Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, quero me desculpar pelo meu sumiço. Agora quero agradecer pela recomendação maravilhosa que recebi. :)



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“Bem, parece que vocês estão bem, tirando os arranhões.”, a enfermeira disse com um sorriso profissional. Então, olhou para mim e seu sorriso vacilou um pouco. “Quer dizer, estão quase bem.”, ela se corrigiu.

Nesse momento o professor Nage entrou na sala e foi até a cama que eu estava deitada. Seu rosto parou a apenas poucos centímetros do meu, enquanto ele analisava meu novo tom de olhos. Lana estava deitada a uma cama de distância, se lamentando. A Diretora estava do outro lado da sala, apenas nos observando de braços cruzados.

Eu não conseguia ver onde a enfermeira estava, por causa do rosto de Nage que estava quase me beijando. E aquela expressão de cientista maluco, me arrepiava. Ele sempre ficava com essa cara quando encontrava algo que o fascinava.

E esse algo, no momento, era, bem, eu.

“Seus olhos mudaram de cor”, ele disse depois que se afastou e me deixou espaço para respirar.

“Acho que isso é um pouco óbvio, Robert”, a diretora Clover disse.

“Deixe-me terminar, Nice”, Nage continuou. Ele sorriu. Algo que não fazia com muita frequência, a não ser estivesse realmente animado. “Os olhos de Alexa mudaram de cor, por causa da última fase da instalação de poderes. Tem sentido seu humor instável esses dias?”, ele me perguntou.

“Na verdade, sim. Bastante”, eu respondi. “Principalmente nessa última semana”

“Viram?”, Nage disse apontando para mim. Então ele se sentou na ponta na minha cama e me deu um sorriso simpático, igual o da enfermeira. “Cada elemento tem uma cor predominante, você sabe disso”

É, eu sabia.

Tínhamos tido essa aula no primeiro ano. A cor predominante de cada elemento. Azul para água, preto para terra, cinza para raio, verde para ar e vermelho para fogo. Parecia coisa de jardim de infância , na época. Mas, depois o professor explicou que, cada bruxo de antigamente, antes da guerra, tinham que usar a sua cor predominante. Deveria ser um saco ter no seu armário apenas roupas de uma cor.

“Eu sei disso, mas o que isso tem a ver com a cor estanha dos meus olhos?”, eu perguntei louca por um óculos escuros. Parecia que meus olhos estavam mais sensíveis a luz, além de me fazerem o favor de me mostrar coisas que eu nunca tinha visto antes. Como, por exemplo, como o cabelo loiro de Lana, mesmo depois dela ter passado um pente fino por ele, ainda tinha alguns graus de terra.

“Você está na última fase de instalação, então seus poderes estão a flor da pele, assim como o seu humor. Isso vai mexer com os seus sentidos. Principalmente a visão”, ele sorriu. Eu conseguia ver algumas sujeiras em seus dentes e via como seus lábios estavam um pouco partidos devido a intensidade do sorriso.

“Droga”, eu reclamei e esfreguei meus olhos.

“Toma”, Nage me estendeu um óculos escuros e os aceitei de bom agrado.

Assim que eu os coloquei me senti normal de novo.

“Bem melhor”, eu suspirei. “Até quando minha visão vai ficar assim?”

“Até os 18 anos quando a instalação acaba.”, ele respondi.

“Filho da -”, parei no meio do xingamento quando recebi um olhar duro da diretora. Limpei minha garganta. “Por que os olhos dos meus amigos não mudaram?”

“Quem garante que eles não mudaram?”, o professor disse com um ar de suspense. “Os olhos dos seus amigos são da cor predominante, não dá para saber se mudaram ou não. Mas se você notou que eles ficaram mais claros , escuros ou brilhantes, bem, isso pode significar algo”

Então, me lembrei de como os olhos de Ryan pareciam tão brilhantes. Os olhos de Suzy que pareciam uma tempestade de emoções. Os olhos de Nick que mudavam de tons dependendo do humor. E os de Nathan que parecia sempre escurecer quando sentia uma emoções intensa.

