The Boy With The Thorn In His Side escrita por KingTrick


Capítulo 16
Capítulo 15




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Dois meses. 60 dias. 1440 horas. 86400 minutos. 5184000 segundos. Nem em dez milênios eu me imaginaria nessa situação. Brendon e eu estávamos lado a lado sentados no banco do cartório, vestindo ternos pretos novíssimos e idênticos. O tempo passava.

Ou melhor, se arrastava. O barulho do relógio de parede me incomodava e, como sempre, Brendon não parava de se mexer. O homem atrás do balcão chamava os casais pelos números, um por um, e dava início às cerimônias. Já estava chegando a hora. E nada de eles aparecerem.

- Será que aconteceu alguma coisa? - Brendon estava desesperado, batucando na madeira do banco.

- Patrick teria ligado. 

- E se chegar a nossa vez? O que vamos fazer?

- Eu estou com as alianças aqui. Se quiser...

- Muito engraçado você, Ross - O barulho que ele fazia era pior que todos os outros juntos e ficava maior a cada batida.

- Brendon, para com isso.

- Desculpa. Só estou um pouco nervoso.

- O casamento não é seu. Se acalme.

- Mas, e se eles não chegarem? 

- Eles têm que chegar. 

Ficamos mais 48 minutos esperando. Patrick me ligou e nós quatro nos encontramos no corredor. Os dois vestiam praticamente o mesmo que Brendon e eu, e todo mundo parecia um membro dos Backstreet Boys. Depois de mais 53 minutos de espera, finalmente demos início a nossa cerimônia. Brendon e eu assinamos como testemunhas e voltamos a nos sentar no mesmo banco. Os olhos dele brilhavam e o sorriso em seu rosto era uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto. Patrick e Pete trocaram as alianças e nós dois aplaudimos. Já não tinha mais ninguém a nossa volta. A sensação foi bem estranha.

 Depois da cerimônia, fomos todos comer no McDonald's mais próximo. Brendon parecia que não comia há dias e Patrick deu o braço a torcer e pediu uma porção de batata frita. Pete mal comeu, ficou o tempo todo olhando para o anel em seu dedo e rindo de qualquer coisa boba que Patrick falava. Ele estava feliz, dava para sentir. Patrick também estava radiante. 

Voltamos para casa e os recém-casados já começaram a arrumar as malas. Eles iriam voltar para Willmette, onde Pete tinha passado a infância, e começariam uma nova vida por lá. Com um filho. Paternidade nunca foi uma coisa que eu imaginei para mim, muito menos para Patrick.

"Pete sempre quiz um filho, e agora que as coisas estão indo tão bem, por quê não?" Foi o que ele me disse quando sentamos para conversar sobre o assunto, algumas semanas atrás, quando ele me contou que tinham marcado o casamento. 

- Mas, é o que você quer?

- Eu achava que não. Provavelmente, você também deve achar. Mas, agora que eu penso no assunto... Eu acho que dou conta. É uma nova experiência, Ryan. Um novo ciclo. Uma nova vida. Vale a pena.

- E o nosso ciclo? Ciclos não devem se romper...

- Claro que não, bobo - Seus olhos azuis brilharam como nunca. Me senti esmagado pelo sentimento que eles transmitiam - Eles se renovam...

- Ryan? - Meus pensamentos foram cortados pela voz suave de Patrick. Eu nem me lembrava mais onde estava.

- Sim?

- Não fique parado ai. Está me assustando.

- Hm?

- Esquece - O cabelo dele tinha crescido bastante e continuava a voltar a cor original aos poucos - Vem me dar um abraço.

Nem precisei me mexer. Ele veio até mim e me abraçou forte, passando os braços pela minha cintura. Retribui o abraço e pude sentir o cheiro do doce perfume italiano. Patrick era a melhor pessoa para se abraçar, não importava a hora. 

- Vou sentir sua falta.

- Também vou sentir a sua, Ross.

- Vai ser tão diferente aqui sem você... 

- Não comece a chorar, por favor. Pensei que fosse mais forte que isso.

Desfizemos o abraço e olhei direto em seus olhos azuis. Os meus anjos da guarda. Seria muito difícil sem eles por aqui. 

- Você tem que ver, é enorme! - Pete saiu berrando da cozinha, uma mala grande em cada mão, e Brendon atrás dele.

