Pov Isabella

– Como assim desfazer o enlace? – perguntou Esme espantada. – O que meus filhos sentem por vocês é um sentimento que vai além do laço. É um sentimento além dessa vida. Eles as amam verdadeiramente e não será libertando do enlace que eles vão simplesmente esquecê-las. Que eu vou esquecer das minhas meninas. – disse com doçura.

– Esme sentimos muito ...

– Já disse milhões de vezes, vocês para mim são como filhas e eu jamais deixo meus filhos para trás.

– Mas então? O que podemos fazer? – perguntou Rose.

– Desfazer o enlace está fora de cogitação – Esme negou com a cabeça. – Daremos um jeito queridas, daremos um jeito... – respirou fundo e por um longo tempo fitou o chão.

Ouvimos algumas batidas na porta e em seguida foi aberta.

– Com licença majestade.- disse Matilde entrando no quarto com dois grandes embrulhos – O quarto estava trancado e por isso demorei com os vestidos.

– Obrigada Matilde. – disse Esme pegando os embrulhos e colocando sobre a cama. – Me faça um favor querida? Chame Zafrina e Alice aqui.

–Sim, minha senhora.-Matilde assentiu e saiu do aposento.

– Lamentamos por tudo isso Esme. Se houvesse um modo de....

– Nem complete o que iria dizer Isabella. O que eles querem e precisam é ficar com vocês. Tambem não lamentem nada queridas. Vocês foram apenas usadas pela mente doentia delas.– disse pensativa. - Há muitos anos atrás elas trouxeram um grande mal para este planeta. Muitas vidas foram perdidas, inclusive a da minha avó. – seu olhar parecia perdido em um tempo distante.- Não suportaria se elas fizessem mal a vocês. Naquela época eu era muito nova não tinha tanto conhecimento como tenho hoje da magia.

– Rainha – disse Zafrina entrando sendo seguida por minha irmã. Alice usava um corpete de cor amarela bem justo que realçava o busto e uma saia branca. Na cabeça um lenço de cetim amarelo.

– Alice! – Rose e eu gritamos enquanto a abraçávamos. Não sabíamos qual seria nosso futuro a partir daquele instante e sem mais nem menos começamos a chorar. De novo.

– Voces estão lindas! – disse Alice retribuindo nosso abraço. – Fico muito feliz por vocês!

Do outro lado, ainda próximo a porta observei Esme conversando com a feiticeira.

–Nós... contamos – balbuciei – contamos sobre o acordo.

Os olhos verdes de Alice quase saltaram e seu rosto assumiu um tom ainda mais branco enquanto se atentava em nossos rostos.

– Ela... nos odeia. – afirmou sussurrando.

– Não. – disse Rose a acalmando - Ela disse que vai nos ajudar. – o rosto de Alice se transformou num misto de alivio e confusão.

– Se quando o enlace final for feito – disse Zafrina se aproximando - e elas estiverem no corpo de vocês a alma que se unirá com a dos príncipes será a delas.

– Por isso elas disseram para se guardarem até o casamento, assim na hora do enlace tomariam o corpo de vocês. Elas sabem que é nossa tradição a intimidade somente após o casamento. Com o acordo de sangue não teria como dar errado.- explicou Esme.

– Todos os feitiços com sangue são muitos difíceis de serem desfeitos. Precisaria de mais tempo para preparar um. – Zafrina nos olhou apreensiva - Quando o acordo foi feito estavam aqui ou no mundo sombrio?

– Foi feito naquele lugar sombrio. – respondi.

– O que foi feito lá não pode ser quebrado aqui. – disse de um jeito desamparado. – Tem algo que podemos fazer mas não é certo que protegerá Alice.

– Então não faremos. – disse num tom firme.

– Não podemos deixar que nossa irmã pague pelo que fizemos juntas. – concordou Rose.

– Esperem - disse Alice – ela não deu certeza que não me protegerá....

– Alice....- comecei mas fui interrompida.

– Não vamos dar esse gostinho para elas. Se tem algo que podemos fazer para dificultar a vida delas aqui não vamos perder essa oportunidade. – respondeu ela.

Sabia o que ela estava fazendo; nos protegendo enquanto brincava com a própria sorte, servindo de isca.

– Ei, acalmem-se meninas. – pediu Esme - Não teria um outro Zafrina?

– Teria Rainha, mas serão necessários alguns dias para que eu reúna os ingredientes necessários para a magia.

Ficamos em um silencio desconfortável por um tempo que me pareceu uma eternidade.

