Pov Edward

– E então o que está esperando?- Jasper socou a mesa em revolta – FALE LOGO!

O homem continuava com um ar de deboche. Ele provavelmente sabia que se estivesse falando a verdade não iríamos fazer por enquanto nada com ele. Por enquanto.

– Calma aí ciganos. – puxou o copo vazio a sua frente – Aceito mais uma dose. – bufei irritado.

Não estava mais agüentando olhar a cara daquele verme. Por isso somente meu pai, Jacob e Billy participavam das negociações. Participávamos apenas quando as vontades dos malditos haviam sido atendidas.

Emmet embora calado de segundo em segundo soltava um silvo e serrava os punhos.

Estávamos na biblioteca do castelo. Após a conversa na praça nosso pai decidiu trazê-lo até aqui para pegar a quantia e termos mais privacidade.

Tínhamos ido chamar Billy mas não o encontramos em lugar algum na praça.

– Ouça já demos o que queria - meu pai se levantou e circulou a mesa. - Sou muito benevolente mas a paciência de meus filhos já está se esgotando,e temo não ser possível controlar a todos no mesmo tempo.

Fitávamos com grande fúria o lobo e sorri em satisfação quando um arrepio percorreu seu corpo ao fitar os olhos negros de Jasper tão próximo a ele.

– Tudo bem, afinal quanto mais tempo ficar aqui eles podem sentir minha falta e fugir do local.

Meu coração perdeu uma batida com essa possibilidade.

– FALE LOGO SEU MISERÁVEL! – segurei seu pescoço apertando firmemente.

– Calma Edward, solte-o. - meu pai puxou meu braço. Suspirei derrotado passando minhas mãos pelo meu cabelo.

– ESSE FILHO DA PUTA ESTÁ BRINCANDO COM A GENTE! – berrou Emmet do outro lado da mesa.

Batidas na porta nos chamaram a atenção.

– Carlisle não encontrei Billy em nenhum lugar no castelo – Jacob disse ao entrar na sala.

–Ok, não podemos mais esperar e então? - virou para o lobo.

Vi quando Jacob que estava ao meu lado apertou um botão vermelho embaixo da mesa. Provavelmente ligando alguma câmera para gravar a conversa.

–Há algum tempo atrás... – o lobo finalmente resolveu falar dando uma risadinha - um cigano chamado Phill veio me procurar, disse que precisaria de alguns lobos para um servicinho fácil e rápido, que está levando a porcaria de dezessete anos. – sorriu e puxou outro cigarro.

– Phill é o nome do meu tio – Jacob sussurrou pra mim. Após o desaparecimento de sua família eles decidiram ir embora para outro país por temerem alguma reação de outros lobos e embora meu pai tivesse oferecido o castelo para morarem não aceitaram. E nem mesmo levar Jacob.

Vinham apenas nas reuniões anuais como todos os pertencentes do clã espalhados pelo mundo.

– Ele levou a mim e mais dois lobos numa clareira que não era muito longe daqui na época. Lá estavam três crianças,três meninas sendo cuidadas por uma cigana idosa.

–Pensei que quisesse que a devorássemos, hahahahahahah – soltou uma gargalhada.

– FILHO DA PUTA!!!! – Emmet e eu dissemos juntos partindo pra cima dele. O homem deu um salto da cadeira, indo parar em cima da enorme estante. Como se a altura fosse nos deter.

– Ei ,eu estava com fome.Um lanchinho não ia me fazer mal. – continuou com o deboche.

–SEU MALDITO! – Jacob gritou expressando a indignação de todos nós mais precisávamos ter a localização delas e depois acabaria com esse crápula.

– Calma aí ciganinho – saltou da estante parando ao lado de Carlisle. Deu mais uma tragada no cigarro. - o que aconteceu é que ele queria que um de nós fosse pai das meninas enquanto os outros as vigiassem até poderem tira-las do país.

–TIRÁ-LAS DO PAÍS? – Jasper disse coma voz perplexa.

–Mas não as tiraram; estamos todo esse tempo seguido pistas delas e ainda estão no pais – afirmou Jacob.

–É claro que estão. – disse o homem após outra tragada - o rei aí cercou todas as saídas do perímetro e não conseguimos tira-las,o que aumentou muito ao longo desses anos foi o numero de seguranças para elas além de estarem sendo negociadas com outros clãs.

