Pov Leah

Acordei com os olhos molhados e o típico aperto no peito. Sempre era assim quando sonhava com ela. Apalpei os lençóis apenas para constatar o que já sabia; estavam vazios. Esse seria o momento certo, ela iria me fazer companhia enquanto Jack estivesse fora. Sentei firmando os olhos para que se acostumasse com a escuridão. O relógio no criado mudo marcava quatro e meia da manhã. Ao lado dele, um papel cartão.

– Ótimo. – murmurei comigo mesma ao reconhecer a letra de Jacob.

“ Fui ajudar nos preparativos para o casamento, deixei algo para que melhore do resfriado; qualquer coisa me ligue que virei voando. Te amo, seu Jack.”

Meu marido era tão ingênuo! Onde já se viu, achar que eu, uma vampira, estava gripada? Isso era o que me dava mais raiva, ele não percebia que as sonsas das irmãs estavam usando ele assim como os outros; usando o fato de que foram sequestradas para sensibilizar o coração deles como se fossem coitadinhas.

Até quando isso ia continuar? Me deixar para ir atrás das malditas irmãs. Foi culpa delas eu ter perdido nossa filha, se ele estivesse aqui, hoje teríamos nossa pequena Lilian.

Ouvi um barulho estridente que preencheu o silencio na casa.

– Pronto.- respondi com a voz irritada ao pegar o telefone.

– Bom dia minha querida, espero não ter lhe acordado. – disse com aquela voz mansa. Droga, já tinha falado para não ligar aqui pra casa.

–O que você quer? – indaguei entre denes. – Já disse para ligar pro outro numero.

– Liguei para seu celular mas como não atendeu..... – peguei meu celular no criado mudo e não havia nenhuma chamada perdida.

–Diga logo o que quer. Fiz como havíamos combinado e elas continuam lá, desfrutando da atenção do meu marido. – disse em voz alta a ultima parte.

– Dessa vez não haverá erros. – prometeu – Preciso que ligue para o clã que lhe indiquei e depois contacte a menina, dependerá apenas dela para que não ajam falhas. – desligou.

Não sei quanto tempo fiquei em silencio até que o som mudo da linha me chamou a atenção que eu ainda estava com o aparelho na orelha. Olhei em volta e o quarto estava iluminado apenas com a luz brilhante dos números do relógio.

Conheci esse feiticeiro há quase dois anos; Seu nome era Salazar e Billy me apresentou a ele com promessas de me ajudar a prender Jacob em casa; desde então ele tem me ajudado em troca de quantias insignificantes, como ele diz, o valor cobrado é apenas simbólico. Desde então tenho feito tudo que ele me manda, até mesmo poções eu tenho dado para meu marido regularmente; mas nada parece surtir efeito, ao contrário, ele passou a sair mais nas missões e ainda por cima encontrou-as. Pensei que então estaria tudo resolvido com elas no castelo, mais não.

Fingiam que não falavam nossa língua, que eram tomadas por espíritos sombrios quando na verdade optaram por isso. Não imaginava qual o interesse de Salazar sobre elas, ele sabia de muitas coisas e graças a ele eu não fui enganada por minhas cunhadinhas. Embora ele como feiticeiro deixasse muito a desejar era graças a ele que muito em breve eu veria a ruina delas.

Eu não iria mas aguentar isso de braços cruzados, se elas não iam embora por bem então que fossem por mal.

Ainda com o telefone na mão procurei o numero discando. No quinto toque Bree atendeu.

– Não posso falar agora. – atendeu exasperada. –Todos estão ocupados com os preparativos para a festa.

– Serei rápida. - afirmei- Chegou a hora daquele ultimo favor. – houve um breve silencio do outro lado da linha.

– O que eu terei que fazer? – indagou por fim.

– Apenas confirmar.

– Confirmar o quê? – sussurrou duvidosa.

– Apenas quando for questionada, confirme. Então será adeus Darting. Assim que fizer o combinado, deixarei no mesmo lugar os documentos necessários para começar sua nova vida em outro clã. - desliguei. Não há nada que o dinheiro não compre.

