Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Gente, essa semana vai ficar um pouco difícil de eu postar os capítulos. Porque eu preciso estudar e fazer uma bolada de trabalho --' mas vou tentar ficar postando os capítulos o mais rápido que posso. Boa leitura, gente.



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Eu saí correndo como se o chão pegasse fogo e uma vez que eu parasse, derreteria. A mochila rosa que eu vira estava lá, intacta. Foi tudo tão rápido, mas quando olhava de relances via os carreiristas na cornucópia, alguns saíram correndo sem nada e muitos morriam na primeira corrida que deram. Um verdadeiro banho de sangue. Virei para a cornucópia, que vontade de ir lá dentro e pegar todos aqueles suprimentos. Vi também muitos outros objetos espalhados e somente consegui pegar fósforos e uma garrafa térmica. Em questão de segundos virei para minha esquerda e saí correndo o mais rápido que pude, não consegui pensar nem ver a direção que ia, mas tentava me distanciar do barulho e ouvir somente meus passos. A mata fechada me atrapalhava muito, mas seguia em frente e então vi uma clareira e me vi deitada no chão com uma dor terrível no meio da testa e sangue caindo do nariz.

              Esbarrei com Katniss Everdeen. Levantei-me sem me importar com a dor e deparei com aqueles olhos cinzentos esbulhados, com uma expressão aterrorizada. Igual a mim, vi que não possuía arma. Somente uma faca pregada no cinto. Saí correndo como se o chão pegasse fogo se eu parasse, derreteria e ainda com uma faca nas costas. Virei á esquerda descendo um barranco aos tropeços. Rolei umas três vezes. Deixei Katniss sem olhar para trás. Continuei correndo, correndo e correndo até que minhas pernas já queriam saltar do meu corpo e o silêncio ocupara a mata. As gritarias da cornucópia cessaram em questão de dez minutos e os canhões não havia soado ainda. Geralmente no primeiro dia os canhões são ouvidos depois que a batalha acaba, porque é muito difícil acompanhar as mortes no começo.

               Fiquei ao de uma clareira que tinha vários arbustos que se eu me encolhesse poderia ficar dentro deles, talvez fosse um bom esconderijo. Precisava descansar beber água, abrir minha mochila e continuar minha estratégia. Encostei-me num solo um pouco mais elevado. Joguei a cabeça para trás e comecei a tentar respirar novamente. Meu corpo tremia de cansaço, meus ouvidos zumbiam com os gritos, minha testa estourava de dor e meu nariz tinha sangue seco. Nós duas corríamos rápidos e nos trombamos, isso ficará um galo.

                 Abri a mochila rosa, olhei para os lados e para certificar-me que ninguém iria sair de lá joguei uma pedra que achei e esperei alguém aparecer e tentar me matar. Não havia ninguém. Ótimo. Retirei um saco de dormir, tiras de tecido, fios, uma corda uma faca que era praticamente inútil (era sem ponta e não cortava bem) e um compartimento com pílulas para purificação da água. Joguei tudo de volta na mochila junto com os fósforos. Peguei a garrafa e senti que ela estava gelada, seria água? Dei um pulo e comecei a abrir a garrafa desesperadamente. Havia três pedras de gelo somente. Esperarei derreter, então, eu pensei. Mas enquanto isso recostei a garrafa sob minha testa e me aliviei com a dor que explodia em minha cabeça. Não conseguia pensar no que faria naquele estado, mas não poderia ficar muito tempo ali.

             Lembrei-me dos biscoitos, pães e frutas que tinha no café da manhã de hoje. Meu estômago revirou de fome e saudade daquilo. Passaram-se uma hora quando abri a garrafa de novo e a água derretera. Quando encontrasse água e enchesse mais a garrafa aí eu iria purificá-la.  Já estava á noite e fui estudar os arbustos até encontrar um de ótimo tamanho para mim. Quebrei alguns galhos dentro, coloquei mais folhas por cima e rolei no chão para disfarçar-me. Peguei o saco e coloquei sob o chão e entrei no arbusto, encolhi-me o máximo que pude e fiquei lá parada acalmando-me e esperando os canhões. Pontas de alguns galhos mal quebrados que me pinicavam irritava-me, mas fiquei quieta.

