Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 28
Capítulo 27




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Assim que cruzei a porta da saída de incêndio, sofri um rápido choque térmico. Deveria ser por causa do meu corpo super aquecido ter sido recebido pelo ar gélido de começo de Outono.

Quando eu saí, dei de cara com a fonte e a igreja. Elas ficavam entre o fundo do dormitório feminino e o prédio de atividades extra curriculares.

Eu puxei o máximo de ar que pude e voltei a correr. Foi no meio do caminho que eu parei para pensar com consciência.

Droga!

Lana estava fazendo tudo aquilo para se vingar do que eu tinha feito com ela mais cedo. E agora ela estava cercando minha amiga.

Sem pensar duas vezes ( de novo) comecei a correr como uma louca desesperada. Mas, eu era uma louca desesperada que corria em silêncio e na espreita da noite.

Algo em mim começou a ficar inquieta, mas eu tinha certeza , dessa vez, que não era Sam. Era a ligação com Suzy que estava me alertando sua proximidade.

E, como se fosse destino, eu as encontrei.

Suzy, Paola, Paloma e Lana estavam exatamente onde Luen tinha dito. No espaço antes do estábulo. Dei sorte da Spell the Most ser a favor do florestamento.

Me escondi atrás de uma árvore perto dali. Elas não conseguiam me ver, mas eu conseguia vê-las. Por isso tive que me segurar para não rosnar quando vi Paola e Paloma paradas nas costas de Suzy, impossibilitando sua fuga, enquanto Lana gritava e colocava seu dedo no rosto dela.

Todas estavam de pijamas, inclusive Suzy com seu ursinho de pelúcia que eu a tinha dado no ano passado em seu aniversário.

“Espero que você esteja escutando bem, garota”, Lana continuava gritando e colocando o dedo no rosto de Suzy.

Suzy em sinal de entendimento, se encolheu e abraçou ainda mais o seu ursinho. Lana, parecendo notar pela primeira vez o que Suzy estava segurando, deu seu melhor sorriso de vaca. Eu, por outro lado, continuava correndo pelas árvores, indo em direção a elas.

Conforme eu chegava mais perto, conseguia escutar Lana com mais nitidez. Mas continuava não gostando nada do que ela estava dizendo.

“Olha, a bruxa pirralha trouxe um brinquedinho”, Lana zombou e as duas fadas riram. “Foi seu namorado quem te deu? Se foi, é melhor me dar, por que, assim como no primeiro ano, você vai perdê-lo para mim”

Lana tentou arrancar o ursinho da mão de Suzy, mas, tanto a surpreendendo, quanto a mim, minha melhor amiga resistiu.

“Para de ser teimosa, bruxa”, Lana disse e continuou brigando por causa do urso. “Me dê logo essa porcaria de urso”

“Não, ele é meu”, Suzy teimou e o puxou com uma força que fez Lana largá-lo.

Mas, para Lana, fazê-la perder, é como um convite para ganhar uma surra.

“Bruxa filha da puta”, Lana xingou e ficou vermelha de raiva. “Você vai se arrepender de me contradizer”

Lana levantou sua mão pronta para dar um tapa no rosto de Suzy. Suzy, percebendo que isso iria acontecer, se encolheu atrás do ursinho de pelúcia. Paola e Paloma estavam excitadas com a ideia de ver Lana em ação.

Todas estavam tão distraídas que não me viram chegar por trás de Lana. Elas só me notaram quando eu capturei a mão de Lana, ainda no ar e torci seu braço nas costas, fazendo-a reclamar e se remexer.

“Você é louca?”, eu esbravejei e a soltei.

Ela estava pronta para xingar quem a tinha segurado, mas perdeu todas as palavras e a coragem quando viu que era eu.

Aproveitando sua distração e seu choque (além do medo) momentâneo, puxei Suzy para trás de mim.

“Obrigada”, ela disse. Eu apenas assenti.

Paola e Paloma cutucaram Lana que pareceu acordar do seu pior pesadelo e descobrir que ele era real. Senti Suzy se encolhendo atrás de mim.

“Me responda, Lana. Você é louca? Bipolar ou o quê?”, eu disse sentindo, novamente, meu corpo esquentando.

Suzy, mesmo estando a uma pouca, mas segura, distância de mim, também sentiu. Ela colocou a mão em meu ombro e tirou rapidamente.

“Vamos embora, Aly. Já acabou”, ela disse e eu pude escutar o medo em sua voz. Medo de eu fazer alguma coisa que me prejudicasse.

Mas eu já estava cega de ódio.

“Não, Suzy. Não acabou”, eu disse a ela. Virei para Lana e senti minhas mãos formigando. Não agora, eu repetia para mim mesma. Não posso virar a tocha humana agora.

Com grande esforço, consegui transferir os poderes das minhas mãos formigantes de volta pera dentro de mim. Eu fechei meus olhos e engoli a seco. Senti o fogo fluindo nas minhas veias, até os meus olhos.

