Distrito 5 - A Força Da Inteligência escrita por BelleJRock


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Foi mal a demora pessoal >.< Boa leitura heh



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         Essa noite foi cansativa. Na verdade eu não dormi, fiquei na varanda sentindo o vento bater no meu rosto esperando á qualquer momento pegar um resfriado. O apartamento estava uma quietude. E, infelizmente, Ethan conseguira dormir. Olhava para baixo, se eu pulasse seria uma queda de cinco andares. Eu somente morreria. Peguei uma folha que estava em cima da mesa e joguei-a para fora da janela, no mesmo instante ouvi um barulho de choque e a folha voltara e caíra no meu rosto. É, não conseguiria nem me jogar daqui. Ouvi passos se aproximando e vi a irmã de minha estilista. O único objeto que conseguia diferenciar Leah e sua irmã era uma simples pulseira de ouro que continha uma chave pequena. Nós nos ficamos encarando esperando quem iria falar primeiro. Ela tomou a dianteira e começou a falar com uma voz rouca e murcha, uma voz que acabou de acordar:

           - Devia estar dormindo, não? Amanhã não vai ter mais cama para se deitar.

             -Não consigo dormir.

             - É, eu imaginava. – Quando nós parávamos de falar só ouvíamos o som do vento uivando, balançando meus cabelos e deixando meus ossos gélidos. Era uma noite fria e triste.

              - Sempre tive uma curiosidade. – Eu afirmei.

              -O quê?

              -Como pode ser gêmea de Leah?

              - Somos irmãs e nascemos juntas. – Ela disse ironicamente.

              - Você sabe o que eu quis dizer.

              -Eu sei, estava só brincando. – E ela ficou séria novamente. Parecia que todo mundo da Capital tinha um senso de humor. Até nas pequenas coisas. Já estava me irritando. – A gente era bem unidas quando crianças. Não tínhamos os mesmo gostos, mas éramos melhores amigas e irmãs. Tudo mudou quando meu pai estava tentando ser o presidente de Panem nas eleições.

            -Hum... – Eu dizia sem entender onde queria chegar.

              - E aí ele se matou.

               -Ele... Matou-se? Mas o que...

               - Foi o que eles disseram. – Interrompeu-me.

               - Eles quem?

               - Os novos ajudantes do Snow quando ele foi eleito. Nunca soube o que realmente aconteceu, mas meu pai era alguém muito feliz. Ele acreditava numa sociedade livre, sabe?

                - Sei... – Eu não sabia. Acho que a desgraça que houve com essa sociedade de Panem em que matam crianças para manter revoltas me fez nunca nem conseguir imaginar uma população feliz com a liberdade, com a segurança e longe do medo e da crueldade.

                - Depois que meu pai se “matou” eu e Leah tivemos opiniões muito diferentes. Ela acreditava no que diziam e eu sabia o que queriam que nós acreditássemos. Foi só depois de crescidas que voltamos á nos falar e começamos a trabalhar na moda. Prometemos uma á outra que jamais voltaríamos a esse assunto – Ela começou a mostrar o pulso e a apontar na pulseira– A chave significa o mistério da morte dele. Entende?

                 - Sim.

                -Mas tenho certeza que ele não se matou. As pessoas matam pelo poder e meu pai não queria poder. – Objetou a estilista. Deduzi que Snow é que queria o poder e ele faria qualquer coisa. Só havia o pai dela mesmo como concorrente. Mas quem sabe Snow ainda teria um bom senso e o pai dela realmente tivesse se matado? Talvez não. – Vá para cama, querida. – Ela e Rodney eram os únicos que se importava comigo e Ethan na arena, ou pelo menos sabia o quão ridículo era os jogos. Ela era uma exceção naquele bando de irracionais com sede de sangue.

              Demorou algum tempo para eu fechar os olhos e obrigar-me a dormir. Ficava estralando os dedos, mexendo nas mechas de meu cabelo, ficava me remexendo na cama, resistia à vontade de ir ao quarto de Ethan e conversar com alguém que considero amigável.

                 Enfim consegui dormir, foram duas horas de sono perturbado, mas pelo menos consegui. Quando levantei, me arrastei para o banheiro e tomei um banho rápido. Abri as cortinas e fiquei observando a paisagem metálica da Capital. O céu estava limpo e o sol queimava em nossas peles. Vesti a roupa que tinha em cima da cômoda. Uma blusa básica com um short e uma sapatilha. Eu não estava com a maior vontade de olhar para alguém, mas infelizmente, fui chamada para sentar á mesa e comer algo. Hoje á tarde seria o grande momento.

             Somente Avery estava á mesa. Hesitei e depois me sentei. Eu torcia para que ela não puxasse assunto porque na maioria das vezes é algo que temos que fingir que entendemos. Porém ela era a única pessoa que não me incomodo de olhar até hoje á tarde, digo, eu não sei se consigo mais esconder a minha reação quando ver Leah e sua irmã e lembrar da triste história do pai, ou para Rodney que tivemos tantas brigas mas que tivemos tanto apoio. E o pior: Ethan. Eu entrarei com ele lá, lutarei com ele, veremos mortes... E se um ganhar? Como será encarar a família um do outro? Fiquei brincando com os biscoitinhos que havia no meu prato. Meu estômago recusava qualquer tipo de comida. Bebi somente um copo d’água. Mais tarde Ethan, Leah e sua irmã chegaram. Fiquei um pouco desconfortável, mas eu acho que ficar evitando contato realmente era ridículo. Murmurei um bom dia para todos, mas todos estavam com um astral meio baixo, afinal todos sabiam que hoje seria o grande dia.