Ainda precisava fazer mais uma ligação. Era rezar para que Jack não chegasse agora. Corri até o pequeno escritorio; ele guardava todas as informaçoes do reino aqui, incluindo numeros pessoais dos governantes dos outros clãs. Tudo guardado no cofre localizado em baixo do carpete. Claro que eu sabia a senha. Jack confiava muito em mim. Se não fosse pelas irmas diria que eramos o casal perfeito.

Ali estava, uma agenda preta. confesso era bem antiquado guardar informações naquele livro mas jack dizia que ainda era mais seguro do que se alguem raqueasse os dados num computador.

peguei o aparelho ligando da linha particular de jack, caso contrario eles não atenderiam. Ouvi dois bips e alguém atendeu.

– Antares... prossiga Darting – pediu.

– Meu nome é Bree e eu gostaria de falar com o chefe do conselho, Sr. Demetri. gostaria de fazer uma denuncia... sobre as semideusas.

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Pov Isabella

A musica tocava alta e mesmo longe da festa era possível ouvir animação dos convidados.

– ...Vamos escurecer seus olhos e dar mais forma ao seu rosto...

– ...As unhas vão ficar perfeitas nesta cor...

– ...puxa pra cima essa mecha pra prender aqui e deixar solto embaixo...

Estava muito nervosa e fazia apenas o que me mandavam. Levantar a cabeça, abaixar, fechar os olhos, olhar pro lado, fazer bico....

Perdi a conta de quantas mulheres estavam ao nosso redor. Claro que não dormimos, muito eufóricas com o casamento e com a aproximação da hora, parecia que injetavam doses de adrenalina em nosso corpo, pois mais elétricas e perturbadas ficávamos.

Eletricas porque estávamos muito felizes, perturbadas por que nosso tempo estava acabando.

Rose estava ao meu lado tão calada como eu mas o constante bater dos pés não deixava duvidas de seu nervosismo. Tinhamos a liberdade que tanto queríamos mais a que preço? Tudo estava errado.

Trocamos nossa vida por um pouco de liberdade só que não contávamos em nos apaixonar por eles, pelo príncipe encantado. Era muito irônico. Quando finalmente tudo estava perfeito teríamos que desistir deles. Abrir mão dessa família maravilhosa que nos acolheu como se fizéssemos parte dela.

Não conseguiria mais viver sem ele. Edward ao mesmo tempo que era valente, era também doce e puro. Me fazia sentir que era importante, completa em todos os sentidos, me sentia segura com ele. Com eles.

– E então o que acham? – perguntou uma das mulheres com um sorriso de orelha a orelha. Era uma senhora de meia idade com um vestido azul brilhante e com muitas pulseiras e cordões, muitos cordões de ouro no pescoço.

Pouco a pouco elas foram se afastando dando espaço a um imenso espelho a nossa frente que juro, todo esse tempo em que estive aqui, não tinha notado.

Uma imagem muito parecida comigo era refletida pelo espelho, tinha os olhos bem marcados e brilhantes, a boca estava ainda mais carnuda com a cor vermelho intenso e as maçãs do rosto eram emolduradas pelos cachos escuros que caiam soltos pelas costas. A franja estava presa por uma tiara com pedras brilhantes que identifiquei como rubis, segundo uma das aulas de Esme.

Rose ao meu lado, tinha da mesma forma os olhos expressivos e os lábios marcados. Seus cabelos estavam presos no alto e também havia uma tiara semelhante a minha só que com diamantes

– Foi presente dos noivos. – disseram quando toquei o adorno.

– Falta apenas isso.- uma das ciganas se aproximou e pôs em nossas orelhas, brincos gigantes de argolas.

Continuamos nos olhando em silencio; realmente estávamos muito bonitas, como nunca estivemos antes. Tão bonitas que tive a ideia idiota de me admirar mais um pouco para fixar melhor na memoria

– Ahhh...estão perfeitas! – exclamou Esme entrando no aposento – Por favor Matilde, pegue os vestidos no quarto a esquerda. – pediu a uma das mulheres.

