When You Find Me - Hiatus escrita por CGAA


Capítulo 3
Surpresa




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Um mês depois...

Esse um mês que eu fiquei sem hipismo passou mais rápido do que eu esperava. Haniel não estava aparecendo com tanta frequência como antes, o que de certa forma era bom. Não que fosse ruim tê-lo por perto, mas um tempo só pra mim algumas vezes era bom. Havia muito tempo que meus pensamentos eram meus melhores companheiros. Eu não estava pronta pra deixa-los de uma hora pra outra.

– E o aluno novo? Deu conta do Dean? – perguntei com um sorriso.

– É. Ele foi esperto.

Tá bom então, pensei. Fiquei aquecendo Dean enquanto Sam não vinha com os outros cavalos. Mais ou menos uns cinco minutos depois Sam veio montado em seu tradicional Quarto de Milha marrom, seguido pelos mesmos alunos de sempre: Rachel com o Holstein castanho claro e Seth com o Paint Horse. Por último um garoto moreno que eu diria ter uns 18, 19 anos, quase a mesma altura de Haniel, com uma blusa preta deixando em destaque os músculos bem definidos. O clima estava frio até demais para que ele usasse apenas uma blusa de manga curta e uma calça jeans, mas eu não ficaria questionando isso agora. Com o cabelo preto meio espetado, os olhos castanhos e um leve sorriso ele conseguia tirar suspiros de qualquer uma. Inclusive eu. Lisa só o deixava ainda mais impressionante. Lisa era a égua Paint Horse branca com manchas pretas daqui da hípica que mais venceu competições, de prova de tambor e nas categorias de salto infantil. Dean era “louquinho” nela. Vai entender...

A aula foi normal assim como todas as outas. Exercícios, saltos... Tudo do mesmo jeito de sempre, até a chuva fria que caía, há tempos já não era novidade. In the End do Linkin Park... Meu celular.

– Mãe?

– Filha, é… Estava quase chegando aí, mas o carro parou e agora não quer pegar... Só liguei pra avisar que vou demorar um pouco... – suspirei.

– Se der certo, tia Rose pode me deixar em casa?

– Claro filha, pode sim.

– Qualquer coisa te ligo.

Desliguei e me sentei em uma mesa de frente para a pista esperando minha tia. Esperei cerca de 10 minutos, ser pontual deve ser uma coisa de Cullen.

– Oi meu anjo! – cumprimentou-me com um abraço. – Quanto tempo.

– Foi Edward que ficou todo irritadinho e me pôs de castigo. – ela revirou os olhos.

– Seu pai não tem jeito mesmo não. E você senhorita Cullen, aprontou o que pra ficar de castigo? Garotos? – ela riu.

– Não, não, não, pelo amor de Deus tia. Não quero pensar nisso por um bom tempo. – ela riu de novo. – Agora mudando de assunto... Seria muito incômodo você me deixar em casa? Claro, depois que a sua aula acabar.

– Claro que não sobrinha linda, problema nenhum.

– Obrigada tia. Boa aula. – ela sorriu e foi pegar seu cavalo.

Tia Rosalie tinha um trakhener castanho escuro com manchas pretas nas pernas e duas manchinhas brancas nas patas traseiras como se fossem sapatos. Tia Rose fazia Adestramento. Ela fazia todas as sequencias com uma perfeição e uma elegância incomparáveis fazendo o cavalo “dançar”.

– Posso me sentar aqui com você? – olhei assustada na direção da voz. – Desculpe, eu não queria te assustar. – o “aluno novo” se desculpou com um sorriso.

– Não, tudo bem. Pode ficar aqui, minha mãe vai atrasar mesmo...

Ele se sentou dando um abraço forte em si mesmo e dando uma leve tremida.

– Frio não...?

– Renesmee. Renesmee Cullen, mas pode me chamar de Nessie. Sim está frio sim...?

– Jacob. Jacob Black, mas pode me chamar de Jake – respondeu ele com um sorriso. – Faz tempo que você faz aula? Você monta bem.

