Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 10
Vivendo mais uma vez




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/244419/chapter/10

Johana tomou consciência aos poucos de vozes ao fundo.

Demorou horas antes que começasse a compreender o que elas diziam. E mais tempo ainda até que conseguisse abrir os olhos.

Sentia dor em todo seu corpo fatigado. Estava transpirando, com muito calor. Como se estivesse no próprio inferno vestida com quilos de roupa. Seus braços e pernas não a respondiam.

Abriu os olhos exausta e aflita com o que pudesse encontrar. Avistou formas que pairavam em cima da sua cabeça e depois que sua vista desembaçou pegou-se encarando as rachaduras imóveis no teto. Só que para ela, pareciam estar dançando, zombando dela, a desafiando a alcança-las.

– Ela acordou –ouviu um sussurro próximo a ela –Como esta se sentindo? – a voz insistia em falar com ela.

Uma mão fria pousou em sua testa e ela quase chorou agradecida.

–Meu deus! Esta ardendo em febre. Keitch pegue o pano na mesinha e molhe em um balde de água. - a mão se afastou e Johana quase chorou como uma criancinha.

Logo algo mais refrescante que a mão foi colocada em sua testa. E depois no pescoço. Foi um alivio. Como se algumas roupas tivessem sido tiradas dela. Mas ainda se sentia pegajosa e fraca, sem poder se mexer. Ficou quieta se obrigando a respirar calmamente enquanto tentava entender as vozes que falavam baixo do outro lado do aposento. Longe... Muito longe.

Quando acordou novamente foi mais fácil abrir os olhos. Sentou-se enquanto olhava ao redor. Absorvendo os detalhes. Havia outra pessoa na cama encolhida nas cobertas. Mas não se preocupou de ir averiguar. Com movimentos lentos saiu da cama e percebeu que não estava vestida. Com absolutamente nada!

Olhou mortificada e se deparou com uma anciã sorrindo sem os dentes para ela perto da porta. Enrolou os lençóis o mais rápido possível em seu corpo enquanto ficava em pé.

–Quem é você? – sentiu a voz rouca sair arranhando a garganta silaba por silaba..

A mulher chegou até ela com passos lentos e entregou uma muda de roupas. Roupas que não são as minhas. Ela as segurou com dificuldade equilibrando-se entre os lençóis amarrotados ainda enrolados nela e na cama.

–Eu seria menos agressiva mocinha por tudo o que temos feito por você.

–O que vocês fizeram por mim?

–Te alimentamos com caldos, dediquei atenção a você e o mais importante. Resgatamos você de morrer lá embaixo.

Lá embaixo?

–Na floresta- ela continuou como se tivesse lido sua mente- Agora que você já se sente melhor para andar vista as roupas, se limpe na pia ali –ela apontou para uma parede extrema que continha a pia e o espelho – e venha comigo .

Ainda em choque Johana se sentou na cama tomando cuidado para que nenhuma parte do seu corpo ficasse a mostra e se vestiu.

Era uma blusa fina de flanela branca e uma calça clara. Sem sapatos, sem corpete, sem roupas intimas.

O braço ferido estava cheio de veias azuis que saiam do corte e iam ate o pescoço. Apressou-se em esconder com a manga da camisa.

Caminhou temerosa para a pia e se examinou no espelho. Seus cabelos pretos ainda estavam la. E sua pálida pele também, mesmo que quase não a visse. Quanto ao resto não reconhecia. Os olhos antes dourados agora estavam irritados, sua irís ligeiramente azul. Um azul que tinha medo. Deslizou a mão pelos machucados em seu rosto. Quanto tempo eu dormi? Os cortes estavam quase cicatrizados. Mas deixavam a marca em sua face de coloridas entonações de rosa e amarelo.

Respirou fundo e saiu pela porta encontrando com a anciã. Quase ficou sem fôlego quando olhou ao redor.

Onde diabos estou? Respire, respire...

–Cuidado onde anda – a senhora seguiu em frente pela ponte que parecia não ter fim. O vento a abalançava ligeiramente .

Vou morrer antes de chegar do outro lado. Nunca percebi como era fácil morrer. Onde vim parar? Porque parece que eu só faço perguntas e nunca tenho as respostas?

Se forçou a caminhar pela ponte. Olhou para trás onde até a pouco estava segura. Ela estava no meio de uma ponte entre duas enormes árvores que pareciam terminar nas nuvens. O vento era forte por causa da altura em que se encontravam. Se agarrou as cordas que corriam ao lado da ponte. Em todas as direções em que olhava podia ver largas pontes de madeira que ligavam a várias árvores.

Estava em uma cidade no meio de árvores, no céu! Como se seu coração aguentasse tanta aventura de uma vez só. Crianças corriam sem medo por cima de pontes de onde estava. Mulheres levavam cestos para casas camufladas parecida pela qual havia saído. Alguns começavam a acender algumas tochas com o cair da noite. Havia casinhas em baixo e casinhas em cimA. No Leste e no Oeste enchendo sua visão com algo que nunca teria pensado em existir.

Continuou a seguir a senhora que já estava muito a frente dela e obrigou-se a acompanha-la lado a lado. Contou os passos que deram até chegar a uma casa grande de dois andares que circundava a árvore. Luzes vinham da janela e tochas crepitavam com o fogo perto da porta.

Respirou fundo quando a porta se abriu e foi convidada a entrar.

Havia um banquete em uma mesa de mogno que corria por toda a parede. Manteve-se fria tentando não pensar na vontade que tinha de se jogar na comida.

Ia ser lindo. Eu ia cortejar a comida. Faria até poemas se ela quisesse. Cuidaria dela. Meu reino por um pouco dessa deliciosa...

–Está com fome? – uma voz masculina abafada por trás de mesas cheias de livros indagou.

Ela caminhou em direção a mesa olhando para o homem idoso que estava sentado.

–Quem é você? – não pode evitara curiosidade na pergunta. Ele era a pessoa mais "grande" que jamais havia visto. Sua pele era rosada e cheia com dobras pela camisa que parecia um grande lençol marrom.

–Primeiro. Quem é você mocinha? – ele dobrou as mãos em cima a sua barriga e virou a cabeça para olha-la melhor.

Não sei quem sou agora. Eu já fui a desconfiada Johana, já fui a rebelde Missin. Agora sou a confusa e medrosa...

Se sentindo desconfortável cruzou os braços antes de dizer incerta – Anne

–Anne- ele degustou o nome antes de voltar a falar- Sou eu quem cuida da cidade. E você deve imaginar o por que de estar aqui...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shadow Touch" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.