Através de nossa imagem refletida, Rose e eu trocamos um olhar cumplice.

– O que houve? Não gostaram? – Esme perguntou me tirando do transe. – Que carinhas preocupadas são essas?

– Esme poderíamos lhe falar um instante?- pedi.

Acho que ela notou a urgência em minha voz já que na mesma hora se virou para as outras.

– Poderiam nos deixar a sós? – pediu para as outras ciganas. Assim que elas saíram, Esme tornou sua atenção para nós.

– Esme por favor, não nos interprete mal. Por favor não pense que de alguma forma nos aproveitamos de vocês. –implorei.

– Querida eu jamais pensaria isso de vocês. – disse me abraçando – Mais confesso que estão me deixando preocupada. – puxou Rose para que sentássemos juntas no sofá.

Tocou nossos rostos e entendi que não adiantava mais adiar isso, eles mereciam isso da nossa parte.

–Nós... nós fizemos um pacto de sangue com as semideusas. – falei tudo de uma vez com as mãos na cabeça.

– Estávamos desesperadas e...e... – Rose começou a chorar.

– Ahh minhas filhas....- puxou um chumaço de algodão passando no rosto de Rose. – Pare agora mesmo de chorar...vocês estão tão lindas! – nos olhou com um semblante triste - Me contem tudo do inicio para que eu possa entender. – pediu.

– Há cerca três anos atrás, começamos a ter sonhos com elas. – disse Rose com a voz mais firme. – Elas pediam que participássemos de um ritual e...- soltou um longo suspiro. - Quando negamos passaram a nos ameaçar.

– Diziam que antes mesmo de nascermos nossos corpos já eram delas. Que não adiantaria buscar ajuda... que nosso destino já estava traçado. Logo as ameaças se tornaram torturas e... embora soubéssemos que eram apenas sonhos...- limpei uma lágrima teimosa que escorreu pela minha bochecha. – pareciam tão reais.

“- O homem que acreditávamos ser nosso pai, passou a envenenar Danara. Ficamos tão desesperadas para fugir mas sempre falhávamos; nesse mesmo tempo elas apareceram e diziam se arrepender do que faziam com a gente.

“Nos proporam então um trato, um acordo; ajudariam-nos a fugir e em troca emprestaríamos pra elas nossos corpos por algumas horas. Falaram que assim elas poderiam usar nossos dons e quebrar o feitiço que as prendia ali, já que como o feitiço foi feito no mundo dos vivos, não poderia ser desfeito no mundo dos mortos. Não seriam mais escravas da vontade do bruxo que as libertassem. Assim que conseguissem se materializar com seus corpos de origem ficaríamos livres para que nossos espíritos retornassem aos nossos.

“De nossa parte, apenas não poderíamos ter intimidade com nenhum homem até o dia de nosso enlace, caso contrário elas ficariam a mercê do feiticeiro que de um jeito ou de outro as traria mas que nós ficaríamos presas no mundo dos mortos para sempre. No tempo certo nos cobrariam a parte delas.

“Por favor nos entenda não sabíamos nada sobre enlace, nem que nosso companheiro precisaria do nosso sangue para sobreviver. Apenass depois que você nos ensinou é que ficamos sabendo da gravidade do que fizemos. Queríamos apenas fugir dali e ajudar Dandara; poder viver sem medo.

“Aceitamos o acordo e logo em seguida, os príncipes chegaram até a gente. Fomos enfim, resgatadas. E a vida que nos deram é.... incrível. Nem de longe, nos nossos melhores sonhos imaginaríamos ser tão felizes.

"Nos apaixonamos por eles. Acredite, amo Edward mas que tudo. Assim como Alice ama Jasper.

"E eu o Emmet. Não suportariamos que por nossa causa algo acontecesse com eles.

“Como elas voltaram a nos ameaçar, tomando até mesmo nossos corpos, tememos pela vida deles e agora pela de Alice. Não podemos confiar que elas irão manter o acordo e não podemos esperar pelo o que poderão fazer com eles, se...se negarem o sangue para eles.

“Por isso iremos libertá-los do enlace.”