– Eu já montava antes, mas esportivamente mesmo comecei no ano passado quando botei na cabeça que ia fazer – sorri lembrando de tia Rosalie brigando com meu pai pra mim fazer hipismo também. – E você? Fazia antes? Nunca tinha te visto aqui.

– Moro com meu pai em Forks, Reserva La Push pra ser mais preciso. Rachel, minha irmã, conheceu um cara na faculdade que treinava cavalos. Segundo ela La Push era um lugar muito monótono pra mim e que eu poderia gostar do esporte. E ela estava certa.

– La Push? Não fica muito caro vir pra cá toda sexta não?

– É pertinho e a moto economiza bastante... E pelo que eu estou vendo, por enquanto, também estou preso aqui – sorri sem humor.

– O que ela é sua? – depois de uma pausa Jacob quebrou o silêncio olhando minha tia começar as ‘figuras’.

– Minha tia, por quê? – ele franziu a testa.

– Nada não...

Outa pausa. Peguei meu iPod.

– O que vai escutar?

– Linkin Park,             Simple Plan, Guns...

– Boas escolhas. Posso escutar também?

– Claro.

Ficamos escutando música durante toda a aula. Hora ou outra Jacob comentava a música, contava alguma piada que chegava a ser engraçada de tão idiota, falava de algum filme... Jacob parecia ser uma pessoa legal. Curtia rock, motos, cavalos... Só faltava falar que gostava de Crepúsculo. Se ele falasse eu casava com ele.  A chuva caía mais leve agora.

– Vou aproveitar que a chuva deu uma folga e voltar logo pra La Push. Quer uma carona? Posso te deixar em casa.

– Obrigada, mas eu vou com a minha tia mesmo. Algo me diz que meu pai não gostaria muito de me ver chegando em casa com um garoto bem mais velho que eu.

– Bem mais velho? Ora Nessie, eu tenho só 16 e você parece ter uns 15. – 16?

– Duvido. Você é grande demais pra ter 16 anos – ele riu alto atraindo alguns olhares.

– É a vida – ele riu de novo, porém dessa vez mais baixo. – Sua tia já está vindo então você não ficará sozinha. Até mais Nessie.

– Até. – Jacob ficou alguns segundos me prendendo a seus olhos com o olhar e um pequeno sorriso, e então ele finalmente virou-se e foi até sua moto.

– Tem certeza que você não estava de castigo por causa de garotos não Nessie? – olhei com os olhos arregalados pra minha tia que ria da minha cara.

– Meu Deus, todo mundo que eu vejo pensa que eu tenho algum garoto. Primeiro minha mãe, depois Alice e agora você? – ela riu de novo.

– Está vendo Nessie? Até a Alice tá sabendo dos seus assuntos e eu não. Deixa seu tio Emmet saber disso... – brincou ela enquanto íamos para sua BMW.

– Por favor, tia, ele vai me encher tanto o saco e o pior, sem motivo nenhum.

– An han... – ela estreitou os olhos fingindo acreditar, mas depois sorriu. – Mas você está mesmo gostando de alguém? Prometo não falar pra ninguém.

Pensei um pouco no que falaria. Lógico que eu não falaria de Haniel pra ela.

– Aquele é um novo aluno que entrou na minha turma. Ele é até gatinho. – ela sorriu.

– Gatinho? Vamos Nessie, pode começar a falar: nome, sobrenome, idade, onde mora, o que faz da vida... Quero a ficha completa.

– Tia eu só acho o menino bonito, não tô interessada nele. – ela riu alto zombando de mim.

– Sei...

O resto do trajeto foi tranquilo. Sem palavras encostei-me ao vidro e dei uma cochilada.

– Nessie chegamos. Vou descer também, quero falar uma coisinha com Bella. – a olhei tipo “como assim?”, ela apenas sorriu. – Filhote, seu futuro marido não tem nada a ver com a cozinha lá de casa. Não se preocupe. – revirei os olhos. Eu não podia nem achar o menino bonito mais e eu já iria me casar com ele? Aonde esse mundo vai parar?

