Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 24
Capítulo 23




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Sabe aqueles dias onde tudo dá errado?

É, eu estava tendo um desse.

Começou de manhã, quando acordei atrasada e Luen e Lana já haviam saído do quarto. Aquilo é que era amiga. Luen, não Lana. Depois de chamar Luen de todos os palavrões que eu conhecia, fui correndo ao banheiro para descobrir que a água quente tinha acabado.

Tomei banho frio mesmo. Foi horrível e me fez ficar ainda mais atrasada, mas consegui ficar limpa. No começo pensei que era apenas distração de manhã, mas quando sentei para secar meu cabelo, comecei a discordar comigo mesmo.

Eu estava na metade do cabelo quando o meu secador parou de funcionar. Bati nele na penteadeira, pedi, quase chorei, mas ele não funcionava por nada naquele mundo.

“Arg!”, reclamei enquanto levantava e ir pegar o secador de Luen.

Até ai estava tudo fichinha, foi quando as aulas começaram.

Já que o meu secador ficou ruim e eu tive que pegar o de Luen emprestado, acabei chegando atrasada na aula do senhor Nage, o que lhe gerou um discurso sobre “só porque eu sou veterana e estou no último ano, que ele não irá pegar no pé por chegar atrasada”, além de muita vergonha, já que ele falou na frente da sala inteira. Eu andei até o meu lugar de cabeça baixa, corada de raiva.

Na aula de Química, eu consegui fazer um dos tubos explodir por não ter prestado a atenção necessária na medida dos reagentes químicos. Tradução: o tubos explodiu, tomei advertência e tive que voltar no quarto para trocar de blusa, já que a minha, recém posta, blusa branca, estava com uma enorme mancha rosa.

Em História da Magia, a senhora Hudson não parava de lançar olhares para mim, Nick e Nathan, que estava sentado no fundo da sala , como sempre. Aposto que metade da turma notou. Principalmente, meus amigos que não deixavam nada passar. Eu fiquei corada a aula inteira.

Quando eu pensei que nada poderia piorar, veio Filosofia. A aula que, por coincidência, eu tinha faltado ontem e que por mais coincidência ainda, tinha teste da matéria da aula passada. Tirei zero.

“Nossa, você está tendo um dia do cão, Alex”, Lien comento no almoço.

“Dia de bruxa, seria melhor”, eu disse.

Nick colocou um braço em meus ombro, tentando me consolar, enquanto eu colocava meus braços na mesa e abaixava minha cabeça. Ela estava pronta para estourara a qualquer segundo. Se eu ganhasse mais uma bomba.

“Sabe, quase esqueci de te contar”, Nick disse e eu levantei a cabeça para poder encarar aqueles lindos olhos azuis entusiasmados.

“Sim?”, eu perguntei.

Ele sorriu.

“Larguei a aula de luta”, ele disse.

“Fracote. Não aguentou o ritmo do combate”, Lien gracejou. “Eu estou na luta a três anos e nunca, se quer, pensei em desistir.”

“Cale a boca, Lien”, Daemen disse e Luen riu.

“Mas, o que você está fazendo agora?”, Suzy perguntou, se alinhando ainda mais no corpo do seu namorado, e atual pertencente, Ryan. Ele passou a mão pelo cabelo loiro dela e lhe deu um beijo rápido na boca. Lien fingiu que iria vomitar.

“Eu pedi alguns conselhos pros garotos”, Nick continuou. Quando ele diz “garotos”, ele estava falando de Connor, Drake e Eron, meus ex. “E escolhi que iria fazer aula de música. Sempre quis aprender a tocar violão.”

“Marica”, Lien murmurou.

“Oh, Nick. Que fofo!”, Luen disse.

“Aposto metade dos meus poderes que foi Drake que te aconselhou a aula de violão”, eu disse. Nick se virou para mim e riu. Eu tinha razão.

