Amuleto Da Sorte escrita por Luísa Rios


Capítulo 8
O Desfile e o Despertar


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu to tão animada que até esqueci de agradecer. Muito, muito obrigada pelas reviews avaliando a história, obrigada pelas recomendações. Eu to feliz de escrever essa fic e espero muito que vocês fiquem felizes em lê-la. Está aí mais um capítulo, eu espero que gostem.



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Assim que chegamos no centro de treinamento as carruagens já estavam a espera dos tributos. Apenas os do distrito um e três e quatro estavam lá. Não é preciso chegar na ordem dos distritos, mas geralmente os primeiros chegam primeiro. A Glimmer e o Marvel, do distrito um estavam com uma roupa rosa meio brilhante, com uma imitação de pelos, sei lá. Eu achei horrível. Os meninos do três, não lembrei o nome deles agora, estavam com uma roupa prateada e com um chapéu estranho na cabeça. Os garotos do quatro estavam com a roupa mais bonita dos três ali. Era azul clara e eles usavam uma coroa grande e bonita, feita com pérolas. Mal pude lembrar de associar o que os distritos fornecem com as roupas dos tributos quando mais gente começou a chegar. Não fiz questão de olhar a roupa de cada tributo. Quando todos já estavam lá os estilistas começaram a dar os últimos retoques.

Aria e Tory vieram pra perto de mim e Cato, dando risadinhas do mesmo jeito que deram quando Jonh “repreendeu” a gente. Eu e ele nos olhamos e reviramos os olhos não tomando cuidado com a percepção delas, que pararam de rir quase que imediatamente. Elas davam os últimos ajustes, arrumando o capacete – que quando eu chamei de capacete elas quase me deram um soco. “É coroa garota!” Tory dizia, ainda meio com raiva – os sapatos e armadura. Senti olhos em mim e me virei procurando. A garota do distrito 12, a que se voluntariou pela irmã, a que eu tinha que matar me olhava. Apenas observando, sem nenhuma expressão no rosto. Olhei pra ela com a pior cara que pude fazer. Ela se virou evitando meu olhar. Ela estava com um macacão preto colado no corpo. O garoto se vestia exatamente igual a ela. Quando me virei novamente vi que Cato também lançava olhares maldosos pra ela. Puxei um sorriso no canto da boca e ele retribuiu.

–Subam nas carruagens. – Aria falou. Olhei pra frente e vi os tributos do um já preparados para sair. Havia uma carruagem vazia logo atrás deles. Eu e Cato subimos. Não deu tempo de pensar em se segurar em alguma coisa. A carruagem já andara. Não caí por muito pouco, na verdade. A cidade circular era gigante.

No início tudo correu bem, eu acenava, palhaços – ou pessoas, dá na mesma - jogavam flores e sorriam. Até que tudo isso diminuiu muito, então olhei para os telões. Aquela coisa esfomeada do distrito doze estava pegando fogo. A roupa dela era feita de fogo, ou atearam fogo. Ela está pegando os patrocinadores pra ela, eu fiz uma cara tão ameaçadora pra mim mesma. Eu estava convencida de que mataria essa criatura. Olhei pra Cato e ele estava incrédulo. A carruagem parou. Já havíamos atravessado a grande passarela.

–Vou matar aquelas pragas magrelas e insignificantes do doze. – falei do jeito mais “educado”, porém matador. Cato balançou a cabeça assentindo, parecia tenso.

O presidente Snow deu as boas-vindas a nós, tributos, de uma bancada acima de nossas cabeças. A tela estava focando principalmente na cara magrela dos esfomeados. Cresceu ainda mais a vontade de mata-la antes mesmo de entrar na arena, uma pena que eu não possa fazer isso. Foi ficando mais escuro e as chamas das capas daquelas roupas ridículas clareavam a noite, fazendo todos olharem para eles. O hino tocou e eles mostraram o rosto de cada par de tributos. Quando vejo o meu – que apareceu rápido demais pro meu gosto – posso observar que estou com as sobrancelhas franzidas e mordendo os lábios, de modo que pareci ainda mais matadora do que eu deveria ser ou realmente sou. Dei um sorriso irônico, mas as câmeras já não estavam mais focadas em mim.

