Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 25
Capítulo 24




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“Sam”, eu o chamei.

Ele me encarou com os olhos animalescos, mas já tinha parado de rosnar.

“Se acalme, por favor”, eu pedi.

Por um segundo, ele estava relutante em se acalmar e baixar a guarda. Então ele se sentou no chão e ficou encarando a pequena loba parada ao lado de Nathan. Os olhos dela eram de cinza escuro e misterioso, como os olhos do dono.

Quando eu olhava nos olhos cinzas de Suzy, me lembrava de uma tempestade depois de um dia abafado. Mas quando olhei nos de Fleur, me lembrei de uma densa e perturbadora neblina. Nathan e Fleur pararam a poucos passos de mim e de Sam e ficaram nos encarando. Fleur parecia estar entediada. Realmente entediada.

Limpei a garganta uma vez antes de responder ao cumprimento de Nathan.

“Olá, Nathan”, eu disse.

Ele sorriu.

Meu coração parou e disparou. Tive que me segurar para não ter um solavanco na respiração. Não seria nada legal. Os olhos de Nathan( agora eu poderia comparar), pareciam mais escuros que o normal. Mais escuros do que a noite estrelada de Charm on More. Aquilo me causou um tipo errado de arrepio.

“Onde está o seu guarda costas?”, ele perguntou.

“Foi destituído do cargo”, eu respondi.

Natan parou de sorrir.

“Vocês dois...?”, ele deixou a pergunta em aberto, mas eu já sabia o que era.

“Não. Nós não terminamos”, eu respondi dura.

“Hey, desculpa pela falta de educação.”, ele levantou suas mãos no ar como em um sinal de desistência. “Mas, o que faz aqui fora, sozinha e desprotegida?”

Eu poderia ter dito que não lhe interessava, mas quando eu menos esperava, minha boca ganhou vida e o respondeu mais educadamente do que tinha feito com Nick.

“Não estou sozinha, tenho Sam”, eu apontei para a raposa ao meu lado que o fitava como se quisesse voar em seu pescoço a qualquer momento. “E nunca fiquei desprotegida”, sem que eu pensasse, um sorriso alcançou os meus lábios. “Pensei que tinha entendido isso, hoje de tarde”

“É, eu entendi”, ele disse também sorrindo.

Senti algo balançando o ar. Era como se Ryan assistisse a cena e aprovasse. Mas era mais do que simples mágica elementar. Era algo presente em torno de nós dois. Então, um segundo depois, eu percebi com espanto o que estava acontecendo.

A gente tinha Química.

Nathan limpou a garganta e voltou ao seu estado natural de Bad Boy.

“Sabe, nós meio que estamos sozinhos.”, ele disse. “Nossos animais elementares fazem parte do nós, então é como se eu falasse apenas com você e você só falasse comigo”

“É, mas eu ainda falo”, Sam disse. “E avanço”

Ele ameaçou ir na direção de Nathan, mesmo eu o dizendo que estava tudo bem. Fleur, pressentindo o perigo em cima do seu dono, se pôs em posição de ataque e começou a rosnar também.

“Fique longe dele, raposa”, ela disse.

“Sam”, eu o repreendi ao mesmo tempo que Nathan disse “Fleur”, a repreendendo.

Nossos animais demoraram um pouco para se acalmar, mas logo estavam de volta ao seu estado normal. Eu suspirei e mandei um olhar nervoso para Sam. Ele não tinha que avançar em todo mundo que não gostasse. Era errado. E Fleur parecia bem mais treinada e forte do que Sam. Mesmo Sam sendo mais rápido.

“Vamos dar uma volta para pausar as ideias”, Nathan ofereceu.

Eu assenti e Sam me mandou um olhar de perigo. Eu sabia que ele não gostava nada de me ver andando perto de alguém que ele tinha dito que não confiava. Mas, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, eu e Nathan já estávamos andando, um perto do outro. Não tão perto quanto eu gostaria, mas mesmo assim.

Fleur e Sam se colocaram estrategicamente entre nós dois, mas mantendo uma distância razoável. Nathan alternava o olhar em mim e na direção que andávamos. Ele estava me guiando de volta para o dormitório feminino.

“Então, você é uma bruxa elementar do fogo?”, ele perguntou mais para si mesmo do que para mim. Mesmo assim eu assenti.

“Você também é um bruxo elementar”, eu disse apontando para Fleur.

Fleur não gostou nada de ter o dedo apontado para ela, mas, mesmo assim não reagiu. Nathan acompanhou meu dedo com os olhos, então o meu braço, ante braço, ombro, pescoço. Me olhou como se estivesse pronto para me devorar. Então seu olhar caiu em Sam, como se estivesse se desculpando e colocasse a culpa em Sam. É, se ele pensasse em dar um passo na minha direção, ele estaria morto.