“Ele é um ótimo músico”, Nick afirmou. “E espero que eu me dê bem nessa. Já estava ficando todo dolorido”, ele mexeu o braço livre.

Todos rimos, então Lien olhou através de mim e de Nick e ficou séria.

“Hum, Alex.”, ela me chamou.

“O que, Lien?”, eu perguntei. Até aquele momento eu não tinha notado o quão estranha sua expressão estava. E para onde ela estava olhando.

“Sei que você está tendo um péssimo dia e tal, mas será que você aguenta mais uma bomba?”, ela perguntou e apontou para algo atrás de mim.

Eu me virei alarmada e vi o que era a tal “bomba”. Um silêncio mortal tomou conta da nossa mesa, enquanto Nathan se aproximava com o seu andar confiante e seu meio sorriso arrogante. Escutei Nick estalar a língua e o senti ficando tenso. Eu queria dizer para ele ficar calmo, mas meu olhar estava trancado nos olhos escuros de Nathan. Como uma pessoa, vinda do nada, poderia fazer, do nada, tanto estrago.

Nathan evitou todos os olhares surpresos e veio falar diretamente comigo, mesmo estando propenso a ter o rosto arrancado por Nick, se aproximasse mais. Parecendo sentir isso, ele parou a alguns passos da nossa mesa.

“Hey, princesa do fogo.”, ele me chamou.

Eu não sabia o que fazer. Se me levantava e ia falar com ele, ou o ignorava e continuava a conversa. Mas eu sabia que o clima de conversa já tinha se esvaído a muito tempo. Na verdade, todo a refeitório estava sem clima para conversar, por causa da morte de Jack.

Eu pensei que não teria aula, mas a diretora anunciou que teria. E ainda acrescentou: “Se toda fatalidade que acontecer, interrompemos as aulas,não teremos mais anos letivos.”

É, eu meio que entendia o que ela estava falando. Ainda mais quando fui para aula e encontrei mais da metade dos alunos vestidos de preto, de luto. A maioria dos professores, pediu que fizéssemos um minuto de silêncio por Jack.

Lien parecia, incrivelmente uma gótica, mesmo ela tentando negar. Ela tinha pintado as unhas de preto, usado lápis de olho forte, rímel, saias pregadas, meias arrastão, bota de cano alto, e uma blusa colada, tudo preto.

Totalmente diferente de Luen que adorava roupas alegres e dificilmente encontrava uma roupa escura em seu guarda roupa. A roupa mais escura que já vi ela usando foi uma cachecol preto. No inverno do ano passado.

Nathan parecia estar em luto eterno. Desde o primeiro dia, só o tinha visto usando roupas pretas e que o deixassem parecendo um perfeito Rock Star. Botas de ataque, calças jeans pretas e apertadas, camisa preta. Além da correntinha que ele tinha pendurada na calça e os fones de ouvido que saíam da parte de trás de sua blusa. Parecendo sentir que eu o estudava, ele colocou as mãos no bolso e me deu um meio sorriso arrogante.

“Sim?”, eu o respondi.

Ele sorriu um sorriso completo.

“Será que posso ter uma palavrinha com você?”, ele pediu.

Eu estava começando a dizer que sim, quando Nick me interrompeu.

“Se tem que dizer algo a MINHA NAMORADA, diga na minha frente”, ele disse e começou a se virar para poder encara melhor Nathan.

“Eu tenho certeza que ela pode responder por si mesma, porque ela não nasceu colada co ninguém. E mesmo se tivesse, acho que seria com algo bem melhor”, Nathan respondeu ainda sorrindo.

“Olha como você fala comigo, Bad Boy”, Nick rosnou.

“Estou falando do modo que você merece, Mauricinho”, Nathan respondeu e tirou as mãos do bolso. Nick se levantou e avançou como um animal para cima de Nathan, mas parou alguns poucos passos antes.