Voltamos ao centro de treinamento e descemos da carruagem. Aria, Tory, Jonh e Rick nos ajudaram a descer. Eles nos parabenizavam vagamente, olhando pros do doze. Olhei com uma cara tão feia para a esfomeada que Aria me pediu pra me conter.

–Brigas antes da Arena não vão te gerar patrocinadores.

–Quer saber? Eu não to nem aí pra esses patrocinadores. Eu sei me virar sozinha.

–Não testam só sua habilidade lá dentro, Clove. Você sabe disso. – bufei de raiva. Percebi o rosto tenso de Cato. Eu conhecia aquela expressão.

Mal chegamos ao andar do distrito dois e já pude começar a ouvir os altos estrondos. Cato se descontrolara. Ele batia a cadeira de vidro resistente – já trincando – na mesa também de vidro. Mais estrondos, a cadeira e a mesa se quebraram com a batida, enchendo a mão de Cato de sangue, isso não o parou por um mínimo milésimo. Eu fiquei um pouco surpresa, mas não por ele estar quebrando tudo, e sim por ele estar quebrando tudo agora. Eu estava surpresa com o fato dele conseguir se controlar por tanto tempo, mas fora isso eu já estava acostumada com essas explosões dele. Certa vez numa dessas, ele me jogou na parede. Foi a única vez – pelo menos assistida por mim – que ele parou antes de fazer um estrago significativo. Bom, eu e Jonh sabíamos que era um tanto normal isso acontecer com carreiristas de gênios mais fortes como o de Cato, mas Tory, Aria e Rick assistiam assustados ele joga uma das cadeiras restantes na parede.

–GAROTO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – disse Aria meio tremendo. “Ah, ele está só relaxando”. Deu vontade de falar. Que pergunta idiota. Dei risada e os três olharam pra mim – Jonh permaneceu calado e indiferente, como se estivéssemos numa reunião familiar natalina e ele fosse a criança cujo os presentes eram os piores.

–Só deixa ele. – falei ainda rindo, Cato não ligava pra nós ou para o que estávamos falando – Daqui a pouco ele para. – nesse ponto de minha vida conhecendo Cato eu já sabia que chamar, gritar, ou até bater (se você conseguisse) nele não daria o menor efeito, de nada adiantaria. Mas obviamente minha tranquilidade não diminuiu o temor nos olhares dos três capitalistas, que observavam estupefatos um Cato destruidor, mais matador e perigoso do que eles imaginavam.

–Ele vai destruir tudo, Clove! - Tory disse sem tirar os olhos dele. Com medo de que ele a atacasse.

–Ele só te ataca se você olhar muito. – falei colocando medo e ela arregalou os olhos. Ri alto.

–Faz alguma coisa! – ela continuou. Rick e Aria ainda olhavam atentos a ele, que agora jogava o vaso de flores no chão.

–Eu não posso fazer nada, querida. – falei imitando o sotaque da capital. Ela não pareceu se incomodar, ela estava mais preocupada com outra coisa.

–Acalme-o. – ela disse num tom de ordem, mas ainda um pouco amedrontada. Continuei rindo.

–Jura? Quer mesmo que eu faça isso? – fiz cara de tédio e desinteresse – Só posso te dar uma dica ta bom? – ela olhou pra mim – Fique onde está e espere alguns minutos. Ok? – ela balançou a cabeça. – falei e andei pela sala destruída em direção a meu quarto, passando por Cato, que socava a parede com as mãos sangrando, ele parecia um pouco – apena um pouco – mais calmo.

Meu quarto estava ainda mais arrumado do que quando o deixei para ir ao desfile. O desfile, ah isso me lembra uma coisa na qual me interessa muito: Matar a esfomeada do doze. Eu quero, preciso, consigo, posso, tenho e vou mata-la. Tentando decidir como seria o melhor tipo de tortura eu tirei minha roupa e coloquei uma camisola de seda, dessas bem leves que você mal sente em seu corpo. Sentei-me na cama para pensar. Era mais uma rotina do que um costume, talvez um vício ou uma necessidade. Eu sempre refletia sobre o dia durante a noite. Antes do sono e antes de escrever no diário – que se encontrava na cômoda ao lado de minha cama, com a caneta em suas espirais. Pensei se os Avox leriam algo daquilo, mas acho que não se atreveriam a tal ato.

