The Boy With The Thorn In His Side escrita por KingTrick


Capítulo 15
Capítulo 14




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No dia seguinte, dormimos demais e chegamos atrasados à feira. Quando finalmente chegamos ao estande, milhares de pessoas estavam ao lado, em fila indiana, nos esperando. Patrick e eu nos sentamos nos mesmos lugares e assim fizeram os outros. Até Bob permaneceu na mesma posição, de olho nos irmãos à nossa direita. Tudo seguiu como planejado.

No terceiro e último dia, porém, nosso estande estava ainda mais cheio e barulhento, o que me deixou um pouco nervoso. As meninas pediam fotos e mais fotos e sorrir o tempo inteiro não é bem o meu forte, ao contrário de Patrick, cujo sorriso fora perfeitamente esculpido pelas mãos de Deus. Metade das garotas - E alguns garotos também - acabavam pedindo o seu telefone e o deixando sem graça. Bom, pelo menos eles não estavam em cima de mim...

Quase no fim da nossa carga horária, uma garota de mechas azuis e vermelhas e camiseta do Manchester Orchestra apareceu. Ela tinha a maquiagem borrada, pelo suor talvez, e as bochechas bem rosadas. Ela carregava uma mochila, da qual tirou três das minhas últimas publicações, incluindo meu novo livro.

- P-pode assinar pra mim hm, por favor?

- Claro - Peguei o primeiro livro da pilha e o abri - Qual é o seu nome?

- Amy - Assinei o livro e passei para o próximo, evitando manter contato visual com a garota.

- Ai, quer que eu desenhe alguma coisa pra você? - Patrick disse, tentando esconder o cansaço. Levantei a cabeça enquanto peguei o último livro para observar sua reação. Ela concordou e Patrick começou a rabiscar algo. Passei minha concentração para o livro em minhas mãos.

Quando terminei, empilhei-os de volta. Ela me olhou direto nos olhos.

- Posso hm perguntar uma coisa? - Patrick a entregou uma folha, a qual ela agarrou junto ao peito. 

- ... Claro.

- Por que o matou? Por que matou o George?

Fiquei sem reação. O ar se estagnou e eu conseguia sentir todos olhando direto para mim, esperando pela resposta. E o pior é que eu não tinha uma explicação para aquilo. "Matei porque matei. Me sinto muito melhor agora com ele morto" foi tudo o que saiu da minha boca, meio sem eu perceber. Ela apenas sorriu, de repente, compreendendo tudo e deixando-me ainda mais envergonhado. Patrick colocou a mão sobre a minha coxa, por debaixo da mesa, e também sorriu para mim. Era um passo, então. Só mais um.

                                                    --

Brendon conseguiu passar a viagem inteira sem ter um ataque cardíaco e logo chegamos em casa. O primeiro a entrar no apartamento foi Boris, agitado, ansioso. O pobre cão tinha ficado todo esse tempo preso no aeroporto, já que o hotel não aceitava animais. Ele acabou se cansando de correr pelo lugar e deitou no meio do sofá. 

Tirei tudo das minhas malas e Brendon fez o mesmo. Quarenta minutos depois, nosso guarda-roupa estava idêntico ao que deixamos antes da viagem: Roupas dos dois espalhadas por todos os cantos. Tentei organizar as coisas um pouco, mas Brendon teimou, dizendo "desse jeito é mais fácil achar o que eu preciso". Sei. Como se esse fosse o real motivo.

Depois que acabamos de guardar as coisas, já eram quatro horas. Desliguei o despertador e nós nos deitamos lado a lado na cama. Brendon estava esgotado, apesar de não ter feito praticamente nada durante os três dias. Ele entrelaçou nossos dedos e chegou mais perto, sem invadir meu espaço. 

                                                   --

Acordei com Boris em cima de mim. O cachorro estava deitado na minha barriga, respirando profundamente. Olhei para o lado e notei que Brendon não estava lá. Imediatamente, senti a falta da sua presença.

Olhei para o relógio: Duas e vinte e cinco. Peguei o pug com as duas mãos e o coloquei ao meu lado. Ele estava tão cansado que nem acordou com a movimentação. Peguei uma camisa azul-clara e uma calça preta no guarda roupa e escovei o cabelo. Fui até o banheiro para escovar os dentes e percebi as olheiras escuras. Suspirei e segui a rotina. 

Voltei ao quarto, peguei Boris no colo e fui para a sala. Lá, Brendon e Pete estavam no sofá, ambos com um vasilha cheia de cereal, e Patrick na poltrona, entediado. Aproximei-me e deixei o pug correr para ele, finalmente colocando um sorriso no rosto do loiro. Ficamos todos em silêncio por algum tempo, apenas o barulho da tv atravessando meus pensamentos. Patrick tinha Boris em seu colo, um sorriso lindo estampando em seu rosto. Pete olhava para a cena com um meio sorriso, hipnotizado. Voltei meu olhar para Brendon, que sorriu para mim e apontou o corredor com o indicador. Levantei-me e ele fez o mesmo, deixando a vasilha vazia na mesa de centro.

