De todas as coisas que Loki poderia dizer naquele momento, as únicas que saíram foram:

– Eu achei que você estivesse dormindo.

– Eu não consigo dormir bem desde que você foi embora.

A versão jotun de Loki se levantou lentamente como se quisesse mostrar que não iria fugir e então se sentou numa cadeira próximo à cama. Thor o encarava ainda um pouco sonolento. Ele realmente tinha uma aparência triste e muito cansada.

– Parabéns por hoje...- disse tentando quebrar um pouco a tensão.

– Obrigado.

– Thor, eu não deveria estar aqui...eu...

– Não...por favor. Não pense, não agora. Só fique aqui comigo.

De todas as maneiras que Thor poderia falar, ele escolheu a que mais machucava Loki: apaixonada.

Ele se aproximou e deitou ao seu lado, abraçando-o.

O asgardiano que no primeiro momento tremeu com a temperatura aos poucos foi se adaptando e então o abraçou ainda mais forte.

– Você é incrivelmente quente...- ele disse.

– Eu senti tanto sua falta.

– Você ouviu tudo o que eu disse?

Thor balançou a cabeça e então Loki soltou um longo suspiro.

– Você sabe que não precisa ser assim...

– Eu sei.

– Então por que você insiste em me afastar?

– Thor, eu não posso exigir que você me aceite...

– Você não está me exigindo nada, Loki. Eu te amo...quantas vezes eu preciso te falar isso?

– Eu às vezes queria não ter amar tanto...só para conseguir te afastar de mim de uma vez por todas.

– Eu não disse sério quando disse que te afastaria...você deve saber.

Loki então aproximou seus lábios próximos do de Thor e o beijou bem levemente. O mais velho passando os dedos por seu cabelo, pediu por mais contato e então o rei de Jotun intensificou o beijo.

– Loki...eu, espera...estou ficando sem ar. – exclamou Thor se afastando.

– Oh, me perdoe....

– Não, eu até gostei! Venha aqui....

Thor o puxou, mas Loki se levantou e olhando para a janela, disse:

– Preciso ir...daqui a pouco vai amanhecer.

– Tá...tudo bem. Loki, olhe para mim: eu te amo. Vai dar certo. Nós vamos conseguir.

– Eu também te amo...e eu vou fazer o impossível para que dê.

O mais novo se aproximou novamente e o beijou rapidamente, se despedindo.

– Quando você volta?

– Preciso ver...quero dizer, vou ter que vir sempre de madrugada...é quando eu tenho um pouco de paz...durante todo o dia, os guardas de Laufey ficam perto de mim...eu tenho certeza que é para me vigiar. Eles não falariam, mas sei que é isso.

– Venha sim, eu esperarei. Sempre.

– Agora, meu amor...durma bem. Descanse. Até logo...

Loki deu um beijo na testa de Thor que depois o viu sumir na escuridão de seu quarto através de sua magia.

Agora como rei de Asgard, Thor possuía poder suficiente para permitir a entrada de Loki, mas tinha receio com a reação das outras pessoas, pelo menos por enquanto era necessário manter o sigilo.

Será que era verdade tudo que tinha acabado de acontecer? Sim, era. Seu corpo ainda reagia com o gelo de seu corpo, mas como sentia seu coração aquecido, ele finalmente conseguiu adormecer como a muito tempo não conseguia.

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Havia se passado quase dois meses desde que Mya havia dado a luz. Era uma linda bebê, mas ela ainda não tinha pensado em um nome para colocar.

Era à noite e agora a pequena dormia tranquilamente, ela resolveu caminhar um pouco pelo palácio.

Loki era a sua única companhia agora. Ela nunca tinha visto o dono da casa pessoalmente, mas também não tinha curiosidade. Não gostava dele e não era novidade.

Caminhou pela sala de visitas, passou pela biblioteca e foi até a varanda pegar um pouco de ar.