Eu pude ter certeza de duas coisas naquele momento. Primeira, Nick e Nathan eram, realmente do mesmo tamanho. E, segunda, mesmo com o mesmo tamanho, Nick tinha feito aulas de lutas e aquilo não iria acabar muito bem. Sentindo isso, Daemen e Ryan se levantaram e foram para o lado dos garotos.

Ryan se pôs ao lado de seu colega de quarto e Daemen ao lado de Nick.

“Vamos já aproveitar o momento pra eu poder te avisar: Fica longe da minha namorada, senão eu vou...”

“Vai fazer o que?”, Nathan disse, agora sério.

Foi aí que eu vi minha deixa para entrar no meio daquela confusão.

“Onde você vai?”, Suzy disse me segurando pela mão.

“Impedir que Nick e Nathan se matem”, eu respondi me levantando.

“Estou com você”, Lien também se levantou.

Antes que Luen ou Suzy dissessem mais alguma coisa, eu e Lien nos movemos para a confusão. Lien parou, literalmente, entre Nick e Nathan. Eles nem lhe deram atenção antes que ela começasse a falar.

“Hey, vocês dois”, ela disse e eles olharam para baixo. Mesmo sendo baixa ( mais alta que eu e menor que os garotos), Lien continuou firme. “Bad Boy e Mauricinho, parem. Estão chamando atenção pra cá. Estamos em luto, lembram?”

Eles pareciam se sentir culpados, mas isso não fez com que o fogo nos olhos dos dois diminuísse. Eu aproveitei o momento e pousei minha mão no braço de Nick. Ele me encarou por um segundo, então, parecendo se lembrar do motivo que tudo começou, voltou sua atenção para Nathan.

“Não se aproxime dela, me escutou?”, Nick voltou a ameaçar.

Nathan sorriu e deu um passo para o lado. Para onde eu estava parada. Nick rosnou e também deu um passo na minha direção. Foi aí que aquela bomba mental se estourou em mim.

“Vocês dois” eu disse e todos olharam para mim. “Parem de agir como se eu fosse um tipo de propriedade. Nathan”, eu me virei para ele, tentando não olhar fixamente em seus olhos escuros. “Pare de implicar com Nick. Eu sei muito bem que você sabe que ele é esquentado. E, Nick”, eu me virei para o meu namorado ciumento. “Pare de agir como uma criança e respeite seus 18 anos”

“Mas, você é minha namorada”, Nick tentou se defender, mas eu já vi que o fogo tinha abaixado. “Eu tenho que te defender”

“Não, você não tem que me defender.”, eu teimei e comecei a sentir meu rosto ficando vermelho de raiva. “Eu sou uma Bruxa Elementar, se você se esqueceu. E não qualquer Bruxa Elementar, mas a Witch Elementary do Fogo”, para dar mais ênfase , deixei que o fogo tomasse conta de minha mãos completamente. Conseguia sentir minhas veias vibrando e o sangue borbulhando, tanto de raiva quanto de prazer em usar meus poderes.

“Princesa do fogo”, Nathan afirmou.

“Cala a boca, Bad Boy”, Lien disse.

“Quer me proteger?”, eu continuei ignorando o comentário dos dois. “Me proteja de um dia ruim, me proteja de uma prova que eu não sei fazer, me proteja de um atropelamento. Mas enquanto eu tiver meus poderes, não tente responder por mim”, balancei minhas mãos e senti o fogo se apagando delas.

O silêncio se instalou.

Todo o som que podíamos escutar era o do refeitório, enquanto todos conversavam baixo e sussurravam. Sinceramente, esperava que não fosse sobre aquela confusão. E sinceramente, duvidava que não fosse.

“Bem, acho que acabamos aqui”, Ryan disse a Daemen, mas nenhum deles se mexeu.

Eu me virei novamente para Nathan. Perdi o ar. Ele me encarava admirado e sonhador, como se eu fosse eu tipo de brinquedo que uma criança queria muito, mas aquilo durou apenas alguns segundo até que ele colocou as mãos no bolso e votou a sua pose de Bad Boy.