– Muito bem. – Esme segurou as mãos de Alice e olhou em seus olhos – Vou lhe dizer o que eu sei. As chances desse feitiço de protege-la são quase nulas caso evoquem Bianca. A única coisa que posso lhes garantir é que ela não sairá do castelo. Eu prometo isso pra vocês, com minha propria vida. E que Santa Sara nos ajude para que elas fiquem onde estão. Assim que a comemoração acabar cuidaremos disso.

– Obrigada Esme, confio em você.

Senti uma dor intensa em meu peito como se um vazio, um grande buraco estivesse ali. Tinha que dar um jeito de proteger Alice, só que ainda não sabia como.

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Enquanto Zafrina preferia o feitiço, Esme lhe entregou três anéis comuns que havia pego na bancada. Ela mergulhou-os num liquido claro cheio de ervas. Na mesma hora os anéis dourados, ficaram pretos.

– Cada uma pegue um anel. – ordenou - Deve ficar em seus dedos até que eu faça o outro feitiço. Não o tirem de modo algum. – alertou Zafrina.

Peguei o anel escuro de espessura media. Não sei porque mas pareceu que meu dedo pesava uma tonelada com o aro ali.

De repente a porta rangeu e um vento frio rodopiou pelo quarto me arrepiando dos pés a cabeça.

– Esme, - chamou Leah com a cabeça pra dentro do quarto.- Já está tudo pronto.

– Obrigada minha filha. Espere mais meia hora e pode nos anunciar. – Leah assentiu e fechou a porta.

Como em sincronia todas nos olhamos com varias perguntas silenciosas, mas não dissemos nada a respeito. Fiquei perdida em pensamentos até que ouvi Esme me chamar com um lindo vestido nas mãos.

Pov Edward

Quando adentrei no grande salão, me espantei com a quantidade de pessoas ali. Acho que o convite boca a boca surtiu efeito. E olha que havíamos planejado a festa no jardim por ter um espaço mais amplo. Mas pelo visto não foi suficiente.

Nem bem cheguei aos pés da escada e já fui felicitado por dezenas de pessoas. Reparei minha equipe espalhada pelo ambiente assim como a de Emmet e Jasper. Todos estavam uniformizados já que resolvemos aumentar a segurança do castelo. Tudo pela segurança... Delas.

– Hey, meus parabéns. – disse James parando a minha frente prostrando continência. – General.

– Pare com isso. – puxei sua mão dando um abraço-macho. – Hoje é dia de festa meu amigo e mesmo que estejam a trabalho, sabe que é muito importante ter todos vocês aqui.

– Eu sei Edward – retribuiu o abraço - também é muito bom saber que as coisas terminaram bem para vocês.

– É... – peguei duas taças na bandeja do garçom que passava e entreguei uma à James- finalmente terminaram. Um brinde a finais felizes. – brindamos.

– Argg...champagne é coisas pras mulheres.- reclamei olhando a taça intacta de James.

– Estou a serviço chefe. - disse colocando a taça num móvel próximo mas com uma enorme careta no rosto.

– Não se preocupe amigo, vou mandar lhe trazerem um suco.- falei brincando. – Por que não me acompanha enquanto eu procuro uma caneca de vinho?

James foi comigo em direção ao jardim e no caminho pegou dois copos generosos de suco

– Como está a segurança do perímetro? – perguntei de modo despreocupado.

– Tudo ok. Designei mais cinco caças para ficarem a postos e dobramos o numero de homens nas fronteiras. Quanto a cidade real, a cada duzentos metros tem um homem preparado.

– Ótimo.- me virei para James já no portal para o jardim. – Me mantenha informado. – coloquei uma mão em seu ombro - Confio em você.

– Obrigado general. Pode aproveitar a festa de seu casamento. – prostrou continência e saiu.

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Havia deixado os acertos finais com o restante do pessoal enquanto Emmet e eu fomos nos arrumar. Admito que eles capricharam na decoração. Estava tudo muito bem feito, tudo digno da minha princesa cigana.

O local estava iluminado por vários pontos de luz com tochas brilhantes, algumas mais altas que as outras. As mais baixas tinham um tom esverdeado que mesclavam com as plantas. Obra das feiticeiras; nada como um pozinho mágico pra dar efeitos especiais.

Como no salão, o jardim estava abarrotado; ao meio, sentados em um pequeno circulo, vários ciganos tocavam os instrumentos com as mais belas musicas ciganas de nosso povo. Algumas mulheres já dançavam timidamente já que a festa em si só começaria após o casamento.

Continuei recebendo mais parabéns e seja muito feliz por onde passava até que vi Emmet dentro da tenda. Sua vestimenta era semelhante a minha, com um casaco preto comprido bordado com fios de ouro, blusa de cetim vermelha e caça branca, além de uma faixa preta na cintura. Conversava com um dos homens de sua equipe.