Nós dois nos encontramos na porta do quarto. Brendon foi se aproximando de mim até que eu bati as costas na parede. Ele colou nossos corpos e me beijou devagar, uma de suas mãos correndo pelo meu cabelo. Senti sua língua invadir minha boca com fome, como se fizesse muito tempo que não nos beijávamos. 

- Ryan... - Ele se afastou um pouco, apenas o suficiente para recuperarmos o fôlego - Que tal saírmos hoje à noite?

- Eu estou destruído, Bren. Podemos fazer isso outro dia?

- Por favor, Ryan - Sua mão livre encontrou a minha na sua cintura e ele entrelaçou nossos dedos - Vamos, vai te fazer relaxar. 

Seus olhos castanhos brilhavam, suplicando. E, nossa, como eles me incendiavam por dentro. Era impossível dizer não para aqueles olhos, aquela boca...                                                                                         

                                                 --

Às quatro e meia, Brendon e eu saímos do apartamento, sem rumo. O céu estava coberto de nuvens, mas o sol dava um jeito de se mostrar presente. Nós andávamos de mãos dadas pela calçada, Brendon parando a cada dois minutos para olhar uma peça de roupa em uma vitrine. 

Depois de mais de uma hora, ele finalmente decidiu entrar em uma das lojas. O lugar era bem pequeno e barulhento, pessoas passando em todas as direções com vestidos, sapatos e bolsas, gritando números e mais números. Brendon, contudo, conseguiu nos levar ao balcão, onde fomos atendidos por uma garota ruiva, com grandes olhos verdes.

- Oi, como posso ajudá-los? - Ela sorriu, olhando diretamente para Brendon.

- Eu vi uma calça na vitrine... Eu te mostro - Ele puxou a garota pela mão de volta para o mar de gente e eu os perdi de vista. Decidi não sair dali e esperar. 

Brendon e a garota voltaram alguns minutos depois, rindo como velhos amigos. O olhar dela para ele já era diferente do anterior. Bom. Ela foi para trás do balcão e depois entrou por uma porta bege na parede. Brendon olhou para mim, ainda sorrindo, colocou os dedos no meu queixo e me puxou para um selinho, o qual foi brutalmente interrompido pela mesma garota ruiva, barulhenta o suficiente para atrair a atenção de todos.

Senti minhas bochechas em brasa e me afastei um pouco deles. A garota entregou uma sacola plástica para ele e indicou algumas cabines à nossa esquerda. Brendon praticamente me carregou para lá. Ele parou na frente da primeira cabine, abriu a porta, olhou para todos os rostos na loja e me puxou para dentro junto com ele, trancando a porta no segundo seguinte. 

O cubículo me deixava caustrofóbico e Brendon fazendo questão de ficar praticamente em cima de mim não estava ajudando. Ele selou nossos lábios e a única coisa que eu sentia além disso eram suas mãos desabotoando minha camisa e passeando pelo meu peito. 

- Brendon, o que está fazendo?

- Esperimentando uma calça por quê? - Ele terminou com a minha camisa e passou suas mãos pelo meu cabelo, bagunçando-o. Seus olhos ardiam com luxúria.

- Brendon, seja lá o que estiver pensando, aqui não é o melhor lugar-

Os lábios dele colidiram com os meus, impedindo-me de continuar. Eu o sentia dedilhando minha cintura, o que me dava calafrios a todo o momento. Suas mãos rapidamente encontraram meu cinto e, segundos depois, eu já sentia a calça mais larga.

Sua boca passou para o meu pescoço e suas mãos não paravam de correr pelo meu corpo, me deixando maluco.

- Brendon... P-por favor...

- Olha pra mim - De repente, ele parou tudo e passou as mãos pelos lados do meu rosto, me forçando a olhá-lo direto nos olhos - Diz que não quer. Diz e eu paro.

Eu queria. Eu queria dizer não. Nossa, como eu queria. Mas, meu cérebro não foi rápido o suficiente para formular a resposta e lá estávamos nós de novo.

                                                   --

Graças ao bom Deus, ninguém olhou para nós quando saímos da loja. Meu cabelo estava um horror e tenho certeza que 'boquete' estava escrito em letras garrafais na minha testa, ao contrário de Brendon, claro, que agiu como se nada tivesse acontecido.

Caminhamos um pouco mais pelo quarteirão e decidimos voltar para casa. Nem seis horas eram ainda. Chegamos ao nosso prédio e fomos recebidos pelo nosso porteiro, Rupert, que me deu seus pêsames. Por um segundo, um grande ponto de interrogação se formou em meu rosto, mas quando ele mencionou William meu coração veio na boca e eu logo corri para a escadaria com Brendon, já no meio de um ataque cardíaco.