E , agora, os meus olhos estavam vermelhos.

Legal.

Muito legal mesmo.

“Então, meus olhos vão ficar assim até quando eu fizer 18 anos? Daqui a cinco meses?”, eu perguntei. Ele assentiu. “Droga! Eu vou ter que viver com óculos escuros e lentes de contato!”

A Diretora pigarreou e se desencostou da parede.

“Já que está tudo resolvido, vamos ao meu gabinete”, ela foi em direção a porta.

Eu e Lana chegamos na porta ao mesmo tempo. Um choque de tensão entrou no ar. Ela deu um passo para trás e me deu passagem. Fiquei surpresa por alguns segundo, mas as segui. Não tinha dado nem dois passos, quando a voz de Nage me parou de novo.

“Cuidado, Senhorita Night.”, ele disse. “Procure controlar seu humor ou isso poderá ser bastante dificultoso na hora do perigo.”

Eu parei e me virei.

“Do que diabos , o Senhor está falando?” perguntei.

O sorriso em seu rosto tinha morrido totalmente.

“Estou dizendo que, se você não conseguir se controlar, em algum momento que estiver muito nervosa (ou até desesperada), seus poderes podem falhar”, ele balançou a cabeça para si mesmo. Eu assenti, e estava pronta para dizer mais alguma coisa, quando a voz da diretora me alertou.

“Senhorita Night, está nos atrasando”, ela disse impaciente.

Eu dei as costas para o preocupado professor e segui o corredor com pressa, quase esbarrando em Lana, o que não seria muito bom, já que ela estava totalmente acabada. E eu ainda estava enfurecida. Ela se encolheu e seguiu ao lado da diretora enquanto eu ia mais atrás, imaginando um jeito de arrancar aquele cabelo loiro dela , sem a diretora perceber.

Eu poderia queimá-lo.

Já tinha levantado as minhas mãos e mirado no belo cabelo loiro pálido de Lana, quando a diretora parou e abriu a porta da diretoria. A diretoria não era lá muito diferente de outras que eu já tinha visto.

Uma mesa com alguns trecos e um computador, a cadeira de couro verdadeiro da diretora, duas cadeiras giratórias e desconfortáveis para nós duas. Um sofá branco no fundo da sala e uns vasos de plantas ao redor. É, fadas adoram plantas. Menos Lien. As paredes eram totalmente brancas e tinham alguns quandros com imagens abstratas e de alguns animais.

Pareceu que quando entramos na sala da Senhora Clover, a tensão tinha diminuído. Me perguntei se aquilo era sinal que , ou minha raiva estava passando (algo difícil), ou a sala tinha algo especial, ou a diretora estava usando algum poder mágico.

A julgar pela cara de satisfação de Nice quando entrou na sala, diria que era a segunda opção. Mas, assim que nos sentamos, a expressão zangada e dura de diretora tinha voltado.

“O que passa na cabeça de vocês, jovens, quando resolvem brigar no meio da noite?”, ela perguntou, cruzando os dedos a sua frente e se inclinando para frente. Seus cabelos ondulados e negros caíram a frente do seu rosto. Mas, realmente, nós éramos a sua prioridade no momento.

Eu e Lana começamos a falar ao mesmo tempo, uma apontando a culpa para a outra. Parecíamos disputar terreno, porque, cada vez que uma levantava a voz, a outra levantava mais ainda, até que chegou ao ponto onde nós duas estávamos gritando.

“Acabou”, a diretora Clover gritou se sentando direito na cadeira.

Nós duas calamos a boca no mesmo segundo.

“Não quero escutar mais nada vindo de vocês duas hoje.”, ela disse. “Vamos todos conversar civilizadamente amanhã.”, ela estreitou os olhos. Eu jurava que tinha um sorriso no canto de sua boca. “Com seus pais”

“Meus quem?”, eu perguntei.