No começo, quando abri meus olhos, senti-os irritados, mas logo eles foram se adaptando. Voltei a fitar Lana, que se encolheu com suas amigas e arregalou seus cruéis olhos azuis.

“Na próxima vez que você encostar em Suzy, ou em qualquer amigo meu que seja, eu quebro a sua cara, me escutou?”, eu perguntei.

Lana e as Lanetes ficaram apenas me encarando.

Eu perdi a paciência.

“Você entendeu?”, eu repeti praticamente gritando.

Lana assentiu.

Eu me virei para ir embora com Suzy, quando ela arfou e eu parei.

“O que foi?”

“Seus olhos”, Suzy disse e colocou suas mãos na boca para segurar outro arfar.

“O que tem os meus olhos?”, perguntei. Eu queria sair dali o mais rápido possível. Podia imaginar Lien fazendo um barraco e acordando metade do campus.

“Eles estão vermelhos”, Lana respondeu quando percebeu que Suzy não o faria. “Tipo, vermelho sangue”

“O quê?”, eu arfei e comecei a tatear o meu rosto. Caramba, aquilo nunca tinha acontecido comigo antes. “Como assim, vermelhos?”

“Vermelho aberração, o que você é, por acaso”, Lana disse se recuperando da sua pequena recaída através da minha distração. “É por isso que você nunca consegue quem quer.”

Essa tinha em pego com a guarda baixa. Suzy colocou a mão em meu ombro e começou a me puxar para longe, mas eu continuei firme na frente de Lana.

“Dói ser rejeitada e trocada, não é?”, Lana continuou. E como prova de que ela estava de volta, colocou as mãos na cintura e jogou o cabelo por cima do ombro. “Não se preocupe, ele está em boas mãos”

“De quem ela está falando, Aly?”, Suzy me perguntou.

Eu fiquei tensa, por que Lana escutou.

“Você não contou a sua melhor amiga?”, ela mandou um olhar gozador para mim e balançou a cabeça. “Escondendo segredos, Night. Que feio.”, ela olhou através de mim. Para Suzy. “Eu estou falando de Nathan Castille. É, aquela briga que quase tivemos hoje? Foi por causa dele. Não foi, Alexa?”, ela me perguntou.

Eu não disse nada, apenas fechei meus olhos e comecei a respirar fundo.

“Aly, isso é verdade?”, Suzy me perguntou.

“Oh, é”, Lana disse. “Não se preocupe, Alexa. Ele é só diversão.”, isso me fez abrir meus olhos novamente. Lana engoliu a seco por um segundo, mas continuou. Isso era prova o suficiente de que meus olhos ainda estavam vermelhos. Ela estreitou os olhos. “Meu verdadeiro tesão é com bruxos da água”, ela olhou para trás de mim. “Ou do ar. Sabe, refrescar é melhor do que ganhar uma droga de lírios.”

Demorei um segundo para entender do que ela estava falando. Nathan tinha dado flores para ela também. Filho da mãe desgraçado.

“Fique longe dele”, eu disse. Minha intenção era se referir a Nathan, mas, para a minha sorte, Lana não percebeu isso.

“Você sabe, não é? Nicolas precisa de mais atenção, mais carinho. De alguém melhor”, ela riu. “Alguém como eu. O mesmo serve para Ryan”

Eu dei um passo a frente.

“Aly, vamos embora.”, Suzy começou a me puxar para longe, mas eu consegui me livrar.

Dei outro passo a frente e fiquei cara a cara com Lana.

E, dessa vez, estava me sentindo grande.

“Encoste no meu namorado ou nos meus amigos, eu quebro a sua cara”, eu disse.

“Eu já entendi, esquentadinha.”, ela levantou suas mãos no ar como em um sinal de desistência. “Eu não vou tocar neles, principalmente no seu namoradinho. Mas, se ele vier me tocar primeiro, a culpa não é minha, não é?”

Foi nesse momento que a bomba explodiu. E, antes que percebesse, eu e Lana estávamos no chão rolando um em cima da outra. Mas eu saí ganhando e parei em cima. Lana começou a se remexer em baixo de mim e reclamar. Além de gritar.

“Me solte, sua louca.”, ela gritou.

“Não”, eu respondi e peguei em seu cabelo loiro.

Ah, como eu queria fazer isso a muito tempo.

Enganchei minhas mãos em seu cabelo e bati sua cabeça contra a terra molhada. Aquilo não faria com que ela quebrasse a cabeça, nem nada, mas, pelo menos, ela iria ter que ficar a noite toda acordada lavando o cabelo. Meu cabelo, que antes estava preso em um quase perfeito rabo de cabelo, estava solto ao vento.