“O que você quer falar comigo?”, eu perguntei um pouco rude.

Ele também sentiu isso e não se acanhou.

“Preciso do seu caderno emprestado. Irei fazer a segunda chamada de História Mágica e a Senhora Hudson disse que você tinha a matéria completa”, ele disse, mas não sorriu.

“Por que não pegou com Ryan?”, Lien questionou.

“Porque ele não tem a matéria do começo do ano. E se eu ficar de recuperação terei que ter a matéria toda.”, ele respondeu , mas seu olhar ainda pertencia a mim. “Me empresta?”

“Tudo bem”, eu disse. “Dou para o Ryan antes da minha aula de Arco e Flecha”

Nathan assentiu, se virou e foi embora.

“Tudo isso por causa de uma porcaria de caderno”, eu disse ainda olhando por onde Nathan tinha saído.

“Parabéns, Mauricinho.”, Lien disse. “Você acabou de fazer o barraco o ano”, ela bateu palmas.

“Vá para o inferno, Lien”, Nick respondeu, voltou para a mesa e pegou suas coisas para ir embora. Ele nem, se quer, me deu um segundo olhar.

*********

Nem Nathan, nem Nick foram para a aula de Equitação, onde eu tinha aula com eles dois juntos. Caroline deu a falta deles, é claro. De cinco bruxos elementares, apenas três estavam presentes. Era impossível não notar a ausência.

Antes de montar em Wish, eu fiquei um bom tempo acariciando seu nariz e pensando: Será que Nick sabia de alguma coisa? Será que Nathan sabia de alguma coisa? Será que eu mesma sabia de alguma coisa?

Parecendo sentir a minha tensão, Wish relinchou e balançou a cabeça, como se dissesse para eu não me preocupar. Como se fosse fácil. Estava tão distraída que quando escutei a voz de Ryan, tomei um belo susto.

“Sabe, Nick parecia bem irritado quando saiu do almoço e – ah, desculpe”, ele disse enquanto eu colocava minha mão no coração e o tentava acalmar.

“Tá , tá tudo bem”, eu disse e comecei a instabilizar a minha respiração. “Apenas não faça isso novamente”

Ryan sorriu e desceu de Hurricane.

“Onde está Suzy?”, eu perguntei quando ele começou a acompanhar meu ritmo.

“Correndo”, ele fez um gesto vago com a mão. “Você deveria falar com ele.”, ele disse.

“Com Nathan?”, eu perguntei surpresa. “Você quer mais uma morte na Spell the Most?”

“Não, eu estou dizendo pra você conversar com Nick.”, ele passou a mão pelos seus cabelos loiros e olhou para o céu azul da escola. Eu também o olhei. Era tão azul e o sol parecia brilhar com força. “Ele parecia fulo”

“Ele tem que se conformar”, eu disse, sem pensar. “Não quero falar sobre isso.”

“Tudo bem”, Ryan voltou a encarar o nosso caminho e sorriu sozinho de algum pensamento. “Sabe, pode parecer loucura, mas , eu até que gostei de ter Nathan como meu novo colega de quarto”

Eu levantei minha sobrancelha para ele.

“Ele parece ser bastante sincero”, Ryan continuou, mas eu o interrompi.

“Ele parece ser bastante encrenqueiro”

“Ele parece gostar de você”, ele disse e me fez quase tropeçar no meu caminho. “Deve ser por isso que Nick se mete tanto quando Nathan vem falar com você. Nathan tem algo que Nick não tem de longe”

“Confiança”, eu disse.

“Além de outras coisas. Quantas pessoas, que você conhece, que tem uma beleza óbvia? Que não precisa de olhos claros, cabelos loiros, nem um dom especial para se destacar?”

Eu abri minha boca e a fechei, sem nenhuma resposta aparente.

