeu Pélias.

Só naquele momento os exércitos me notaram. Eles se ajoelharam e alguém gritou: "É Perseu Jackson, príncipe do mar!".

Senti meu rosto ficar vermelho, isso é possível quando se está em baixo d'água?

A guerra civil estava acabada, porém mais monstros começaram a surgir. Os habitantes do reino de Poseidon se uniram.

– Atacar! - gritei. Não sei por que fiz aquilo, mas liderar aqueles seres me pareceu certo.

Nós acabamos com os monstros, o exército do mar unido não podia ser derrotado por simples criaturas como aquelas.

Vi uma carruagem de conchas bater em retirada e um lampejo dos cabelos vermelhos de Tétis.

Depois de tudo aquilo, fiquei surpreso, todos estavam de bom humor. O mar estava em clima de festa. Só não estavam mais animados porque a titânide tinha fugido.

Tive que me esquivar de muitos abraços e apertos de mão (ou barbatana) para conseguir encontrar Annabeth e Thalia.

As duas estavam bem, apesar do ataque de um monstro marinho. Senti-me culpado, elas não deviam ter vindo.

Mas isso tudo acabou quando Annabeth me beijou.

– Estou orgulhosa de você, Cabeça de Alga. Salvou o reino de seu pai

– Todos nós - eu ri.

Enquanto navegávamos de volta para o Acampamento Meio-Sangue eu pensava em Mare e Nico. Tinha que salvá-los. Annabeth, com certeza sabia que eu estava com isso na cabeça, pois ela me abraçou e ficou tentando ajeitar os meus cabelos bagunçados.

Ver o estreito de Long Island melhorou meu humor. Alguém nos esperava.

– Pai? - Me surpreendi.

Ele estava com a aparência de sempre, com suas bermudas e chapéu de pesca.

– Hey, Percy - respondeu enquanto me abraçava. - Eu vim agradecer. Graças a vocês os danos foram minimizados - ele riu e acenou para Annabeth e Thalia.

– Mas, pai, Tétis fugiu, eu não consegui cumprir a missão - Confessei, Poseidon levantou a mão como se isso fosse um fato sem importância.

– Meus melhores rastreadores estão atrás dela... Oceano foi condenado a viver nas profundezas, nos abismos. Quem sabe ela não realiza o desejo de ficar com ele?

Eu consegui rir.

– Algo te preocupa, meu filho - Ele adivinhou.

– Sim... Pai, Mare e Nico se sacrificaram por nós, eles ficaram para trás e... - Não consegui falar mais, era como se uma pedra tivesse ficado presa em minha garganta.

Ele sorriu e estalou os dedos. Como num passe de mágica, meus amigos apareceram. Eles estavam abatidos e sujos de rocha negra, mas vivos.

– Bem, devo recompensas a vocês por terem salvo o meu reino, não? - ele piscou para mim.

Nunca tinha ficado tão grato ao meu pai antes.

Mare sorriu e correu ao nosso encontro. Ela me abraçou. Vê-los ali era um alívio tão grande, como se tivessem tirado o peso dos céus de minhas costas.

Nico apertou minha mão, eu não consegui deixar de sorrir para ele.

– Senhor Poseidon - Mare fez uma reverência.

– Mare Laudes, minha filha, é bom vê-la bem. Agora, como eu disse, devo dar recompensas a vocês. O que querem?

Ninguém falou nada. Acho que estavam com medo do meu pai.

– Bem... - Thalia começou - estivemos nessa missão por muito tempo, e minha folga só vai até a próxima lua cheia. Senhor... sabia que o Green Day está em New York?

Todos rimos, até meu pai. Green Day era a banda preferida de Thalia, e a minha também. Tínhamos gostos musicais bem parecidos, na verdade.

– Posso resolver isso - Poseidon disse, aparentemente divertido. - Imagino que Percy e Nico também estão interessados.

Olhei para Nico, seus olhos brilhavam. Espera aí... Nico di Ângelo gostava de Green Day? Agora eu estava chocado.

– Annabeth - meu pai chamou - Filha de Atena, o que acha de me ajudar a reconstruir algumas das construções demolidas em meu reino. Sei que gosta de arquitetura... Percy fala muito de você.

A Sabidinha ficou vermelha, mas concordou veementemente com a cabeça.

– E agora, Mare...

A nereida suspirou. Poseidon a olhou tristemente.

– Eu sei o que você quer, o seu maior desejo. Isso não significa que eu tenha que gostar dele.

Nico olhou para Mare, como se estivesse curioso, eu também estava.

– Atenderei de qualquer jeito, minha filha - Meu pai estalou mais uma vez seus dedos, Mare foi iluminada por uma luz esverdeada. – Espero que não me esqueça.

Ela parecia normal, só que mais feliz. Correu para meu pai e o abraçou. Eu não estava entendendo nada.

– Viva bem a sua mortalidade.

Mortalidade?

Todos estavam chocados. O maior desejo de Mare era ser mortal? Nico parecia ter engasgado. A ex-nereida sorriu para ele.

– Você ainda vai ter seus poderes, Mare... Se mudar de ideia, me procure. Não abandone o mar, minha filha. Eu sentirei sua falta. – meu pai disse.

– Abandonar o mar? Nunca – Mare riu.

Poseidon se despediu de todos, me abraçou mais uma vez e se foi.

– Mortal? – perguntei a minha "irmãzinha" – Esse era o seu maior desejo?

Ela apenas continuou sorrindo. - Não é maravilhoso? Eu vivi como uma nereida imortal por 200 anos, meu irmão. Ou melhor, eu não vivi, assisti enquanto as outras pessoas viviam. Eu quero ter minhas próprias aventuras, quero conhecer lugares, quero...

Ela pareceu mudar de ideia, desistiu de falar, foi correndo até Nico que ainda a olhava assombrado e o beijou.

Eu não sabia como me sentir em relação a isso. Mas quando vi os rostos de felicidade dos dois ao se separarem, decidi apoiá-los.

Annabeth me deu a mão.

– Vem, vamos conversar com Quíron.