“Não, Senhora Clover”, Lana pediu se levantando. “Por favor, não chame meus pais. Foi essa canibal que me atacou primeiro. Eu não estava fazendo nada”, ela disse apontando para mim.

“Canibal é sua mãe, idiota”, eu disse. “Desde quando ameaçar minha melhor amiga é fazer nada? Quebrar a sua cara e livrar o mundo de sua horrível companhia que é fazer nada”

“Parem as duas.”, a diretora disse, sue rosto já vermelho. “Senhorita Flowers, sente-se”, Lana se sentou. “E Senhorita Night, cuidado com o palavreado”

“Desculpe, Senhora Clover”, eu disse.

“Está decidido”, Nice disse. “Seus pais viram aqui amanhã e eu quero que estejam presentes quando eu decidir o castigo de vocês”

Nós duas assentimos.

“E, Senhorita Flowers irá dormir em uma das câmaras anti-magia, por hoje”

“Eu o quê?”, Lana disse se levantando de novo.

“Isso mesmo que a Senhorita ouviu.”, a diretora Clover disse séria estas palavras, mas eu estava rindo e pulando. Por dentro, é claro. “Você, câmaras anti-magia, dormir. Será que deu para entender agora?”

“Mas por que não coloca ela”, Lana apontou para mim. “nas câmaras?”

“Por que, se a Senhorita Night resolver levantar-se mais uma vez para se vingar, não terá poderes dentro da câmara”, a diretora sorriu, mas não chegou aos olhos. Uma sorriso sarcástico.

As câmaras anti-magia ficavam do outro lado do campus e era usada, antigamente para prender os vampiros e lobisomens, mas isso era a uns trezentos anos atrás. Agora as câmaras só eram usadas em casos estritamente graves. Como, por exemplo, duas colegas de prontas para se matar.

Elas neutralizavam qualquer tipo de mágica, desde a de Bruxos Elementares até a de vampiros, deixando-os quase que humanos. Pena que eram humanos mortos. A ideia de ir , furtivamente, até a câmara e terminar o que eu tinha começado com Lana era tentadora. Iria arrancar um por um os fios loiros dela. Como eu tinha dito antes, não precisava de mágica para quebrar a cara de Lana. Uma boa alimentação, estava ótimo.

“Irei providenciar que uma cama seja instalada imediatamente”, A Diretora Clover pegou o telefone em sua mesa e ligou para um dos nossos professores vampiros, Luke, professor de Espanhol.

“Lucas, seria que poderia me ajudar?”, a Diretora disse.

Enquanto ela resolvia os últimos arranjos para a estadia de Lana, eu sorria descaradamente com a ideia dela em uma sala escura e sozinha. Oh, aquilo seria um máximo.

Pelo canto do olho, peguei-a me encarando. Não pude perder a oportunidade. Depois de tantos anos, poderia me vingar. Passei minha mão pelo pescoço, como se fosse uma faca cortando, assim como ela tinha feito comigo no primeiro dia de aula. Senti uma prazer incomparável quando ela tremeu de medo.

A diretora desligou o telefone e voltou a atenção para nós.

“Parabéns, Senhorita Flowers. Acabou de ganhar um novo quarto temporário”

“Temporário quanto?”, ela perguntou.

“Até a situação entre vocês duas melhore, ou até eu conseguir um novo quarto para você”, a diretora disse. Não consegui me conter mais e ri. “O que é tão engraçado , Senhorita Night?”

“Estava aqui, imaginando quem seria o louco que aceitaria Lana em seu quarto.”, eu disse e ri mais. “Diretora, sejamos sinceras. Lana é a mais odiada na escola. Até os vampiros me preferem do que a ela”

“Pelo menos eu tenho quem eu quero”, Lana retorquiu. Eu me encolhi visivelmente.

“Pelo menos eu tenho amigos que realmente gostam de mim, e não estão comigo só porque tem medo”, eu joguei de volta.

Ela estreitou seus olhos azuis escuros para mim. Outra discussão estava por vir, e como se pudesse prever isso, a diretora se levantou.

