Uma Nova Vida escrita por Lethy_Nayume


Capítulo 5
Descobrir tudo pode ser pior do que se imagina V




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Como olhar aqueles olhos novamente?

Max acordou, ou melhor, mal dormiu com esse pensamento fixo na cabeça. O que realmente teria acontecido? Como deixou ser levado por seus sentimentos? Queria sumir na verdade, sumir da terra pra não ter que ver os olhos dela novamente.

~~*~~*~~*~~

Sabia que não podia fugir, ou melhor, ela não entendia o motivo pelo qual Max fizera aquilo. Acordou ainda assustada talvez fosse só um sonho. Era no que queria acreditar, mas sabia que a realidade te esperava lá fora, sabia exatamente o lugar...

 

- Julia, já acordada? - espantou-se a tia ao ver a menina descendo a escada - Sempre te acordo... Algum problema?

- Ah Bom dia. Não, não tem nenhum problema. Só que tenho prova, por isso acordei cedo. - Deu um sorriso de lado disfarçando totalmente de onde estavam realmente os seus pensamentos.

- Bom, espere um pouco. O café daqui a pouco está pronto.

- Ah ta certo, mas estou sem fome. E hoje tenho que ir realmente mais cedo pro colégio.

- Está bem mesmo julinha? Mas então leve um lanche... Espere vou pegar.

Antes que sua tia voltasse, a garota saiu de casa. O colégio ficava a três quarteirões dali. Durante o caminho ficou tentando imaginar o que ia falar para Max, mas acabou desistindo sem idéias. Achava que ele é quem deveria falar, afinal ela não tinha feito nada. Como estava confusa. Observava todos os lugares onde passava, que por sinal conhecia muito bem, há pouco mais de dois meses fazia aquele trajeto. A pequena padaria, a casa de Rose - uma velha louca que bisbilhotava a vida de todos - A loja de sapatos, o cachorro na vitrine da pet shop - o qual dera o nome de Nikky - o dia seria tão normal quanto os outros se não fosse por aquele detalhe que rondava sua mente.

 Chegando ao colégio foi direto para sua sala, não havia mais nada para fazer. Queria mais que tudo falar com Max, queria descobrir o que realmente aconteceu com seus pais. Sua vida andava louca, era só o que podia dizer para si mesma tentando justificar os fatos.

Depois de minutos sozinha, a escola foi invadida pelos alunos, que pareciam programar o horário de entrada tornando-o cheio e tulmutoso. Entrou na sala Cindy - uma patricinha que Julia odiava- o pequeno Diogo - um garoto estranho, não falava com ninguém - Zanny que vivia sorrindo e mais colegas que mal conhecia, por mais que dividissem a mesma sala. Quando estava distraída alguém colocou as mãos em seu ombro, a garota gelou pensando que fosse Max, mas quando se virou era o Marcos, um garoto que vivia atrás dela.

- Oi Julia - o garoto disse meio sem jeito - Como você tá?

- Ah! Oi Marcos, vou bem e você...

- É também. Eu queria te perguntar se você já tem dupla pra fazer o trabalho de português?

- Tenho, tenho sim... Na verdade não sei direito, preciso confirmar com a pessoa antes... Pra ver se vai mesmo fazer o trabalho.

- Sei... Entendo. Mas se essa “pessoa" desistir eu vou estar aqui sabe. Ainda é pra semana que vem.

- Tá ok Marcos. Obrigada... Pela sua preocupação.

- Tá certo. Opa! Deixa-me ir sentar - pronunciou o garoto vendo a professora sentar.

Julia voltou-se para frente rapidamente, ao ver que a professora chegou. Dando um bom dia animadamente para os alunos a Srt.Clover começou mais uma aula de literatura. E Max? Não tinha chegado. A menina ficou mais ansiosa, logo ele que nunca se atrasa, era bem possível que não viesse. Sabia que não ia ter coragem de olhá-la, não podia acreditar como ele estava sendo covarde ao deixá-la naquela espera. A aula passou lentamente para sua angustia. - Droga! Por que esse dia não acaba logo! - pensava consigo mesmo contando cada minuto que passava.

Logo o sinal bateu. Agradeceu mentalmente, afinal precisava respirar direito. Saiu da sala, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma mão enlaçou seu braço delicadamente. Dessa vez sabia exatamente quem era ao sentir o toque leve e frio, sentiu um arrepio e seus olhos foram de encontro ao de Max que a puxou para sua frente.

- Max... O que você está fazendo aqui? - sabia bem a resposta, afinal o que ele estaria fazendo no seu próprio colégio num horário de aula?

- Julia eu preciso falar com você. – Ignorou totalmente o que ela perguntará.

- Fale então.

- Não aqui. Venha comigo.

- Max não posso matar aula.  

 - Até parece que já não fizemos isso antes.

O que argumentar naquele momento? Sabia que não podia viver a vida fugindo dele e afinal não era ela que queria falar. Qual motivo do medo que sentia agora. Quando estava no outro corredor da escola, Max soltou sua mão, disfarçando totalmente aquilo, pois nem perceberá que a segurava fortemente como se por alguns minutos ela pensasse em fugir.

