Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Desculpa a demora pessoal! Mas sabe como é: feriadão e muita tarefa me deixa louca. Enfim, espero que gostem desse capítulo. Boa leitur >



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                         Observo Thresh detalhadamente. É a primeira vez que tenho essa oportunidade de conhecer o estado de meus oponentes. Não possui nenhum ferimento grave, somente alguns arranhões. Cerca de três ou quatro. Percebo que apesar dos Jogos, sua aparência física está melhor ao da colheita. Imagino o quão rigoroso é o regime de seu distrito e o quanto isso o empobrece. Concluo que ele tem um dom para caça e procura de alimentos, ou possui patrocinadores bem generosos.

                       Thresh começa a encarar a pequena fogueira e sua expressão toma-se por dúvida. Talvez ele pense que os últimos cinco dos Jogos não sejam estúpidos o suficiente de acender uma fogueira. Ele provavelmente acha que o fogo é uma armadilha.

                         Minha respiração fica mais lenta e abafada na esperança de que ele faça algum movimento. Ele olha para os lados verificando se não há ninguém a espreita. Pisa em volta da fogueira, procura vários tipos de artefatos supostamente posicionados na área.

                          Finalmente ele faz alguma ação: com as mãos desprotegidas, ele pega os peixes e joga tudo dentro da fogueira. Um sorriso vem-me aos lábios e ele fica encarando a carne branca de peixe escurecer-se no pequeno e insignificante fogo. Depois de aproximadamente um minuto, chuta as pedras sobre a fogueira e depois de apagada espalha as brasas e restos de peixe, que já não são mais reconhecíveis, pelo rio seco.

                           Ele cruza os braços, depois limpa o suor que escorria por sua testa e depois tira o melado em sua calça. A água contaminada já passou por muitas partes do corpo.

                           Antes de direcionar seu olhar para sua traseira e continuar seu caminho de origem, ele hesita e fica observando atentamente a árvore na qual estou escondida.

                        Um temor espalha-se por meu corpo e receio que algo dará errado. É aí que num movimento único abro a minha mochila rapidamente e procuro as pedras que guardo lá dentro. Posiciono quatro em minha mão. Com meu estilingue que estava quase aposentado posiciono a primeira pedra.

                            Por um buraco minúsculo vejo a o outro lado do lago e a mata ciliar que o acompanha. Eu já não enxergava o fundo da floresta por conta da escuridão que acompanhava o final da tarde. E com o intuito de cair nas várias folhas que estão no solo da floresta, solto minha mão do elástico e a pedra some num piscar de olhos e segue sua trajetória. Alcançou o seu destino: pertinho da mata ciliar, ela bateu nas folhas e fez um barulho de uma pisada leve e quase imperceptível. No mesmo instante Thresh vira-se e procura algum sinal. Imediatamente posiciono a segunda pedra e com uma posição diferente ela cai mais a esquerda e internamente da floresta. O tributo novamente olha em direção ao barulho desconhecido e volta para dentro da mata procurando alguém que supostamente está andando pelas redondezas sem nenhuma cautela.

                                  Solto um suspiro de alívio quando ele desaparece dentro da floresta. Espero alguns minutos antes de fazer qualquer movimento brusco.

                                    Ponho as pedras restantes na mochila e guardo o estilingue no cinto como de costume. Ajeito-me numa posição mais agradável na árvore para poder ficar um bom tempo sentada. Não sairei dali até que chova.

                                      Só agora começo a refletir sobre o que aconteceu há alguns minutos atrás. Thresh encostou-se à água envenenada das algas-cadáver. Isso irá lhe causar uma série de irritações e coceira na pele que poderão abrir feridas, infeccionarão com a sujeira e as prováveis lutas entre os tributos. Essa série de consequências o deixará numa posição mais enfraquecida. Uma luta muito brutal e ele provavelmente não aguentará revezes de seu oponente.