“Vocês duas, já disse para pararem.”, eu conseguia sentir a essência de mágica no ar. E não era mágica alegre. “Night, pare de incomodar Flowers e vá direto para o seu quarto. Quero ter certeza que não haverá nenhum imprevisto no seu caminho de volta.”, comecei a me levantar, quando ela continuou. “E quero as duas aqui no almoço de amanhã. Pedirei para alguém escoltá-las até aqui”

“Licença, Diretora Clover”, o professor Luke entrou na sala, com uma pequena batida na porta. Ele ainda estava de roupão, indicando que estava deitado. E, sim, vampiros dormem. Muito, para ser sincera.

“Oh, sim. Obrigada por vir Lucas.”, a diretora agradeceu e voltou a olhar para mim. “Vá, Night. Conversaremos amanhã”

O professor Luke deve ter sentido a tensão que rolava naquela sala, por que nem se atreveu a cruzar a porta. E quando eu estava quase cruzando seu caminho, ele se fastou, mas confirme eu ia embora pelo longo corredor escuro, conseguia sentir seus olhos me seguindo.

Estava indo em direção a saída quando me ocorreu que eu tinha que voltar a enfermaria. Já que eu tinha que usar uma porcaria de óculos escuros, que eu achasse um que gostasse. Lá não era uma loja se suvenir, nem nada, mas a enfermeira era uma fada. E só a ideia de acordar Lien agora, de novo, me dava arrepios.

Conseguia sentir o sono me embalando também, conforme eu me aproximava da porta escrita com letras formais ENFERMARIA, bati uma vez e fui recebida pela voz da

enfermeira.

“Entre”, ela disse.

Mas assim que eu cruzei a porta, tive a impressão que ela estava se arrependendo de sua palavras. Não me demorei muito. Apenas pedi o modelo de óculos que queria e ela o fez aparecer. Agradeci e sai.

Dando de cara com Nathan.

Ele estava encostado na parede ao lado da porta da enfermaria. Não tinha nenhuma expressão em seu rosto, e seus cabelos escuros e lisos estavam cobrindo seus olhos negros. Mas, eu conseguia sentir no ar a tensão que pairava entre nós dois.

Ainda mais quando me lembrei do jeito como ele me segurou quando me tirou de cima de Lana. Então encarei suas roupas de dormir. Não eram as suas calças convencionais que ele usava para ir a aula. Essa parecia ser mais leve, mas ainda preta. Ele estava de chinelos de dedos, me fazendo sentir como uma idiota por estar usando tênis. Mas essa sensação foi quebrada quando vi sua blusa de manga e seu casaco de couro.

Estava um abafado lá fora, por isso eu tinha posto um top, mas para Nathan, calor parecia um dos menores problemas presentes. O maior era nós dois.

Ele se desencostou da parede e virou seu corpo totalmente para mim. Eu conseguia ver a batalha que estava acontecendo dentro dele. Tinha coisas que ele queria falar, mas não poderia ou conseguia. Igualmente para mim. Nada saía da minha boca. Ela parecia seca, ainda mais quando encontrei seus olhos negros. Eles pareciam mais escuros que nunca, principalmente naquele corredor mal iluminado.

Sem pensar duas vezes, tirei meus óculos escuros. Queria encará-lo olho a olho, sem barreira. Fiquei impressionada quando ele não retraiu ou teve alguma reação de terror. Apenas me encarava como se visse além de mim. Minha alma. Como se eu estivesse com os mesmo olhos de dois dias atrás.

Ele parecia tão longe, e , ao mesmo tempo, tão perto, que antes que eu percebesse, minha mão pareceu ganhar vida e começou a se mover em direção ao seu cabelo bagunçado. Ele não se moveu por alguns segundos, mas quando percebeu minha intenção, deu um passo para trás e desviou os olhos dos meus.

