A Fuga escrita por Mikumikitakika


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma vez um casal. Eram muito diferentes e em certo ponto das suas vidas ela deserta da aldeia em que viviam e ele segue-a até Nova Iorque a mando do conselho superior dessa mesma aldeia. A história de amor destas duas pessoas é infinitamente atrapalhada por todos aqueles que os rodeiam. Quando ele (Ichigo) chega a Nova Iorque e procura por ela (Rukia/Kia) descobre que ela tem um novo amor e que este homem começou a viver com ela pouco tempo antes da sua chegada.

Rukia e Ichigo haviam sido amantes. Ele amara-a durante anos até que ela se desse ao incómodo de perceber e ainda mais tempo antes que ela o aceitasse junto dela. Ela amara-o e ainda assim não conseguia aceitar o que ele lhe fizera. Ela sabia que ele seria sempre tudo para si mas ainda assim nunca conseguiria aceitar a forma como ele a desiludira.

Ele amava-a. Ainda que agora ela não estivesse perto dele. Ainda que ela tivesse desertado da equipa ele continuava a amá-la como no primeiro dia. Simplesmente não sabia o que faria se ela morresse ou nunca mais o quisesse ver. Desde a deserção dela e a sua desobediência ainda se tinham visto algumas vezes mas desde há um ano que já não se viam. Ele preocupava-se. Já achara que ela morrera mas perdera essa sensação no dia em que o conselho o informara que ela estivera em fuga mas fora localizada. Fizera pressão para vê-la e tentara realmente ser ele a ficar com essa missão mas essa foi-lhe sempre recusada até que o conselho verificou que ela não ouviria nenhum dos outros e que se não fosse ele a ir lá ela nunca regressaria. O conselho aceitou bastante mal a sua decisão de ir rapidamente atrás dela em vez de fazer como lhe fora indicado e esperar pelo momento que eles considerassem mais propício.

Ele decidiu-se a sair em missão. O conselho dissera-lhe para não ir tão cedo mas ele fora por sua conta e risco. Julgava que iria encontra-la numa cidade pequena onde não chamasse grandes atenções mas ela fora infinitamente mais inteligente do que ele pensara que ela seria. Encontrava-se numa grande cidade. Numa cidade onde existiam vários milhares de pessoas e onde por isso mesmo ela não seria tão facilmente reconhecível. Depois de seguir várias pistas falsas conseguiu finalmente encontra-la em Nova Iorque. Estava de momento a viver sozinha no topo de um arranha-céus. Dera-se ao trabalho de encontrar um dojo e de o comprar. Agora tinha o seu dojo privado e era gerente de um dojo bastante afamado na baixa da cidade. Ao descobrir que a mulher que amava se encontrava em Manhattan sozinha Ichigo sentiu-se tentado a desertar e a ficar com ela. Dez minutos antes da sua entrada no avião é informado que Rukia tem um namorado e que este se encontra a viver na penthouse dela. Ichigo não acredita que isso seja verdade e embarca na mesma, decidido a trazê-la ou a ficar com ela. Ama-a apesar da incapacidade dela para acreditar na inocência dele.

Chegado a Nova Iorque começou a procurar as zonas por onde ela se movia para tentar encontra-la e fazer com que regressasse com ele ao Japão. Demorou alguns dias a ambientar-se à cidade e mesmo após conhecer as zonas por onde ela se movia continuava a não ter a certeza se havia feito a escolha certa ao ir ter com ela. Ainda que não tivesse ido propriamente ter com ela mas sim em missão para a tentar recuperar. Sentia-se como se o seu mundo tivesse desabado no preciso momento em que saíra do avião no aeroporto. De certa forma tinha razão, o seu mundo não tinha propriamente desabado mas a forma como olhava para ela desabara. Deixara de pensar nela como alguém rodeado por um muro e por isso mesmo inatingível. Agora sabia que a sua Kia era tão sensível e tocável como qualquer outra pessoa. Tinha também a certeza de que nunca deixaria de a amar. Com essa certeza chegou a insegurança no perdão dela. Nunca viria a saber a realidade dos sentimentos de Kia mas ainda assim nunca deixaria de a amar exactamente por ser quem era.

Após descobrir as zonas por onde ela se movia mais vezes passou a seguir os caminhos dela. Todos os dias se movia pelas ruas onde sabia que ela iria passar. Todos os dias passava o tempo sentado em frente ao dojo que ela geria a tentar arranjar coragem para a abordar finalmente. Sonhava com o sorriso dela e com os seus cabelos negros. Cada vez que a via tinha a certeza de a amar cada vez mais.

Rukia viu-o. Olhou-o no meio da multidão que circulava naquela rua tão movimentada e soube instantaneamente. Correu para longe dele como se ele fosse um qualquer demónio que a perseguia. Talvez Ichigo estivesse possuído por um qualquer demónio daqueles que costumavam combater pensou Rukia. Assustou-se com o ar apaixonado que viu estampado na cara dele e espantou-se a si mesma ao não ter a mínima vontade de estar longe dele. Ainda que aquele olhar dele a assustasse ela não se importava porque estava com o homem que amava e a ela só isso é que lhe importava. Sabia que não se podia aproximar dele e por isso fugiu. Sabia o que ele lá estava a fazer e também sabia que não lhe queria ceder. Sabia que não queria que ele a obrigasse a ir com ele de volta para a aldeia. Sabia que se fosse seria castigada por ter desertado e por ter desobedecido a uma ordem directa. Rukia não se podia dar ao luxo de cruzar o olhar com o dele mais uma vez pois sabia que se o fizesse voltaria para ele e nunca mais o deixaria. Por isso Rukia correu sem destino, voltando cada esquina ao sabor do vento e deixando-se ir naquela fúria de sobrevivência que a comandava contra o seu querer.

