Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 23
Capítulo 22




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“Você é a minha melhor amiga, não é, Aly?”, Suzy me perguntou enquanto estávamos em seu quarto, dobrando algumas roupas novas suas.

Fui pega de surpresa com essa pergunta.

“Claro que sim, Suzy”, eu respondi.

“Então me conte o que você e a senhora Hudson estavam conversando antes do almoço”, ela me pediu.

No momento eu não estava com cabeça para aquilo. Não que eu não estivesse pensando naquilo. Eu estava pensando como louca. Pensei ainda mais na aula de equitação, quando vi Nathan montando em seu cavalo negros. Mystery (*Mistério).

Que irônico.

Até mesmo Fox, que sempre me elogiava, disse que eu estava dispersa da aula. Mas vê Nathan montando no seu cavalo, compensou uma tarde toda de estresse. Ele parecia um perfeito príncipe roqueiro com os cabelos escuros voando em seu rosto.

“Aly?”, Suzy disse estalando os dedos na frente do meu rosto.

Eu balancei a cabeça e passei a mão pelo cabelo enquanto suspirava. Que sonho!

“O que?”, eu perguntei me sentando na cama que antigamente pertencia a Mia.

Suzy se sentou ao meu lado e tentou pegar a minha mão.

Eu não deixei.

“Você está me escondendo alguma coisa”, ela disse séria. Suzy poderia ser o que fosse, boba, ingênua, doce e essas coisas, mas se alguém escondia algo importante dela, ela virava um bicho.

E o que eu estava escondendo era importante, mas eu achava que tinha que resolver sozinha. Aquele era o meu dilema, não o dela. Era eu que estava fadada a morrer e não ela. E eu não jogaria todos os meus problemas em cima dela.

Antes que eu dissesse alguma coisa, ela escondeu a mão no bolso da calça. Mas eu fingi não notar. Se eu tinha meus segredos, ela tinha direito de ter os dela.

“Você quer saber o que a Senhora Hudson falou comigo?”, eu perguntei.

Ela assentiu, os olhos brilhando.

Eu contei.

Mas claro que deixei algumas partes de fora. Como, por exemplo, o motivo da conversa ter sido uma briga que eu tive com Nick por causa de Nathan. E as visões de Luen e o fato de Nathan ser o suposto garoto que eu irei me apaixonar. O restante, eu contei.

Assim que eu terminei de contar sobre a marca elementar, Suzy corou. Por um momento eu não soube o motivo, mas então ela esticou sua mão para mim e eu vi. E arfei.

“OMG! Sua marca mudou.”, eu disse virando sua mão de um lado para o outro.

“Eu sei”, ela disse.

A marca de Suzy antigamente costumava ser apenas uma coruja voando. Agora era uma coruja voando na direção de um falcão. O falcão de Ryan.

“Eu não sabia o que significava. Pensei que tinha algo estranho comigo ou algo do tipo. Mas também tem essa marca na nuca de Ryan. Eu até achei bonitinho”

“Vocês pertencem um ao outro”, eu disse ainda segurando a sua mão. Então de súbito a larguei, com medo que ela pudesse aproveitar para descobrir se eu estava falando toda a verdade.

E eu, definitivamente, não estava.

“Eu não acredito nisso”, eu disse , então meus olhos se arregalaram. “Você vai cortar nossa ligação?”

“É claro que não, Aly”, Suzy me esclareceu. “Você é minha melhor amiga.”

“Mas Ryan é seu namorado e agora você pertence a ele”, eu fiz biquinho.

“Meu corpo é dele, mas minha mente é sua”, ela riu.

“E o coração?”

Ela parou de rir, mas um sorriso doce ainda estava no seu rosto.

“São dos dois”, Suzy disse, então pareceu se lembrar de algo. “Sabe aquele garoto novo, Castille?”, ela não esperou que eu respondesse. Ainda bem, por que eu não iria responder. “Ele está na minha aula de pintura. Eu quase tive um treco quando o vi. Mas ele pinta bem, quase como um profissional”

Nesse minuto, bateram na porta e então Nick entrou no quarto. Eu quase tinha me esquecido que tínhamos marcado de nos encontrar mais tarde. Tanta coisa tinha acontecido em um só dia que parecia que eu tinha marcado a anos luz dali.

“Estou atrapalhando alguma coisa?”, Nick perguntou.

“Oh, não”, Suzy respondeu. “Alexa já está liberada”

Assim que saímos do quarto, Nick colocou seu braço em volta do meu ombro e me trouxe para mais perto dele. Eu coloquei o meu braço em volta da sua cintura e deitei a minha cabeça em seu ombro. Tudo como antigamente.