Aquilo doeu como nunca. Eu era recusada e Lana , não. Parecia egoísmo, mas era a verdade. Dei um passo para trás também e cruzei meus braços, como se fosse para proteger o meu coração de uma nova dor. E, como sempre, escondi minha dor através da raiva.

“Ela não está aqui”, eu disse.

“Ela quem?”, Nathan me perguntou.

Fiquei confusa, mas continuei.

“Lana”, respondi.

Nathan balançou a cabeça e se voltou novamente para mim. Já sabia que ali vinha mais dor. Mas eu não fecharia os olhos e escutaria quieta. Não. Encarei-o de volta com toda a raiva que eu sentia e o fiz dar outra passo para trás.

“Alexa, me escute”, Nathan começou. Mas eu não iria escutar mais. Não.

“Não, Nathan, escute você”, eu disse. Dizer seu nome em voz alta ainda me dava sensações estranhas. E escutá-lo dizer o meu, era como se estivesse nas estrelas. Mas, naquele momento, eu estava no meu inferno particular.

“Você está com Lana, isso está bem explícito.”, eu disse tentando manter minha voz baixa para que a diretora ou a enfermeira não me escutassem. Aquela conversa era

particular e rápida. “Eu estou com Nick, como você mesmo disse”, no momento em que disse isso, Nathan fechou seus olhos e se encolheu como se a lembrança do meu compromisso o machucasse. Mas eu tinha certeza que aquilo não o machucava tanto quando dizer aquilo estava me machucando.

“Alexa, tente entender”, ele tentou mais uma vez.

“Não, Nathan. Eu não quero entender droga nenhuma”, eu esbravejei, esquecendo totalmente da diretora ou qualquer um que poderia nos atrapalhar naquele momento. “Sabe o que eu quero, nesse segundo?”, não esperei ele responder. “Quero que você saia da minha vida, me esqueça. Pare de qualquer tipo de afeição. Rosas, encontro em lugares incomuns. Pare, até mesmo, de falar comigo.”

Eu realmente consegui surpreender Nathan. Acho que ele esperava que eu fosse a sempre calma, Alexa. Mas, nesse último dias, pareceu que minha antiga eu tinha morrido. A maior prova disso foi quando todas aquelas palavras saíram da minha boca. E, conseguindo surpreender a mim mesma, comecei a me arrepender.

“Nathan, eu..”, tentei me desculpar, mas fui interrompida pelo seu olhar duro e sua voz magoada.

“Tudo o que você disse é a mais pura verdade. Não precisa se arrepender por ser sincera comigo”, ele deu um sorriso triste. Logo a sua expressão ficou séria. “Mas, tudo o que você disse, quer realmente que eu faça isso? Que fique longe de você? Não te mande flores? Te esqueça?”

Eu deveria ter dito que sim. Era o certo a se fazer, mas, quando abri minha boca para respondê-lo , o que saiu foi:

“Não, não quero”, e ainda adicionei, balançando minha cabeça de olhos fechados. “Quero apenas um tempo para mim, você poderia me dar um espaço?”

“Claro”, ele disse relutante.

Abri meus olhos e me vi presa novamente nos olhos de Nathan. O modo como eles poderiam ser simples e tão complexos me deixavam fascinada. Me senti tentada a dar um passo a frente e vê-los de perto, mas consegui me segurar. Só não estava segura de por quanto tempo aquele auto controle duraria.

“Tenho que ir”, eu disse e comecei a me virar.

A voz de Nathan me parou mais uma vez.

“Aly...”, ele disse.

Não vire, não vire. Eu repetia para mim mesma. Parecia que meus pés tinham ganhado vida, por que meu corpo se virou nos calcanhares e voltei a encarar Nathan.

Mas ele não disse nada. Apenas ficou me olhando. Fiquei me perguntando se ele também sentia como se seu coração fosse explodir, como se respirar fosse algo impossível, como se a temperatura tivesse ido de morna para fervendo em questão de segundos. Ele não parecia sentir. E depois de inúmeros segundos, ele disse:

“Boa noite”

Só isso? Uma porcaria de Boa Noite? Eu pensei. Mas antes que eu pudesse gritar e xingar, ele acrescentou:

“Você quer um tempo, lembra?”