- Olha Julia...Desculpe...Eu não sei o que me deu pra fazer aquilo, acho que podia...

- Hei Max, não precisa se desculpar, é só que eu não esperava isso de você, o que te deu hein? – Deu um sorriso aflito, tentando não parecer nervosa com toda aquela situação.

- É que eu te amo Julia. E sei que você não vai entender nada disso, mas eu te amo. Não imagino minha vida sem você.

A garota ficou paralisada com aquelas palavras, jamais imaginaria isso do seu amigo. O que falar?

- Max eu acho melhor a gente não se ver mais. – Nunca ninguém lhe disse aquilo, mas estava machucada demais para acreditar. Não suportaria perder alguém que amava novamente. Achava que tendo ele apenas como amigo evitaria sofrer de novo. Amava – o mais que tudo, e por isso preferia ficar longe dele.

- O quê?!?! – Disse sem acreditar.

- Você deve estar confundindo tudo. Max eu também gosto de você. Como amigo entende?

- Não. Eu sei bem o que sinto Julia e nunca senti por ninguém antes.

- EXATAMENTE. Você não sabe o que está sentindo, pois nunca sentiu por ninguém. Acho melhor a gente não se ver. Eu não quero que você sinta nada por mim. – Falou chorando sem saber o que estava falando. Não acreditava no que estava a dizer, sabia que ele jamais a perdoaria. E era melhor assim, não queria amar novamente.

- Julia, o que está acontecendo?!

- Max não me procura mais, é melhor assim.

- Essas são suas últimas palavras?

- São. – Falou friamente ao garoto que saiu sem dizer mais nada. Tudo acabará ali. Sua amizade, seu porto seguro e o seu amor. Não queria perder Max, mas acabou fazendo isso sem perceber.

- Um dia você vai entender... – Falou baixinho para si mesma, queria apenas protegê-lo, de algo que nem ao certo sabia.

~~*~~*~~*~~*~~

 

Não assistiu ao resto das aulas, nem tinha nenhum lugar a ir. Decidiu voltar mais cedo para casa. Inventaria qualquer desculpa para a tia e dormiria o resto do dia, era só o que queria fazer. Fugir do mundo, fugir de todos, fugir de si mesma. Acabara de expulsar da sua vida a pessoa que mais amava, sem dar a menor explicação. O que fazia sentir Max mais culpado, afinal se não tivesse dado um beijo nela, talvez ainda fossem amigos.

 

~~*~~*~~*~~*~~

Chegou mais cedo. Abriu a porta devagar e andou lentamente para não fazer barulho. Estranhou o silêncio da casa e segui para o seu quarto. Ao passar pela porta do quarto de Lúcia, sua tia, pensou em abri-la, mas ouviu uma conversa muito estranha que ela tinha ao telefone. Ouviu pequenos trechos.

- Sei, sei, como já disse essa parte não foi nada difícil... Ahh duvido que ela descubra, é muito idiota pra isso... Amanhã? Ás quatro e meia? Está ótimo. Você acha que o meu marido vai desconfiar? Ele é outro idiota, incapaz de me dar um filho... Tive que achar os meus meios e veja bem! Ganhei duas filhas... Mesmo que uma seja uma drogada inútil... Bom podemos exterminá-la não? ...Faça isso, afinal você que está com ela, não disse que ela seria mais fácil? ...Só não falei pra você drogá-la permanentemente, isso não vem ao caso... Amanhã estarei bem longe com minha amada filhinha... Julia minha princesa, ao menos minha irmã não fora tão imbecil na vida e me deu alguma coisa...

 

Julia ficou horrorizada... Sua TIA?! Sua tia matou os seus pais!! Drogou sua irmã... Quem seria seu parceiro afinal... DIM é claro! Ele ia matar sua irmã! Mil coisas rodeavam sua cabeça que latejava insistentemente. Resolveu ir para o seu quarto, mas tropeçou na pequena mesa, deixando o jarro de flores cair. Queria fugir! Queria sair dali o mais rápido possível, mas antes que movesse mais um músculo, sua tia abriu a porta tranquilamente vendo a garota a pouco mais de dois metros da porta.

- Julia querida? O que aconteceu? - Como sua voz saia falsa agora, aquilo fez Julia ficar tonta e enjoada.

- Nada, é que eu tava indo pro meu quarto e tropecei sem querer...

- Chegou agora?

- É... Agora. Exatamente agora, por quê?

- Não, nada! Mas pode deixar que eu limpo essa bagunça, vai logo tirar essa farda e, aliás... Chegou cedo não?

- É que não estou me sentido muito bem, estou tonta como pode ver - Apontou para o jarro de flores quebrado no chão.

- Oh! Deve ser fome. Falei pra não sair sem comer. - A vontade de Julia era avançar no pescoço daquela mulher, mas  respondeu educadamente, não sabia como ela poderia reagir.

- É deve ser. Vou deitar então.

- Vou fazer um chá para você.

Entrou no quarto se jogando na cama, não sabia o que pensar, nem o que fazer... Mas sabia que dessa vez não acharia ajuda. Sabia que estava sozinha. Sozinha outra vez...

 

 

 

  

 

 

 


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