- Tá, eu acredito. 

- É sério! Trick, fala pra ele.

- Ele vai ver quando for gravar o cd - Patrick passou por mim, abriu a porta e Pete saiu junto com as malas. 

Brendon e eu nos olhamos. Sua camisa branca estava manchada de ketchup bem no meio, poucos milímetros abaixo do primeiro botão. Seu cabelo, contudo, ainda estava impecável. Lá se foi mais um tubo de gel... 

- Hm, vamos?

- C-claro. 

Encontramos com Pete e Patrick do lado de fora do prédio, já colocando as malas no carro. O dia estava apenas começando: Não deviam ser nem dez horas, mas o sol já estava bem grande e amarelo no céu.

Pete já estava sem camisa por causa do calor. Ele fechou o porta-malas, acenou para nós e entrou no carro. Patrick voltou até nós e abraçou Brendon, encostando a cabeça no ombro dele. Depois, ele veio até mim e repetiu o gesto. Eu senti suas lágrimas molhando minha camisa aos poucos, como se ele tentasse tirar o peso da despedida.

- Se cuida, tá? - Suas bochechas estavam vermelhas e molhadas, mas seus olhos claros e decididos.

- Claro. Hm, tem certeza que não quer levar o cachorro?

- Tenho. Tudo bem. Pense nisso como um... Um treinamento - Ele e Brendon se entreolharam e sorriram. Engoli em seco. 

- Tá...

- E fique longe das drogas; e não se entupa de café quando escrever, sabe que isso mexe com o seu humor. Olha, eu deixei um chá na cozinha que é super fácil de fazer e é uma delícia! Se quiser eu posso-

- Patrick, para. Chega, tá? Seu marido está te esperando. 

- É... Então tchau. Eu ligo quando chegar, tá?

- Tá, Patrick. Você precisa ir. Agora.

Ele se afastou devagar e entrou no carro. Pete businou para nós e saiu em disparada em seu Mercedes preto. Brendon e eu ficamos ali parados por alguns minutos, até que ele decidiu voltar para o apartamento. Subimos pelo elevador, o silêncio me consumindo. Mas não havia nada para se dizer.

Chegamos ao nosso apartamento e fomos direto para a cozinha. O relógio marcava dez horas e vinte e três minutos e eu não sentia fome. Brendon se sentou à mesa e eu apenas me recostei na parede amarelada próximo a porta. Nenhum de nós falou nada por longos quarenta e cinco minutos. Tudo o que se ouvia era o barulho surdo da discussão no apartamento de cima e os pingos de água batendo no fundo da pia em um ritmo quase perfeito - O que me lembrava que eu tinha que dar um jeito naquilo de uma vez.

- E ai? - Seu tom de voz não era triste e, apesar de essa também não ser uma situação triste, 'Talvez ele só esteja me copiando', foi o que passou pela minha cabeça. 

- E ai, o que?

- O que vamos fazer?

- Não sei. Quer fazer alguma coisa?

- Hm... Eu acabei de terminar uma música. Quer ouvir?

- Resposta sincera?

- Claro.

- Não. 

- Tá, isso doeu um pouco - Sorri, desviando meu olhar para o chão. 

- Bom...

- O que?

- Sei lá...

- Isso aqui tá muito interessante, né?

- Pare de me perguntar coisas. Eu... Hm, eu vou ver se o Boris ainda está vivo.

Saí da cozinha trocando o rosto confuso de Brendon pelo entediado do cachorro, que estava deitado de bruços no sofá. Ele estava bem gordo. Eu nunca dei muita importância para ele, até porque eu tinha Patrick para isso. Boris já tinha uns quatro anos e eu não conseguia me lembrar da última vez que eu tinha passeado com ele. Mas é isso, ciclos se iniciam a todo o momento.

- Brendon! 

- O quê? - Ele se escorou na porta da cozinha, me olhando sem muita expressão.

- Quer fazer um passeio?

- Tudo bem, só... Vamos trocar de roupa, né? Tá o maior sol lá fora.Trocamos nossos ternos por camisetas e bermudas e saímos do prédio. O sol brilhava com mais intensidade e não havia nenhum sinal de nuvens por perto. Os pássaros cantavam sem ritmo e harmonia e o vento fresco soprava devagar.

Um ótimo dia para o começo de uma história.


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