Puxei meu dedo de volta, corando como nunca.

“Você é linda quando cora”, ele disse tão baixo que eu imaginei ter ouvido isso.

Hora de mudar de assunto, antes que eu fizesse alguma coisa que eu me arrependesse.

“Você já tem 18?”, eu perguntei.

Ele assentiu.

“Fiz mês passado”, ele disse e deu seu meio sorriso. “Por que? Não gosta de garotos mais velhos?”, ele riu.

Eu comecei a balbuciar coisas sem sentido, até resolvi me calar de vez.

“E você? Tem 18?”, ele perguntou.

Eu neguei.

“17”, eu respondi. “Eu faço aniversário só daqui a 5 meses”

“Hum...”, ele respondeu pensativo.

Olhei para baixo, para Sam e Fleur e vi como eles prestavam a atenção, tanto em nós dois, como em seu caminho e neles mesmos. Os olhos de Fleur, eram parecidos e diferentes do de Nathan. Cores diferente, aspectos iguais.

“Então, o que te fez sair da França e vir para os Estados Unidos?”, eu perguntei.

Por um segundo, me senti em uma novela mexicana. Esperava que ele dissesse que eu era o motivo, mas era impossível. Ele me conheceu a dois dias apenas.

“O trabalho”, ele respondeu.

Me espantei.

“Você já trabalha?”, ele assentiu. “Em quê?”

“Nathan”, Fleur disse em um tom de aviso.

Me senti culpada como se estivesse invadindo a vida pessoal dele ou qualquer outra coisa assim. Ele mal me conhecia, era o direito dele me responder ou não. Mas aquela vontade absurda de conhecê-lo, estava me atormentando.

Nathan encarou Fleur por uns poucos segundos e pelos movimentos que os dois faziam, parecia que eles estavam discutindo pelo olhar. Nathan pareceu ganhar quando Fleur suspirou e disse: “Faça o que achar melhor.”

Ele se virou para mim, querendo me dar toda a atenção e respondeu.

“Sou um bruxo espião”, ele disse.

“O quê?!”, eu perguntei parando no lugar e o encarando. Ele, assim como nossos animais elementares, também pararam. “É uma brincadeira, não é? Não existem bruxos espiões”

Nathan apenas deu de ombros e sorriu.

“Pense o que você achar melhor”, ele disse.

“Então, você está atrás de quê?”, eu perguntei , entrando na brincadeira.

“Estou atrás do assassino das criaturas mágicas.”, ele disse ainda sorrindo, parecendo saber que eu estava na brincadeira tanto quanto ele. “Fui transferido de Paris para cá para investigar. Já vim aqui umas duas vezes antes para ver a escola, mas só recentemente conseguiram me transferir”, ele disse, mas eu mal tinha entendido duas palavras do que ele tinha dito. Tudo era brincadeira, afinal de contas.

Eu fiquei um bom tempo o olhando. Como sua pele bronzeada fazia contraste com os dentes brancos quando ele sorria. Como seu andar era confiante. Suas roupas lhe caiam bem. Seus olhos escuros, mesmo sendo de uma cor tão comum, ainda tinham um brilho incomum.

Nós voltamos a andar em silêncio, mas era um silêncio bom. Em que você usa para pensar , não um terrível silêncio constrangedor que eu sentia quando estava Nick.

Me senti pesada e temorosa quando perto do dormitório. Eu ainda conseguia ver algumas luzes acesas no segundo andar. Nós paramos e ficamos encarando o prédio como se fosse a primeira vez que o visse.

A construção era de um antiga castelo de aparência gótica e , ás vezes, ele ainda me assustava quando eu estava do lado de fora. Mas com Nathan ao meu lado, aquele medo pareceu bobo, comparado com o que estava por vir.

“Bem, parece que é aqui que eu digo tchau”, ele disse, mas não saiu.

Eu fiquei o olhando como se nunca o tinha visto. E ele ficou me olhando de volta. Antes que eu percebesse, ele deu um passo a frente e ficou mais perto de mim. A noite de meado de semana da Charm on More estava tão deserta , que as únicas pessoas que estavam ali, eram um casal emo de lobisomens que estavam se agarrando de baixo de uma árvore.

Aquele balanço no ar parecia ter nos tomado, mas foi quebrado quando Sam pigarreou.

“Temos que entrar, Aly”, Sam disse entrando entre eu e Nathan. “O toque de recolher já vai tocar”

Eu assenti, ainda presa nos olhos escuros de Nathan.

“Bem,”, ele disse parecendo sair primeiro do feitiço e se movendo para longe de mim. “Foi ótimo de conhecer. Espero que a gente converse de novo , um dia desses”

“Sim, claro”, eu respondi e comecei a me mover para a entrada do dormitório, quando a sua voz me parou de novo.