E com isso, eu fui embora.

***************

Acordei no dia seguinte com a pior dor no braço do mundo. Por um segundo , apenas fiquei ali, xingando e me perguntando quem, diabos, tinha me batido tanto nos braços. A dor era tanta que eu tinha vontade de arrancar meus membros fora.

Então, de súbito, a lembrança da briga de ontem voltou. Eu e Lana. Ela arranhando meus braços. Depois eu e Nathan. Meu pedido de tempo. Então, raciocinei. Com que diabos eu estava na cabeça quando pedi uma droga de tempo?

Não tinha nada com Nathan. Era apenas uma droga de atração maluca. Eu e ele éramos apenas conhecidos. Sabíamos da nossa existência apenas a cinco dias. Nem uma semana a mais. A essa hora ele deve estar rindo da minha cara junto com Lana. Por que era isso que pessoas que andavam com Lana faziam. Você dava um passo em falso e ela apontava para todos.

Principalmente o meu.

Me levantei relutante em ir a aula, ainda mais sabendo que meus pais estariam aqui. Oh, meu dia poderia piorar.

Mais é claro que sim.

Enquanto eu caminhava pelos corredores ao lado de Luen, conseguia escutar todos comentando sobre a minha briga com Lana. Alguns diziam que eu era, realmente, uma bruxa. Outros, diziam que Lana mereciam. Eu gostava mais desses últimos.

Não fiz questão de esconder as marcas de Lana nos meus braços, mas, pena que eu não poderia dizer o mesmo de Lana. Era usou óculos escuros o dia inteiro, e mesmo assim ainda conseguiram ver as marcas roxas em volta do seu rosto não mais tão perfeito.

Mesmo eu, na condição de olhos vermelhos e sensíveis, optei por usar um par de óculos escuros que mostrasse bem o meu rosto, mas ocultasse a coloração dos meus olhos. Mas quem disse que , mesmo com o rosto pedindo cirurgia, a majestade de Lana tinha diminuído.

Seus seguidores pareciam mais empenhados em satisfazer a suas vontades, principalmente Dylan, que hora outra me lançava olhares medonhos. Outro seguidor fiel de Lana era Nathan. Ele seguia sempre em silêncio ao lado de Lana, apenas assentindo e sorrindo nas horas certas. Algumas vezes, eu o pegava em encarando com um olhar triste, mas eu desviava o olhar e sorria para os meus amigos, como se nada tivesse acontecido.

E foi assim até a hora do almoço.

“Cara, você deu um surra bem dada na princesinha ali”, Lien indicou Lana com a cabeça.

“Hum”, foi o que respondi. Tentava manter a minha boca o mais ocupada possível para não ter que responder. Como num hábito normal, levantei meus óculos escuros prendendo-o no alto da minha cabeça.

“Caramba, Alex. O que diabos aconteceu com seus olhos?”, Daemen perguntou.

Só ali, me lembrei que estava com os olhos vermelhos.

“Última fase de instalação dos poderes. Olhos da cor predominante dos elementos.”, eu resumi e voltei a encher minha boca de comida.

“Cor predominante?”, Ryan perguntou.

Daemen, como sempre, tomou a frente de todos e explicou sobre as cores das roupas dos antigos bruxos. E que aquilo espelhava na cor dos olhos dos bruxos. Escutei todos os bruxos da mesa suspiraram agradecidos.

“Idiotas”, eu murmurei ainda mastigando a comida.

“Nerd”, Lien disse a Daemen.

“Não, ele é brilhante”, Luen disse e se inclinou para dar um pequeno beijo em Daemen. Ele corou e sorriu, sem graça.

“Por favor, não seja melosa. Você ainda é minha irmã gêmea”, Lien reclamou.

Todos riram, até mesmo eu, que estava com a boca cheia.

Então, me toquei de algo.

