Leis da Noite - Antes do Escurecer escrita por Ryuuzaki


Capítulo 5
Nathan - parte 1




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Marie arrumou cuidadosamente em um rabo de cavalo enquanto passava pelo grande espelho localizado na antecâmara do elevador, ajeitou os óculos e verificou rapidamente os papes que levava em uma prancheta. Ela é uma mulher jovem e ambiciosa. Tão ambiciosa a ponto de ter conseguido, a poucos meses, ser promovida para secretaria direta do dono das industrias Rivera, isso mal tendo terminado seu curso de administração. Ela estava consciente de seu grande feito, era invejada por muitas de suas amigas e normalmente quando se reuniam para conversar, fofocar alguns diriam, sobre o dia-a-dia, constantemente as perguntas se voltavam para: Como é trabalhar diretamente para um dos homens mais ricos e solteiros da América.

 

A secretaria viu seu sorriso ser refletido enquanto dava uns últimos retoques em seu cabelo e tirava qualquer vestígio de caspa que pudesse haver em seus ombros. Ela estava feliz. Muito feliz. Alguns poderiam pensar que era besteira estar tão feliz pelo simples cargo de secretaria, mas estes seriam ignorantes em relação à administração de empresas realmente ricas e não estariam olhando o panorama como um todo, afinal, A Rivera é a maior e mais rica industria da costa-oeste americana, com subsidiarias na maior parte dos estados dos país, cada grande cidade, e em muitos países estrangeiros. Produzindo desde brinquedos á carros, a Rivera é uma grande potencia econômica comandada por apenas um homem, existiam os acionistas, é claro, mas que estava á frente de tudo era Nathan Rivera, o patrão de Marie.

 

Marie se empertigou e assumiu um semblante de imponência e arrogância assim que saiu da frente do espelho, iria passar por muitos funcionários e achava que deveria ter um ar de importância, para manter a hierarquia e facilitar interações profissionais com todos. Ou pelo menos era isso que dizia a si mesmo, pois, a verdade era que gostava de ver uma certa veneração nos olhos dos outros e, claro, a inveja, sim... A inveja. Marie gostava de ser invejada adorava olhar para as pessoas e perceber que elas praguejavam contra ela em seus íntimos, almejando estar naquele lugar, almejando ser Marie Knox,

 

Passou por alguns faxineiros e outros funcionários com profissões bem favorecidas sem sequer dispensar um “bom dia”, “olá”, ou qualquer frase intrinsecamente inserida na cabeça das pessoas quando criança como essenciais ao encontrar alguém, símbolo de uma boa educação, e que no fim das contas, só são utilizadas para beneficio próprio no mundo adulto do constante corporativismo. Seria bom se Marie apenas não quisesse gastar tempo, saliva ou voz com aquelas pessoas, no entanto ela nem mesmo notou que estavam ali. Eram como fantasmas, existiam, mas não sendo percebidos por aquela mulher prepotente. Marie cumprimentou todos de cargo importante que encontrou por seu trajeto.

 

Para sorte da secretária o elevador estava vazio, completamente vazio, o que era raro. Ela suspirou e deixou a expressão em seu rosto se aliviar, não era fácil manter as aparências e estava á beira de agradecer á deus por não ter ninguém com ela enquanto subia, intrigas de empresa, que sempre acontecem em locais privados como um elevador, são coisas cansativas e Marie não estava com vontade de ouvir fofocas empresariais por parte de nenhuma pessoa. Outro motivo, esse que não contaria nem mesmo à sua melhor amiga, para querer estar sozinha naquele ambiente era porque os nachos com feijão e cheddar, a comida mexicana que comera na noite passada, realmente não caíra muito bem em seu estomago. E ela achava que não seria nem um pouco agradável se ela tivesse que aliviar um pouco do desconforto, que a alta pressão interna causava, ao lado de outrem.

 

Afastou os pensamentos enfadonhos com um sinal de “não” executado pela cabeça e procurou se concentrar, tentando aguentar a dor intestinal que sentia, consegui se controlar e então apertou um dos botões do elevador. A maquina foi subindo, se dirigindo ao topo do prédio, onde o escritório do Sr. Rivera ficava localizado, novamente uma alusão à hierarquia, demonstrando que o líder deve ficar acima. Mas Marie sabia, noções como essa não importavam ao dono desta industria. Conhecia o chefe a pouco tempo, mas não foi necessário muitos dias para perceber o quão ingênuo ele era em relação á politicagem de empresas.

 

 

Sim, era ingenuidade, ele é ingênuo. A secretaria sabia muito bem disso. Sr.Rivera era um grande estrategista, especulador, e, acima de tudo, era um visionário. Carregara a empresa nas costas á muito tempo e graças ás suas idéias e metas a Rivera estava onde esta hoje. A diferença é que ele não tinha o instinto predatório tão predominante em milhões, se não todos, os outros lideres e ricaços do mundo. Ele não tratava os outros como meros subalternos e gritava pelos corredores dos prédios da empresa. Não demitia por qualquer deslize besta dos funcionários, como é padrão no mundo corporativo, e nem ansiava por lucro, lucro e lucro. E era justamente o que lhe tornava um completo ingênuo em seu ramo.