– E quais são os clãs que estão envolvidos nisso? – perguntou meu pai ainda usando diplomacia , assim que soubéssemos quem eram os clãs, com certeza sofreriam conseqüências.

– Isso eu não sei. Era um assunto que não passavam para nós.- deu uma longa tragada acabando com o cigarro.- E o pior é que a cigana se afeiçôo as meninas. Sei que ela está armando alguma coisa e antes que eu saia perdendo nessa historia é melhor garantir o meu.

– Mas Rosálie já tinha certa idade e ela sabe que vocês não são nossos pais. Onde eles estão?.- perguntou Jacob

– Mortos. – disse de forma simples - Phill os matou.

– Mentira. – a voz de Jacob saiu embargada.

–Não estou mentindo cigano; ele os matou na minha frente e de Diana para que a magia desse certo.

– O que? - perguntou Jacob.

– O casal estava preso a uma arvore no bosque próximo. Ele trouxe uma cigana que fez o feitiço da clarividência e sabem que para isso precisaria do sangue deles ainda vivos clamando pela vida para que fizesse efeito. - era incrivel a satisfação do lobo ao proferir estas palavras.-Dentro do local de até 100 mts,as meninas nos veriam semelhantes aos seus pais - Jacob começou a chorar .

–Eu não acredito. – murmurou passando as mãos no rosto.

–Problema seu se não acreditam só estou contando por que precisarão saber disso quando as encontrarem.

– E por quê? - a voz de meu pai saia muito calma. Um soberano como ele, não admitia aquela crueldade. Alguma coisa ele tinha em mente.

– A cigana desde cedo fala com as meninas em outra língua, uma que não entendo e é somente essa língua que elas entendem. Sei que ela não contou a verdade para as meninas pois ficam me abraçando. Arghh.- soltou um lamurio de desprezo para o carinho delas, e a cada hora a vontade de socar aquele infeliz só aumentava - Me chamam de dadim que acho que é pai.

– Dadim... – meu pai disse como se pra si mesmo - é a língua cigana asteca; uma língua muito antiga.

–O senhor fala?-perguntei.

– Não, ninguém do clã fala.Teremos que falar com Zafrina.- disse Carlisle.

– Vou reunir a equipe. - Jasper falou, mas usou a velocidade vampirica abrindo a porta. Para nosso espanto derrubando Billy que estava escorado nela.

– Billy? – Jasper falou e olhamos sério para ele. A peça que faltava parecia ter se encaixado. Billy estava ouvindo atrás da porta.Todas nossas missões haviam falhado como se alguém os alertassem que estávamos próximos.

De repente tudo aconteceu muito rápido.

No mesmo instante o homem grunhiu ao reconhecer Billy se transformando no lobo. Sem esperar Billy puxou uma adaga jogando em direção a ele; meu pai que estava próximo ficou na frente do lobo.

Seu ombro foi atingido pela ponta da adaga e como o lobo estava mais alto foi atingido no pescoço pela lamina. Jasper acertou um soco em Billy que bateu no outro lado da parede. Corri para o lado de meu pai que segurava o ombro.

– Rápido... chamem a curandeira. – meu pai disse com uma carranca de dor - ainda não temos a localização delas.

Fui até o lobo e puxei a adaga do pescoço dele que soltava uivos de dor enquanto se contorcia no chão e com a outra mão tampei o corte. A adaga era feita de diamante, só assim poderia ter ferido meu pai. Senti o cheiro. Estava banhada de cicuta.

Jasper desferia socos e chutes no corpo já desmaiado de Billy. Enquanto Jacob tentava segurá-lo. Emmet voltou com Zafrina no colo e uma bacia cheia de ervas.

–Por santa Sarah Kali –falou aos e ajoelhar próximo a meu o pai.

– Não... primeiro ele Zafrina.- apontou para o lobo.

–Não... adianta mais... - o lobo disse - segurou minha mão que ainda apertava seu ferimento- elas... estão... no... Condato de ...Monte Zigfrield....próximo ao rio. – ao dizer isso desmaiou.

Senti um choque percorrer meu corpo. Condado de Zigfreld.

– Ande logo... reúna a equipe - a voz de meu pai me tirou do torpor, ele já havia se levantado e segurava o corte;se apoiava na mesa.

– Deixe menino, deixe- Zafrina tirou minha mão do ferimento derramando no local o banho de ervas.