“Suzy, o que diabos, você estava fazendo lá fora, aquela hora?”, eu perguntei, levantando o olhar para a bruxinha do raio sentada a minha frente.

Suzy corou e desviou o olhar para Ryan. Eles trocaram olhares culpados, por isso, não precisei que dissessem mais nada.

“Não acredito!”, foi o que eu tentei dizer. Mas tinha certeza que eles tinham entendido, já que Ryan não demorou nem dois segundos para defender a sua namorada.

“A culpa foi toda minha, Alex”, ele disse. “Achei que seria bom , a gente passar um tempo junto. Sei lá”, ele deu de ombros. “Mas, não culpe Suzy, por favor”

“Vocês estão ferrados”, Lien disse vendo como meus olhos se acenderam.

“Com o que vocês estavam na cabeça, pelo amor de Deus?”, eu perguntei deixando a comida de lado. Ryan abriu a boca para protestar, mas eu o interrompi. “Não quero saber se vocês queriam se divertir. Diversão é entre quatro paredes, não a noite, em uma escola que vivem vampiros sádicos por sangue mágico”

“Aly...”, Suzy tentou. Por um segundo , parei. Não por que Suzy estava pedindo, mas por que me lembrei do jeito que Nathan tinha me chamado ontem, quando eu tinha estourado com ele.

“Não, eu não quero escutar.”, eu balancei a cabeça. “Vocês estão me dando a droga de uma dor de cabeça. Querem se encontrar, que seja, mas não me envolvam”, eu abaixei meu óculos.

Vi Suzy e Ryan abrindo a boca para dizer alguma coisa, quando o alto falante soou.

“Senhorita Night e Senhorita Flowers, compareçam ao meu gabinete imediatamente.”, era voz da diretora. “E Senhor Williams, por favor as acompanhe”

“Muito obrigada”, eu disse ao casal de bruxos na minha frente e me levantei.

Nesse mesmo instante, Drake apareceu para “escoltar” a mim e a Lana. Ele parecia sério, e eu sabia que ele tinha que ser imparcial nesse momento. Enquanto seguíamos pelo corredor (Drake ente eu e Lana), recebíamos muitos olhares e múrmuros.

Saímos do prédios de aulas e entramos no prédio principal. Dessa vez os corredores estavam desertos, mas mesmo assim a tensão seguia. As vezes eu jogava um olhar ou dois na direção de Drake. Ele parecia concentrado e com a expressão de nada no rosto, como todo o vampiro tinha quando estava pensando.

Ele sentiu meu olhar e se virou para mim sorrindo.

“Você está bem?”, ele perguntou.

“Na medida do possível”, eu respondi e tirei os óculos.

“Caramba, o que diabos?”, ele perguntou espantado.

“Coisa de bruxo”, eu me limitei a explicar e abaixei meus óculos.

Percebi pelo canto do olhos , Lana me encarando. Ela estava me que encolhida no canto dela , apenas observando minha breve conversa com Drake. Então, eu percebi que ela ficava fraca quando seus amigos não estavam ali para ajudá-la. Ou melhor, quando seus seguidores não a estavam bajulando. Ela parecia tão indefesa naquele momento que eu quase pedi desculpas por ontem. QUASE.

Quando ela me viu a encarando, fez a melhor cara de vaca e me deu dedo.

Vaca.

Assim que chegamos na porta da diretora, conseguimos escutar as vozes vinda de dentro. Caramba, parecia que nada estava bom. Pensei na possibilidade de fugir, mas seria a toa. Drake me pegaria antes que eu desse o segundo passo. Um último olhar para Lana me fez ver que ela tinha tido a mesma ideia que eu.

Drake bateu na porta e a conversa cessou.

“Entre”, a voz da diretora parecia irritada e cansada.

