Se passou uma semana desde o início das aulas e do acontecimento estranho com o "Olhos Bonitos". No começo eu fiquei com muita raiva, mas depois eu fui parar para pensar bem e talvez ele estivesse insinuando que eu tenho um corpo bonito (provavelmente é um problema de visão dele, qualquer dia desses eu passo o telefone do meu oftamologista para ele). Ou seja, isso é um ponto para Katniss! Mas pensando bem de novo, ele só quer se aproveitar de mim... então nenhum ponto para mim.

Voltando ao acontecimento totalmente constrangedor, se antes eu quase não falava com ele quanto mas agora que eu contei para a Annie, Clove e Madge o que aconteceu e que era para eu - de algum jeito - parar de gostar dele, porque isso já era masoquismo demais.

Acho que elas tem razão... A PARTIR DE AGORA EU NÃO GOSTO MAIS DE PEETA CACHORRO MELLARK (foda-se se eu não tô falando o apelido dele, ele não merece mais)! Não vai ser fácil no início mas eu consigo (eu acho).

~*~

– Eu escrevi que iria para de gostar dele, será que vou conseguir? - sussurrei.

– Você gosta de quem? - quase tive um ataque do coração quando a Prim do nada sentou no meu lado no sofá.

– AI, CÉUS! - gritei. Ela gargalhou, como eu posso ter uma irmã tão cruel e adorável ao mesmo tempo? - você sabia que não é legal assustar as pessoas?

– Não muda de assunto? Você gosta do Gale, né? - ela falou se aproximando de mim interessada. - EU SABIA! Também não é para menos, ele é bonito, inteligente...

– PRIM! Ele é meu amigo, e eu gos... quero dizer, gostava de outra pessoa. - ela levantou as sombrancelhas.

– Gostava?

– Sim... gostava. - eu tinha que me acostumar com essa ideia, tipo agora.

– Quem? Eu não vou contar para ninguém, Kat! - ela me chamou de Kat pela a primeira vez desde entrou nessa fase rebelde. Sério, que fofura! - Por que os seus olhos estão brilhando desse jeito?

– Você me chamou de Kat! - me joguei nela dando um abraço e a mesma começou a me empurrar.

– 'Tá maluca? Enfim, quem era o garoto?

Respirei fundo e falei tão rápido que até eu mesma não entendi.

– PEETAMELLARK.

– Quem? - a cara de confusa da Prim era hilária.

– P.E.E.T.A M.E.L.L.A.R.K! - falei (lê-se: gritei) pausadamente para ela entender. Demorou um pouco para ficha dela cair, mas quando caiu ela começou a gargalhar. - O que tem de engraçado nisso, Primrose?

– Isso é tão clichê. - disse em meio as risadas. Grande ajuda essa, hein?

– EU GOSTAVA! - gritei garantindo a informação que isso não é mais verdade. E logo depois me tranquei no quarto.

Ai meu Deus, cadê minha originalidade? Isso é tão típico de uma adolescente de 17 anos.

~*~

Eu sabia que não tinha que confiar nela, não que Prim tivesse contado para todos no dia seguinte, mas agora ela vai me sacanear até a morte.

– Rose, cala a boca! - okay, agora eu apelei. Prim odiava quando eu a chamava de Rose (Prim-Rose, sacou?), até hoje não entendi o por que de tanta raiva pelo próprio nome.

Seus olhos quase pegaram fogo e parecia que ela - uma garotinha de 13 - ia me espancacar até se certificar que eu já estava num lugar melhor. Ainda bem, que a minha teoria estava errada, ela simplesmente fez um barulho estranho pela a boca e apressou o passo indo para direção da escola.

Consegui o que eu queria!

– Katniss!

Ótimo o meu momento sozinha já acabou.

– O QUE FOI? - explodi me virando para trás e vendo um Gale assustado. - Ah, desculpe Gale. Prim estava me enchendo e estou explodindo com todos.

– Não, tudo bem. - falou dando palminhas no meu ombro.

Conversamos sobre coisas banais até chegarmos a escola. Lá nós cumprimentamos as garotas e tomamos nosso caminho para a sala junto com Annie - que fazia a mesma aula com a gente -, bom até aí meu dia estava sendo especialmente calmo quando de repente uma loira com silicone esbarrou em mim.

– Olha por onde anda, Everdeen. - ela não falava, ela miava.

– Minha visão está perfeitamente boa, só que tinha alguma coisa na cirurgia plástica que você fez no seu nariz que afetou sua visão. - ela me fuzilou com os olhos. Ai como era bom irritar ela. - Quero dizer, não só os olhos mas o cerebro também se foi, né coitadinha? - ironizei fazendo um biquinho. Dei as costas com sorriso vitorioso e peguei a mão de Gale e de Annie tentando evitar um ataque de pelanca da Glimmer em mim.

– Gostei da resposta, Catnip. - olhei para ele com olhar "Eu sei que sou foda" e entramos em sala.

Sobre o "Catnip": O Gale como tem um audição boa "pra" burro, quando Madge nos apresentou ele ouviu que meu nome era "Catnip" não "Katniss", aí por culpa dele (somente dele), agora eu sou infernizada com esses apelidos as vezes. Me lembro que depois disso, Madge ficou me chamando de "Catnip" por uns 3 meses.

A aula foi tediosa como sempre, o estranho mesmo foi o Mellark me olhando as vezes, se isso fosse alguns dias atrás ia estar morrendo internamente, mas como estou tentando esquecer esse idiota tarado eu simplesmente ignorei.

E assim se passou minha manhã, quando eu estava indo embora para a minha adorável casa ouvi denovo alguém me chamando. Putz, deram para ficar me chamando hoje, hein?

Me virei e ví ele. O que eu fiz de mal, senhor Deus?

– Katniss, posso falar com você? - como eu não sou mal-educada eu assenti. Sacanagem, é que eu estava curiosa mesmo. - Desculpe, por aquele dia. Hm, fui um idiota.

– Verdade. - soltei sem querer. Ele deu um sorriso amarelo que diferente dos outro não me encantou, GRAÇAS A DEUS ESTAVA FUNCIONANDO O PLANO!

– Enfim, sinceridades a parte. Amigos? - estendeu a mão.

Olhei para ele, sorri e apertei sua mão.

– Amigos. - confirmei. Quando toquei suas mãos foi como se um choque elétrico percorrese o meu corpo trazendo todos os momentos meus relacionados com ele, como quando eu ficava que nem uma garotinha boba espionando ele, ou quando abria o berreiro quando via ele beijar outras e o cíumes excessivos. E nesse recapitulação, percebi que eu o amava por praticamente motivo algum, na verdade... eu não o amava; aquilo tudo só foi desejo. O que todas as garotas da minha idade sentiam por ele, mas assim como eu pensavam que estava apaixonada por ele, era essa a verdade.

E foi nesse aperto de mão que percebi que não valeria à pena sofrer por ele e suas bobagens, que o melhor que eu podia fazer para ter um pouquinho do Peeta Mellark na minha vida era simplesmente ser amiga dele.