Sabia que Loki tinha ido ver Thor. Ele havia contado à ela sobre o convite e o quanto estava com saudades do asgardiano.

Quando pensou que já tinha passado um tempo considerável longe de sua bebê, a gigante então resolveu voltar para o seu aposento.

Ao retornar, viu no grande corredor que ficavam os quartos, uma porta entreaberta cuja uma luz fraca refletia no corredor.

Não devia se aproximar, sabia disso, mas a curiosidade falou mais alto então ela lentamente seguiu o caminho até a porta e ouviu a voz de duas pessoas conversavam lá dentro:

–...é claro que eu sei que ele saiu. Eu sei de tudo o que acontece no meu reino.

– A questão é que ele não é mais o seu reino. Pertence à Loki e este não esta respondendo como rei.

– Ele é apenas um garoto ambicioso...não me importo com o que faz desde que nos leve para dentro de Asgard e traga o que é nosso. Só assim poderemos pensar em vencer de Svartálfar e Niflheim.

– De fato. O povo de Nidavellir não quer entrar para a guerra, mas não terão muita escolha. Sendo assim serão três contra nós...

– Mas teremos Asgard conosco, já que serão obrigados a isso.

– E Loki, ainda não desconfia de absolutamente nada?

– Shh...fale baixo. É claro que não...está tão tomado, cego de amor que só consegue pensar no seu irmão...no asgardiano insolente.

– Vendo-o falar assim, nem parece que um dia você foi um jovem e que também já se apaixonou pelo rei de...

– Já chega! Cale-se...o fato de ser meu conselheiro não lhe dá o direito de relembrar sobre épocas do qual eu me recuso recordar que vivi.

– Desculpe-me senhor, mas o fato de recusá-las não as fazem desaparecer de seu passado.

– O efeito do feitiço sobre Loki passará em breve e ele certamente começará a perceber, mas será tarde demais. Tão tolo e ignorante...achar que gigantes não tinham sentimentos. Pois cairá junto com aqueles que considera tão superiores. E finalmente poderei me vingar de Odin.

– Acalme-se eterno rei de Jotunheim. Um passo de cada vez, primeiro a nossa caixa de volta.

Mya agora respirava fundo, não conseguia acreditar no que ouvia! Havia entendido em partes. Loki estava sendo enganado? Eles precisavam conversar, ela precisava encontrá-lo imediatamente.

Se afastou lentamente da porta, com seu coração batendo muito forte. Neste momento ouviu a porta se abrir atrás dela. Apertando os passos, ela continuou, mas a voz grave disse:

– Você. Pare agora. - era Laufey.

– Me desculpe meu senhor, eu...eu estava...eu não ouvi nada...

Laufey e seu conselheiro que olhavam para a jovem começaram a rir e o mais velho disse:

– Veja, nem tivemos que tortura-la para declarar que é culpada! O que você ouviu, bonitinha?

– Na-nada, senhores. Me desculpem...eu preciso voltar. A minha bebê...

– Oh, é mesmo. Você é a amiga de Loki, certo? A que ele pegou na rua? Certo. Bom, acho que não tínhamos sido apresentados. Sou o dono da casa...- se apresentou Laufey, se aproximando assustadoramente.

– Eu, eu...sou Mya e....

– E estava me ouvindo atrás da porta? Nós sabemos...vai contar para Loki, não vai?

O coração da gigante saltava em seu peito quando viu que o tal conselheiro se aproximava dela com um sorriso assustador.

– Ela ia, meu senhor. Não vai mais! - sorriu.

E com um golpe, rápido e certeiro ele a atingiu, fazendo voar contra a parede, gritando de dor e medo.

– É o bastante. Vamos...temos muito o que fazer. - ordenou Laufey entediado.

– Claro, meu senhor. – disse o gigante mais velho se distanciando com ar vitorioso.

Antes de perder os sentidos, Mya percebeu que junto deles, a luz também se afastava cada vez mais dela.