                Ethan. Minha nossa... O que será que havia acontecido com ele? Não tinha achado ele no meio dos vários tributos. Será que foi para cornucópia? Será que...

               BUM. O primeiro tiro soara, aproveitei-me para contar quantos morrera. Um, dois, três... Treze. Treze morreram no combate. Sobraram onze de nós. Ouvira ao longe um aerodeslizador e saí do arbusto o mais rápido que pude para ver as imagens dos tributos mortos. O hino começou a soar e uma tela apareceu no ar de repente. E lá estavam as fotos: Uma garota do distrito 3. Os carreiristas sobreviveram, claro. O garoto do 4. Ethan. Seu rosto estava lá sendo exibido como o morto do primeiro dia. Não. Não. Ele devia ter ido na minha direção. Eu devia tê-lo chamado. Não por favor, não. Fiquei murmurando. Eu não sabia mais como eu me sentia, o mundo parou por um momento e meus olhos embaçaram-se e lágrimas caíram de meu rosto. Sua tia, não, por favor, não. E ele dissera que morreria e eu ignorei. Não tentei nem lamber minhas lágrimas que desciam ardendo em meu rosto. Seu gosto já era amargo, um amargo que eu odiava. Fiquei olhando para a foto e ela mudou para outro rosto. Os dois tributos do 6 também morrera. Os dois do 7. O garoto do 8. E os dois do 9 e o garoto do 10. E o telão fechou-se e o hino foi embora deixando que o silêncio caísse na mata.

                Ethan morrera. Fiquei repetindo isso várias vezes até que me conformasse, mas o choro não cessava. Soluçava baixinho na esperança de que o próximo tiro de canhão não seja por mim. Fui fechando os olhos e esquecendo tudo até que parei de me importar com os galhos e dormi num sono profundo, com a faca as mãos.

              Quando os primeiros raios da manhã estavam aparecendo saio do arbusto rapidamente retiro minhas coisas e olha para cima, ao longe avisto um fiapo de fumaça saindo, alguém fazia uma fogueira. Antes que eu me tocasse de qualquer coisa, ouço gritos. Gritos agoniantes de uma garota. Eles cessam por uns instantes e depois ouço um tiro de canhão e a fumaça vai desaparecendo. Parece que a menina não teve sorte. Parei um pouco e vi que eu ainda estava numa área alta. Teria que descer mais ainda para achar um rio. Seguia o vento já que ele que definiria a correnteza do rio e procurei áreas com vegetação mais rica. Minha garganta estava seca e meu corpo fraco.   

                Estou sentindo na pele o medo dos carreiristas sanguinários, os gritos de agonia da garota que morrera não contribuíram para que eu me acalmasse. Continuei descendo, mas nunca achava lama ou alguma vegetação mais rica. Sempre as mesmas árvores, animais... No meu distrito é muito fácil encontrar água por causa de um rio de água doce que corta meu distrito então está sendo muito difícil me acostumar a ficar sem nenhum líquido.

                  Depois de quase uma hora de caminhada não conseguia achar água e comecei a achar que estava rodando em círculos. A dor em minha cabeça não me deixava pensar direito, e nada em minha mochila poderia me ajudar. A única coisa que consegui fazer foi pegar a faca e fazer várias marquinhas nas árvores a cada dez árvores para certificar-me que não rodava em círculos. Estava cansada demais, estava triste demais, estava com sede demais e estava com fome demais. Porém ajuda, quando eu preciso, não consigo. Dez árvores, marquinha. Andava silenciosamente e estava sempre desconfiando de um barulho além de meus passos. Vinte árvores, marquinha. Olhei para o céu e esperando um sinal de nuvem carregada de chuva, porém estavam brancas e vazias. Trinta árvores, marquinha. Não estava rodando em círculos, já era um bom sinal. Mas percebi que a minha situação somente iria melhorar: quando estava chegando perto da próxima marquinha nas árvores avistei no chão algo que parecia uma arapuca. Hesitei um pouco. Talvez seja uma armadilha até mesmo para os tributos. Numa distância que eu considerei segura atirei uma pedra na árvore ao lado. Algumas folhas caíram e a copa da árvore estremeceu um pouquinho para fingir que alguém estava descendo de lá. Ninguém apareceu. Cheguei mais perto e continuava lá, intacta. Vi também que tinha um coelho morto dentro. Minha felicidade nunca foi tão grande naquele dia. Comida pronta sem eu ter feito nada. Com certeza era de um tributo que daqui á pouco iria chegar e procurar pela comida, mas felizmente eu cheguei antes. Peguei o coelho com cuidado e o depositei na parte da frente da minha mochila. Mais tarde iria comê-lo e fugi o mais rápido dali.