Meu pai assistia o noticiário em quanto minha mãe vinha nos receber.

– Rosalie! Quanto tempo! – minha mãe cumprimentou-a com um abraço.

– É verdade Bella. Mais uma vez minha sobrinha preferida aproxima a família Cullen. – elas sorriram, meu pai bufou e eu revirei os olhos. – Nessie você é extremamente parecida com seu pai quando revira os olhos desse jeito.

– Por favor, né?! – ouvi um suspiro baixo vindo do sofá. – Vou pro meu quarto. – outro suspiro.

– Nessie espera. – olhei surpresa pra direção da voz. Bella pigarreou e cutucou minha tia.

– Ah Bella, você ainda tem a planta da minha casa no seu computador? Eu queria fazer uma reforma na cozinha, quebrar aquela parede e fazer algo mais moderno.

– Vamos para o escritório que a gente olha isso melhor. E o tratamento, fiquei sabendo que melhorou.

– É. Se Deus quiser no começo do ano que vem eu já posso começar a tentar. – observei-as indo para o escritório.

– Isso é ótimo Rose! Parabéns! – suspirei quando minha mãe fechou a porta.

Eu estava feliz por tia Rose. Ela finalmente iria conseguir o que vem tentando há tempos: engravidar. Mas eu continuava me sentindo mal por causa do meu pai e continuar vivendo desse jeito não era bom pra ninguém aqui em casa. Mesmo que eu não quisesse eu deveria conversar com ele e expor o que eu estava sentindo e evitar mais dor pra ele – se é que ele estava sentindo alguma coisa –, pra minha mãe e principalmente pra mim.

Sentei-me em uma poltrona perto do sofá onde meu pai estava sentado. Assim que sentei meu pai desligou a TV e suspirou novamente.

– Você tem algo contra ser parecida comigo? – suspirei e demorei alguns minutos pra responder.

– Não. Nem tanto. Na verdade eu até te admiro pai. Sua inteligência, sua beleza, seu caráter. Mas como pai... Aí as coisas já são um pouco diferentes. – sua expressão era pensativa.

– Eu entendo seu ponto de vista. Só não entendo a diferença que se revoltar contra nós irá fazer na situação. Devíamos tentar reparar os estragos e não provocar mais estragos ainda. Admito que não estou sendo muito eficiente nisso – ele estava certo. –, mas quero profundamente mudar essa situação. O porém é que eu preciso da sua ajuda.

Verdade. Eu deveria mesmo fazer a minha parte. A questão era que eu não estava tão disposta a fazê-la, do mesmo jeito que ele parecia estar.

– Irei fazer o máximo possível. – ele deu seu sorriso torto que fazia os olhos da minha brilharem a cada vez que o via.

– Nessie, tenho medo da resposta, mas preciso perguntar e espero que você seja sincera na resposta. Está envolvida com algum garoto? – perguntou ele com a testa vincada de preocupação. Revirei os olhos.

– Você é a quarta pessoa que me pergunta isso e pela quarta vez eu respondo a mesma coisa: não. – ele levantou as sobrancelhas e insistiu.

– Sério mesmo? – levantei as sobrancelhas fazendo uma expressão irônica que talvez respondesse sua pergunta. Ele suspirou dramaticamente exagerando na demonstração de alivio que ele sentia. – Voltando para o nosso assunto, o que posso fazer para me redimir?

– Não faço a mínima ideia.

– Que tal a gente passar mais tempo junto? Talvez ir no cinema nos finais de semana ou jantar fora de vez em quando, sei lá – sorri.

– É uma boa ideia. Já posso ir pro me quarto?

– Claro – quando me levantei ele me girou num abraço. – Não se esqueça que eu te amo.

– Sim pai. Também te amo.

Quando cheguei no meu quarto Haniel estava deitado na minha cama. Deitei-me ao lado dele e suspirei.

– Aconteceu algo hoje? – ele perguntou num tom monótono, como se já soubesse a resposta.

– Não, por quê?