Só na tenda haviam mais de dez mil flores espalhadas em formas de arranjos. Deixavam uma fragancia doce, quase inebriante. Ahh...respirei fundo. Me lembrava muito o cheiro de Isabella.

Muitas almofadas estavam espalhadas pelo chão e pelo meio corria um carpete vermelho que levava até um pequeno altar, onde mais centenas de flores brancas o rodeavam.

Assim que me viu, Emmet dispensou seu soldado.

– Tudo em ordem?- perguntei.

– Tudo, apenas modificando uma ou duas coisas para manter a paz. – tomou o resto do vinho na taça – Pelo menos por esses três dias. – assenti.

O casal weber se aproximou nos parabenizando. Logo atrás deles, Victoria, com um rosto glacial, me fitava. Não me lembrava de ter convidado as donates, não por desconsiderá-las, pelo contrário, em qualquer festa elas seriam bem vindas. Menos em nosso casamento. Nós três não só já havíamos nos alimentado delas como em outros tempos, desfrutado de beneficios carnais. Ao contrario do que sentíamos por nossas prometidas.

– Felicidades Edward. – disse me abraçando – me esquivei do abraço tocando seu ombro.

– Muito obrigada, Victoria. Embora não me lembro de tê-la convidado. – disse ríspido lutando para manter o sorriso em meu rosto.

– Edward... sinto sua falta. – sussurrou.

– Já que está aqui, aproveite festa. – desconversei.

– Nossa! – gritou Emmet ao meu lado tentando descontrair– Esse cheiro está me dando uma vontade louca de agarrar minha Rose.

– Engraçado. – sorri – Só consigo sentir o perfume de Isabella em todas as direções.

A minha frente  Victoria bufou de ódio.

– Se depender de mim, você nunca terá felicidade ao lado dela. – ameaçou.

– Faça alguma coisa contra Isabella e acabo com sua raça...- Emmet segurou me braço.

–  Victoria leve esse arranjo para aquela mesa. – Emmet ordenou sorrindo mas num tom bem sério. Pegou um dos arranjos do altar e empurrou contra  Victoria para que ela saísse. O corpo dela parecia tremer quando segurou o arranjo e saiu.

– Quem essa maldita pensa que é pra vir até aqui me fazendo ameaças? – esbravejei.

– Calma mano, relaxa. – me entregou uma taça de vinho pega não sei onde – Tem gente olhando. – apontou para uma das mesas ao canto com Jasper, Jacob e nosso pai. Olhavam em nossa direção mas com o olhar distante.

Caminhamos até lá e eu ainda pensava em maneiras de expulsar aquela maluca do castelo.

– Por que estão escondido aí? – perguntei puxando uma cadeira para me sentar.

Jacob deu uma rápida olhada e logo em seguida para meu pai que assentiu.

– Não queremos falar disso agora, afinal é o dia do casamento de minhas irmãs com vocês manés. – brincou – Mais fui trocar de roupa e percebi que alguém mexeu nos meus arquivos do Clã. – finalizou em tom sério.

– E quem mais além de você sabia da localização? - indagou Emmet.

– Somente Leah e eu. Alguém mais teve acesso; só me resta descobrir quem?

– Leah não recebeu nenhuma visita enquanto você estava fora? – perguntei mas já sabia a resposta. Agora mais do que nunca teria que ficar de olho nela. Só não imaginava o motivo dela vender seu próprio clã.

– Não ela disse que não foi ninguém lá. – nos fitou – Não acredito! Continuam cismados com ela? – perguntou incrédulo – Leah jamais trairia minha confiança. – garantiu.

– Claro. – disse Carlisle tocando seu braço – Leah é uma boa menina e tenho certeza da sua índole. Vamos tratar desse intruso mais tarde. -disse em tom apaziguador.

– O jeito é beber enquanto as noivas não chegam. – conclui entornando todo o conteúdo da taça garganta abaixo.

Passamos mais um tempo ali e vezes ou outras Emmmet e eu dávamos mais uma volta pelo castelo para recepcionar os convidados e nos interarmos sobre a segurança. Acho que já estava na décima rodada de vinho depois de mais um tour. Estava quase bêbado. Quase.

Jasper bebia e cantava junto com os homens na roda que agora era bem grande com cerca de cem homens e uma grande fogueira ao centro. Arrancava risadas minha e de Emmet com sua voz de taquara.

– Vocês já beberam muito. – disse Carlisle nos puxando – Andem vamos andar um pouco, antes que a mãe de vocês me mate.

Após algum tempo, suficiente para queimar o álcool em nosso corpo, vi Leah se aproximando de Jacob.

– Esme pediu para você ir até lá. Elas já estão prontas. – disse com a voz alta para que ouvíssemos.

Em saber que em instantes tomaria Isabella como esposa deixou meu peito com batidas frenéticas.