              Estava correndo, mas não sabia o porquê. Talvez pela felicidade de ter encontrado comida ou pela vontade de encontrar água. E no momento em que corria entre as milhares de árvores ouvi uma voz que ria alto, o susto foi grande que olhei para trás e acabei caindo e saí rolando pela descida. Depois de um tempo parei no chão de costas para cima ofegando e sem conseguir me mexer. Tentava recuperar o ar, mas a lama ficava entrando em minhas narinas. Por um momento não acreditei e levantei rapidamente que me esqueci da minha queda. Tinha que ter água em lama. Fiquei seguindo o cheiro e o barulho que a correnteza do rio fazia e então lá estava ele. Era grande e silencioso (exceto pelo suave barulho da correnteza). Minha vontade era de pular no rio e ficar lá no fundo bebendo toda a água até que ele secasse. Mas eu com certeza morreria de infecção no outro dia. Antes eu tinha que purificá-la, porém um problema me impedia. Fiquei olhando de longe um tributo que estava no leito pegando água, descansando e provavelmente montaria um abrigo perto dali. De alguma maneira teria que tirá-lo da região. Achei que se desse um susto nele resolveria, e ele só sairia dali se tivesse alguma ameaça. Minha faca, pensei. Ele provavelmente correria daquele lugar e sem parar para pegar a faca. Eu a jogaria perto dele. E ela não me servia de muita coisa mesmo, poderia até improvisar uma lança de galhos e pedras, caso eu a perdesse.

             A intenção não era de matar, então fiquei atrás dele e mirei para que a faca parasse ao seu lado e fincasse no chão. O garoto continuava no leito do rio pegando água com três garrafas que ele tinha. Ajeitei minha mira e joguei a faca. Ela foi voando e caiu bem ao seu lado e fincando na terra. O garoto pulou na hora e deu um grito e desatou a correr sem nem olhar para trás. Infelizmente ele conseguiu pegar tudo na hora deixando apenas seus rastros. Certifiquei-me que ninguém mais estava por perto e avancei. Cheguei ao leito do rio e dei um grande sorriso, nunca imaginei que conseguiria encontrar hoje. Peguei água e purifiquei-a ficava bebendo de pouquinho em pouquinho até que bebi a garrafa toda. Enchi mais uma vez a garrafa e joguei a pílula para purificar de novo. Joguei água no rosto, braços e pernas e saí de lá.

               Nesse primeiro dia eu queria somente achar comida e água para me abastecer. Amanhã começaria minha estratégia mais forte do que nunca. Dessa vez a fome já começava a me irritar. Achei um local um pouco mais afastado do rio e coloquei alguns galhos no chão. Peguei meu fósforo e raspei-o numa pedra, e assim acendi uma pequena fogueira. Teria de ser rápida para não ser pega, contava com que a fumaça demorasse um pouco a sair das grandes copas de árvores da mata fechada e alguém visse ela. Pego o coelho, limpo, eviscero e coloco-o sobre o fogo. Depois que ele é aquecido, como a metade do coelho e guardo o resto envolvido numa das tiras de tecido que eu tinha, tirei todos os rastros da fogueira e saí de lá. Fui procurar abrigo, infelizmente eu morro de medo de dormir em árvores, mas tive que superar isso e escalei uma e fiquei num galho grande e seguro. Enrolei-me no saco, me amarrei com a corda e fiquei esperando a noite cair. Hoje vai ter imagem de tributo no céu. E em questão de segundo um aerodeslizador aparece e começa a tocar o hino. E assim aparece somente a garota do distrito 8, a que foi morta brutalmente por causa de uma simples fogueira.


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Notas finais do capítulo

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