Nós saímos do dormitório feminino e entramos na noite da Spell the Most. O céu estava totalmente escuro, sem lua ou estrelas. Coisa rara na escola. Nick me levou até a parte de trás do teatro, onde ficava uma grande e bela fonte. Um anjo de pedra estava esculpido nele, mas em vez de ser aqueles anjos que pareciam prontos para voar, ele estava encolhido e olhando desconfiado para todos os lados. Eram assim que os humanos entravam em nossa escola.

Do outro lado da fonte, ficava uma pequena capela para os religiosos, o que não eram poucos. Além de atividades extra curriculares, ainda tinham as igrejas. Eu só tinha ido ali uma vez em toda a minha vida na escola.

Realmente entendia o motivo de Deus me castigar daquele jeito.

Quando olhei para o teatro, vi que as luzes anda estavam acesas. Ryan ainda deveria estar ensaiando para a sua peça. Era engraçado que na Spell the Most tivesse todo o tipo de atividade que gostássemos. Até mesmo para Nick tinha. Depois de ficar tão indeciso quando eu quando entrei na escola, ele decidiu por luta, junto com Lien. Claro que isso gerava ainda mais competição entre os dois.

Mas parecia que Nick foi o único indeciso , além de mim. Ryan sabia de cara o que iria fazer assim que o perguntaram: teatro, como na sua antiga escola mortal. E Nathan, bem, digamos que eu não imagino Nathan com um pincel na mão e uma cara de concentração enquanto pinta o quadro.

Na minha escola mortal, eu era capitã das líderes de torcida, mas quando vim para a Charm on More, deixei meu passado para trás, incluindo a dança. O que eu não era muito boa.

“Vamos parar aqui”, Nick disse.

Eu estava tão absorvida em pensamentos que nem tinha notado onde estávamos. Em um banco entre a igreja e a fonte. Um bom lugar para observar o céu, quando ele estava bonito. Nos sentamos um ao lado do outro e ficamos olhando o céu.

“Eu agi como um idiota de novo, não foi?”, ele perguntou enquanto deitava a sua cabeça em cima da minha.

Eu assenti.

“Você falou pouco hoje”, ele persistiu. Eu só queria um pouco de silêncio e observar o céu mesmo que não tivesse nada para olhar. “Tem algo de errado com você. Aquele garoto te perturbou de novo?”

“Não”, eu respondi. Mas a menção a Nathan, sim.

“Eu realmente não gosto desse garoto.”, ele disse. É, ele já tinha dito aquilo hoje. “Todo arrogante e atrevido”, aquilo se chama confiança. Eu queria ter dito, mas continuei olhando para o céu. “E o jeito que ele te olhou hoje. Eu não sei do que ele te chamou, mas tenho certeza que se eu soubesse iria gostar menos ainda.”

Ele não sabia, mas eu sim. Além de dança, na minha antiga escola tínhamos aula com vários tipos de idiomas. Incluindo o francês. Ma petite. Minha querida. Era quase como se ele soubesse do futuro, do nosso futuro, mas era óbvio que essa hipótese era absurda.

“Nick, nós podemos apenas esquecer os outros e o que aconteceu hoje e ficar juntos?”, eu pedi. Já estava cansada de pensar. Realmente cansada.

Nick deve ter sentido isso no meu tom de voz, porque afastou sua cabeça da minha para me encarar. Os olhos dele estavam voltando a ser dóceis e profundos, como o mar. Como eu gostava. Parecendo ler meus pensamentos, ele se aproximou mais ainda e sorriu.

“Estou estragando o nosso momento, não é?”, ele perguntou.

“Se continuar falando, sim”, eu sorri.

Ele posou sua mãos em meu rosto e me beijou. O beijo de Nick ainda continuava o mesmo para mim. Doce. Na verdade, tudo em Nick era doce. O jeito que ele me beijava era doce, o jeito que ele segurava o meu rosto e ainda deixava nossas mãos entrelaçadas. Eu soltei minha mão da dele e a afundei em seu cabelo negros e grosso. Ele usou a sua mão livre e a colocou em minhas costas, me puxando tão delicadamente que parecia que eu iria quebrar a qualquer momento.

Eu me sentia querida e segura nos braços dele. Nada tinha sido quebrado. Tudo continuava forte e seguro. Bem , eu achava que estava forte. Mas eu tinha certeza de uma coisa: acontecesse o que aconteceu hoje, eu ainda estava atraída por Nick.