 

Claro que qualquer sistema financeiro precisa de lucro para se manter e crescer como. Mas, diferente de outras redes, as metas adotadas pela grande indústria da qual Marie se orgulhava de fazer parte eram diferentes de simplesmente “gerar lucro para os acionistas”, a Rivera ltda realmente visava algo e crescia com isso.

 

Loucura.

 

Era isso que 110% dos professores da faculdade de administração dizem sobre os meios e atitudes do cabeça por trás da grande empresa. Mas, mesmo contrariando todas as regras de “como chefiar seus empregados, ser dono de uma mega-empresa e ainda fritar ovos com bacon no café da manhã” sua empresa crescia cada vez mais.

 

- Será que ele sabe que é roubado? – Marie sussurrou para si mesma, lembrando fato que todos nos estados unidos pareciam saber, menos Nathan Rivera.

 

Não. Com certeza não sabia. Nathan Rivera era a pessoa mais humana e compreensiva e justa de sua própria empresa e de todas as outras, muito mais do que Marie, sua secretária jamais seria e jamais gostaria de ser. Acredita muito na capacidade do homem fazer o bem, de ser justo. Não acreditaria que um parceiro cometesse uma falcatrua mesmo que visse com os próprios olhos o sujeito pegar o dinheiro e transferir para alguma conta na suíça ou em qualquer outro país.

 

“O Sr. Rivera é como uma criança inocente, que acredita em tudo o que dizem e acha que o mundo é perfeito, parece que ele não amadureceu de todo. Não importa o quão rico seja, o quão suas estratégias funcionem, as pessoas sempre tentarão engana-lo pelas costas... e conseguirão.” Marie pensou.

 

A secretária ficaria horas divagando sobre seu chefe caso tivesse tempo , porem, o elevador logo chegou ao seu destino. Ela se empertigou novamente e saiu da maquina, se dirigindo rapidamente para a enorme sala que o Sr. Rivera possuía. Assim que ela pôs os olhos na porta, esta foi aberta e dono da empresa despontou pela passagem.

 

Rivera estava na faixa dos cinqüenta anos, mas estava, como dizem, “conservado”. O cabelo já estava salpicado de branco em alguns pontos, e começava a ficar escasso no alto da testa e nas têmporas, mas estava saudável, físico forte, lembraria um homem na casa dos trinta, se seu rosto já não mostrasse rugas de envelhecimento. De modo algum aparentava ser um empresário, estes costumam conservar uma barriga saliente e uma aparência rabugenta, Rivera parecia vivaz, alegre, e com seus um metro e oitenta centímetros, combinados com seu porte e saúde, mais lembrava o treinador de futebol do time de alguma universidade.

 

Ele tinha uma aparência que agradava á maioria das mulheres já maduras e o fato de não ter esposa e ser rico o tornava alvo de muitas investidas femininas. Marie, no entanto, nunca algo deste tipo. Era uma profissional cética, fria e competente. Como normalmente as pessoas tendem a ser no mundo dos negócios. Assim que viu seu chefe, selecionou um papel de maior importância, que precisava urgentemente de uma assinatura, o qual estava na pasta que levava e foi logo se dirigindo ao patrão.

 

- Sr. Rivera...

 

Marie havia começado a falar, mas foi interrompida por um balançar de mão e uma careta que se assemelhava a desgosto, ou cansaço. Mas não era.

 

- Não precisa mais usar o senhor, se quiser falar comigo, use Nathan, meu nome.

 

Marie incrédula, achando que estava recebendo uma cantada ou algo parecido, retrucou.

 

- Creio que não seja apropriado, sendo você meu patrão e dono desta empresa.

 

Nathan limitou-se a sorrir.

 

- Não mais.

 

Marie se assustou e por pouco não derrubou a prancheta que levava. Ficou praticamente em choque

 

- Esta me demitindo?!

 

Nathan coçou a cabeça, com vergonha de ter sido mal interpretado,e então corrigiu o que tentara dizer.

 

- Acabo de terminar uma conversa com meu agente e advogado. Não sou mais seu patrão porque você não trabalha mais para mim. Parabéns, você agora detêm um terço do comando da Rivera. Fale com Linus, o advogado, e ele irá te explicar tudo, falar os procedimentos, umas duas obrigações e lhe apresentar aos outros dois detentores da empresa. – falou Nathan rapidamente, perdendo o fôlego, mas com uma expressão de total alivio, como se tivesse desarmado uma bomba relógio.

 

A ex-secretaria, agora dona de parte de uma das maiores multinacionais do mundo, simplesmente esbugalhou o olho, não crendo no que havia escutado e pensando se tratar de alguma pegadinha. Concentrou-se e então falou.

 

- Sr.Rivera, não entendo o motivo desta pia...

 

Mas foi novamente interrompida.

 

- Estou indo, desejo sorte a você. E como diria o personagem de um conhecido. “See you in another life, brotha”.

 

Com essa ultima frase, nada condizente com a etiqueta de um lugar “de respeito” Nathan deixou para trás a empresa que lhe acompanhara por toda sua vida.

 

E então foi embora.

 


...

 

 


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Notas finais do capítulo

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Este capitulo precisa de uma revisão Monstra, repeti rivera muitas vezes :
não consegui encontrar sinonimos legais para chefe e patrão -_-''
No geral, cap ficou uma merda -_-''



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