A Fuga escrita por Mikumikitakika


Capítulo 2
Capítulo 2




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Kia continua a fugir dele. Ichigo mal acredita naquilo que lhe está a acontecer. Raios, eu tento falar com ela e ela foge de mim duas vezes. Estou farto de tentar um bocadinho de tudo para a levar a voltar mas não estou a conseguir e isso destrói-me por dentro. Eu amo-a desde que me lembro de mim e esse amor não passa. Não me esqueço de todas as formas como ela me salvou nem das formas como me prejudicou mas mesmo assim continuo a amá-la como se fosse o primeiro dia. É tão estranho que ela ainda me considere culpado das coisas que lhe acontecem, nem sempre é ela a provocar as muitas peripécias que tem mas na maioria das vezes é mesmo ela a fazê-lo e ainda assim culpa-me. Chateia-me imenso ser sempre aquele que a ajuda e a salva e mesmo assim ser sempre o é culpado de tudo o que lhe acontece. Não estou a dizer que não tive culpa de algumas coisas porque estaria a mentir mas mesmo assim não fui o culpado da maioria daquilo que ela me acusa.

        Ao longo deste tempo que estivemos longe tive mais saudades dela do que aquilo que ela alguma vez saberá. Agora ela consegue dizer-me que me ama mas ao mesmo tempo não confia em mim o suficiente para me deixar levá-la para a aldeia. Já não a percebo. Eu esforcei-me o mais que pude para a levar sem ter que a magoar ou obrigá-la a fazer algo que não deseja mas está prestes a deixar de ser responsabilidade minha e não me parece que isso ajude minimamente na situação em que ela se encontra. Não me parece que ela venha mas é bem pior para ela se ficar longe da aldeia. Eles vão mandar uma equipa atrás dela e eu não vou poder fazer nada. É tão frustrante. Não me cabe na cabeça que acabe assim. Eles vão mandar matá-la e eu não posso fazer nada.

        Enquanto tem esta conversa consigo mesmo Ichigo continua a correr atrás de Kia. Ela foge dele como se não houvesse amanhã e como se ao mesmo tempo ele fosse algum demónio que a perseguia para a raptar e não o homem que ela amava e que apenas a queria salvar da morte certa. Ichigo sente-se profundamente magoado com a falta de confiança da parte de Rukia e com a pouca capacidade dela em confiar. Essa sempre tinha sido uma das suas grandes reservas em relação a ela, assustava-o a rapidez com que matava sem sequer fazer perguntas e a forma como se afastava dele de cada vez que lhe fazia perguntas relacionadas com a sua vida ou com os seus pensamentos. Reagia sempre como se não quisesse que ninguém se aproximasse de si para descobrir os segredos que tão ciosamente escondia. Era algo que o magoava, aquela tão grande falta de confiança nas pessoas que a rodeavam, mas mais do que magoá-lo preocupava-o imensamente. Ichigo tinha perfeita consciência de que precisava de falar com ela e de a convencer a confiar nele, ainda que soubesse que essa seria a tarefa mais difícil da sua vida.

        Kia começava a abrandar. Ichigo acelerou a sua corrida para a apanhar mas ao mesmo tempo percebeu que ela estava a abrandar porque vira algo estranho e por isso ele acelerou até estar a poucos metros dela. No momento em que estava a alguns centímetros dela, conseguiu ver aquilo de que ela estava com medo. Não era um medo injustificado como pensara, era uma equipa de busca de uma aldeia inimiga. Não era propriamente a coisa que mais lhe agradava mas ainda assim lutaria com eles caso fosse necessário. Faria tudo o que fosse necessário para a proteger. Chegou mais perto dela e agarrou-a. Kia debateu-se mas não fez barulho.

        - Fica quieta – murmurou Ichigo ao ouvido dela.

        Kia parou de se mover e ficou encostada a ele como se ele fosse uma parede. Ichigo acariciou-lhe os braços e disse-lhe que não precisava de ter medo dele. Kia descontraiu-se um pouco mas continuou a manter uma certa distância emocional.

        - Acalma-te Kia, sabes que podes confiar em mim. Eu não mordo.

        - Não posso confiar em ti e sabes isso tão bem quanto eu. Eu confiava em ti e tu mentiste-me. Eu amei-te e tu traíste a minha confiança. - Sussurrou Kia.

        - Eu não te traí Kia. Eu estou a cumprir ordens do conselho e se não fosse assim não estaria aqui.

        - Eu sei que estás a cumprir ordens mas mesmo assim não era necessário vires atrás de mim com tanta pressa. Podias pelo menos ter esperado tempo suficiente para me avisares que vinhas em vez de vires interromper o curso normal da minha vida com o teu aparecimento. Gostava que em vez de me vires convencer a voltar viesses antes para te juntares a mim no meu exílio.