**********

“Alexa, acorda!”, Luen gritou e começou a me chacoalhar na cama.

Eu acordei de súbito.

“Que diabos?”, eu disse abrindo os meus olhos e passando a mãos pelo cabelo embaraçado. “Eu tô atrasada?”, perguntei, mas quando olhei no relógio vi que ainda era madrugada.

“Não, ainda nem amanheceu”, ela disse, mas tinha um certo tom de pânico na sua voz que me fez escutá-la antes de queimá-la viva.

“Então, o que aconteceu?”

“Encontraram Jack Brendon”, ela respondeu e voltou a se sentar na cama.

Eu também me sentei e vi que Lana não estava no quarto. Sua cama estava totalmente desarrumada , como se ela tivesse, literalmente , caído da cama.

“Ele está bem?”, eu perguntei.

Luen ficou em silêncio, apenas me encarando. Então seus olhos se encheram de lágrimas e ela se jogou em cima de mim. Eu tomei um susto, mas a abracei. O que diabos tinha acontecido? Deixei um espaço para Luen ao meu lado na cama e ela aceitou. Dois minutos depois, ela estava mais calma.

“O que aconteceu com Jack, Luen?”, eu perguntei de novo.

Seus grandes ( e momentaneamente vermelhos) olhos azuis me encararam tristes.

“Uma garota do primeiro ano o encontrou morto.”, ela disse e voltou a chorar.

Eu fiquei em choque.

O pequeno e fofo Jack, morto? Era quase impossível acreditar, mas ninguém podia duvidar de Luen, ainda mais naquele estado. Ela não brincaria com uma coisa séria dessas, muito menos me acordaria aquela hora para nada.

“Como? Onde?”, foi tudo o que eu consegui dizer.

“Perto do prédio em que Lien e Nick lutam e Daemen faz esgrima”, ela respondeu. Bem, foi isso que eu pensei ter entendido. “Ele estava cheio de marca de animais...”

“E uma adaga no coração”, eu completei.

Luen assentiu.

Fechei os meus olhos por um instante, mas foi uma péssima ideia. Eu consegui ver corpo de Jack todo sangrando com parte do corpo de fora. A única coisa com que poderiam identificar ele, era o cabelo ruivo.

Eu tremi e abri os meus olhos.

“Isso é ...”, eu tentei dizer, mas não conseguia achar uma palavra que descrevesse aquilo.

“Uma chacina sobrenatural?”, Luen sugeriu e eu apenas assentiu. “Eu também acho. Primeiro Mia e agora Jack. Quem será o próximo? Quantos serão os próximos? Eles tem que parar esse assassino”

“Tem razão, Luen.”, eu olhei de novo para a cama vazia de Lana. “Onde está Lana?”

“Foi dar uma força a garota que encontrou o corpo”, quando eu levantei a sobrancelha, ela acrescentou: “Acho que foi a prima dela de segundo grau que achou”

“A princesa de gelo tem coração”

Nesse minuto, a porta se abriu e Lana entrou. Seu cabelo loiro estava uma bagunça, seus olhos azuis pareciam cansados e ela parecia muito chateada. Ela nem mesmo olhou para mim ou para Luen, apenas deitou na sua cama e fechou os olhos.

“Apaguem as luzes, perdedoras”, ela disse ainda de olhos fechados.

Eu e Luen nos olhamos e demos de ombros. Luen foi para a sua cama e desligou as luzes, mas para o nosso espanto, Lana falou com a gente.

“O enterro será depois de amanhã, ou melhor”, ela pegou o relógio digital e bocejou. “amanhã”

Então, para o meu espanto, vi que realmente Lana tinha coração. Chorou no enterro de Mia e agora tinha dado uma força para uma parente distante. Eu já tinha visto os pais de Lana e meio que entendia o porque dela ser daquele jeito.

O pai era um executivo importante e a mãe era a secretária dele. Pelo curto segundo que os vi, percebi que o casamento deles era um verdadeira droga. Até meus pais notaram aquilo. E eles cobravam o máximo de Lana.

Mas, com certeza, aquele não era um motivo para ser uma vaca total.

Total, talvez não. Meia vaca.

Enquanto o sono voltava a me pegar, parecia que eu conseguia ver Jack bem na minha frente e ele estava pedindo socorro. Mas como eu iria ajudá-lo? Não conseguia nem resolver a minha vida amorosa.

Ou morrer pelo meu amor.


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