Ele se virou ficando de frente pra mim e me olhando com aquele olhar “eu sei que aconteceu alguma coisa, sei o que aconteceu, mas quero ouvir de você.”.

– Tá. O que quer que eu diga?

– Ué como foi lá, o que ficou fazendo enquanto sua tia não terminava a aula... Essas coisas. – suspirei – Não pode me contar?

– Claro que posso. Lá foi bom. Foi normal assim como nos outros dias, a única coisa que mudou mesmo foi só o carro da minha mãe ter estragado e um garoto novo que... Ficou ouvindo música e conversando comigo enquanto a aula não acabava já que ele também não podia ir embora por causa da moto. – ele franziu a testa.

– E você gosta dele não gosta? – perguntou ele como se a pergunta fosse uma afirmação.

– Desse jeito eu vou mesmo acabar casando com esse garoto, ninguém me deixa esquecê-lo cara. – ele juntou as sobrancelhas em uma expressão de repreensão e se eu o conheço mesmo bem, ciúmes. – Ei, você é o meu anjo preferido e não vai sair desse posto tão cedo. – disse colocando a mão esquerda em seu peito e olhando no fundo de seus lindos olhos azuis. Sua expressão relaxou um pouquinho, passando da repreensão e do ciúmes para uma pequena preocupação.

– Então eu sou só seu anjo? Nada mais que isso? – abri um sorriso brincalhão.

– Queria que eu dissesse o que? Que você é meu namorado? – fui fechando o sorriso conforme a verdade que as palavras que agora pouco disse brincando, me atingiam.

– Não. Claro que não, mas um amigo talvez, sei lá. – sorri.

– Tá bom. Meu querido anjo melhor amigo – ele sorriu de um jeito tão fofo... –, quer fazer alguma coisa agora? – ele levantou uma sobrancelha como se eu tivesse segundas intensões. – Não pense besteira. Primeiro, você é um anjo, portanto não devia ficar pensando essas coisas e segundo, eu estava falando era de ouvir música, olhar algum site legal na internet, essas coisas ô atrevido. – dei um tapa de brincadeira no ombro dele. Sua risada seria ainda mais bonita se não tivesse que ser tão baixa.

– Pode ser música mesmo. – ele sorriu de novo enquanto eu pegava o iPod.

Acordar de um final de semana tão bom como esse era o mesmo que acordar de um sonho que passou tão rápido como o vento. Fui com Bella até a casa de tia Rosalie dando tempo de chegar na hora que meu tio Emmet estava saindo de casa para um treino do seu time de futebol americano Seattle Seahawks. Ele me convidou pra ir assistir e como eu quase não gosto de esportes, lógico que fui com ele.

No dia seguinte caiu uma chuva mais forte do que o normal com direito à falta de energia e tudo. Fiquei ouvindo música e conversando com Haniel até que rapidamente eu peguei no sono, minha principal atividade do dia. E agora estou eu terminando de me arrumar para ir mais uma vez para aquele lugar que só é suportável graças a Anne e os meninos da nossa mini “gangue”, como os professores se referem a nós.

– Anjo, já vou. Estou apresentável? – ele olhou para a minha calça jeans skinny cinza escura, minha blusa preta de manga comprida com uma teia de aranha de pedrinhas prata e minha melissa vermelha em degrade do vermelho pro rosa e bufou.

– Tá linda. Vai com Deus. – disse ele com um beijo na minha testa. Apenas sorri, peguei minha mochila e fui.

Quando cheguei na sala, poucos minutos depois do primeiro sinal ter batido, todos as duplas de biologia já estavam formadas. Anne e Embry – como já era o sonho dos dois há muito tempo –, Quil e Brad... E lá no fundo sentado ao lado da única cadeira vaga na sala, a última pessoa que eu esperava encontrar aqui.

– Eu não acredito.

Paralisei por alguns segundos na porta da sala enquanto sem entender, os outros alunos alternavam os olhares entre mim e ele. Ele sorria enquanto eu colocava a mão na cabeça e encarava o inevitável.


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