Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 9
O sentimento mais forte.




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Não, não era uma ideia sensata fugir para a pior floresta já falada. E também a mais escura, a mais aterrorizante e a sua única forma de viver mais alguns minutos.

Suas pernas estavam fadigavam enquanto seus pulmões queimavam em suplica por mais ar. A boca estava seca e os olhos lacrimejavam pelo frio ar da noite.

Mas não podia parar. Não podia ouvir os gritos desesperados pelo seu corpo para que descansasse. Porque outros gritos se sobrepunham a esses. A de oficiais armados bravos por ter fugido.

Mesmo que fosse capturada talvez nem sobrevivesse. Poderiam mata-la a qualquer hora em qualquer momento. Quem iria ligar? Ninguém procuraria por ela. Poderiam sentir a falta dela quando não pagasse as contas da casa, impostos e etc... Mas ai já seria tarde demais.

Seu corpo se sacudia a cada trombada com galhos espessos e nunca antes cortados. Tropeçava a todo o momento sem nenhuma claridade para que pudesse auxiliar. Caiu uma, duas, três vezes. Na quarta sentiu seu pulso como nunca havia sentido antes. Chorou de dor, mas também de raiva por não poder ser livre, por não ter direito a pensar ou questionar. Por ser ela mesma.

O grito de homens chamando por ela ainda estava perto, mas já havia uma grande distância entre eles.

Era suposto que eles não estavam correndo imprudentemente nem se machucando por ai.

Outros sons se distinguiam ali, na escuridão. Não queria pensar quanto barulho fazia correndo e arfando que pudesse chamar a atenção de coisas que viviam em Ebon.

Lógico que tinha medo. Esse era o sentimento mais forte que existia e ela conhecia bem para saber que isso a impediria de pensar com clareza. Quase queria parar de correr e voltar para “segurança” da cidade. Para onde sabia o que tinha que enfrentar.

Parou quando sentiu algo mais denso escorrer da sua testa.

Sangue.

Passou a mão pela cara onde suor, lágrimas e sangue eram empapados pelo seu cabelo grande e desordenado.

Respirou fundo, tentando ver algo na escuridão alem de árvores cada vez maiores alguns metros à frente. Nada além de preto e cinza neblinado. Seu corpo estava quente por isso não sentia frio com suas roupas rasgadas e sujas. O espartilho estava a matando.

Correu mais devagar a frente com atenção. Não sabia por onde ir, nem o que encontraria mas não podia ficar parada. Por isso continuou até que um grito de socorro chegou a ela. E outro e outro. Olhou assustada em volta.

Os gritos vinham de longe e de várias pessoas. De homens treinados para ser a lei. Para não terem medo. Para ser fortes e perigosos.

O que está acontecendo?

Queria ajudar, ver o que estava acontecendo, ao mesmo tempo em que se aferrava a ideia de que correria perigo se investigasse a origem, até mesmo se ficasse parada.

Os gritos continuavam junto com os sons de tiros. Johana tampou os ouvidos desesperadamente na tentativa de bloquear o exterior que balançava seu coração e determinação.

Eles vão ficar bem. Quer dizer, eles têm armas, são treinados. Daqui a pouco eles vão ir para pegar você!

Deu passos inconscientes e imperceptíveis para trás. Pequenos passos que revelam o que se passava em sua cabeça antes mesmo dela tomar uma decisão. Mas antes que seu corpo respondesse totalmente os sons cessaram.

Foi a primeira vez que percebeu que todos os sons tinham parado. Até mesmo dos animais noturnos.

Ficou o mais quieta possível na esperança de que não fosse encontrada. Embora não pudesse calar seu coração que retumbava em seus ouvidos em ritmo descompassado. Não ouvia nada...

Até que começou a ver pequenos vultos brancos se aproximando pelas árvores vindos em sua direção.

D sua pele se desprendia o cheiro de medo e em sua boca o gosto amargo.

Ela sabia que havia a possibilidade de morrer aqui dentro. Mas por quebrar o pescoço imprudentemente, não por coisas sobrenaturais.

Arfou quando percebeu que os vultos pairavam a alguns centímetros do chão. Sua espinha gelou ao ver o rosto das mulheres com suas caras tão pálidas quanto os vestidos que balançavam contra o vento. A boca retorcida em um O . E cabelos enormemente pretos movimentando-se pelo vento. As unhas cumpridas respingando sangue de seu último assassinato.

Todos haviam morrido. E agora restava ela.

Uma trilha sonora de terror parecia preencher o ar embora fosse só o vento balançando as árvores, assobiando como um grito entre os corpos.

Conseguiu contar 12, que se aproximavam em um meio circulo a cercando. Foi andando para trás sem desviar o olhar. A cena parecia estática como se ocorresse em câmera lenta.

Topou com uma árvore atrás dela e se agachou enfiando a cabeça entre os joelhos. Queria desesperadamente ver onde estavam, ver sua morte aproximando, mas estava com tanto medo que não conseguia se forçar a abrir os olhos.

Sentiu o ar gelando a sua volta se esfriando. Elas estavam cada vez mais perto. Não faziam nenhum som, só o vento as carregava para onde quisessem.

Um...Dois...Três... Quatro... Oito... Dez batidas de coração.

Uma dor lacerante puxando-a pelo pescoço levantou-a do chão. Seus olhos se arregalaram antes de encontrar com os olhos mais claros que já vira na vida. Azuis sem vida. Que tiravam todo o calor do seu corpo.

O único lugar ainda quente vinha do seu pescoço onde o sangue escorria por entre as unhas da criatura que a segurava no ar. Marcas de veia eram ligadas por todo rosto delas, mas esse era o único sinal que provava que talvez fossem seres vivos.

Quis gritar mas gosto de sangue em sua língua era tudo que sentia. Estava morrendo aos poucos sem nem mesmo perceber. O outro par de mãos fez um corte profundo em seu braço provocando outra arfada nela.

Enquanto isso elas as outras se aproximavam devagar enquanto Johana via com um misto de terror e repugnância que cada uma crava suas unhas em alguma parte do seu corpo. Logo ela não podia ver nada a não ser corpos brancos a sua frente.

Quando seus olhos começaram a fechar foi derrubada batendo a cabeça no chão.

A imagem toda a sua frente acontecia na horizontal. Johana ate teria rido se não estivesse prestando atenção no lobo que tentava lutar contra as criaturas.

Estão brigando pela comida... Que sou eu!

Fechou os olhos sem saber o resultado da luta. Esperando que qualquer que fosse, já estivesse morta antes do prato principal.


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