– Muito bem. Chegou a hora. – Jacob deu um beijo no rosto da esposa e foi para o interior do castelo.

Emmet e eu nos posicionamos no altar para espera-las. Grande parte de nosso povo ficou ao redor da tenda e os mais velhos no interior. Carlisle e Jasper apareceram ao nosso lado e logo minha mãe com Alice, ficando ao lado deles. Jasper parecia em transe admirando Alice, o que a deixou bem vermelha. Entrelaçou seu braço com o dela. Ninguem havia perguntado sobre seu secreto enlace. Todos na verdade sabiam, mas ninguem o julgara. O que nos importava é que eles estavam felizes.

O som único dos violinos anunciou a entrada delas. Após alguns segundos a vi. Estava do lado esquerdo de Jacob, ao centro, com Rosalie do outro lado. Seu rosto estava radiante; havia emoção, carinho e só pude olhar com mais admiração para aquela menina de grandes e intensos olhos marrons que em breve se tornaria minha mulher.

Os vestidos eram quase iguais. Vermelhos bem justos no busto bordado com pedrarias semelhantes a das pequenas coroas em suas cabeças. Mimos dados por Emmet e eu. A partir da cintura se abria uma longa saia rodada com babados de renda e detalhes dourados sobre tecido na mesma cor. As mangas bufantes iam até metade dos braços também com detalhes. O veu com tecido transparente vermelho estava preso no alto com o comprimento até o chão.

Jacob me entregou a mão de Isabella e depois a de Rose para Emmet. Sentia os olhares felizes de nosso povo sobre a gente e mesmo embora ouvisse o ministro celebrando a cerimonia, não conseguia desgrudar os olhos dela. Minha vontade era que pudesse carrega-la pra longe dali e ficar a sós com ela. E ainda tinha que esperar três dias.

Quando finalmente fui autorizado, segurei o rosto de Isabella dando um leve roçar de lábios. Isabella fechou os olhos e com a boca entreaberta não só senti seu hálito quente de encontro a mim como o delicioso sabor de seu sangue me chamando para si.

No momento seguinte meu corpo foi carregado pra longe dela pelos homens e ela levada pelas mulheres.

Jogaram sal grosso no centro da roda de músicos e as mulheres começaram a dançar. Com um pouco de relutância, minha mãe e as outras levaram Isabella, Rosalie e Alice. Logo se soltaram e dançavam lindamente.

Sentia um desejo latente cada vez que ela levantava um pouco a saia do vestido e rodava deixando os cabelos negros voarem soltos com o rodopio.

Ao meu redor e de Emmet os homens nos zoavam dizendo como seriam longas essas duas noites.

– Emmet, Edward... – Jasper chamou fazendo sinal para que o seguíssemos.

Adentramos o salão até chegar ao escritório. Meu pai e os outros, incluindo alguns da equipe já estavam lá.

– Recebi um aviso da fronteira norte – começou James – pedindo autorização para o pouso de um avião particular de Antares.

–Alguem do conselho? – perguntou Emmet – Mas ligamos informando do casamento, inclusive convidando-os.

– Não apenas um dos conselheiros. Demetri está no voo.- respondeu Jacob.

– E ele não deixaria Antares em ultima hora. – disse Carlisle.

– Mas vocês são amigos pai. - afirmei.

– Mesmo assim. Isso me parece uma visita de inspeção.

– Mas o que iriam investigar? – questionou James.

A equipe não sabia das semideusas. Todos tinham conhecimento das atrocidades que elas fizeram no passado e caso soubessem que elas teriam voltado poderia gerar conflitos tanto internos como externos com os outros reinos.

Não sabemos – adiantou Carlisle – e não podemos sequer sonhar em desrespeitar uma ordem deles. Lá é o único clã ao qual nosso poderio ibélico e de magia não seria suficiente para defender nosso povo.- respondeu olhando diretamente para nós, como se fosse um aviso. – Perderiamos muitas vidas.

– Nossa Carlisle, mas do jeito que fala, parece que imagina que eles vem preparados para a guerra. Nosso clã não tem nada a temer. Todas as nossas atitudes são claras, não é? - indagou James.

Cenas do próximo capitulo...

“....- Não permitirei que a levem – ouvi ao longe minha mãe mas não conseguia sair do lugar. – Deixem-na em paz.

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“- Soltem-na – rugiu Jasper transformado – Aliceeee. – um raio o silenciou....

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“........O silencio no castelo, nada mais era que uma marcha fúnebre...Os empregados arrumavam a bagunça deixada pela festa para logo mais a ultima despedida.... Seu corpo frio e sem vida aguardava solitário no grande salão onde logo o povo de Darting viria dar o ultimo adeus a....