Sentada na cama eu me vi cansada, não fiquei muito tempo “pensando” e muito menos escrevi no diário. Logo adormeci.

Eu corria rapidamente, fugia de algo no escuro. Tudo a minha volta era um borrão. Eu não sabia onde estava. Olhava para trás e só via o nada, o negro, mas sabia que tinha de fugir do que estava ali escondido. Depois de muita respiração árdua e dificultada pela adrenalina da corrida eu pude ver algo se movimentando no escuro. Primeiro pude ver os lindos cabelos loiros no vento que batia em seu rosto, pela rapidez na qual corria. Logo depois pude ver os olhos azuis escuros. Eles nada expressavam. Cato corria atrás de mim e meu extinto dizia que eu devia fugir dele.

Eu fugia de um garoto com roupas de tributo, porém ele não estava com nenhum sinal de arma. Eu estava na arena, fugindo de Cato. Eu corria rapidamente quando tropecei nas raízes superficiais de uma árvore grande, da qual não podia ver a copa. Cato se aproximou de mim e deu um sorrisinho campeão. Mas ele não veio para me matar, ele chegou perto para me ajudar a levantar. Ele erguia uma de suas sobrancelhas enquanto estendia uma mão pra mim. Eu a peguei e me levantei. Logo me vi com uma das minhas facas em minha mão.

Não era uma faca comum, era a minha. Que há muito tempo meu pai me dera e eu cedera a Cato em um de seus aniversários. A faca estava em minha mão e pude ver meu reflexo. Eu estava extremamente machucada. Vários cortes estampavam meu rosto corado da corrida, meu cabelo estava emaranhado e o pouco que pude ver de minhas roupas estavam sujas e rasgadas. Enquanto Cato estava perfeitamente perfeito. A faca em minha mão estendia-se cada vez mais, apontando para o pescoço de Cato. Ele continuava com seu sorriso presunçoso no rosto. Ataquei. Seu pescoço jorrava sangue e depois de uma de minhas decapitações pude ver a cabeça – ainda com um sorriso estampado no rosto – caída no chão e logo depois o corpo cai, na direção contraria. Um canhão soa alto.

Acordo suada e tremendo. Repreendo-me por ter pensado por um minuto sequer em deixar uma lágrima cair. Eu tenho sido muito meiguinha, fofinha, apaixonadinha. Isso tudo atrapalharia mais do que eu imaginava. Não consegui dormir tão suja do suor. Fui tomar um banho em plena madrugada. A água quente caiu como anestésico em meu corpo. Coloquei outra camisola – esperava que não me perguntassem o porque do uso de duas camisolas em apenas uma noite – e sentei novamente na cama. Peguei o diário e escrevi como foi o meu dia – e minha noite.

Escrevi desde a armadura gladiadora até as roupas dos tributos do doze pegando fogo. Escrevi sobre como os outros reagiram a mim e Cato e escrevi sobre o sonho. Escrevi também que desistiria de ter um resto de vida ao lado de Cato.

Sim, eu iria desistir. Eu abandonaria os beijos, os abraços, os carinhos. O sonho só me fez perceber o quanto seria ruim depois. Mesmo que eu não o matasse e vice-versa. Se um de nós ganhasse, ficaria pra sempre na mente aquilo que aconteceu no trem e nos primeiros dias na capital.

Tentei dormir de novo, mas não consegui. Decididamente não era medo de ter outro pesadelo. Era simplesmente a falta do sono. Eu fora dormir cedo e já eram cinco da manhã. Eu poderia ficar acordada até amanhecer. Que a propósito, era quando começavam os treinamentos.



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Notas finais do capítulo

Que gostou do "despertar" da Clove? Mandem reviews e digam o que acharam. Eu queria comentários mesmo sobre isso, pois não sei se fiz o certo ao escrever kkk Massssss como tinha que ter alguma coisinha, um drama k, eu despertei ela pra carreirista sem coração que ela sempre foi, ou que deveria ser. Obrigada a quem leu, de coração :)