        - Só tu és louca o suficiente para pensares que eu vou juntar-me a ti depois de teres passado um ano sem me dar uma única notícia.

        - Eu protegi-te quando perdeste os poderes e fiz de tudo para os recuperares. Sabes muito bem que não te mandei notícias para te proteger. Pára com isso e ajuda-me a combatê-los porque não tarda nada somos descobertos.

        - Eu sei disso tudo Kia. E peço desculpa por ser sempre tão infantil contigo, estou sempre tão sensível quando o assunto te inclui que não consigo ser objectivo. Não vamos lutar com eles. Vamos passar com cuidado e rezar para que não nos vejam.

        Começam a atravessar a rua com o máximo de cuidado para tentar que não os vejam mas para seu infortúnio avistaram-nos quando ainda não tinham atravessado nem metade. Instintivamente, Ichigo pensou em agarrar a mão de Rukia e fugir a correr mas acabou por não ter tempo para isso pois antes de se aperceber já haviam chegado perto deles. Ambos tremem, não de medo mas de raiva por os terem apanhado tão facilmente. Nisto o chefe do grupo inimigo chega perto deles e dirige-se a Rukia para lhe falar. Ichigo cobre-a com o seu corpo, pronto a defendê-la com a vida caso se chegasse a tais extremos, mal faz um movimento para mais perto dela é imediatamente agarrado pelos inimigos. Rukia é levada para perto do chefe inimigo e Ichigo é forçado a observar enquanto Rukia tenta defender-se sem efeito.

        Rukia chega ao seu destino e largam-na. O chefe aproxima-se e levanta o capuz da capa, revelando Byakuya, o irmão de Rukia. Rukia grita e abraça-o em alegria intensa. Byakuya afasta-a e grita para os seus subordinados:

        - Agarrem-no e sedem-no. Enquanto ele continuar fiel à aldeolazinha dele não nos interessa como aliado. Vira-se para Rukia e diz num tom mais baixo-Vamos transportá-los para um local seguro, não tenhas medo que não lhe vai acontecer nada, só estou a tentar fazer com que não sejamos seguidos.

        - Eu sei, percebo que te queiras proteger e que me alargues essa protecção mas eu desertei, não mereço nem a tua protecção nem a tua amizade. Mesmo que as merecesse não as queria.

        - Kia não sejas teimosa, não me parece que te tenha sido pedida a opinião e quem te disse que era um gesto de amizade? Podes até ser minha irmã mas não prezo traidores nem que sejam da minha família. Não te estou a proteger a ti mas a mim, é a mim que vão expulsar caso erre na captura do Ichigo.

        - Então era o Ichigo que querias?! Eu devia ter desconfiado que para aparecerem inimigos agora não deveria ser por mim, pois se assim fosse já teriam aparecido há um ano. Não o leves, ele não te fez nada e não te interessam os poderes que ele possa ou não ter neste momento. Pára de agir como um mercenário sem cérebro, és meu irmão e não acredito que tenhas mudado a esse ponto.

        - Eu não mudei Kia. Tu é que sempre foste a única a acreditar na minha inocência. Eu fui o culpado da maioria das coisas de que me acusaram, ainda que nem sempre directamente. Não me imagines o cavaleiro no seu cavalo branco que vem rejeitar a dama em apuros, nunca estarias em apuros se não tivesses ignorado todos os meus conselhos e fugido como uma cobarde. Decidiste que a aldeia e a tua família já não eram boas o suficiente para ti e vieste embora quando recebeste uma missão que não te agradava mas que por ser no exterior servia para camuflar perfeitamente a tua fuga.

        - Byakuya, eu não fugi às minhas responsabilidades, eu cumpri a minha missão antes de abandonar o barco, a única coisa que fiz que outro não faria foi nunca voltar para apresentar contas dos meus resultados. Mudaste muito irmão, nunca me dirias nada disto se não tivesses mudado. Serias até capaz de me matar a sangue frio sem antes me deixar explicar. Eu não fugi simplesmente por um motivo qualquer, aquela missão desagradou-me, isso é verdade que sim mas se não tivesse outros motivos mais fortes que esses nunca teria fugido.

        - Esta conversa não vai levar a lado nenhum. Para os seus subordinados Tragam-nos. Para as carrinhas, vamos partir.

        - Eu não vou. Tu não tens a mínima intenção de me proteger e eu prefiro ficar aqui, no local onde pertenço e encontrei a minha casa.

        - Não tens escolha irmãzinha. Faz um sinal e os capangas agarram-na e arrastam-na.     


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