A noite finalmente caiu, estava frio, Draco terminava de se arrumar, vestindo mais de um casaco e um cachecol. Foi em direção ao Salão Principal, ele estava com fome, precisava comer, mas estava tão quieto, mais misterioso que o normal... ele pensava sobre sua mãe, sempre sua mãe, ele não queria que nada a acontecesse por causa dele e pensava em Hermione, de novo. Por que Hermione? Por que justo ela?

Ele a beijava, passava as mãos pelo rosto dela, passando a segurança que ela precisava... e por um momento só existiam os dois ali e...

Os pensamentos de Draco foram interrompidos porque ele esbarrou em alguém, Hermione, estava com as bochechas rosadas, provavelmente por causa do frio, usava várias blusas de frio também e uma touca nas cores da Grifinória... Grifinória, mais uma coisa em que eles eram diferentes.

- Desculpa, você tá bem? – ele perguntou num tom mais calmo e mais preocupado do que preferia.

- Tudo bem, eu to bem – ela sorriu fraco.

- Indo jantar?

- Sim, e você?

- Também, é...vamos?

- O que? Ah, sim, vamos. – Hermione disse saindo de seu pequeno transe.

Os dois chegaram juntos no Salão Principal, causando olhares de surpresa, de duvida e de curiosidade, e um olhar sábio de Dumbledore que deixou Hermione desconfortável.

Eles se sentaram e logo um banquete enorme surgiu na mesa, todos comiam e conversavam, os dois não falavam muito, aliás, não falavam nada, apenas concordavam com o que os outros falavam e riam de vez em quando. Todos saíram dali aos poucos, Dumbledore foi o primeiro, pois tinha “assuntos a tratar”.

Aos poucos só sobraram Draco e Hermione, se entreolhando, perdidos em pensamentos sobre eles mesmos.

- Sinto muito pelo seu pai – Hermione conseguiu dizer.

- Não sinta.

- Ele está cego, e uma vez que se serve a Vol... ao Lord das Trevas, você não pode mais voltar atrás, no fundo ele só quer proteger vocês.

- Não, ele não quer! Quando eu nasci meu pai já servia a ele... – Draco se exaltou.

- Sinto muito.

- Já disse, não sinta.

- Então é por isso que você é assim, frio e... – Hermione disse mais para si mesma do que para Draco, mas ele a interrompeu.

- Provavelmente isso ajudou muito na minha frieza.

Por que mentir?É a verdade, eu sou frio.

- Pelo menos você, hã, admite...

O silêncio predominou até que Hermione falou novamente, perguntou o que queria perguntar havia dias, muitos dias.

- Draco o que você viu em mim?

- Hã?

- Pra você me beijar, se abrir pra mim, ficar tão próximo assim de mim...

- Eu não sei. – Draco respondeu sinceramente. – No começo, não sentia nada, admito, mas depois eu senti uma necessidade de ter você. Quanto a confiar em você, bem, você não me parece o tipo de pessoa que sairia contando meus segredos por aí. – ele riu sem graça.

Legal Hermione... é só fingir que você entendeu tudo mesmo só tendo mais certeza de que está perdida e não entendeu nada.

- Eu não sei porque fiquei próximo de você, droga! – Draco disse frustrado – Eu só precisava ficar então... fiquei.

- Eu sou sua amiga então?

- Não. Você é mais do que isso, acho que sabe disso...

- Na verdade eu não sou não. – Hermione riu pelo nariz.

- É sim, você é meio que o oposto de mim... você é totalmente o oposto de mim e mesmo assim você me entende, temos mais em comum do que gostaríamos de admitir. – Draco disse sério.

Hermione não respondeu.

- Tão inteligente para uns assuntos e tão lenta para outros, Granger... – Draco sorriu divertido. – De qualquer forma, obrigada por me ouvir e pelos conselhos.

Draco se aproximou da morena e acariciou seu rosto delicadamente fazendo-a sorrir como boba, então ele beijou-a no rosto, um beijo sincero, não, dessa vez ele não queria seus beijos cheios de desejo, ele só estava agradecendo, de verdade.

Assim ele saiu do Salão Principal com um de seus pensamentos bem estranhos, mais um que ele não entendia.

É Draco, parabéns, você conseguiu ser idiota o suficiente para enganar uma garota... e enganar a si próprio.