Lana usou as suas longas unhas pintadas de rosa e me arranhou desde o ombro até o final do meu anti braço. A adrenalina era tanta em minhas veias que eu mal senti dor. Larguei de seu cabelo loiro, já feliz com o resultado que tinha conseguido e me pus a estapear seu lindo rosto. Queria ver como Nathan ficaria com ela depois da reforma que eu faria em seu lindo rosto.

É, eu era egoísta o suficiente para brigar com Lana por um garoto que nem me queria.

As amigas de Lana ficaram de longe , apenas observando. Não sei porque elas fizeram isso, mas fizeram. Talvez com medo de que eu fosse usar meus poderes contra ela, o que eu não deixava de considerar. Suzy estava quase ao meu lado dizendo para eu parar. Mas cada vez que ela dizia isso, me dava mais raiva e eu estapeava o rosto de Lana com mais força.

Até que ela parou de vez.

Eu, naquele momento, não achei estranho, até que senti colocando os braços em volta de mim e me tirando de cima de Lana que continuava gritando o quanto eu era maluca e coisa e tal. Enquanto a mim? Eu estava realmente igual a maluca, gritando e me remexendo.

“Me solte, droga! Deixe eu terminar o que eu comecei”, eu gritei e me lancei para frente. Quem estivesse me segurando, não era vampiro, porque eu quase escapai. Mas, mesmo não sendo vampiro, ainda tinha reflexos rápidos.

Vi Dylan se aproximando de Lana e a ajudando a se levantar. Também vi Ryan abraçando Suzy que começou a chorar em seu peito. Paola e Paloma, simplesmente sumiram. Não havia rastros de Luen, nem de Lien, mas eu sabia que elas estavam vindo.

Então, parei realmente para pensar (algo que eu não tinha feito a noite inteira). Quem, diabos, estava me segurando no ar. Eu conseguia sentir a sua respiração em minha nuca e minhas costas estavam pressionadas em seu corpo. Eu olhei para baixo e congelei.

Quem estava me segurando estava usando uma jaqueta de couro.

E cheirava a rosas.

Oh, merda!

Merda, merda, merda, merda!

E como se fosse para confirmar todos os meus temores, escutei a voz que eu tanto temia.

“Se acalmou, princesa do fogo”

E, só senti um solavanco do meu coração e minha respiração indo embora. Então, olhei para Lana enquanto brigava com Dylan por não tê-la salvo mais cedo, e me lembrei de suas palavras.

Sabe, refrescar é melhor do que ganhar uma droga de lírios.

Isso foi como um balde de água fria em cima de mim. Comecei a me remexer de novo, só que dessa vez para me soltar de Nathan.

“Me solta, idiota”, eu gritei e voltei a me remexer.

Ele me soltou.

Eu me virei para ela pronta soltar o máximo de palavrões possíveis direcionadas a uma única pessoa. Mas, quando vi sua expressão de assustado, me lembrei do meu estado. Ou melhor, do estado dos meus olhos. Vermelhos como o demônio.

“O que está acontecendo aqui?”, escutei uma voz autoritária vindo de longe.

Tirei meus olhos dos de Nathan e olhei para a direção de onde vinha a Diretora Nice. Ela estava envolta em seu roupão branco e pantufas brancas. Ao seu lado, seguiam Luen e Lien. Elas pararam a uma boa distância do grupo e Nice colocou as mãos na cintura. Ela primeiro encarou Lana que estava tirando a terra de sua roupa, depois a mim com os olhos vermelhos.

“Jesus, o que aconteceu com seus olhos?”, ela perguntou.

Dei de ombros.

“Eu não sei, Diretora Clover”, eu respondi e me encolhi.

“Sabem que horas são para vocês duas estarem aqui fora brigando como se fossem dois animais?”, ela esbravejou. Eu e Lana balançamos nossas cabeças. “Eu imaginei essa resposta. Vão”

“Para onde?”, eu perguntei e levantei meus olhos para ela.

Diretora Clover tremeu quando viu o tom dos meus olhos.

“Primeiro para enfermaria, depois para secretária”, ela olhou em volta, para os outros. “Já vocês, de volta para os seus quartos. E Senhor Speed?”

Ryan levantou o rosto dos cabelos loiros de Suzy e encarou a diretora.

“Sim, Senhora Clover”

“Acalme a sua namorada”

“Sim, Senhora Clover”, ele deu um beijo na testa de Suzy e a levou de volta para o dormitório. E assim o grupo foi se dispersando, até que só sobraram, eu , Lana e a diretora.

Nathan, antes de ir, tentou me dizer alguma coisa, mas eu virei meu rosto para longe dele e ele foi embora com um suspiro. A Diretora fez com andássemos na sua frente em direção ao prédio central, mas com uma distância segura entre a gente. Onde ficava a diretoria e a enfermaria.

“O que tem na cabeça de vocês jovens quando resolvem brigar?”, a diretora resmungava.

Na minha cabeça?

Tinha ódio, apenas ódio.


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