Respirando fundo, ela bateu na porta enquanto Max a fitava com um olhar de preocupação. A garota estava com medo, pela primeira vez depois de tudo, depois de ter sentido ódio, indiferença, esperança e tristeza, naquele momento a única coisa que sentia por dento era um medo inesplicável. Quando a porta se abriu, esse sentimento pareceu crescer ainda mais.

- Ora vejam só quem está aqui - disse a voz grossa e rouca com tom de ironia olhando fixamente para a pequena - Se não é a pequena Julia, o que devo a honra de sua visita?

- Eu não vim aqui falar com você, eu sei que a minha irmã está ai, preciso falar com ela.

- Ahhh, mas é claro, a piralha chega aqui mandando, acho que não... - Sua fala foi interrompida por outra voz.

- Quem está ai Dim ? - Uma voz feminina suou de de dentro da casa, já se derigindo a porta - Ju-Julia o que você está fazendo aqui?

Uma onda de alegria e dor invadiu a garota ao ouvir a voz da irmã. as lágrimas foram inevitáveis.

- Eu preciso falar com você Mel - disse com a voz trêmula - Eu sei, eu sei de tudo!

- Sabe do quê garota? Você está ficando louca!?!

- Eu sei foi você...Você que matou nossos pais!

- De onde você; tirou essa idéia?!?!

- Eu lembro daquele dia Mel, eu lembro...Você disse que ia matar eles...Eu sei que aquele acidente de carro não foi um simples acidente de carro, você planejou tudo não?!?!

- Ahhh era só o que me faltava! Eu não matei eles sua louca, não que não tenha pensado...Foi melhor assim não? Ao menos eles me pouparam tanto trabalho.

- Você é doente sabia! Como você pode dizer isso deles?? Não sabe o que fala...

- Ora garota! - Dim segurou Julia pelos braços - Suma daqui!! Antes que eu...

- Solte ela - Max falou olhando profundamente nos olhos de Dim que brilhavam de ódio - Tire suas mão dela!!

- O que é isso agora?! Revolução na maternidade,vai fazer o que garoto?!

- Isso! - Sem pensar em nada Max levou o punho fechado no rosto de Dim, que andou para trás com o desequilíbrio causado pelo golpe.

- Você está louco?! - Disse Melisa  indo ao encontro de Dim que estava furioso. Ainda sem acreditar em tudo, Julia estava aflita.

- Você está bem Julia? - Perguntou Max abraçando a pequena.

- Estou, agora estou. - Jlulia estava âtonita, queria apenas sair dali o mais rápido possível. - Max me tira daqui.

- Tá ok, vamos logo.

Antes de irem, Dim prometeu se vingar, deixando ainda mais confusa a cabeça da pobre garota.

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- Isso são horas?!? - Perguntou a tia de Julia aflita - Ande Julia, já pra dentro, não quero ouvir desculpas por qual motivo chegaram agora. E você Max, vá logo para casa seus pais devem estar preocupados.

- Mas tia... - Julia respondeu - Deixa o Max ficar aqui essa noite...É só ligar para os pais dele...

- Onde você está com a cabeça menina?!?! Max é um garoto, veja bem, vocês não são mais crianças. Ande logo entre e vai tomar um banho, jantar e ir dormir, amanhã tem aula, vocês vão se ver novamente. E você Max, trate de ir para casa e fazer o mesmo.

- Tá certo, dona Lúcia, mas antes posso falar em particular com a Julia?

Ela olhou bravamente para o garoto, reprovando aquela pergunta, mas resolveu ceder.

- Ok, vocês tem cinco minutos.

Depois de verificar se a tia de Julia estava longe, Max falou baixo com Julia que parecia estar ainda em choque.

- Ei, você está melhor?

- Estou Max, mas eu queria que você ficasse.

- Você ouviu sua tia não? Mas amanhã a gente se ver. - Julia abraçou de vez o amigo, que não espera por aquela reação - Ei Lia, promete que vai esquecer esse assunto?

- Não Max, isso eu não posso te prometer, eu não vou descansar até descobrir tudo.

- Você já pensou que pode ter sido realmente só um acidente?

- Eu sei que não foi, tenho certeza...Algo dentro de mim diz que não foi... Mas você vai me ajudar não?

- Claro que vou, só não acho que seja certo. - Max envolveu a garota que o olhava com seus pequenos olhos verdes e frágeis, ele não podia ficar tão perto dela assim, não sabendo o que sentia. Podia sentir o seu perfume e a maciez do seu cabelo, não...Aquele sentimento era mais forte do que imaginava, sem pensar em nada a beijou podendo sentir os seus lábios quentes, se perdeu por instantes.

Voltando a si, viu o que realmente tinha feito. Julia o olhava, embaraçada com a situação, separando - se logo em seguida.

- Max...Por que fez isso?

- Desculpe Julia, eu...Eu...é que...Eu te amo Julia.

 Aquelas palavras suaram fracas, mas seguras. Ela não entendia, não queria acreditar, mil coisas se passaram em sua mente, deixando -a mais confusa que minutos antes. Antes que pudesse dizer uma só palavra, sua tia apareceu, mandando que entrasse em casa.

- Ande, ande, entre já menina e boa noite Max.

- Ela ainda olhava o amigo, que permanecia parado no mesmo local sem responder ao boa noite para Lúcia. 

Assim se despediram calados. Antes de dormir, os dois pensavam a mesma coisa, ou melhor em um certo momento, esperando apenas o dia de amanhã.