Subimos correndo as escadas e chegamos ao nosso andar. Brendon me perguntava o que estava acontecendo, mas nem eu sabia ao certo. Eu podia apenas estar paranóico. Tirei a chave do bolso e coloquei na porta, as mãos trêmulas. Abri a porta devagar e dei um passo para dentro antes de olhar para cima.

- ...

- Oi, querido.

Era Butch. Butch. No meio da minha sala de estar, uma arma apontada para mim. Ele tinha um sorriso nervoso no rosto, quase maníaco. Não, totalmente maníaco. Brendon já estava atrás de mim, as mãos na minha cintura, respirando ofegante no meu pescoço. Patrick e Pete, atrás de Butch, tinham expressões aterrorizadas e estavam pálidos de medo.

- Butch...

- É bom ver você também, Ross. Agora sim, podemos conversar.

- O que você veio fazer aqui? - Atrás dele, Patrick começou a andar na direção da cozinha. Desviei o olhar a tempo e Bucth não percebeu. Pete acenou com a cabeça para mim - Nosso prazo ainda não terminou.

- Não me interessa mais, Ross! Eu quero o meu dinheiro, quero agora.

- Pensei que você era um homem de palavra, Butch - Patrick conseguiu entrar na cozinha e eu me sentia um pouco mais seguro - Está rompendo o combinado.

- Cala a boca! Me dá o meu dinheiro ou eu mato você! - Ameaçei dar um passo para frente e me arrependi. Brendon passou os braços pela minha cintura e apoiou a cabeça nas minhas costas - Eu mato você-

Fechei os olhos. De repente, ouvi um grito, seguido do barulho de algo caindo no chão com força. As unhas de Brendon penetraram na minha pele e eu senti meu estômago revirar. Abri os olhos devagar, somente para encontrar Patrick à minha frente, uma frigideira na mão, e Butch no chão, desacordado. Brendon tirou as mãos de mim e as colocou no rosto, entrando no apartamento e desabando no sofá. Pete abraçou Patrick por trás, tentando acalmá-lo e eu fiquei na porta, sem saber o que fazer. Ficamos alguns segundos em silêncio, talvez esperando que Butch acordasse, talvez pensando no que fazer depois. 

Butch não acordou. 

- P-patrick, você matou...

- Não seja idiota. 

- Eu... - Brendon tirou o celular do bolso e respirou fundo antes de continuar - Eu vou ligar pra polícia.

Caminhei devagar até ele, sem olhar para o corpo de Butch no chão. Eu não sabia ao certo o que sentir. Assim que sentei, ele começou a falar no aparelho. A conversa não durou muito; Logo, o silêncio constrangedor estava de volta. Pete ficou encarregado de guardar o corpo ao coisa assim, porque ficou em pé ao lado de Butch até a polícia chegar. Dois policiais vieram, algemaram Butch e o pessoal da ambulância o levou para fora. Patrick foi até a delegacia com eles prestar queixa. 

                                                         --

Duas horas depois, eu ainda não sabia explicar o que tinha acontecido. Estava sentado na cama tentando achar um sentido para aquilo. Porque não havia lógica nenhuma em tudo a-

- Ele estava chapado - Patrick entrou no quarto com um prato e um copo de suco - Tipo, dá pra acreditar?

- Como? - Peguei o prato dele e o coloquei na cama. Ele bebeu um gole do suco, confirmando que não era para mim.

- Butch. Nunca achei que ele fosse viciado. Isso não é quebra de conduta ou coisa assim?

- Ainda não li o manual dos gângesters, desculpa - Era sopa. E estava quente. Nem me atrevi a tocar - Ele vai ficar quanto tempo preso?

- Descubriram tudo. Talvez ele morra antes de cumprir a pena.

- Hm... Isso-isso foi bem fácil, né?

- Foi. Foi sim. Estranho...

- Muito. 

- Como tudo na nossa vida. Então nem é tanto assim.

- Você bateu com uma frigideira na cabeça do nosso inimigo número 1 e finalmente estamos livres da maldita dívida do William. Foi estranho sim. E rápido.

- É... Pra falar a verdade, parece até um sonho.

- Será que é? É provável. Tá tudo bom demais.

- Uhum - Ele deu mais um bom gole do suco e se levantou, caminhando para fora do quarto. Quando chegou à porta, ele parou e se virou para mim de novo - Ai, quando você acordar, me fala se a sopa estava boa. Acho que errei no sal. Boa noite.

Patrick saiu e eu joguei a sopa na pia. Não estava a fim de comer nada. Tomei banho, coloquei um pijama e esperei Brendon para dormir. Ele demorou, mas chegou. Nós nos deitamos lado a lado, os dedos de nossas mãos entrelaçados. Isso já tinha virado um ritual, como uma forma de dizer nos mantermos juntos, a todo o momento. Não que eu estivesse reclamando...


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