Shadow Touch escrita por Lady TMS
– Achamos uma rebelde rapazes. Cuidado que ela pode arranhar, ou chutar! – disse ao grupo que se aproximava com interesse. Estavam todos olhando a ratinha que havia sido capturada - Perdeu a língua? – parecia quase um desafio...
E ela amava desafios. Mas no momento, não queria piorar sua situação.
Sabia que não podia contar o ocorrido no beco. Ninguém acreditaria. Ou pior, poderiam achar que ela que se ofereceu.
No escuro gramado verde viu o trem se preparando para desaparecer no horizonte. Sentiu o vento cada vez mais frio e as estrelas brilhando como nunca no céu.
Estou sozinha...
Não se sentiu triste, nem desamparada, só, vazia. Estava tão cansada de correr. Talvez sua família estivesse esperando-a onde quer que estejam depois da morte. Ficou feliz com a ideia. Não havia nada que a prendesse aqui. Nada pelo que lutar. Mas ainda tinha medo. Medo do que aconteceria antes que pudesse morrer.
– A prendemos na cadeia da cidade até o próximo trem senhor? – perguntou uma voz jovem atrás dela.
–Capitão Jonh? – outra voz.
– Hmm sim. Faremos isso. Mas antes preciso falar com a criminosa, sozinho – sentiu-se sendo puxada para longe.
Jonh? Esse nome não combinava...
Foi arrastada para mais longe. Ele não poderia fazer nada com ela enquanto estivesse perto dos outros policiais poderia? O que queria falar? A machucaria mais? Tantas dúvidas... Permaneceu quieta enquanto esperava a resposta as suas perguntas.
Ele a levou próximo a Floresta Ebon.
Porque será que ninguém tentou corta-la e explora-la? Será que ele não sabia sobre o que falavam dela? Amaldiçoada... Ouviu ao longe, em outro lugar, os sussurros de histórias, mitos. Rezou para que algo viesse da floresta e o matasse.
Acordou repentinamente com um tapo leve que ele deu em seu rosto.
– Minha arma. Onde está? - tirou a bolsa dos ombros de Johana quando a viu.
Sorriu como se a ideia o divertisse quando viu as roupas masculinas. Depois pegou a arma, colocou na cintura e jogou a bolsa no chão. Johana ficou olhando. Seus dedos se coçaram pensando no dinheiro jogado lá.
– O que está pensando? Quer que continuemos de onde paramos? – Um sorriso de meio lado apareceu quando Johana o olhou assustada - Se contar para alguém o que aconteceu, pode ser a última vez que fale ou veja alguém. Entendeu? Você deve perceber que eu falo sério – pensou que talvez fizesse com frequência ameaças e mortes. Havia tantas coisas que Johana tinha certeza que ele estava acostumado. Não importava os meios, ele ia conseguir o que queria, ele tinha a confiança de quem sempre ganhava.
– E depois? – falou aumentando a voz, ganhando uma confiança provida da proteção dos policias que estavam por perto - O que vai acontecer quando o trem sair pela manhã?
Ele agarrou seus pulsos.
–Nunca levante a voz para mim novamente entendeu? – disse desprovido de emoção – Não me importo. Mesmo que você não fique presa por muito tempo, à sociedade a condenará por ir contra O Governo. Não estará segura. Talvez eu deixe você ser minha amante. O que acha?
É verdade. Ele estava certo. Nunca mais as coisas serão iguais. Ele a prenderia e mesmo que não fosse condenada a morte ou por algum milagre fosse solta antes de morrer de velhice, ela nunca mais se sentiria segura.
A sociedade podia ser cruel e Johana sabia disso mais que todo mundo. Mulheres não se vestiam de homens, não falavam em rebelião e não andavam sorrateiramente a noite sozinhas.
A maioria das pessoas estava a favor do Governo e se ele se tornasse definitivo, ela sempre seria vista como ameaça, mesmo que nunca tenha pensado em ir diretamente contra. Não podia deixar de pensar que a população ignoraria a maior prova de que algo estava errado. A repressão violenta contra quem participava de debates políticos.
Ele ainda segurava seu braço. Logo voltariam para a cidade e estaria presa definitivamente. O que fazer?
Olhou para seus pulsos levemente azuis. Não podia correr riscos. Tinha medo, mas não conseguia ignorar a vontade súbita de lutar pela sua vida. Não quando tinha uma chance de fugir!
Seu coração começou a bombardear rapidamente em seu peito. Mordeu o lábio inferior inconscientemente na tentativa de segurar as palavras que pareciam querer transbordar por sua boca.
– Você me protegeria? – disse repentinamente se aproximando. Ele era bonito, loiro, e jovem. Tinha uma chance – Quer dizer, - engasgou - Se eu me tornasse sua amante? - olhou em seus olhos. Por favor! Por favor!
O oficial olhou-a surpresa. Por favor! E então ele chegou mais perto. Graças a Deus!
– Qual o seu nome?- soltou o braço dela e pegou uma mecha lisa solta do rabo.
– Missin – resmungou olhando para baixo. Ele levantou levemente seu queixo. Graças a Deus!
Uma imensa dor surgiu quando seu pequeno punho encontrou o rosto do alvo que estava em sua frente.
Nunca batera em ninguém e por isso achou que seria fácil e que logo poderia correr. Não estava preparada para a dor que sentiu vindo da sua mão. Se não seguisse seus instintos teria percebido que não estava preparada nem para começar a fugir!
Ele tropeçou e caiu de costas.
Então depois de se recuperar, fugiu deixando o policial loiro caído surpreso no chão com um estranho sorriso nos lábios.
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