             Ethan comia um biscoito ali, um pãozinho aqui, mas nada como antes. Seria a última vez que teríamos um banquete desses, mas estava com vontade nem de olhar para aquilo. Rodney chegara ao fim da refeição resmungando por suas barrinhas.

            Quatro horas em ponto teríamos que estar num local que ficava abaixo da arena. Era lá que temos um momento a sós com nosso estilista. Alguns Avox trouxeram um embrulho para mim e Ethan que continha um conjunto de roupas. Avery disse que eram nossas roupas para a arena. As outras peças como casaco ou algo do tipo eram colocadas depois. O conjunto era uma blusa colada preta e com alguns detalhes em vermelho, atrás tinha o número do distrito 5. Uma calça meio marrom meio preta com bolsos. E uma bota não muito longa bem presa. Coloquei a roupa rapidamente e fui ao encontro de todos na sala. Despedi-me de Rodney e a irmã de Leah com um abraço. E dei um adeus para Avery. Com Leah falaria mais tarde.

               Colocaram-nos num carro que nos levaram á um local de pouso e decolagens de aerodeslizadores. Eles eram enormes e era capaz de levar 24 tributos e suas equipes facilmente. Quando entrei os tributos do 1,2,3 e 4 já estavam lá. O interior do aerodeslizador estava um pouco escuro e frio. Havia 24 cadeiras com barras de ferro que nos prendiam para quando ele estava em vôo. Aos poucos o aerodeslizador foi se enchendo e tiveram a permissão de voo. Avisaram-nos que a viagem duraria uns vinte minutos. Mais tarde uma mulher vestida toda de branco e uma máscara na boca estava com uma seringa mandando os tributos estenderem os braços. Com certeza aquilo era o rastreador.

       Finalmente o aerodeslizador foi descendo e finalmente pousara. Os tributos mal se levantaram e cada um foi introduzido em um carro pequeno. Esse lado da Capital era muito mais desértico. Toda a vegetação fora arrancada e somente solos pobres e feios enfeitavam a paisagem. Finalmente nos colocaram num edifício e o elevador desceu até o subterrâneo. Tinha um corredor e no fim dele uma portinha somente com o número cinco. Por um momento pensei em sair correndo dali e tentar fugir e encontrar um jeito de ir para o cinco. Impossível, eu acho. Girei a maçaneta lentamente e abri a porta. Lá estava Leah. Sentada e olhando para suas unhas.

         - Olá, querida – Ela disse com um ar melancólico.

         -Oi Leah.

       - Parece que... Parece que chegou o momento, né? – Seus olhos se vidraram em mim e ela gaguejava.

       - Receio que sim – Eu disse com um pouco de pena dela.

        -Foi bom trabalhar com você. Sentirei faltas desse seu cabelo, heh... – Ela realmente não sabia o que falava. E eu não sabia o que responder á aquilo. Devolvi um sorriso forçado e apontei para a jaqueta que estava pendurada num cabide. Leah foi buscá-la e disse:

    -Ela é ótima, essa jaqueta. Te protege do frio, quando fica quente ela repele  seu suor, seca rápida e é leve. – E então colocou a jaqueta em mim e ficou me encarando. Um minuto, Dissera uma voz que avisava que eu teria que entrar num tubo que me levaria á arena que até então não havia reparado. – Deixe-me arrumar esse coque, querida. – Leah disse apontando para o meu coque que eu havia prendido de qualquer jeito. Eu assenti e ela o arrumou. Estava bem melhor. Trinta segundos. Leah virou-se para mim e não tinha nada a perder, então a abracei. Ela parecia bem mais amigável, parecia até que se importava. Vinte segundos. Ela olhou para mim e me deu um sorriso. Dez segundos. E então virei o rosto e entrei no tubo. Olhava para o pequeno quarto, para Leah, para cima, para baixo para minhas mãos e senti que o chão de metal em forma de prato do tubo começou a subir. O quarto foi ficando para baixo e depois de um paredão que deixou o tubo escuro finalmente a luz começou a subir por cima. A claridade que estava me fez apertar os olhos.

            A arena.

       Já não estava dentro do tubo, olhei para a natureza da arena. Mata úmida. Teria rios então. Árvores altas e largas. Depois vi a cornucópia com seus grandes chifres. Lá dentro havia todo tipo de armas e abastecimento de comida e água. Também era um banho de sangue. Somente os carreiristas ganhavam. Vi mochilas um pouco mais fora da cornucópia, provavelmente não tem os melhores suprimentos, mas era melhor que nada. Olhava para os tributos, todos em seus pratos de metal. Alguns não paravam de olhar para a mata, outros para cornucópia e outros para os tributos. Katniss estava perto de mim, Ethan estava longe e os carreiristas do meu lado. O relógio já tinha começado á contar os sessentas segundos... Trinta e um. Não podia sair antes disso. Avistei uma mochila rosa na minha diagonal. Vinte e cinco. Correria naquela direção e iria atrás de água e um esconderijo. Fiquei preocupada com Ethan. Dezessete. Aonde ele iria? Ele realmente foi um amigo para mim, mas não estava nos meus planos um aliado. Só queria saber se ele ficaria bem. Não tirei os olhos da mochila. Cinco, quatro, três, dois... Um. Saí correndo.


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Notas finais do capítulo

e aí, mereço review? Obrigada! ^^



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