– Pai você não está bem- Emmet segurou o braço de Carlsile dando apoio.

–NÃO ME OUVIRAM, REUNAM AS EQUIPES AGORA!. –Carlisle nos olhava serio e sua voz de comando saiu fria, como de um soberano vampirico.

Emmet e eu corremos e no caminho puxamos Jasper que ainda estava no corredor com o corpo ensangüentado de Billy. Seus músculos estavam já sobressaltando na roupa.

– Ele ainda está vivo -disse Jacob sentindo a pulsação de Billy - precisamosinterrogá-lo e descobrir porque fez isso.

– ME SOLTEM – falou com a voz já transformada pelo vampiro - VOU MATAR ESSE TRAIDOR!!

–Primeiro vamos buscar elas depois acertamos a conta com ele- Emmet disse enquanto usávamos todo a força para puxar Jasper.

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Foram precisos quatro jatinhos para o transporte da equipe. Ainda bem que foi feito de madrugada mesmo ou levantaria muitas suspeitas se todos na festa vissem que os homens da guarda tinham saído despercebidos. Não queríamos que vazasse mais nenhuma informação.

Durante o vôo passamos novamente o mapa e os locais que cada equipe avançaria, quando estivesse em solo seria apenas para passar a equipe. Carlisle também veio. Não era comum vir conosco, pois sempre tinha alguns problemas para resolver do clã.

Ainda faltava cerca de uma hora para aterrissarmos e Jasper decidiu dormir um pouco.

Foi preciso uma nova dose de verbena para controlar sua sede que desde a praça já começava a consumi-lo. Seus olhos ainda estavam escurecidos mais o corpo estava na forma normal.

Meu pai e Jacob passavam mais algum detalhe no mapa e fui me sentar ao lado de Emmet.

– Sabe, pela primeira vez estou com medo. -Emmet disse tão baixo que olhei pra ver se estava falando comigo.

Olhava para a janela do jatinho que voava sobre as nuvens rosadas com o nascer do sol. Chegaríamos lá pela manhã.

–Eu sei do que está falando. – eu disse - medo que quando elas estiverem tão próximas não consigamos nos controlar e coloquemos a vida delas em perigo.

–Exatamente isso. – fraziu os lábios - Todo esse tempo elas estiveram afastadas quando na verdade tinham que estar perto de nós, para o controle da nossa sede por elas. E se nós formos.....

– O verdadeiro perigo. - completei a frase de Emmet que sorriu sem dentes em resposta. Soltou um longo suspiro e voltou a olhar a janela. Ficamos em silencio imaginando quando a encontrássemos.

E se fôssemos o real perigo para elas?

Só em lembrar do perfume do fio de cabelo dela ... fechei os olhos avivando ainda mais a lembrança. Tinha que me controlar; não me perdoaria se eu mesmo fizesse algum mal a minha ciganinha.

Coloquei a mão no bolso de meu casaco tirando a foto. Sorri e encostei-a em meu peito; finalmente parecia que teria um fim.

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O Condado de Zigfrield era um local frio pra caralho. O que só aumentava por ser época de inverno. As montanhas estavam cobertas com neve o que dificultaria nosso acesso até o outro lado.

Todos estavam vestidos como uniformes pra enfrentar a baixa temperatura.

Assim que desci do jato minha equipe me seguiu. Paramos estrategicamente atrás das montanhas. Um pouco atrás do rio. Só havia um rio que cortava o grande Condado e o barulho dos jatos poderia alertá-los da nossa presença.

Teríamos que seguir o resto do caminho a pé mesmo. Mostrei o mapa à eles indicando o caminho que seguiríamos. Como sempre não sabiam que envolvia as prometidas, para eles seria apenas de mais uma caçada aos sukings.

Embora estivéssemos em um maior numero, achei melhor um cigano com um vampiro dessa forma além de um cuidar da retaguarda um do outro num ataque direto seria mais seguro para nossos irmãos ciganos.

– Vamos enfrentar cerca de 40 lobos e 8 vampiros. – seria uma missão arriscada e não estava em meus planos perder nenhum deles - Estamos em maior numero, mas sabem que por se tratarem unicamente de lobos e vampiros a ordem é não se separar do grupo. Não abandonar seu parceiro. Nunca. REPITO; nunca deixar o parceiro sozinho. Somos uma equipe.