“Foi o que eu pensei”, Ryan disse depois de receber o meu silêncio como resposta. “Ele é bastante engraçado e tem bastantes histórias para contar, se você parar para escutar.”

“Ele é arrogante”, eu disse, tentando, em vão, achar algum defeito na imagem de perfeição que Ryan tinha dele.

“Ele é Bad Boy, faz parte”, Ryan disse e voltou a sorrir. Seus olhos se iluminaram. “Ele fica me perguntando o seu nome. Ele gosta de te chamar de Aly, mas prefere saber o seu verdadeiro nome”

“Você o contou?”, eu engoli a seco.

Ryan balançou a cabeça.

“Ele que te pergunte. E eu acho que ele estava tentando fazer isso hoje, mas Nick meio que atrapalhou”, ele viu meus olhos arregalados e riu. “Se acalme, Alexa. Eu não quero te jogar para cima dele nem nada. Só quero que o cara se entrose.”

“Ryan...”, eu disse em um tom de aviso. Ryan levantou suas mãos como num sinal de desistência e uma rajada de ar nos tocou. “Sabe que se Nick pensar em ficar sabendo dessa história...”

“Eu sou um bruxo morto?”, ele arriscou e eu assenti. “É, eu sei disso.”, ele deu de ombros.

“Você é louco demais para namorar a minha melhor amiga”, eu disse balançando minha cabeça. “Mas, vocês pertencem um ao outro. O que eu posso fazer?”

Isso fez Ryan corar.

“Ela te contou?”, ele perguntou.

“Que a marca de vocês dois mudou? Sim. Que vocês se pertencem? Não. Eu que a contei.”, eu lhe mostrei a língua e subi em Wish. “Cuide bem dela, se não quem vai te matar sou eu.”

“Eu a amo”, ele também subiu no cavalo.

“Você o que?”, eu perguntei puxando as rédeas de Wish com tanta força que ela reclamou.

Ryan corou violentamente e eu tinha certeza que ele preferia estar em qualquer outro lugar menos ali, comigo. Ele limpou a garganta umas duas vezes antes de me olhar. Ele estava sério.

“Eu a amo”, ele disse mais firme. “Eu amo a Suzy, muito mesmo. Ela me faz sentir especial e necessário. Ela me faz sentir como eu sou de verdade.”, ele sorriu. “Um Witch Elementary do ar”, ele estufou o peito e riu.

Eu estava em estado de choque e Ryan notou isso.

“Nick não disse que a amava ainda?”, ele perguntou.

“Não”, felizmente , não. Eu queria ter acrescentado isso , mas fiquei quieta.

Ryan balançou sua cabeça de novo e pareceu inconformado. Ele segurou as rédeas com certeza e pôs seu cavalo a virar.

“Você deveria conversar com Nick, antes que ele faça algo realmente estúpido”, ele ofereceu de novo.

“Tipo o que?”, eu perguntei.

“Não sei.”, ele deu de ombros. “Não se esqueça que ele dorme no quarto ao lado do meu e do de Nathan”, com isso ele me cumprimentou como um vaqueiro e seu chapéu imaginário e sorriu. “Vou atrás da minha donzela.”, e ele pôs Hurricane a correr campo a dentro.

*************

Eu respirei bem fundo e levantei meu punho, pronta para bater na porta de Nick. Então, meu olhar foi capturado pela porta ao lado. As respostas que eu queria estavam tão perto, mas ao mesmo tempo, tão longe. Antes que eu percebesse a porta do quarto a minha frente foi aberta e Daemen saiu, dando um encontrão em mim.

“Oh, me desculpe, Alex”, ele disse e sorriu. Parecendo ler a minha mente, ele saiu da minha frente e deixou a visão do quarto bem aberta para mim. “Aproveite que ele está no banho e leve a faca”

Ele riu e eu também.