“Hey, Aly”, Nathan chamou. Eu me virei de súbito fazendo Sam quase trombar comigo. “Será que eu poderia saber o seu verdadeiro nome, já que você já sabe o meu?”

“Alexa Night”, eu disse.

“Alexa Night”, ele repetiu com prazer. O jeito com que ele disse meu nome, o acariciando, adorando, fez meu corpo todo se arrepiar. Ele jogou a cabeça para trás e voltou a repetir um meu nome, só que mais baixo. Como em uma oração. “Alexa Night”, ele repetiu. Então voltou a me olhar com um sorriso. “Um lindo nome para uma linda bruxa”

Um tipo de alarme tocou em minha cabeça, mas eu mal liguei. Estava presa ao momento. Somente presa naquele momento.

“Por favor, não me chame de Nathan. Parece muito formal e muito anos 90”, ele pediu. “Me chame de Nate, como Ryan e meus parentes chamam”

“Nate Castille”, eu repeti e o vi fechando os olhos, saboreando o jeito como eu repeti o seu nome. Aquele nome parecia tão certo para ele. Tão dele. Escutei Sam limpar a garanta mais uma vez, então acordei do meu sonho. E Nathan abriu os seus olhos. Eu arfei. Pareci que eles estavam mais escuros do que o habitual. Se era possível.

“Espere um segundo”, ele pediu.

Para o meu corpo foi mais como uma ordem. Ele não se mexeria nem se eu mandasse. A voz de Nathan era o meu comando. Ele se abaixou ao lado de sua loba e colocou a mão no chão, enquanto fechava seus olhos e se concentrava. Algo começou a acontecer com a terra, fazendo-a se levantar um pouco e criar forma. Quando eu vi a forma que ela estava tomando, eu arfei.

Uma rosa vermelha.

Nathan escutando meu arfar, abriu os olhos e sorriu, então puxou a rosa do chão e tirou o pouco de terra que ainda estava em volta da mesma. Então ele a ofereceu a mim. Eu fui como um foguete e parei a sua frente mais rápido do que Sam conseguia me alcançar.

Eu estiquei minha mão e Nathan me deu a rosa de um jeito que sua mão não tocasse a minha. Eu não liguei. Estava absorvida pela mágica elementar da terra. Senti seu cheiro intoxicante e marcante e suspirei.

Então o alarme que sempre soava em meus ouvidos nessas hora fez, finalmente, sentido.

Era Nathan quem me mandava as rosas.

Era ele o bruxo elementar da terra.

A história que ele tinha contado, que ele tinha vindo duas vezes aqui antes de ser transferido, finalmente fez , também, sentido. Antes dele entrar na escola, eu tinha recebido duas rosas. Quem pode me garantir que, enquanto eu estava na aula, ele não foi ao meu quarto e a colocou lá.

“Era você”, eu disse idiotamente.

Ele sorriu, mas um sorriso diferente. Meio envergonhado.

“Eu te vi, na primeira vez que tive aqui na escola, com os seus amigos. Todos tão preocupados. Achei que um presente iria te fazer sorrir mais”, ele disse. “E a segunda foi mais para avisar sobre a minha chegada. Acho que o bilhete da terceira te assustou um pouco, não foi? Mas eu estava louco para escutar a sua voz. Ver seu sorriso de novo. Observar seus olhos brilhando. Estava louco para te conhecer”

“Por que não me contou no primeiro dia de aula?”, eu perguntei , ainda olhando para a rosa na minha mão.

“Eu deveria?”, ele retrucou.

É, ele não deveria. Tinha que esperar o tempo certo, que, por acaso, foi esse. Eu sorri e levantei meu olhar para ele.

“Obrigada”, eu disse.

“Não tem de quê”, ele respondeu.

Nessa hora o sinal de recolher tocou.

“Vá, não quero que se meta em encrenca”, eu disse me virando e indo para a entrada do dormitório. Quando já estava na porta , pronta para abrí-la, me virei e encontrei Nathan ainda me encarando. “O que foi?”

“Eu estou pensando como seria se eu tivesse chegado antes dele”, ele respondeu, então balançou a cabeça. “Tchau, Aly.”, ele olhou para a minha raposa. “Sam”, ele mexeu a cabeça como em um cumprimento. Sam retribuiu.

“Tchau, Nate.”, eu disse. “Fleur”

Fleur, imitou os movimentos de seu dono e se virou para ir embora. Nathan me deu um último olhar e se foi, a acompanhando. E, enquanto eu abria a pota do dormitório e encontrava a confusão de garotas em seus pijamas, uma mesma frase ressoava em minha mente.

Como seria se Nathan tivesse chegado antes de Nick?


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