Todos assentiram e se posicionaram. As demais equipes seguiram para seus locais, ajeitei o comunicador no ouvido e logo a ordem foi dada.

– Avancem! – meu pai que estava com Emmet deu a ordem. Jacob ficou num dos jatos vigiando por satélite com o equipamento de sensor preso ao de cada equipe. Assim que chegássemos próximo do local uma onda de calor emitiria o sinal para Jacob que nos avisaria.

Seguimos pelo lado oposto da montanha enquanto a equipe de Jasper ia para o lado paralelo ao nosso. Emmet avançava no meio com a equipe. Dessa vez levávamos 80 homens; estávamos apostando alto. Era tudo ou nada.

Conforme contornávamos a montanha o acesso ao caminho foi ficando mais difícil. A neve prendia nossos pés que afundavam na grossa espessura.

Embora o sol já estivesse alto e o céu azul, sem uma nuvem se quer, o frio era congelante.

Imaginava como estariam elas no meio desse iceberg.

Minha vontade era de atacar logo de uma vez mais não podia agir precipitado e por tudo a perder. A comunicação estava sendo feita entre meu pai e Jacob; nós apenas a ouvíamos. Meu pai que avisaria o momento exato.

Já próximo ao final do contorno da montanha, ouvi Jacob falar.

– Ok , eles estão muito próximos e possuem veículos...e... espera ...é um helicóptero. – a voz de Jacob ecoou no microfone preso em meu ouvido.

– Não esperem mais Edward, avance – disse meu pai no microfone.

Sem mais esperar dei a ordem.

– AGORA!- avançamos rapidamente o restante da montanha. Lá do alto avistamos alguns lobos transformados e outros na forma humana. Carregavam dois caminhões com grandes caixas.

Devido ao frio e o vento cortante a audição deles ficou prejudicada e por isso não perceberam que estávamos próximos.

Minha equipe é a que deveria ficar mais próxima para o ataque pois com os vampiros as armas de Jasper e Emmet apenas os paralisariam momentaneamente.

Quando já estávamos bem próximos o helicóptero e um caminhão deram partida.

Do outro lado avistei a equipe de Jasper que começavam a lançar as flechas. Ouvíamos as balas traçantes da equipe de Emmet passarem por nossas cabeças em direção a eles.

Rápido demais avançamos cortando ao meio vários deles. Os lobos nos atacavam mais em milésimos de segundo eram destroçados.

Ainda corri com mais dois da equipe atrás do caminhão, mas fomos barrados por dois vampiros e três lobos. Consegui me desviar mas ouvi um lamurio de dor de Bartolomeu, um soldado meu. Olhei e vi que sua perna havia sido quebrada e o vampiro partia pra mais um golpe. Os demais estavam ocupados com os outros lobos.

Ergui minha espada e muito rápido decepei sua mão para logo em seguida separar sua cabeça do corpo.

A neve branca se misturava com o intenso vermelho derramado dos corpos.

Olhei ao redor e parecia ter acabado. O caminhão a essa altura já devia estar longe assim como o helicóptero.

– NÃO ACREDITO... QUE PORRA! – gritei.

Emmet veio pra perto de mim.

– O CAMINHÃO CARALHOOO!! – me empurrou – PORQUE VOCÊ NÃO FOI ATRÁS? - disse se afastando.

– EU TENTEI PORRA.... mas tive que voltar... não consegui. – entendia a revolta de Emmet; eu também me sentia assim.Estava tão perto.

Meu pai que estava atrás de Emmet parecia olhar para outro lado indo em direção ao local.

Cai de joelhos com as mãos no rosto.

Emmet deu um chute num tronco de um dos lobos que voou longe.

Levantei a cabeça e a equipe nos olhava.

– Reúnam os corpos. RÁPIDO! – ordenei.

Jasper chegava com a equipe.

– E??? - perguntou com os olhos negros. Neguei com a cabeça. - Esse cheiro...- disse inflando as narinas e olhando para os lados.

Olhei pra ele e muito rápido se transformou.

– ELAAA- sua voz saiu transformada na criatura sombria, seu corpo triplicou de tamanho e os músculos saltaram do uniforme.

Como uma flecha Jasper passou por mim, indo na direção que meu pai estava.

Uma caixa grande estava sendo aberta e de lá tive um vislumbre de uma moça bem magra e de cabelos longos caramelos. Chorava amedrontada.

Tarde demais percebi que era a prometida dele.