“Deixe eu ir na minha namorada não – mortal e não – bruxa, mas mesmo assim, linda”, ele disse passando por mim, mas ele parou e me deu um olhar sincero. “Boa Sorte com o Senhor esquentadinho”, ele riu de novo.

Balançando a cabeça por causa das piadas de Daemen eu entrei no quarto, bem a tempo de ver Nick saindo do banheiro já vestido com uma calça jeans clara e com uma camisa azul escura na mão. Ele parou para me encarar enquanto eu fechava a porta do quarto. Eu também me sentia confortável e fresca, já que tinha acabado de sair do banho com calça jeans escura, blusa branca, luvas e touca preta e tênis.

Aspirei o seu cheiro fresco e encostei na porta.

“Você é um idiota, sabia?”, eu disse.

“Por que toda vez que eu te encontro no meu quarto, você me chama de idiota?”, ele perguntou indo para o espelho pentear seu cabelo escuro e colocar a camisa.

“Porque toda vez que você age como um idiota, eu sou obrigada a vir no seu quarto”, eu respondi ainda dura.

“Então porque não poupa o tempo de nós dois e termina logo com isso?”, Nick de repente jogou na minha cara.

“Você quer que eu termine com você?”, eu perguntei, por um momento em choque.

“Não”, ele confessou e baixou os olhos do espelho. “Mas o jeito que você me tratou hoje...”

“Foi exatamente o jeito que eu trataria qualquer namorado meu se fizesse o que você fez”, eu disse já sentindo meu corpo esquentar. Era engraçado que, como Witch Elementary do fogo, eu tinha que ser a mais neutra dos meus amigos, ou meu corpo começava a se esquentar tanto que eu poderia ter uma auto combustão. E isso não seria nada legal.

Eu me virei e abri a porta, pronta para sair e pegar um ar.

“Alex...”, ele tentou me chamar. “Onde você vai?”

“Eu não sei”, eu disse firme do lado de fora e pronta para fechar a porta. “E mesmo que eu soubesse , isso não te interessa”

Eu saí do dormitório masculino e fui para a noite fria da Spell the Most, a recebendo de braços abertos. Mas eu ainda sentia raiva, muita raiva mesmo. Mas essa raiva não poderia ser toda minha. Não poderia. Então...

“Sam”, eu o chamei e logo o circulo de fogo se formou a minha frente , dando vida a meu animal elementar.

Mas, mesmo com ele do lado de fora, eu ainda sentia aquela raiva inconfundível. Então me surpreendi ao ver que aquila frustração, raiva e pesar, eram todo meu. Sam apenas balançou a cabeça e me guiou pela noite escura da escola.

“Ele só faz coisas erradas”, Sam disse, parecendo ser mais para ele mesmo do que para mim.

“Para onde nós vamos?”, eu perguntei.

“Para algum lugar que te acalme, antes que entre em combustão instantânea”, ele respondeu e riu.

“Do que você tá rindo?”, eu perguntei um pouco assustada com o humor e a proteção repentina de Sam. Será eu tinha batido a cabeça e não lembrava?

“Estou rindo da cara do Mauricinho quando você pirou de vez e acendeu a sua mão”, ele voltou a rir e eu o acompanhei, até que , de repente, ele me encarou sério, sem nenhum resíduo de humor. “Eu não gosto do Castille”

Foi assim.

Ele se virou, sério, e disse na minha cara que não gostava de Nathan.

“Por que? Você nem o conhece”, eu disse. Tinha alo no meu tom de voz que fez parecer que eu o estava defendendo. Não estava. Mas pelo olhar de Sam, ele acha que eu estava.

“Eu o conheço o suficiente para saber que tem, praticamente, uma placa pendurada em seu pescoço dizendo 'Perigo!'.”, ele disse e voltou a andar pelo campus.

“Isso não quer dizer nada”, eu murmurei.

Sam parou novamente.