                                     Mas esse pensamento deixa minha mente perturbada. Fico arrepiada e com suposições cada vez mais assombrosas. Por mais que eu gostaria de ganhar esse Jogo, não me sinto capaz de matar alguém. Principalmente o Thresh. Mesmo sabendo que no início de tudo eu fui pega por ele e quase morta por estrangulamento, ainda lembro-me da cena.

                                       Lá estava eu contra o tronco e totalmente sufocada olhando para ele, com total desespero e a dor proliferando em meu corpo. Mas do fundo de seus olhos negros e brilhantes, havia algo tênue e de lá jorrou apena uma pequena lágrima, e enquanto gritava minhas súplicas pela vida ele disse ‘’não posso’’ e cerrou os olhos, como se não quisesse ver o estrago que iria fazer. Ele podia transparecer alguém brutal e mortífero, porém vejo que é totalmente ao contrário quando suas lágrimas percorreram seu rosto antes que eu conseguisse escapar.

                                         Também lembro no dia do ágape, quando ele quebrou a cabeça de Clove: Realmente foi algo árduo de se ver, porém é pior ainda o que eles fazem com todos nós. E quando Thresh deixa escapar Katniss? No fundo de minha cabeça essa dúvida ainda martela, mas acredito que seja pela garotinha do 11. Katniss fez algo por Rue e ele a agradeceu.

                                 Por isso fico meio abalada. O grande e forte tributo do 11 poderia ser uma boa pessoa, poderia ser um bom amigo, mas a capital, como sempre, achou um jeito de destruir mentes brilhantes e almas puras. As grandes chances de uma vida livre no futuro.

                                  O clima fica melancólico e pesado e nem uma brisa há de existir aqui. As lembranças da arena começam a virar um animal de sete cabeças cuspidoras de fogo em minha direção. Mesmo que eu desviei sempre haverá outro problema a me atingir.

                                     Novamente as dores de barriga, dor de garganta, dor de cabeça, sede e outros sintomas que a moleza me deixa incapaz de absorver estão me visitando. A lama em meu corpo está começando a ficar dura e o cheiro de terra molhada me deixa irritada. E estranhamente os idealizadores deixaram o clima menos frio.

                                       Quando estou quase cerrando os olhos para tentar me divertir com a paisagem, ou simplesmente dormir num sono profundo ouço o diário hino da capital. Olho para o céu esperando o rosto de Clove, e quem sabe alguém mais. Imediatamente sua imagem aparece.

                                        Seus cabelos preso em uma trança cuidadosamente elaborada, ela sorri de um modo ameaçador enquanto seus olhos pretos e opacos o encaravam e suas sardas se destacavam eu seu rosto branco. É bem estranho vê-la numa foto assim depois de presenciar sua cara deformada. Logo após o aerodeslizador vai embora e só deixa Clove como a morta do dia. Volto a minha postura e faço tentativas para dormir.

                                          Eu até consigo ficar com os olhos fechados e relaxar-me, o que é um bom começo. Mas fica tudo melhor quando ouço o barulhinho de gotas caindo nas copas das árvores, e depois de tocadas nas folhas caem em meu rosto, e leva-me de volta ao distrito 5 nos tempos chuvosos em que as crianças saíam de qualquer lugar para tomar um banho de chuva com seus pais antes que os pacificadores chegassem e botassem ordem.

                                           - Chuva! Chuva! Chuva! – Grito enquanto desço a árvore rapidamente para o encontro de minha verdadeira dádiva. Mal posso descrever a sensação de ter água curando as feridas da sede.


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Notas finais do capítulo

e aí gostaram? Odiaram? Algum erro? Mande reviews! É muito bom saber o que vocês acham da fic e no que eu posso melhorar cada vez mais. E se você gostar muito da fic e quiser me ajudar com recomendações seria bem legal :) Então,
Obrigado por ler! Bjinhos.



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