Ela vira-o. Ela fugia dele. Desde que se conheciam que ele a amava e protegia e agora ela fugia dele. Nunca lhe conseguira escapar antes e agora fugia dele. Não se cansava de repetir esta afirmação. Não conseguia parar de pensar que esta era a sua realidade agora. Nunca tinha realmente pensado que ela fugisse dele. Achara realmente que ia conseguir fazer com que ela voltasse para a aldeia sem ter de discutir com ela e quando ela fugira não quisera realmente acreditar que fosse possível. Ichigo ficou perplexo ao ver Kia fugir dele com todo aquele desespero nos passos. Sentia que para ela cada passo era um suplício e que todos juntos perfaziam a coisa mais difícil que já fizera na vida. Sentia que Kia queria voltar para ele mas não se atrevia a fazê-lo porque não tinha forças para contrariar todo o conselho. Sabia que Kia tinha consciência que se voltasse era bem possível que nem ele a conseguisse proteger. Sabia que a queria voltar a ver e também que a queria para si. Ele seria capaz de tudo para a ter consigo mais uma vez. Dava tudo para a abraçar mais uma vez, para a tocar e a beijar só mais uma vez. Depois disso podiam voltar e se ela tivesse de morrer morreriam juntos.

Seguiu-a. Guiou-se também ele pelo instinto e seguiu-a como se não houvesse amanhã. Ela estacou e ele continuou atrás dela. Rukia enveredou para um beco sem saída, encostou-se à parede e esperou pela chegada dele. Ichigo chegou perto dela e não tentou atacá-la mas sim abraçá-la. Rukia tentou fugir e esquivou-se aos braços dele. Ichigo envolveu-a nos seus braços contra a vontade dela. Rukia mexeu-se para se esquivar e Ichigo envolveu-a mais e mais no seu abraço. Depois de algum tempo Rukia aconchegou-se ao abraço dele e deitou a cabeça no ombro dele. Nesse momento Ichigo moveu a cabeça para a beijar e Rukia correspondeu. Após o beijo deixaram-se ficar naquele torpor e abraçaram-se com mais força. Passado algum tempo Ichigo ganhou coragem para falar e começou:

- Tive tantas saudades tuas. Como pudeste passar um ano longe e nem sequer escrever?

- Não te podia escrever. Iam acabar por me descobrir e eu não podia arriscar isso.

- Descobriram-te na mesma. Que te custava escrever-me com um nome falso?

- Não podia arriscar a vida de todos aqueles que me ajudaram durante este ano. Não podia deixar que o conselho descobrisse que estava em contacto com humanos, também não podia arriscar que descobrissem a nossa ligação afectiva e ainda menos que querias seguir-me para longe deles.

- Então recebeste as minhas cartas e mesmo assim ignoraste-me durante um ano. Nunca esperei isso de ti.

        - Eu também nunca esperei que fizesses à tua família o que fizeste e não foi por isso que deixaste de o fazer. Também nunca achei que pensasses que eu obedeceria às tuas ordens e foi exactamente isso que pensaste. Que te passou pela cabeça para me denunciares ao conselho?

        - Eu não fiz à minha família aquilo que te fiz acreditar que tinha feito. Na altura precisava que pensasses que sim para poderes fugir sem te importares comigo mas agora posso dizer-te que apenas fiz com que eles fugissem. Estão todos bem e esperam por ti no exílio caso queiras segui-los. Não esperava que obedecesses às minhas ordens Kia, exactamente por isso é que as dei. Não fui eu que te denunciei, não conseguiria.

- Se não fizeste mal à tua família não precisavas de me fazer acreditar que tinhas feito. Sabes que podes confiar em mim e como não confiaste eu senti-me ultrajada e enganada. Já sabia que eles tinham apenas fugido, a tua irmã contactou-me na altura em que eu fugi e depois disso temos mantido o contacto. Não vou segui-los no exílio deles, mas também não vou seguir-te de volta. Já que me encontraram vou mudar de local e certificar-me que desta vez não me encontram. Se sabias que não ia obedecer não tinhas dado ordens nenhumas. Se não me denunciaste então porque foi que disseste que tinhas sido tu?

        - Disse que tinha sido eu para não matares ninguém. Eu amo-te demasiado para te fazer isso. Não te esqueças que eu sabia o que fizeste e mesmo assim não disse nada – Kia faz menção de responder mas cala-se. Ichigo abraça-a.

- Não fales mais Kia, não vale a pena. Chega de conversas. Vamos voltar. O conselho espera-nos na aldeia.

- Eu não vou voltar Ichigo. Nem penses nisso. Por mais transtornada que esteja e por mais que te ame não volto. Nem por ti faço esse esforço.

- Chega Kia. Vens comigo e não reclamas mais.

- Não vou. Deixa-me. - Kia foge.

- Espera Kia. - Corre atrás dela.


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