“Isso quer dizer tudo, Aly”, Sam disse. “Esqueceu que quando não estou aqui fora, estou dentro de você? Vendo tudo o que você vê, sentindo tudo o que você sente, escutando tudo o que você escuta.”

“Sam...”, eu tentei, mas não consegui formular nada para dizer. Então só abaixei a minha cabeça e a balancei. “Estou muito confusa”

“Aly, eu estou aqui para te ajudar”, Sam disse um pouco mais suave. Para meu choque ele se aproximou de mim e passou seu pêlo castanho avermelhado em minha perna. Eu não queria conforto, queria solução.

“Não, Sam”, eu disse levantando minha cabeça. “Do que você me ajudar. Tudo o que você quer é poder. O que eu sinto por Nick, é o que você sente por Frances. Eu, como humana, não sinto nada, eu acho”

Sam deu um passo para trás , como se eu o tivesse agredido. E, apenas por um segundo vi o quanto o tinha ferido, até que seu olhar duro e arrogante retornou. Me arrependi quase no mesmo instante de ter dito aquilo.

“É isso que você acha que eu sou? Um interesseiro que só anda atrás de poderes?”, ele perguntou. “Se você acha, Aly, é melhor você nunca mais me soltar. Ou melhor, me deixe solto e perca seus poderes, assim você estará livre dos encantos mágicos”

“Sam, por favor”, eu pedi , me abaixando. “Não, não faça isso. Eu realmente preciso de você. Desculpe. Estou jogando a culpa no mais fraco.”

“Eu nunca fui fraco, Aly.”, ele me respondeu , se aproximando. Seus olhos castanhos pareciam ver a minha alma. Se não viam? “Nem você é fraca. Aconteceu de eu conhecer Frances e sentir uma ligação, ponto. Não pude conter, nem posso mudar. Desculpe”

Ele não parecia sentir muito, mas mesmo assim,pude passar a mão pelo seu pêlo macio e o escutei suspirar. Aquele era eu. Eu sou forte. Eu sou arrogante, tanto quanto Nathan. Eu sou a Witch Elementary do fogo. Eu sou Alexa Night.

De repente, Sam se afastou de mim, rosnando. Seu pêlo estava eriçado e ele olhava além de mim, para a entrada de uma bosque , atrás do estábulo, onde tínhamos parado. E lá estava a raiva que eu senti hoje, a alguns momento atrás, toda em Sam. Me surpreendi quando vi um deslumbre de vermelho em seus olhos. Nunca o tinha visto tão, animal, antes.

“Sam...”, eu tentei chamar, mas parecia que o animal tinha tomado conta dele por inteiro.

“Tem alguma coisa aqui.”, ele disse entre os rosnados.

“Deve ser algum dos animais elementares passeando. Ou um vampiro ou lobisomem, caçando. Eles tem que sobreviver, Sam”, eu disse, mas alguma coisa me fez sentir que não era nada do que eu estava pensando.

Sem pensar duas vezes, me movi para mais perto de Sam e me preparei para a defesa. Meus poderes poderiam estar fracos, mas eu ainda os tinha. Sam estava balançando a cabeça lentamente para o meu comentário, mas sem tirar os olhos do foco.

“Não é nenhum cheiro que eu conheça”, ele disse.

Nesse momento, escutei o barulho de galhos. Me preparei para usar os poderes, mas então, parei. Um lobo negro, saiu de trás do estábulo e seguido por ele, Nathan Castille em sua perfeita pose de Bad Boy roqueiro. Roupas pretas, casaco de couro, mãos no bolso. Mesmo vendo que não era uma ameaça, Sam não parou de rosnar, nem seu pêlo se abaixou.

Ele ainda estava em guarda por causa o lobo.

“Me desculpem por Fleur.”, Nathan disse. “Disse para ela ser cuidadosa”, ele encarou a loba que o encarou de volta, com um olhar desinteressado. Então Nathan me encarou. “Olá, Aly”


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