Drake abriu a porta e nos deixou entrar, primeira Lana , depois eu. Assim que eu entrei na sala, percebi a diretora em pé, encarando os dois casais de pais ali. E um deles eram os meus. Não me impressionei em ver Lissa no canto, encostada na parede de braços cruzados. Me impressionei menos ainda quando vi minha mãe, mesmo furiosa, se iluminando quando viu que estava tudo bem comigo. Mas a principal coisa que eu não me impressionei foi o fato do meu pai estar fulo da vida comigo.

Me sentei na cadeira livre e meus pais ficaram em pé. Conseguia sentir o olhar deles em mim. A mesma coisa parecia acontecer com Lana. A diferença era que, minha família estava tendo uma diversidade de humores, enquanto o humor dos pais dela eram um só. Desprezo.

Enquanto ela se sentava no seu lugar, seus pais estreitavam os olhos para ela. O pai dela balançou a cabeça e desviou o olhar da filha. Sua mãe parecia estar pronta para lhe dar uma surra ali mesmo.

Minha mãe, colocou mão em meu ombro e sorriu quando eu a encarei. Meu pai mesmo fulo da vida, se pôs a me dar um pequeno sorriso. E Lissa, bem, pelo menos ela veio.

“Já que estamos todos aqui, vamos começar”, a Diretora disse se sentando. “Muito obrigada pela ajuda, Senhor Williams”

Drake fez um movimento rápido com a cabeça, mas não se retirou.

“Primeiro de tudo” a diretora continuou. “meninas já decidimos os castigos de vocês”

Eu me encolhi. Imaginava tudo. Desde ser expulsa até me prenderem em uma das salas anti mágica. E nunca tinha ido parar lá, mas só a ideia de ser privada de mágica, me fazia tremer.

“Seus pais concordaram em discutimos o ocorrido e decidimos de vez”, a diretora estreitou seus olhos escuros. “Por mim, seria expulsão”

Eu e Lana engolimos a seco.

“Mas, seus pais disseram que era melhor nós sentarmos e conversamos, em paz”, ela enfatizou a última palavra.

Todos concordamos.

“Quem começou, em primeiro lugar?”, ela perguntou.

“Ela”, eu e Lana dissemos em um uníssono.

“Eu estava dormindo quando a Luen me acordou e disse que Lana tinha cercado Suzy.”, eu disse. “Eu fui atrás dela e disse para Luen chamar a senhora.”, fiz uma pequena pausa. “Quando cheguei, Lana estava pronta para dar um tapa em Suzy, eu que segurei a sua mão”

“Depois me agrediu sem motivos”, Lana completou.

“Te bati, não agredi.”, eu me defendi. “Agressão é quando a pessoa bate e não consegue se defender, mas você se defendeu, muito bem”, eu mostrei as minhas marcas no braço.

“Você arruinou meu cabelo.”, Lana disse.

“Você quase me fez amputar os braços”, eu retorqui.

“Por sua causa vou ter usar maquiagem para todo o sempre e óculos escuros”

“Eu também. Quer dizer, tirando a parte da maquiagem para todo o sempre”

“Garotas, se acalmem”, a diretora disse.

Eu e Lana nos calamos.

“Pelo que eu entendi, Alexa estava dormindo, sua outra colega de quarto te acordou e avisou o que estava acontecendo, você foi conferir e pegou Lana querendo bater em Suzenny e então brigaram”

“Não, tem mais”, Lana disse maliciosamente.

“Que mais?”, a diretora perguntou.

Mais que merda.

Merda, merda, merda, merda.

Ela iria contar sobre Nathan.

“Ela está com ciúmes porque eu estou com Nathan Castille”, Lana disse. “Por isso ela me bateu”, ela sorriu como um gato para mim. Ah, que vontade de bater nela novamente.

“Isso é verdade, Senhorita Night?”, a diretora disse.

“Não, diretora. Ela ficou me provocando dizendo que iria roubar o meu namorado e o de Suzy. Disse também que estava com Nate só por que ele era uma diversão”

A diretora estreitou os olhos para mim.

“Nate?”

Foi só aí que eu percebi que tinha chamado Nathan de Nate pela primeira vez. Que momento.


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