No interior de seu quarto em sua antiga e pequena casa, a jovem Amy Morgan ardia em febre, sua mãe preocupava-se com o fato de que a dias não conseguia sequer se alimentar e a palidez de sua pele alva era de cortar o coração de qualquer um.

A Sra Eleanor Morgan retirava a compressa de sua testa levando-a até a enorme bacia contendo água e em seguida torcia o pano para colocar de novo sobre a testa de sua filha mais nova que sequer reagia.

Cada vez que olhava para as marcas no corpo de sua menina seu coração doía, sua vontade era de ir até a casa daquele terrível Lord Oliver e dizer-lhe poucas e boas.

A dias ficara sem sequer falar com o marido tamanha era sua revolta por Isaac ter permitido que aquilo acontecesse.

Sua Amy agora não só havia ficado difamada por toda a Cidade de tal maneira que jamais conseguiria um bom casamento como também havia sido vítima dos maus-tratos e acusações falsas daquele Lord de Coração de pedra e a prostituta feiticeira da Cidade.

Justamente ela, sua Amy que era a mais doce das mulheres da família Morgan.

Após trocar a compressa, ouviu o barulho de alguém batendo na porta do quarto e ao atender, percebeu que era o marido que segurava o chapéu com as mãos e mantinha a cabeça baixa.

- Como ela está? - perguntou o velho Isaac.

- Está na mesma, tudo o que fez desde que chegou aqui foi ficar deitada naquele quarto sem comer, era de esperar que ficasse doente de tristeza. Eu disse que seria uma péssima idéia, homem. Como pôde fazer isso com nossa pequena Amy? - perguntou a esposa.

- Eu não tive escolha, Eleanor. Estava devendo áquele monstro e você sabe que nosso dinheiro mal dá para nos sustentarmos. Amy era tudo o que eu tinha a oferecer. Não pensei que ele fosse ser tão cruel. - respondeu o pai tristemente.

Eleanor percebeu que Isaac sofria tanto quanto ela própria por ter colocado Amy naquela situação.

O pobre homem estava mesmo já velho e doente, arrependia-se de ter tido aquela idéia, mas agora que já estava feito não havia como voltar atrás, tudo o que os pais podiam fazer era procurar lidar com aquela situação da melhor maneira possível tanto para sua família quanto para Amy.

- O pior são os boatos maldosos sobre ela na Cidade. Não sei o que vamos fazer quando ela melhorar. - disse a mãe tristemente.

- Creio que não haverá outra alternativa, Eleanor. Teremos que mandar Amy para um convento, é o melhor a se fazer, pois pelo menos se ela for para lá ninguém poderá manchar sua reputação. - anunciou o pai.

A mãe levou as mãos ao peito sentindo uma pontada de tristeza, sabia que Amy se sentiria triste com aquilo, pois sempre sonhara em se casar e ter filhos como suas irmãs. Mas também a conhecia o suficiente para saber que por ser boa filha ela obedeceria a decisão do pai sem reclamar e mais uma vez sairia da casa onde crescera para ir a um lugar onde não seria feliz.

Talvez fosse mesmo melhor assim, voltou para o lado de sua filha pensando na tristeza que ela sentiria quando soubesse da decisão de Isaac, mas o mais importante naquele momento era cuidar da saúde da jovem que estava naquela cama.

Ainda se lembrava da tristeza nos olhos de Amy assim que desceu daquela carroça e abraçou a própria mãe, contando-lhe tudo o que havia acontecido. Depois Amy trancou-se naquele quarto e sensível como era, não demorou a adoecer.

Era triste não haver nada que pudesse fazer por sua filha.

Verificou novamente a temperatura e percebeu que a febre havia abaixado um pouco, o que era bom sinal. Seu maior medo agora era de perder sua Amy por culpa daquele monstro que era Lord Oliver, mas como uma simples mulher pobre não havia nada que pudesse fazer para que ele pagasse pelo que havia feito com sua pequena Amy além de rezar por justiça.

Acomodou Amy naquela cama de um jeito que ficasse bem confortável e em seguida saiu dali, pois tinha os afazeres da casa e cuidar também do marido por mais que ainda estivesse chateada com Isaac por causa do que ele havia permitido que Amy passasse.